Eleanor se despediu de Noah e caminhou até a saída.

Ela desconfiava que Noah sentia algo sobre o fato da língua grega ter aparecido do nada na mente de Eleanor.

Ela sacudiu a cabeça enquanto atravessava a rua larga. Tudo o que tinha pensado era besteira. Deveria lembrar que voltaria para casa e encontraria sua mãe louca, mais uma vez. Isso também era chato e terrivelmente real.

Passou por uma quadra feliz com as lojas de doces repletas de crianças e adultos, depois passou por uma quadra de casas tristes. Casas abandonadas.

Por último, passou em frente ao Empire State e depois de mais uma quadra, finalmente chegou na casa.

Ela suspirou antes de entrar e tomou força para abrir a porta.

Depois a trancou e pôde ver a mãe dormindo no sofá com o controle quebrado no chão e a tevê com o vidro rachado.

- Desculpa, mãe - Eleanor murmurou e subiu as escadas, indo para seu quarto.

Ela deixou a mochila sobre a cama e se jogou no chão, tentando esquecer do dia maravilhoso do colégio. Ou não.

- Elle? - alguém a chamou, com a voz fraca.

Eleanor se sentou no chão. Só a chamavam assim os mais íntimos, quer dizer, a única pessoa que a chamava assim era seu pai, George. Ela deu um sorriso, mesmo sem vê-lo.

Logo a imagem de um homem de talvez quarenta e cinco anos apareceu na porta, era George. Os olhos cinzas pareciam seguir o sorriso dos lábios e o cabelo já estava com fiapos grisalhos. Elle se levantou rápido e deu uma vertigem, mas ela a ignorou e abraçou George.

Assim que eles se afastaram, George parecia querer chorar.

- Um dia tudo isso vai passar, ok?

- Pai, por que estás a dizer isso?

- Porque eu te amo muito. E eu sei que mesmo você me amando muito, quer saber quem são seus verdadeiros pais - afirmou ele.

Eleanor queria, mas não poderia dizer isso para George, iria decepcioná-lo.

- Não, pai. Eu queria, mas... Eu quero ficar com você a mamãe - afirmou.

George não parecia contente com a frase de Elle, mas fingiu que engoliu aquela e deu um sorriso.

- Vamos fazer o seguinte. Quarta, eu e você... Qual filme vai querer ver?

- Quarta? - Elle parecia superfeliz. - Beleza! Eu ainda não decidi...

- Na hora nós vemos, então... - ele disse.

Eleanor não disse nada, apenas continuou sorrindo.

Logo ouviram um estalo, era algum vidro quebrando.

- Sua mãe... - George murmurou, triste. - Vá descansar. Eu cuido disso.

Eleanor obedeceu, se sentou na cama e esperou o pai sair.

Percy estava tão feliz. Iria para o Acampamento Meio-sangue. Ele vestia a camiseta laranja do acampamento e uma calça jeans. No banco de trás estava sua mochila. Quem dirigia era sua mãe, Sally Jackson.

Ele estava com saudades de Annabeth Chase, a filha de Atena e quase sua namorada. Ele amava Annabeth, mas ainda não a tinha pedido em namoro. A linda filha de Atena, olhos cinzentos como nuvens de tempestade e cabelo louro-dourado. Era o que ele achava lindo nela.

- Percy - Sally o chamou. - Preciso lhe contar uma coisa. Ainda não conte à ninguém. Eles precisam saber na hora certa.

Percy ficou confuso.

- O que é?

- Uma nova Profecia... Poseidon me contou que... - ela se interrompeu, olhou para frente, preocupada. - O que aconteceu? - ela falou pausadamente.

Percy ergueu a cabeça para ver o que tinha acontecido na estrada, tinha se passa quase um ano desde o ínicio das aulas e nenhum acidente. Agora tinha acontecido um.

A mureta estava toda destruída e havia marcas de uma freiada no chão. Também havia vidros pela estrada.

- Mãe - ele fez um gesto. - Pare o carro logo ali.

- O quê filho?

Não seria nada bom, um acidente em uma ponte. O motorista poderia ter caído dentro da água, caso fosse de carro - o que era óbvio - e o mesmo tivesse capotado e caiu da ponte.

Sally parou o carro perto dali, em um acostamento e Percy logo saiu, inclinando-se na mureta e olhando para o mar. Depois se afastou e correu até um bombeiro que estava perto da mureta quebrada. Sally ficou distante.

- O que houve? - ele perguntou ao cara de cabelos castanhos e todo suado.

- Um acidente. Estamos conferindo se o carro caiu no mar - ele afirmou.

Percy mordeu o lábio e voltou a se inclinar na mureta, olhando atentamente a água.

Eleanor acordou com os gritos da mãe. Já era o fim do ano, iria começar as férias de verão, ela ficaria meses na casa com a mãe, já que o pai têm trabalho extra nas férias. A mãe com roupão e cabelo bagunçado, invadiu o quarto e puxou Eleanor pelo pulso, levando para fora com o lençol grudado na menina que depois deixou o lençol cair no corredor.

- Mãe, pera! - Eleanor estava assustada.

Meredith abriu a porta da BMW vermelha conversível e empurrou Eleanor para o carona, depois entrou na do motorista. Eleanor iria pôr o cinto de segurança, mas Meredith bateu na mão dela, não deixando ela pôr.

- O que você vai fazer, mãe?

Ela não disse nada, só engatou a ré, destruindo o portão da garagem e depois deu partida para uma estrada qualquer.

- Mãe, para por favor - Elle pediu.

Ela tinha descansado por algumas horas - ainda estava com o short jeans e a camiseta preta da saída ao parque. O cabelo estava preso em um coque.

Elle olhou para trás, nervosa e com receio de algo.

- Para de ter medo, garota! Um dia isso ainda vai te matar! - ela grunhiu.