Resquícios Do Apocalipse escrita por belovednephilim


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Era pra ser uma drabble, BUT I SUCK SO BADLY AT DRABBLES, OTL ;; Então, virou uma ficlet (?) or whatever it might be.

A cronologia se passa depois do suposto COHF, um pouco antes, acredito eu, do epílogo final de Clockwork Princess - estava discutindo teorias com meu amigo Rafas há alguns dias e hoje sentei de novo pra debater o porquê de ter voltado aos braços de clace de repente à minha parabatai e deu nisso, lol.

Aviso: Possui teorias sobre o suposto desfecho da série The Mortal Instruments, bem como alguns spoilers leves do fim da série The Infernal Devices, estejam avisados ;)

Ps: SIM, a fala final da Clary é adaptado de uma cena (a final, provavelmente, faz muito tempo que eu assisti e_e) do filme As Brumas de Avalon, muitississississsssssimo obrigada à Para que conseguiu a quote original pra mim, yay ♥

Ps 2: Capa eu faço depois, eu juro OTL. E caso tenha alguns errinhos, é porque eu realmente não revisei a fic porque queria postar logo e mamãe já está no meu pé pra desligar, lol.

Espero que gostem :)



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"Se você está lendo esta carta, então eu provavelmente estou morto."

Seria irônico, Jace pensara, começar tal carta com as mesmas palavras que seu falecido pai as tinha começado, há anos atrás.

Mas podia senti-la.

Como uma velha conhecida que o espreitava a porta, ela estava chegando para pegá-lo.

E dessa vez, não haveria volta.

*          *          *

Clary sabia que era uma guerra, preparara-se durante o pouco tempo que lhes fora dado entre escolher unir-se a Sebastian ou padecer com o mínimo de dignidade, lutando pelo que se acredita.

Escolhera a segunda opção.

Não se sentia arrependida, em nenhum momento se arrependeria de fazer o que era certo — no entanto, sentia como se a vida lhe esvaísse dos dedos como água a cada tiquetaquear do relógio.

E quando acreditou que poderia ser corajosa o suficiente para enfrentar os demônios que ameaçavam o seu mundo, sentiu-se tão desesperançosa que lutou contra o instinto vil e covarde de sucumbir ao desespero e gritar.

Teria de ser forte. Por sua mãe, por Luke, por Jace, Isabelle, Alec. Por Simon. Até por Max.

Naquele momento, ao olhar-se no espelho do pequeno quarto do instituto, tentando conter o desespero que tentava afogar-lhe os sentidos, percebeu-se menor do que sempre lhe parecera.

Mal sabia ela que o verdadeiro desespero ainda não havia começado.

Mas ela perceberia antes de conseguir reunir coragem o suficiente.

*          *          *

Caos.

Seria aquela uma vitória? Poderia considerar-se uma vitória, apesar de tudo?

Isabelle e Simon estavam abraçados — não havia nada de romântico ou afortunado no ato, os jovens só sentiam que se seus corpos se soltassem agora, todo o resto partiria ao meio. Suas almas partiriam.

Simon havia conseguido a benção de Raziel como guerreiro dos céus no ultimo momento, a marca lhe havia sido removida, a morte lhe esbofeteado a cara — ao ser concedido a si os poderes do Anjo, um ser que possuía a carga ínfima de seu sangue e o sangue de seus semelhantes caminhando tortuosos pelas veias imundas de um ser do submundo, toda subvida parecia estar sendo-lhe drenada pouco a pouco, e sendo preenchida por uma nova, transformando-o, metamorfoseando-o em algo completamente novo.

Ele estava apavorado.

O corpo subnutrido tremia sobre os braços daquela que amava, a cabeça escondida nos ombros quase gentis — se os espasmos elétricos que percorriam seu corpo eram derivados da mudança rápida e sem misericórdia ou do choro de desespero que inundava o campo de batalha e lavava as iniquidades daqueles que venderam a alma aos demônios, bem como aqueles que dedicaram a vida aos anjos e sucumbiram por avareza ou infortúnio, não saberia dizer.

Provavelmente nem o nome que lhe deram lembraria, se continuasse a se esforçar para sobreviver como fazia.

Mas haveria outra saída?

Em algum lugar em meio à chacina e aos cadáveres, Jocelyn se agarrava a Luke como se todas as suas promessas e sonhos residissem no lobisomem em sua forma real, a respiração falha, o corpo multilado cruelmente.

O veneno injetado traçando rapidamente o caminho ao seu coração.

Não seria um ultimato, caso fosse curado a tempo. No entanto não havia espaço para residir parte das esperanças pós-apocalípticas deixadas pelo campo de batalha.

Porque as cortinas gloriosas de cetim haviam se fechado para o Alto Bruxo do Brooklyn. Permanentemente.

Haviam lhe tirado a essência. Drenado-lhe a alma, aquilo que o fazia podre.

Aquilo que lhe fazia um ser do submundo.

Aquilo que lhe fazia um warlock.

Magnus nunca mais seria capaz de fazer mágica novamente — era o preço que pagara.

Alec nunca imaginaria que a mortandade do namorado — que desejara tão fervorosamente, por tanto tempo — lhe pesasse tanto na alma neste momento.

O shadowhunter estava caído próximo a Magnus, mal suportando a dor que lhe apossava cada filamento do corpo — não só a dor da alma lhe afligia, mas também a dor física que o dominavam numa velocidade tão rápida que o fazia doente.

Ele estava perdendo seu parabatai.

Sentia a runa desvanecer-se aos poucos, numa lenta tortura — queimando-lhe cada pedaço de pele por onde passava, demonstrando de forma cruel e predatória que a alma que estava ligada à sua não mais lhe pertencia.

Jace estava morrendo.

De verdade.

E não havia nada que Alec pudesse fazer para ajudá-lo.

*             *             *

"Se você está lendo esta carta, então eu provavelmente estou morto."

Clary mantinha a cabeça daquele que amaria para toda a vida, e além destas, como ele lhe prometera no que parecia ser séculos atrás — tentava conter os soluços, única prova de que realmente estava viva — ou tão viva quanto quando a sua razão de viver lhe está sendo arrancada, rápida e dolor.

Por que não ela? Questionara-se pela milésima vez em sua mente, a única coisa que realmente conseguia processar em meio ao momento.

Isso, e a mensagem que a carta continha, ainda esmagada em seus bolsos, queimando como brasa viva.

Queimando como seu remetente.

Jace descansava em seu colo, queimando como fogo — o fogo dos céus que fora forte demais para sua sustentação meio humana — os olhos fechados, a respiração cada vez mais vagarosa, as veias cada vez menos pulsantes, o coração cada vez mais raquítico.

Quando saíra em batalha, algumas horas antes, sabia que era o seu destino — sabia que fora feito para grandes propósitos, e que grandes poderes traziam com si, grandes responsabilidades.

Estava citando o daylighter, não podia acreditar em tamanho disparate.

Sorriu languidamente, pensando que ele não era mais um daylighter.

 Era um mundano ordinário. Um mundano ordinário novamente.

Um mundano que, com um pouco de sorte, tomaria conta de sua irmã mais nova quando ele partisse.

Os lábios finos curvaram-se em amargura.

Além do fogo que parecia lhe consumir por inteiro, Jace podia sentir as mãos agora calejadas de tantas batalhas lhe acariciarem o rosto enquanto chovia.

Chovia lágrimas de Clary.

Ele gostaria de ter o controle de seu corpo só mais uma vez. Só mais uma vez para dizer-lhe o quanto a amava. E que lhe amaria nas próximas vidas, sempre que a encontrasse novamente, não importando as circunstâncias.

Ele sempre a encontraria.

No entanto, os membros flácidos não mais lhe obedeciam, a mercê da incandescência divina com a qual era punido, para servir de exemplo que não se podia almejar o poder absoluto sem sofrer as consequências.

Um poder absoluto que Jace não chamara para si, mas com o qual fora amaldiçoado numa época em que ainda não podia se defender sozinho.

Uma época cuja cegueira do pai biológico não o fizera ver o quanto um pequeno lapso poderia ser nocivo às suas vidas.

Ele percebera, percebera tarde demais.

E agora, Jace cometia os mesmos erros que o pai.

Por isso começara aquela carta da mesma forma que ele — para lembrar-se, para que as futuras gerações de shadowhunters não confiassem, não se deixassem sucumbir pelo poder.

Para que fossem bons, através do treinamento e daquilo que o Anjo lhe oferecera, sem jamais questionar os mistérios do divino novamente.

Em sua carta dizia o quanto sentia muito e como descobrira o significado por detrás da verdade distorcida trazida a eles pela rainha da Corte de Seelie — o sangue que os ligava.

Havia conversado com a pessoa diretamente, quando descobriu ser uma amiga muito íntima de Magnus por mais anos do que poderiam realmente contar — Ela lhe dissera sobre sua descendência, sobre o que os ligava através dos séculos — ela lhe contara o que era, e o que isso o tornava. Lembrava-se também de ter ouvido sobre dois grandes amores que perduraram com o tempo em mesma intensidade, sendo fadados ao desespero.

Em sua carta, Jace instruía Clary a procurar pela pessoa, mesmo essa sendo difícil de ser encontrada — Dizia-lhe que poderia contar com a ajuda de Magnus, que mesmo não podendo usar de seus próprios poderes, seus antigos contatos a fariam chegar ao seu destino.

E então saberia tudo que sempre quis sobre si mesma.

Mas Clary não queria saber sobre si mesma — não mais do que já sabia: Que uma parte de si estava morrendo, e dessa vez não retornaria.

Não nesta vida.

Ao ver que a chama se desvanecia e o corpo entregava-se a inconsciência, Jace a encarou com os olhos dourados mais uma vez — uma última vez.

Clary viu o balbuciar de seu nome sendo saboreado lentamente, como a última refeição de um mártir, que conhecia seu destino desde que sua existência fora calculadamente planejada.

Não ouviria o som grave daquela voz, que agora não passava de um breve suspiro, novamente.

Tentou ser forte apenas aquele momento. O momento em que o ultimo inalar percorreu o corpo do jovem caçador, levando consigo seu sopro de vida. O corpo abaixando rapidamente a antiga elevada temperatura que havia se acostumado, os olhos abertos, fixos no rosto que um dia o garoto amara.

Resistentemente, Clary moveu as mãos pequeninas aos olhos dourados que perdiam o brilho que uma vez julgara sarcástico e presunçoso — sabia dos rituais, agora que estava de volta ao mundo dos Caçadores de Sombra novamente.

Mas não diria adeus a Jace.

Não, nunca diria adeus.

Então disse suas últimas palavras, aquelas que acreditava ser verdade, em meio ao tormento que lhe ameaçava possuir a alma:

- Eu nunca mais te deixarei, meu irmão.... Meu amor.   – Sussurrara, beijando-lhe delicadamente os olhos que nunca mais se abririam novamente.


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Notas finais do capítulo

O de praxe: Leiam, curtam, divulguem, deixem reviews :)



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