- Vamos, mais forte. – Patch falou enquanto eu o socava. Nós estávamos na floresta atrás da cabana, socando um ao outro.

Nós pesquisávamos tudo o que podíamos à noite e durante os fins de semana, lutávamos. Meus reflexos estavam melhores do que nunca e agora eu sabia que poderia confiar em Patch. Nós estávamos nessa rotina maluca há semanas e eu estava me divertindo muito.

- Nunca deixe que o seu adversário te pegue desprevenida. – ele disse enquanto me derrubava no chão. Eu o chutava, o socava, o derrubava no chão. Eu continuava trabalhando – eu tinha que me sustentar – e Patch trabalhava na investigação enquanto eu estava fora.

- Patch, eu preciso trabalhar. – eu disse sem fôlego.

- Continuamos depois.

Peguei o meu carro e fui para o centro. Eu não gostaria de continuar trabalhando, mas eu precisava do dinheiro e não era tão rica como Patch. A lanchonete me deixava chegar atrasada, então eu tinha que trabalhar em dobro enquanto estava lá.

Eu estava lendo uns papéis que Patch me passou sobre uma mulher chamada Katerina, que pode estar envolvida no desaparecimento dos meus pais, quando uma mulher estranhamente elegante entrou e sentou no mesmo lugar que Patch havia sentado há semanas. Ela estava bem vestida demais para uma lanchonete. Ela estava de costas e as únicas coisas que davam para ver é que ela tinha cabelo preto – parecido com o meu -, vestia uma camisa de seda azul marinho e uma calça justíssima preta. Seu sapato era salto agulha preto e seus dedos tamborilavam na mesa como sinal de impaciência. Fui até lá anotar o seu pedido. A mulher tirou seus óculos escuros e olhou para mim. Eu conhecia aquele rosto de algum lugar. Seus olhos violetas me encararam por um tempo e depois pediu:

- Eu vou querer um chá gelado. – ela disse com uma voz de soprano.

- É pra já.

Enquanto preparava o seu chá, eu lembrei de onde a conhecia. Ela era a mulher na foto com Patch. Eu não a reconheci de imediato porque ela não está mais loira.  Levei o seu chá e ela falou sem olhar para mim:

- Prazer em conhece –lá Nora.

- Como você sabe o meu nome?

- Está no seu crachá. – ela disse sorrindo. – Sou Dabria. Patch falou muito de você. – ela estava com um sorriso ácido.

- Falou é? – eu não sabia o que era maior, a raiva ou a curiosidade.

- Sim. Ele queria muito te ajudar, Nora. Ele gostava muito dos seus pais. Espero que ele esteja conseguindo. – eu notei uma nota falsa de esperança em sua voz.

- Como você sabe sobre tudo isso?

- Patch e eu passamos muito tempo juntos no passado. Eu sei de muita coisa. – será que o duplo sentido foi proposital?

- Entendi.

- Dabria, o que está fazendo aqui? – Patch disse atrás de mim. Eu não o vi entrar, então levei um susto. Ele jantava aqui de vez em quando para me atualizar.

- Conhecendo a sua Nora. Ela é adorável. Me ligue Nora, eu adoraria sair com você um dia desses. – ela levantou e me deu uma cartão com o seu número.

- Quem é ela? – eu perguntei para Patch assim que ela saiu, como se eu já não soubesse.

- Uma velha conhecida. – algo mudou nele quando ele viu a Dabria, e eu não gostei disso.