A corrida estava veloz, e por determinado momento, Mario e Kokimoto me cercaram e atingiram meu carro dos lados, xinguei eles que riam. Freei um pouco, e eles passaram em minha frente. Atingi a lateral do carro de Mario o tirando da corrida mostrei meu dedo do meio para ele e o vi bufar de raiva. Aquilo só aumentou minha vontade de ganhar.

Kokimoto, vendo que ia perder, jogou seu carro contra o meu, e eu perdi o controle do carro, e bati em uma casa, na verdade invadi ela. Senti sangue escorrer pela minha testa.

Bati no volante com raiva, e Kokimoto chegando à frente, correndo a toda velocidade para não ser pego, vi os donos da casa saindo da casa, e sabia que estava encrencada. Tentei sair do carro, mais era tarde, a policia estava ali.

Já na delegacia, os moradores prestavam a queixa, e eu colocava o gelo em minha cabeça, onde havia cortado. Vi meu pai entrar furioso na delegacia e me encolhi.

–Maria Joaquina Medsen, será que você não sabe o que é estar de castigo. –meu pai gritou comigo, e meus olhos marejaram.

–Foi só uma batida. –disse inocente, e ele saiu de perto de mim furioso.

–Você esta encrencada filha. –minha mãe disse passando a mão em meus cabelos, e eu assenti. Depois de meu pai falar com algumas pessoas, fomos para casa. E o caminho inteiro ele foi reclamando. Por enquanto ele disse que eu estava sem cartão de crédito, sem celular, sem sair de casa, sem tv. Quando chegamos em casa, ele soltou a bomba.

–Você vai morar com sua tia. –ele disse, e eu parei bruscamente, não entendo aquilo.

–Não, eu não vou. Você pode me tirar tudo isso que veio falando da delegacia até aqui, mais eu não vou embora daqui. –disse, lhe dando as costas. Senti seu aperto em meu braço.

–Maria, já é a segunda vez que vai parar na delegacia ainda por cima as duas vezes você estava bêbada, você vai morar com sua tia sim, e nunca mais me dê as costas. –ele disse, e meus olhos marejaram de raiva.

–Você não tem esse direito. –gritei chorando, e corri para meu quarto.

–Você viaja amanhã. –ele gritou.

–Eu odeio você Miguel Medsen. –gritei já do meu quarto.

Não que fosse ruim morar com minha tia. Mais ela não era rica como meu pai, morava em São Paulo. Passava quase duas semanas lá, em minhas férias. Nunca gostei de lá. Agora estava sendo obrigada a morar lá.

Me joguei na cama chorando, meus olhos estavam pesados e eu me deixei ser levada pelo sono. Ele queria me castigar, mais aquilo já era de mais.

Acordei com batidas na porta, olhei para o relógio, 7:00 da manhã.

–Me deixa em paz. –gritei, colocando o travesseiro em minha cabeça. Estava com ressaca pra piorar tudo.

–Abre logo. –Miguel gritou do outro lado, intensificando nas batidas.

–Que droga. –resmunguei.

–Eu ouvi isso mocinha. –ele disse ainda batendo na porta.

–Quem disse que eu não queria que ouvisse. –gritei novamente, indo até o banheiro e fazendo minha higiene pessoal, e tomando um tilenol.

Abri a porta antes que ele derrubasse.

–Arrume suas coisas, vai ficar lá até aprender a seu uma adolescente direita. –ele disse, e meus olhos se arregalaram.

–Pai, não precisa disso, eu vou melhorar, juro. –meus olhos marejaram.

–Eu já liguei para sua tia, e você vai. Precisa aprender uma lição. Você já me prometeu isso e nunca cumpriu. –ele disse, e eu me joguei na cama chorando.

–Pai.. –pedi, minha voz estava rouca.

–Você precisa aprender que nem tudo gira ao seu redor Majo, precisa aprender a ter responsabilidade, você já tem 18 anos filha. –ele disse, e eu chorei novamente. Sabia que ele estava certo, as vezes eu agia feito criança.

–Eu sei que sou imatura, mais não precisa tomar essa decisão. –disse, e ele negou com a cabeça.

–Estamos te esperando lá em baixo. –ele disse, saindo do meu quarto, e eu chorei novamente.

Depois de alguns minutos chorando, comecei a arrumar minha mala. Peguei o necessário, blusas de manga longa, casacos, calça jeans, e alguns vestidos e saias. Não levaria nada de maquiagem e essas coisas.

Tomei um banho demorado, e me vesti simples. Uma calça jeans e uma blusa regata. Quando chegasse lá, colocaria meu casaco.

Peguei meu celular, e mandei uma mensagem para todos, dizendo da decisão do meu pai e de quanto tempo eu ficaria fora. Provavelmente meu pai iria inventar uma mentira de dizer o porque eu estava me mudando. Talvez não queria dizer que tinha uma filha problemática para toda cidade, isso estragaria seus negócios.

São Paulo era bem bonito para falar a verdade. Aliás Rosa era irmã adotiva do meu pai, nunca havia se interessado pelo dinheiro de sua família, por isso resolveu morar longe. Ela tinha dois filhos, Valéria e Daniel, eram super legais, Valéria era uma amiga e tanto para mim, nós falávamos sempre, ela sabia de toda a minha vida, era como uma Marcelina só que em São Paulo.

Desci com minhas coisas, meus olhos vermelhos de tanto chorar. Abracei minha mãe, e sorri levemente para meu pai.

–Promete que vai se alimentar direito, e que vai se comportar. –ela disse, e eu assenti.

–Vou sentir sua falta filha. –meu pai disse.

–Não vai não, já que está me mandando pra lá. –disse.

–Filha, estou fazendo isso para o seu bem. –ele disse, e eu virei o rosto.

–Tchau. –disse saindo pela porta, e entrando no carro. Observei a cidade pela última vez, ele havia me contado que havia me matriculado em uma escola de lá. Se ele havia feito isso, era porque me queria longe por muito tempo.

Estava me preparando psicologicamente para isso, esperava aguentar essa palhaçada até o final.

Tentei não chorar de novo, meu pai queria que eu mudasse, e eu ia mudar. Não sei se pra pior ou pra melhor. Eu faria ele engoli cada palavra, e viraria uma adolescente diferente.