Elize's POV

 A Bianca quase desmaia quando ''aparecemos'' em um dos corredores da Casa de Hades. Eu tento segurá-la, mas ela só cambaleia e encosta na parede, suspirando.

 -Chegamos. -Ela diz baixo.

 Eu olho para os lados, e tento achar alguém mas só fico encarando um dos quadros na parede. O quadro era um desenho estranho de Hades e Perséfone, ambos sentados em seu tronos, olhando para a frente com ar de superioridade. Eles eram bons nisso.

 Odiava aquele quadro.

 O corredor se estendia por quase um quilometro, e eu sabia que ele acabaria na cozinha. Lembro que amava ir para aquela cozinha no meio da noite, talvez nesse mesmo horario, e comia quase tudo que estivesse na geladeira, desde sorvetes a bolos. 

 Virei meu rosto para o lado depois desse pensamento.

 O outro lado ia para o que chamavamos de sala da vida (não, não tem nada a ver com a Zöe). Era apenas uma piada, pois naquela sala era tipo uma sala de jogos, com pac-mans e x-boxs. Tinha uma maquinaa repleta de refrigerants e outra com todos os tipos de salgados e chips.Era o mais perto que tinhamos de uma vida normal.

 Eu comecei a andar na direção da sala da vida e a Bianca me seguiu, resmungando como era facil demais tirar a minha concentração de uma missão importantissima e que deveriamos estar indo para a porta do Tártaro.

 A porta era o mais normal possivel. Uma madeira estranha que conseguia ser bonita e que tinha um enfeite na frente.

 Eu abri a porta devagar, com certo medo de que ela rangisse ou coisa do tipo, mas nada aconteceu, a porta simplesmente se abriu a minha frente, revelando os milhares de jogos.

 Passei meus olhos pelo enorme quarto, todas as paredes em um tom escuro de azul combinando com o carpete preto. Em um dos lados eu vi uma pista de patinação e tive que me segurar para não correr para lá naquele exato momento, quando eu era pequena eu gostava de patinar, nunca fui boa nisso, mas gostava mesmo assim.

 Ao lado da pista tinha uma mesa de pebolim, uma mesa de algo que parecia hóquei e uma mesa de pingue pongue (sou horrível nesse jogo, nunca consigo manter a bolo na mesa). 

 Depois tinha algo como uma lanchonete, mas era apenas varias mesas em um canto da sala com algumas milhares de maquinas com diversas comidas e um pia improvisada com um microondas, caso a comida ficasse gelado, o que quase nunca acontecia.

 O resto eram apenas varios joguinhos espalhados pelo salão, resumindo, aquela sala era um mini cassino lótus sem um feitiço que faz você ficar lá pra sempre, eu acho.

 Bianca passou por mim e foi direto para um dos jogos, acho que era tetris (ela é meio que viciada nesse jogo). Eu dei mais uma olhada pelo local, procurando algum jogo que chamasse minha atenção. Depois de quinze minutos eu estava sentada sobre um representação de uma moto, pilotando por uma Los Angeles em 3D.

 Aquele lugar realmente deve ter algo em comum com o cassino lótus pois eu nem vi que as horas foram passando, e duvido que Bianca tenha percebido. Eu só me dei por mim quando eu estava jogando um jogo de zombies contra plantas, e tinha uma coca e uma caixinha de nachos com queijo extra ao meu lado, e a porta da sala se abriu.

 Um estalo ecoou pela minha cabeça, se fosse algum dos fantasmas estariamos...hum...mortas.

 Eu me tentei me esconder nos jogos e comecei a procurar a Bianca. Onde ela estava mesmo? Da última vez que eu a havia visto ela estava jogando um estilo estranho de paintball. Corri até a pequena tenda improvisada, onde achei Bianca usando uma especie de colete e segurando uma arma na mão, atirando em uma lata enorme.

 -Hey! -Tentei chamar a atenção dela. Era melhor chama-lá de longe do que ir até lá e correr o risco de ter sua cara atingida por um tiro de tinta.

 Ela demorou um pouco para me perceber, mas assim que me viu e percebeu a minha cara de preocupação ela se aproximou rapidamente de mim e, com um aceno de cabeça, pediu que eu falasse o que estava acontecendo.

 Falei bem resumido. A porta abriu, tem mais alguém aqui dentro. duvido que isso possa ser uma coisa boa. 

 Ela assentiu com a cabeça, como se tivesse um plano, e eu tentei me convencer de que ela realmente tinha um. Bianca saiu devagar da tenda, tomando cuidado para não fazer barulho e eu tentei imita-lá, mas eu acabei sendo um fracasso.

 Assim que saimos da tenda eu avistei um mesa da ''lanchonete'', e ao tentar desviar dela acabei batendo na moto que eu tinha brincado assim que chegamos. E então, não sei como, mas a moto caiu no chão, dura e pesada, fazendo um barulho tão alto que eu acho que poderia acordar todos que estivesse na casa.

 Eu xinguei em grego, baixinho, para não atrair mais atenção, mas já era tarde demais. 

 Uma das musiquinhas dos jogos podia ser escutada nitidamente agora, ela parou bruscamente, como se alguém tivesse desligado o jogo. E foi aí que um cabeça de cabelos pretos apareceu de trás de um dos jogos.

 Eu engoli seco, e senti a Bianca se arrepiando. Nosso plano provavelmente estava dando errado.

 -Oi. -Ele disse fraco. -Não demorei muito para chegar, certo? Ao que parece vocês ainda não cometeram o erro.

 E então ele se levantou da cadeira onde estava e veio até nós, os olhos fixos em mim, iguais os de meu pai quando me via, como se tivesse escolhendo entre estar bravo ou apenas com dó de mim. Tenho de adimitir que não gostei daquele olhar.

 Ele sorriu para a Bianca e me abraçou, e eu deixei que meu irmão afundasse sua cabeça sobre o topo da minha, encostando em meus cabelos.