Estúdio De Bonecas escrita por Jamie Hazel


Capítulo 5
Capítulo 5 - Sede de morte


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, meus caros leitores. Esse é o primeiro capítulo que escrevo neste ano, não é emocionante? Não prometo que ele fique maravilhoso, afinal, são 02:25 da manhã e eu estou com um pouco de sono mas, sem vontade de dormir. Mesmo assim, espero que gostem!
PS: Não sejam leitores fantasmas, minha autoestima anda muito baixa :(



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Encostada á uma parede qualquer do pátio, afastada dos outros alunos, passei os olhos por todos aqueles rostos assustados, todas aquelas bocas fofoqueiras e por todos os olhares desconfiados. Os figurantes do meu mundo pareciam atônicos, mais que o normal. O barulhento pátio parecia uma câmara de julgamento, as risadas extravagantes dos garotos ao atirar tirar sarro uns dos outros e gritos agudos das meninas estavam escassos, só se ouvia o vento levando as flores caídas do outono e algo como sussurros mentais. Sussurros que duvidavam dos próprios amigos.

Pousei a mão sobre meu livro e o abri. Vários trechos estavam manchados com tinta preta, propositalmente, é claro. Ao contrário das outras pessoas, eu marcava tudo que era desnecessário, as partes insignificantes. Por isso, um monte de manchas. Os livros narram demais, explicam demais. Prefiro ir direto ao ponto, direto á morte do menino do livro, por exemplo. Pra quê saber que os avós dele moram na Inglaterra e que sua comida favorita é waffle? Me poupe.

Comecei a ler de onde tinha parado e fui manchando o que deveria. Acho que se passaram horas porque,quando larguei o livro, a maioria dos estudantes já tinham deixado o lugar e a Lua tomava posse do céu escuro.

– Por que seu livro está todo manchado?

Hiromi. Virei-me para onde tinha surgido a voz e lhe disse:

– Algumas futilidades não devem ser ditas como se fossem importantes.

Kazou riu e se sentou ao meu lado. Seus cabelos negros espetados balançavam pouco, mesmo com o vento forte, e sua boca estava muito ressecada. Acho que não ligava muito para os 12 °C que estava fazendo porque não estava agasalhado.

– Você suspeita de alguém? - perguntei sem muito caso.

– Por que não esquece isso, Akemi? É lógico que a polícia vai assumir o caso e pegar quem está fazendo isso. - ele fez um suspiro longo e continuou - Se é que realmente existe alguém por trás disso.

– Então, você acredita que o professor morreu sozinho? Quanta inocência.

– Eu não diria que é inocência, é só uma possibilidade. Não quero pensar que podemos ser mortos a qualquer momento.

Assenti com a cabeça e afastei uma mecha de cabelo que caia sobre meus olhos. Hiromi nunca foi muito corajoso, só que ás vezes, isso me irritava.

– Não ligo de morrer, mas quero resolver isso. - coloquei minha mochila nas costas e sai andando.

Hiromi correu atrás de mim e, quando alcançou, pôs algo sobre meus ombros. Seu casaco.

– Não ande por aí procurando esse tal assassino sem, ao menos, colocar um casaco mais reforçado.

Idiota. Joguei o casaco na grama e acenei vagamente para ele.

Segui pelas escadas escorregadias da escola até chegar ao meu dormitório. Ele não era tão grande quanto os outros, acho que pelo fato de eu não ter uma colega de quarto. Ainda bem. Mas, infelizmente, parecia que a faxineira da escola tinha algo contra mim porque esse quarto fedia a mofo desde que eu me conheço por gente.

Bati a porta e me deitei na cama macia. Não acendi as luzes, gostava do escuro. Adormeci quase no mesmo instante e não lembrei do sonho quando acordei. O relógio marcava 03:41 da madrugada.

Mesmo cansada, levantei e calcei minhas pantufas encardidas. Estava morrendo de sede mas, não encontrei minha garrafa d´água. Sai do quarto e passeie pelos corredores, acendendo algumas luzes até encontrar o bebedouro.

Os meus passos ecoavam por todo o corredor enquanto voltava para o quarto. Não havia ninguém por ali, acho que já estavam em sono profundo. Tentei me apressar para não correr o risco de ser pega fora do dormitório uma hora dessas. Em vão. Paralisei a poucos metros do meu quarto.

Um garoto. Ele estava deitado e coberto por um lençol que antes era florido, agora todo ensaguentado. Ainda em choque, apertei o alarme de incêndio mais próximo sem saber o motivo. Eu não tinha o que fazer, o assassino tinha deixado mais uma de suas pistas. Bem ao lado do meu quarto. Debaixo do meu nariz.

Os alunos saiam de seus aposentados desesperadamente e, cada vez mais deles se juntavam á mim para olhar os restos do corpo de algum estudante. Muitos gritaram, outros desmaiaram. Eu permaneci o tempo todo fitando aquilo tudo. Parecia brincadeira. Não ouvi nada estranho quando fui tomar água, como alguém podia matar tão silenciosamente? A menos que... Ele já estivesse morto.

Olhei mais atentamente para o cobertor que o cobria. Era familiar. Tão familiar que posso jurar que eu estava usando ele enquanto dormia. Abri espaço entre as pessoas e corri até o quarto o mais rápido que consegui.

– Ei, cuidado. - disse uma menina loira.

E como tinha pensado, meu cobertor não estava mais lá.

A diretora Reiko chegou ao local poucos minutos depois e mandou que ficássemos calmos. Logo, vários coordenadores ficaram sabendo do incidente e vieram ajudar também, levaram o corpo para a enfermaria.

Ninguém dormiu aquela noite. Os alunos foram dirigidos novamente para a biblioteca mas, dessa vez, ficamos trancados lá como porcos prontos para o abate. O silêncio da sala era irritante, nenhuma alma se ousava a dar um pio. Isso era o medo. Coisa ridícula. Não deveríamos estar aqui, deveríamos sair á procura do assassino e resolver a história. Envés disso, os outros estudantes só pensam em como a vidinha feliz deles pode acabar em um instante.

Aproveitei o momento para rever a cena. Eu não pude ver o rosto do garoto portanto, não sabia quem era. Decidi procurar mas, tinha muita gente naquela sala e seria impossível ver quem não está ali. Só que, de uma coisa eu sabia, Sakakibara não estava presente.

– Akemi. - disse uma voz preocupada.

– Teshigawara, onde está seu amigo?

– Não vejo Sakaki desde o almoço. - ele pareceu se assustar com o que disse - Você não acha que... ele morreu, acha?

– Não. - disse rapidamente.

– Para falar a verdade, não foi só ele que sumiu. O Mo... - ele foi interrompido pela entrada da diretora Reiko.

A dona tinha cabelos negros e longos. Era também muito alta e sempre séria, não tolerava gracinhas. Dessa vez, a barreira de gelo tinha se quebrado. Ela estava aos prantos, tentava esconder os olhos vermelhos com as mãos... Mãos cheias de sangue? Arregalei os olhos. O que tinha acontecido, afinal?

Um dos coordenadores fez um gesto para que voltássemos a atenção para ele. Takashi.

– Antes de mais nada, quero avisá-los que o menino que sofreu o ataque foi o Mochizuki.

Após, a pronúncia desse nome, Reiko soltou um gemido. Era seu sobrinho. Lógico, tudo faz sentido agora. Ela deveria ter se jogado sobre ele ou algo assim.

– É uma perda irremediável, todos nós sentimos muito. Por isso, fizemos uma reunião do conselho escolar essa noite e foi estipulado que todos os estudantes, inclusive maiores de idade, não terão permissão de sair do colégio após ás aulas e a hora de dormir será ás 20:00 em ponto. Aqueles que forem encontrados depois desse horário fora da cama será suspenso. - Takashi tinha uma face séria, principalmente quando falava.

Levantei a mão. Isso era, definitivamente, algo que eu nunca fazia.

– Por que é que vocês acham que não sair do colégio é uma boa ideia se os dois mortos até agora nem ousaram sair daqui? - perguntei.

O homem que falava antes suspirou. Pensou por alguns segundos e me deu sua resposta:

– Essa é uma boa pergunta, senhorita Mizuki. E pelo que você mesma disse, eles não saíram daqui e, é por isso, que nós achamos que o responsável está aqui dentro.

Os alunos se agitaram, alguns começaram a choramingar. Agora, a maioria falavam com os amigos, insinuavam coisas e gritavam uns com os outros.

– Silêncio! - gritou o coordenador - Não há motivos para essa algazarra. Hoje perdemos um de nossos estudantes, seria justo rezarmos por ele e parar de pensarmos em nós mesmos.

– Rezarmos por ele? - berrou uma menina com a voz chorosa - Deveríamos rezar por nós! Esse é o nosso futuro e vocês não permitem nem que saíamos da escola!

– É isso mesmo! - um garoto ao fundo concordou. E depois, vários se juntaram á ele.

– Acalmem-se! - intrometeu-se a Diretora - As saídas não estão banidas. Vocês terão direito de sair aos finais de semana, como sempre tiveram. Entretanto, elas deverão ser autorizadas por mim e serão supervisionadas. Terão hora de ir e de voltar.

Takashi assentiu com a cabeça e completou - O responsável será pego. Agora, voltem aos seus aposentos em silêncio.

Pelo menos, após todo esse sermão, de uma coisa eu sabia: Reiko não mataria seu próprio sobrinho. Mas, onde tinha se metido o Sakakibara? Ele teria algo a ver com isso tudo?


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Notas finais do capítulo

Perdoem se ele ficou curto também, estou tentando compensar mas a criatividade vêm as poucos. E como ando percebendo que temos alguns leitores fantasmas, faremos o seguinte: se vocês ai do outro lado da telinha deixarem um comentário dizendo o que acharam, eu farei um capítulo bem grande da próxima vez, certo? XOXOXOXO



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