Luz & Esperança - Reviravoltas Amorosas escrita por Caelum


Capítulo 2
Capítulo I - Sete Anos de Promessa


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! ♥

Sei que devem estar pensando que demorei muito para postar essa capítulo, porém nada posso fazer: as duas semanas e pouco que não postei foram ocupadas por a)estudo para as provas / b) AS PROVAS. Se isso não tivesse ocorrido, eu teria postado UNS DIAS depois de postar o prólogo, porque eu não demorei tanto assim para escrever isso, só um pouco, mas, foi numa das poucas vezes que eu ficar no computador por um tempo considerável.
Enfim, agora meu ritmo de escrita volta ao normal.
Meu. Deus.
EU NÃO ESTOU POSTANDO NA MADRUGADA! Olha que milagre!
Está LONGO, vou logo avisando, foi meio inevitável. Bem, eu tenho VÁRIAS coisas para dizer sobre esse primeiro capítulo, mas falarei tudo nas Notas Finais, como de costume. Só gostaria de avisar que, como todo primeiro capítulo, é uma introdução, e nada de emocionante acontece. Só o "preciso mostrar como está tudo na fic, quem são os personagens e etc", e POR ISSO acabou ficando tão descritivo e longo. Desculpem ^^ E, lembre-se: Iori = Cody.

E, uma coisa opcional:
Vocês já ouviram falar de "This Ugly Yet Beautiful World"? Desconfio que não. Pois bem, querido (a) leitor (a) há exatamente quatro coisas extremamente essenciais que você necessita saber sobre This Ugly Yet Beautiful World:
1) É um anime.
2)Os personagens principais chamam-se TAKERU e HIKARI.
3) TAKERU e HIKARI são um CASAL APAIXONADO em This Ugly Yet Beautiful World.
4) Foi lançado APÓS Digimon, em 2004 (no dia 1º de abril, sério).
—-> Qualquer semelhança é mera coincidência (?)
Minha reação quando eu soube disso: QUÊ, COMO ASSIM? Até em OUTROS ANIMES uma Hikari e um Takeru ficam juntos, menos em Digimon?! Que injustiça! Aaaaahhhhh x.x
Tire suas próprias conclusões e me diga.

Aproveitem! ♥



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2006



Hikari Yagami ainda tinha o cachecol que Takeru Takaishi lhe emprestara há tantos anos.


Era vermelho com algumas listras brancas, e ela o adorava. Não fora intenção da menina mantê-lo consigo, apenas aconteceu. Takeru esqueceu-se de pedi-lo de volta após a tarde tão bem recordada no parque nevado, assim como ela não se lembrou de devolvê-lo de imediato.

O tempo foi passando, e passando, e passando... A vida foi seguindo e o precioso cachecol manteve-se na gaveta com cadeado de Hikari, sendo o único que podia de fato esquentá-la nos dias mais frios como um abraço caloroso e protetor. Logo, o objeto ganhou seu apreço pessoal, além de valor sentimental intransferível.

Toda vez que o via, lembrava-se de como Takeru a cuidara com tanto zelo. E ele esteve sempre ali ao longo do tempo, com a esperança ascendente nos olhos azuis e um sorriso no rosto, sempre presente...

“Para sempre.”

***

O sol brilhava no céu azul sem nuvens, e as ruas de Odaíba enchiam-se com a brisa fresca e o aroma das flores de cerejeira que tingiam a copa das árvores de um lindo rosa suave. A melodia dos pássaros rodopiava no ar, ótimo clima para um feriado - finalmente, uma folga da rotina pesada, típica do colegial japonês.

Hikari Yagami dirigia-se para o Parque de Odaíba, andando distraída e contente, usando uma blusa rosa clara, jeans e carregando uma sacola - ela viera para andar de patins, com seus melhores amigos. No entanto, seu despertador havia dado defeito, e apressava o passo para não chegar atrasada. Queria ver Takeru.

A garotinha do dia nevado crescera: Seus cabelos antes curtinhos agora desciam, lisos e graciosos, pelas costas magras. As feições débeis do rosto ficaram mais maduras, ainda que seus traços continuassem delicados e suaves. Os olhos castanhos-avermelhados estavam quase rubis, e a combinação de sua beleza e gentileza atraía muitos pretendentes aonde quer que ela fosse.

Menos o que ela queria.

Enquanto esperava o sinal ficar verde para poder atravessar a rua, olhou o relógio de pulso, constatando que seus amigos já deviam estar no parque para a reunião anual dos seis. Faziam isso para relembrar o dia que haviam se conhecido, sendo os mais novos em um Acampamento de Verão. Lembrou-se de como um garotinho loiro com um chapéu verde chamou-a para brincar assim que chegou.

Sorriu ao pensar aquele tinha sido o melhor acampamento da sua vida.

Ao perceber que o sinal indicava que podia atravessar, deu alguns em direção ao asfalto. Quando estava no meio da rua, ouviu uma buzina estridente. Seu sangue congelou e ela arregalou os olhos: um carro vinha na sua direção à toda velocidade. Deixou-se ser tomada pela paralizia do pânico.

Fechou os olhos e esperou a colisão que certamente lhe tiraria a vida.

–Hikari!

Sentiu alguém a bruscamente puxando para fora da rua, e abriu os olhos:

Ali estava Takeru Takaishi em seus sete anos de promessa.

–O-obrigada...Como você faz isso... ? - Balbuciou, dirigindo-lhe um sorriso afetado, tremendo de leve. Takeru arqueou as sobrancelhas, parecendo bastante consternado e preocupado. Rapidamente a conduziu para o parque, longe da rua.

Vestia uma blusa verde e bermudas cinza. O cabelo dourado, liso e bagunçado dele era coberto por um chapéu branco na maior parte do tempo. Havia ficado muito mais alto e robusto, e os ombros tinham se solidificado, além de ter ficado bastante inteligente. O grande sorriso alegre e gentil, a personalidade amigável e os olhos azuis-escuros hipnotizantes faziam-no bem popular na escola, principalmente entre as garotas que o admiravam pela sua aparência - coisa que deixava Hikari louca de ciúmes.

Na visão mais interior da filha mais nova dos Yagami, Takeru deveria reservar sua atenção apenas para ela ou algumas colegiais teriam que aprender a se defender de facas.

–Você está bem?! E como eu faço isso o quê?

–Estou. Chegar sempre na hora, eu quero dizer... - Ela enrubesceu. Completou, sem jeito, ainda nervosa pelo carro: - Para me ajudar, me salvar. Quase como se eu tivesse te chamado, você apareceu durante todos esses anos e me ajudou. Mesmo depois de sete anos, você consegue me proteger com facilidade, sempre. Como?

Ele mascarou um sorriso brincalhão:

– Talvez eu esteja te seguindo por aí! Devia tomar cuidado comigo, Hika!

Ao som da risada e dela, ele realmente sorriu e moveu-se para tomá-la num abraço apertado. Hikari deixou escapar um leve suspiro de completa surpresa. Como ele era bem mais alto, sua cabeça encaixava-se com perfeição do dorso do pescoço dele, no qual ela enterrou seu rosto ao senti-lo envolvê-la carinhosamente com os braços.

–Caramba, você me assustou agora pouco... - Ele falou em seu ouvido, sério. - Atravesse a rua com mais atenção.

Ela ia se desculpar, mas ele a cortou com uma petição, ainda odiando as desculpas ecessivas dela:

–Tente parecer menos um alvo para os carros, tá?

–Eu vou tentar. - Hikari sorriu.

Eles ficaram assim por um tempo, deixando-a cada vez mais com o estômago cheio de borboletas e com as batidas do coração aceleradas. Abraços entre os dois eram muito comuns, apesar de menos sérios e mais rápidos e descontraídos, ainda que muito afetivos.

Ela pensou que ele estava meio estranho: Naquela vez, Takeru parecia ter um bolo na garganta, como se quisesse desesperadamente falar algo para ela.

– Eu não me perdoaria se você tivesse se machucado. - Por um momento, os olhos de Takeru vieram de encontro com os dela, emanando diversas emoções acolhedoras que lhe apeteciam muito, ela não podia negar: Amava-o. Ela tentava se convencer de que não, afinal ele era seu melhor amigo! Esse sentimento não deveria estar em seu coração, ela não deveria nutrir aquela paixão secreta, e tinha a ideia de que toda a preocupação do loiro era apenas fraternal.

Mas... Apaixonar-se por Takeru não havia sido um ato premeditado. Acontecera gradualmente, aos pouquinhos, nesses sete longos anos, toda vez que ele a abraçava, sorria, mimava-a ou pegava na sua mão.

E aqueles olhos. O coração dela bateu muito mais forte ao ver tanto carinho neles, tanta preocupação com seu bem-estar, tanto...

Amor?

Aproximou-se mais dela, pegando seu queixo, e o coração da morena quase explodiu: -Hikari, eu....

–EI, PESSOAL, QUE TAL OLHAREM PARA MIM?

Takeru e Hikari tomaram um susto enorme, separando-se bruscamente num pulo.

–Oi, Daisuke...

Daisuke Motomiya, também com seus quinze anos, tinha cabelo castanho espetado, olhos da mesma cor e um sorriso torto e brincalhão. Com vestimentas de detalhes de chama na camiseta e jeans pretos, tinha uma constituição física similar ao do amigo, pelo fato de jogar futebol - também era capitão do time. Havia um par de óculos de aviador sobre sua cabeça, herdados de Taichi, quando este deixou o time de futebol para ir à faculdade e achou que deveria ter um sucessor nos jogos do colegial.

–Estou atrapalhando alguma coisa? Estou sendo inconveniente?

Takeru resmungou baixinho.

Daisuke tinha uma queda - não, um despencamento de penhasco - por Hikari. E fazia questão de ser extremamente ciumento perto dela, principalmente quando se tratava do seu bom e velho amigo-rival Tajeru.

– Foi mal por ser um cara intrometido, mas, TD, você estava perto demais da minha garota.

–Eu não sou sua garota! - Hikari revirou os olhos ao adolescente despreocupado e desleixado; na verdade, um dos seus amigos mais queridos em todo o mundo. E um dos mais inconvenientes, mas ela já se acostumara. Takeru, também, mas não podia evitar ranger os dentes toda vez que ele se referia a Hikari como “sua garota.” Sim, ele rangia muito os dentes - e socava muito Daisuke.

–SEU INSENSÍVEL!

Os três assustaram-se com o grito, e viram que uma jovem de 16 anos se aproximava, destacando-se das outras pessoas que passeavam porque vinha marchando diretamente até eles. Ela pisava forte na grama do parque, esmagando as flores, e parecia estar irritada. Longos cabelos violetas desciam como uma cascata por cima dos ombros, e ela trajava um vestido esverdeado e leggins. Ela segurava patins roxos.

O sol da manhã refletia com um brilho ofuscante nas lentes dos óculos de Miyako Inoue.

–COMO VOCÊ PÔDE... - Rosnou ao se aproximar. Miyako, dotada de uma sinceridade e um amor tão aparentes que ela sempre tinha dificuldade em conter os seus sentimentos, irritava-se com facilidade. Daisuke engoliu em seco e foi dando uns passos para trás, claramente com medo da garota furiosa.-...Atrapalhar um momento fofo assim?!

– Eu? - Fez-se de inocente. Hikari ficou perplexa ao perceber que ambos dos seus amigos haviam observado o pequeno, constrangedor e precioso momento dela e do loiro, que tinha a típica expressão serena no rosto como se não se importasse.

–Sim, você! - Miyako apontou um dedo acusador para ele, enérgica como sempre. - Esse seu ciúme é ridículo!

–Ridículos são os seus óculos horrorosos nessa sua cara horrorosa. - Daisuke resmungou. Miyako arregalou os olhos e olhou-o indignada. Os dois espectadores agora tentavam disfarçar o riso: todos os dias eles discutiam, e era sempre por questões que poderiam ser evitadas, geralmente besteiras.

A garota com os cabelos lilases sorriu perversamente, pegou de sua bolsa o pano que usava para limpar as lentes e enfiou-o a fundo na garganta de Daisuke sem que ele pudesse reagir.

– Hmmm–socorro–hmm! - Conseguiu grasnar enquanto tossia loucamente, engasgado, com as órbitas saltadas de espanto e com uma cara muito cômica, mesclando-se a uma fúria exagerada.

–Ahhh, a vitória... - Suspirou Miyako, satisfeita com o sofrimento dele. Assentiu com um contentamento meio cruel e triunfante ao observar Daisuke tentando tirar aquilo do canal respiratório para não morrer engasgado, e virou-se aos dois que agora riam abertamente:

– Querem que eu o arraste daqui para poderem continuar, virarem namorados, se casarem e irem para a lua-de-mel sem interrupções?

–M-miyako! - Hikari rosnou, horrorizada. Com suas bochechas tingidas de vermelho, metralhou-a com o olhar, recebendo um sorriso maior ainda em troca. - Para com isso, somos só amigos!

Miyako adorava de paixão fazer aquilo, bombardeando-os com inúmeras diretas durante todos esses anos. É claro que, como a excelente melhor amiga que era, sabia dos sentimentos de Hikari, e queria muito que os dois jovens consolidassem um casal, por mais que a morena estivesse convencida que isso jamais aconteceria.

–Ah, é? Desculpinha. Engano meu. - Miyako sorriu de modo angelical. Um breve momento de silêncio constrangedor atingiu-os em contraste com as tosses irritadas de Daisuke. Hikari não se atreveu a olhar o garoto de olhos azuis.

Então Takeru começou a gargalhar, assustando-a:

–Miyako, acho que isso só aconteceria por cima do cadáver do Taichi! Ou, do meu... Eu não gostaria de morrer tão cedo!

Hikari riu nervosamente, assentindo, grata pelo assunto não ter tomado outros rumos, e sem saber o que sentir pelo fato de que Takeru não havia dito que eles eram só amigos. Miyako revirou os olhos, impaciente e bufando por toda aquela negação amorosa.

– Monstra. - Veio o sussurro enraivecido de Daisuke, que parecia estar melhor. Jogou o paninho de Miyako no chão, apertando os punhos como se estivesse se controlando para não estrangulá-la. Por sua vez, ela o ignorou solenemente:

– Aquilo estava tão bonitinho. Daisuke, seu idiota, qual é o seu problema? É possível alguém ser assim tão mal-resolvido em questões amorosas? - O moreno sorriu e deu-lhe sua própria indireta:

–Não sei, Miyako, acho melhor chamar o Ken pra vocês responderem juntinhos.

–O QUÊ?! ORA, SEU....

–Pessoal! - Eles ouviram duas vozes familiares. Iori Hida e Ken Ichijouji andavam até os quatro.

O primeiro, o mais novo do grupo, de 13 anos, vestia uma blusa bege e calças marrons. Iori tinha cabelos castanhos curtos e olhos verdes disciplinados que encaravam tudo com certos cuidado e deslumbramento silenciosos. E, Ken, de 15 anos, blusa branca e calças jeans, possuía olhos azuis-acinzentados serenos e bondosos, e era o mais tímido dali, além de ser o mais inteligente - o gênio. Seus cabelos negros eram um tanto mais longo que os dos outros garotos.

–Daisuke, você já está discutindo com a Miyako? - Iori franziu a testa após saudar a todos educadamente. - Ouvimos os seus gritos assim que entramos no parque, não foi complicado achá-los.

–Não enche, pirralho. - Ele gemeu. - Eu já fui muito maltratado por ela antes de vocês chegarem.

–Não seja tão dramático, Motomiya. - Ken sorriu ao melhor amigo, tão diferente dele próprio. Hikari observou-os, tudos juntos, por um momento, e foi preenchida por uma paz acolhedora.

–Por que vocês estavam brigando? - Iori questionou, meio emburrado por ter sido chamado de pirralho. Takeru iria respondê-lo, mas o moreno se antecipou:

Daisuke deu de ombros: - Miyako tem dificuldade em admitir o amor doentio dela.

–DAISUKE! - Ela ralhou, e Iori teve que segurá-la para ela não matá-lo.

–Miyako, calma, por favor!

–Amor? Por quem? - Ken piscou, aparentando uma curiosidade sem pretensões. Takeru e Daisuke entreolharam-se de forma cúmplice, divertidos, ao perceberem o ciúmes bem disfarçado na voz do amigo. Contiveram os sorrisos orgulhosos ao ver que Ichijouji tivera a audácia de fazer essa pergunta olhando Miyako diretamente nos olhos, apesar de ainda ser bem reservado quanto aos seus sentimenos.

–HÃ... - Miyako abriu um sorriso nervoso. Iori soltou-a, esperando também uma resposta. Ela sentiu todos a encarando, e apelou com um sussurro à melhor amiga, que observava tudo de forma arrogante: - Hikari, por favor, ajuda aqui.

–Por todos nós. - Ela disse simplesmente. Ken não pareceu tão convencido, mas, pelo visto, deixaria o assunto morrer, ao menos por enquanto. - A Miyako nos ama. Até o Daisuke, por mais incrível que pareça.

–Bem. - Takeru sorriu, ao lado de Iori, pegando seus patins amarelos. Os demais imitaram o gesto. - Vamos patinar? Afinal, hoje é o nosso dia! Vamos aproveitar. - Olhou seriamente para Daisuke: - E nada de corridas.

(...)

–VOCÊ NUNCA VAI ME ALCANÇAR, TAKAISHI!

–NÃO CONTE COM ISSO, MOTOMIYA!

Esses eram os gritos eufóricos de Takeru e Daisuke, que travavam uma acirrada batalha com os patins, disputando para ver quem estava patinando mais rápido pela pista do parque. Eles gargalhavam e se empurravam com certa brutalidade, mas alegremente, como os amigos que eram, tentando ultrapassar um ao outro.

Iori, que, assim como os outros, patinava tranquilamente, aproveitando o passeio e conversando, comentou: - Acho que esses dois nunca vão mudar... - “Isso é quase reconfortante.”

–Duas crianças. - Miyako concordou, sorrindo.

–Acho que sem os dois rivais, nossa pequena reunião não seria a mesma. - Ken, ao seu lado, avaliou.

–Sabe... - Hikari suspirou, observando-os metros à frente. Ela era a que tinha mais prática, patinando graciosamente (enquanto Miyako tropeçava a cada dois segundos), e segurava o chapéu branco de Takeru. - Eu me pergunto por que os dois brigam tanto!

Houve uma risadinha incrédula coletiva.

– Que foi? - Olhou seus amigos, exigindo uma explicação.

–Você não sabe mesmo, né, Hika? – Miyako a provocou, maldosa. Ken deu um leve sorriso e Iori revirou os olhos. - É por você, boba!

–Por mim?! - Espantou-se.

–Dãããã. - Fez Miyako. Um grito escapou da garganta dela quando quase tombou numa criancinha que andava de patinete. Após se recuperar do susto, estabilizou-se nos patins de forma desajeitada e bufou: - Os dois são caidinhos por você!

–... - Hikari encontrou-se sem palavras. Era óbvia a “preferência” de Daisuke por ela, e também o fato de ele sempre agir de forma ciumenta, mas, ela nunca pensou que Takeru fosse “disputá-la” com ele! O loiro era sempre tão calmo e centrado, e ela se espantava com o lado competitivo dele, apenas despertado com a presença de Daisuke. “Será?” – Você deve estar enganada, Miya.

–E você deve estar cega. - Miyako devolveu, ganhando um olhar mordaz da morena. - Quer dizer, se um garoto gostasse de mim, é óbvio que eu iria perceber.

–É óbvio. - Hikari abriu um sorriso provocador, olhando sugestivamente para Ken. - Não é?

Ken limpou a garganta, constrangido: - Hmm, uh, s-sim, acho que ela perceberia...

–Você acha? - Miyako encarou-o, e ele engoliu em seco. Hikari e Iori prenderam a risada quando ele corou com a seguinte frase: - Você não está me subestimando, né, fofo?

–Só estou dizendo que você não pode ter tanta certeza. - Tentou esquivar-se. Miyako soltou um “Humpft!” indignado e virou-se para Hikari, subitamente feliz:

–Soube da super-festa que vai ter no final de semana?

–Festa? - Franziu a testa e logo se recordou: - Ah, sim! A festa da Kaori, aquela garota rica do terceiro ano. Ela convidou todo o ensino médio... Você pretende ir?

Nós pretendemos ir. - Corrigiu-a, séria. Iori não pareceu muito interessado na conversa, e aumentou a velocidade para alcançar Takeru e Daisuke. Ken, porém, permaneceu patinando ao lado das duas, atento.

–Você acha que é uma boa ideia? - Hikari mordeu o lábio, apreensiva, e expôs sua preocupação: - Você sabe como são as festas do terceiro ano! Eles sempre levam álcool escondido, os caras mais velhos são muito violentos e sempre acaba em confusão, não é uma boa ideia, poderia acontecer alguma coisa com a gente...

–Você se preocupa demais, somos responsáveis e podemos nos cuidar. E é uma oportunidade única! Não podemos perdê-la, ver der demais. - Miyako assegurou-a, enquanto Ken parecia imerso em pensamentos meio aflitos.

–Ah, tá bom. - Hikari sorriu, dando de ombros, mal imaginando as consequências desastrosas de sua concordância.

–Eu acho que vocês não deveriam ir. - Ken opinou suavemente. A de cabelos roxos ia reclamar, mas nesse momento chegaram Iori, Daisuke e Takeru - que parecia ter vencido a corrida, pois ostentava um sorriso modesto, enquanto Daisuke parecia estar tramando uma vingança - e o mais novo tomou a palavra:

–Aonde?

Ken abriu a boca para respondê-lo, mas o grito de Hikari mostrou-se mais urgente:

–Miyako, cuidado!

A confusão atravessou o rosto dela por um segundo, antes de seus patins roxos traírem-na por causa de uma pedra e ela tropeçar novamente. Porém, dessa vez, eles estavam numa parte da pista que era elevada, e Miyako acabou caindo e rolando numa pequena descida de grama - não antes de Ken tentar segurá-la e rolar junto. Ambos aterrissaram a uns metros abaixo, atordoados, porém intactos.

E, assim, a posição definitiva era a garota em cima dele, os rostos colados, os lábios quase se tocando e as bochechas vermelhas.

–Gente! - Takeru chamou-os, não muito preocupado, pois não daria para se machucar com algo tão pequeno. - Vocês estão bem?

–Bem?! - Divertiu-se Daisuke. - Acho que eles estão mais que bem. - Em seguida, berrou mais alto, aos dois que permaneciam deitados: - Querem que a gente saia para vocês terem mais privacidade?

–Daisuke! - Iori, que por muitas vezes aparentava ser o mais maduro, repreendeu-o. Hikari mordia o lábio para não rir por causa da expressão espantada de Miyako.

–A-ah, desculpa Ken, e-eu sou tão desastrada... - Ela gargalhou de forma nervosa e histérica, sem saber o que fazer para se livrar do constrangimento.

–Imagina. - O gênio tentou aliviar a situação. - Você apenas se distraiu.

–Obrigada por tentar me segurar. Foi bem gentil da sua parte. - Miyako sorriu, e Ken teve que devolver o sorriso que ele julgava ser o mais bonito de todos.

–De nada. Mas você poderia sair de cima de mim, por favor? Está começando a machucar...

***

–Foi uma boa reunião. - Iori reconheceu, a medida que os seis iam despedindo-se no final da tarde. - Eu me diverti.

–Eu também. - Hikari concordou, alegre. - Foi bom termos um descanso, para variar. - Não pronunciou as palavras, mas o pressentimento de que aquela semana seria mais agitada do que o esperado estava a incomodando.

–Tchau, gente, até amanhã. - Ken, que começara a estudar na companhia de seus amigos, acenou e logo se virou para andar até sua casa em Tamachi, sem se dirigir a ninguém especificamente ou se despedir com mais afetividade.

Miyako deixou escapar um suspiro: - Ele é tão irritantemente tímido, aquele idiota. Porque eu gosto tanto dele?

–Deixe-o em paz. - Daisuke grunhiu em defesa do seu melhor amigo. - Já tenho pena do cara por essa sua fixação doentia, não tente mudá-lo.

–Você não acha que é muito suspeito para falar de fixação doentia? - Takeru, cético, arqueou as sobrancelhas. Hikari piscou, olhando-o de esguelha; apenas isso a deixou meio aturdida. Ainda gostaria de saber o que ele queria dizer para ela.

–Acho que devemos ir. - Iori falou aos seus vizinhos, antes que o moreno e o loiro começassem a brigar. Miyako, contrariada, assentiu e abraçou a amiga. Daisuke deu língua para ela, e em seguida imitou a cara que ela fez quando caiu. Ela rosnou, o moreno riu e foi andando para sua casa antes que ela tivesse a ideia de segui-lo e esquartejá-lo, berrando despedidas.

–Vamos logo. - Ela suspirou, andando para a rua onde ficava sua residência, seguida por Iori. Takeru, por sua vez, olhou os vizinhos e permaneceu ao lado de Hikari, que apreciou tê-lo por um momento só para si.

Sorriu, e ele a imitou. Olharam-se por um tempo, confortáveis com o silêncio, mas ainda querendo dizer alguma coisa para ouvir a voz do outro. Ao ouvir os amigos o chamando, Takeru fez uma careta, claramente não querendo dizer adeus à amiga, que riu.

–Foi um dia legal, deveríamos repetir. - Dito isso, ele se aproximou para beijá-la na bochecha.

No entanto, Hikari atrapalhou-se com o gesto, e virou de leve o rosto por acidente, recebendo um beijo quase que nos lábios.

Ela gaguejou um pedido de desculpas quando ele se afastou, parecendo surpreso. Porém, Takeru apenas sorriu. Ela não conseguiu interpretá-lo: era um sorriso sem graça de constrangimento pelo pequeno acidente ou de felicidade por alguma outra coisa? Mas ela não teve mais tempo para pensar sobre o assunto, pois logo o loiro apressou o passo e se juntou aos outros dois.

E ela quis chamá-lo e dizer muitas coisas, mas, ainda assim, não o fez - apenas observou-o.

Uma flor de cerejeira que rodopiou pelo ar capturou o olhar de Hikari, e, quando ela o voltou para a rua a sua frente, flagrou Takeru olhando-a furtivamente por cima do ombro. Corou.

E ficou imaginando o que teria acontecido de Daisuke não os tivesse interrompido naquela vez.

***

“Oi, Jou!

Tudo bem?! Comigo sim! Estou ótima!

Acho que não te mando e-mails faz um tempo, né? Desculpinhas! Aqui em Nova York é tão chique e perfeito que eu não pude resistir! Renovei todo o meu guarda-roupa! Estou tão contente, tão, tão, tão contente! Já faz uns sete anos que estou aqui nos E.U.A. Me sinto mais americana do que japonesa! Hahaha! Mas, claro, eu jamais esqueceria de você. E da Sora, e dos outros, ah, você entendeu...! AI, QUE SAUDADE DE TODO MUNDO! Como está o pessoal? A Sora não arrumou nenhuma melhor amiga nova, né? E o Taichi já se acertou com ela? Ela me disse que o Yamato a pediu em namoro ontem! O YAMATO! E a Sora aceitou, ainda por cima! Meu Deus, coitado do Taichi, ele deve estar muito mal, né? Sempre pensei que os dois ficariam juntos, o que será que aconteceu para a Sora escolher o Yamato? E se o Yamato magoar a Sora, esse loiro vai se ver comigo!!! Falando em loiro, me diz que o Takeru e a Hikari estão namorando, ME DIZ! Aposto que não, esses dois eram tão fofinhos quando menores, mas agora estão meio lerdos. O Iori ganhou o Torneio Estadual de Kêndo (e conheceu uma menina bem legal lá!), dê meus parabéns para ele. E o Ken e a Miyako, como estão? (Juntos?)

Ah, Jou, desculpa. Sei que você não deve estar reparando nessas coisas, sei que você tem coisas melhores para fazer do que fofocar por aí. Você está estudando para ser um médico! Um doutor renomado! Que orgulho! Vai ser o melhor médico de todos! E parabéns, o Taichi me contou que você é o melhor estudante de medicina da faculdade, e que está indo muitíssimo bem! Seu pai vai morrer de orgulho de você - hum, não literalmente, você sabe que eu não sou a melhor com as palavras. Como está sendo ficar enfiado nos livros vinte e quatro horas por dia? Admiro tanto sua persistência, Jou! Mas, pelamordeDeus, vê se vai para praia e pega uma cor! Não quero que você fique parecendo um fantasma!

E o Koushiro? Ele não fala comigo há séculos. Sora me disse que ele conseguiu encontrar a casa em que os pais biológicos moravam...

Muitos Beijos,

Mimi!

PS: Surprise: EU ESTOU VOLTANDO PARA O JAPÃO!”



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Notas finais do capítulo

Ok. Eu realmente preciso tentar ser menos detalhista e mais direta.
O que acharam? Sugestões, dúvidas, elogios, críticas?
Sinceramente, eu queria ter feito algo melhor. Não é que eu não tenha gostado; pelo contrário, eu adorei. O problema é que estou tão desacostumada a escrever esse gênero que, simplesmente, não sei o que achar desse capítulo. Eu queria ter feito mais coisas - só que a minha falta de costume me atrapalhou, eu esqueci do essencial e enrolei-me com coisas insignificantes, e... argh -, eu realmente escrevi muito mais, o problema é que ficou muito grande, aí eu tive que editar, encurtar...e ficou com mais de 4 mil palavras, aff. Sem contar que eu tirei um trecho, que está aqui guardado comigo, e vou usá-lo no próximo capítulo. Eu só pude colocar os personagens da segunda geração, se não ia ficar realmente imenso, mas achei que assim ficaria incompleto DEMAIS, então coloquei o e-mail da Mimi no final.
Então, como todo primeiro capítulo, encarem-no como um GANCHO - o que "puxará" todos os acontecimentos realmente legais da fic. Por exemplo, a tal super-festa: o que vocês acham que acontecerá nela? E como o Jou (e o Koushiro) vão encarar a volta da Mimi ao Japão? E, perceba, usei o e-mail dela para explicar o que está acontecendo com os outros, mais velhos. A Sora está namorando com o Yamato! E o Taichi, o que vocês acham que ele está passando por causa disso? E o Iori, mencionei que ele ganhou o tal torneio de kendô. E, também, conheceu uma garota bem legal lá; o que vocês acham que sai dessa história? Sem contar no fato do Koushiro investigando sobre os seus pais biológicos, ele vai descobrir umas coisinhas, hein... TUDO ISSO será explorado! :)
Espero ter retratado as personalidades deles bem, e tudo mais. Miyako e Daiskue discutindo por bobagens, Takeru e Daisuke com aquela rivalidade-amigável, a doce Hikari, o Ken gentil e o Iori com - adorei essa descrição - com "olhos verdes disciplinados que encaravam tudo com certos cuidado, curiosidade e deslumbramento silenciosos". E o jeito doidinho e alegre da Mimi, expressando-se até em e-mails...
Acho que realmente ficou legal, mas preciso ser mais direta: vou trabalhar nisso.
Então, "dicas" de Takari e Kenyako! Gostaram das cenas? Achei divertido o Ken e a Miyako naquela pose um pouco constrangedora, rsrs. E, sim, antes o Sr. Takaishi salvava a Hikari de tombos e arranhões, agora, de carros! E foi fofa a última cena deles >.< *-*
O próximo capítulo será MENOR e mais "ativo", prometo! (Se bem que é tão difícil fazer algo amplo meio pequeno. Pergunto: Vocês se importariam com capítulos de mais de 4000 palavras? Vejo uns no fanfiction.net bem maiores, sem contar que seria mais fácil para mim, no quesito "explorar" todos eles. Mas, se ficar chato para vocês muito grande, eu faço com umas 3000 palavras e alguma coisa.)
E, como perceberam, o Digimundo não existe. (E eles foram no acampamento, viu? :D)
Sobre as minhas outras fics: Vou ver se volto a escrever em Brasão Lendário, mas saibam que a minha prioridade e´terminar E Tudo Começa em um Acampamento de Verão! Sim, essa é a minha meta! Não estou muito preocupada com as Digi-Shots, elas vão saindo naturalmente. (Mas as aspas ficam sumindo!! Fui ver e o capítulo do Koushiro está como se não houvesse falas! Que coisa!! Vou consertar...)
Enfim, é isso, espero MESMO que tenham gostado!!!
Abraços,
B. Star Fic ♥