Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer muitíssimo a Miss Mistery e Aline Cristina por favritarem essa fic. Espero que continuem acompanhando, comentando e, claro, gostando *-*



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09 de julho de 2012. 21h45min

– Acho que nós deveríamos ir embora... - disse Alyce quebrando o silêncio de muitos minutos.

– Mas agora que as coisas estão ficando interessantes? - resmungou James.

– Interessantes? - quase gritou Lucy.

– É... Digo, pode ter sido uma pessoa gritando, ou pode ter sido algum animal... - deu de ombros

– Um animal? Aquilo não parecia nem um pouco com um grito de algum animal que eu conheça. E vocês sabem que eu sei de animais - disse Leon.

– Sabemos - disse o grupo em um coro.

– De qualquer forma - James revirou os olhos - as coisas estão ficando interessantes, e nós vamos ficar para explorar as redondezas.

– Eu realmente não acho isso uma boa ideia... - Alyce sussurrou para si mesma, mas Kaio ouviu e segurou sua mão, sorrindo levemente para ela.

– Bem... vamos dormir então. Amanhã nós vamos dar uma andada por ai - disse James se levantando.

– Se é que alguém vai dormir aqui - Leon sussurrou para Lucy, que sorriu sem graça.

Alyce sabia do que eles estavam falando, e não acreditava como eles conseguiam agir daquele jeito com o que acabara de acontecer. Mas talvez o problema seja ela estar preocupada demais...

– Dorme junto comigo? - se pegou dizendo aquilo e olhando nos olhos de Kaio.

– Ainda com medo? - disse meigamente.

– Sim. Não consigo deixar de pensar naquele grito.


Todos subiram para seus respectivos quartos, mesmo que estes estivessem quase a ponto de desabar. Alyce observou o corredor antes de entrar no quarto onde Kaio deixava sua mala. A madeira pobre e escura dava um ar de corredor sombrio e sinistro que fez Alyce arrepiar dos pés até o último fio de cabelo loiro-prateado. Entrou no quarto e fechou a porta.

– Olha... Eu posso dormir no quarto da frente... E ai se você precisar é só gritar que eu venho correndo.

– Não! Por favor, Kaio. Não me deixe sozinha nesse lugar medonho e sinistro - implorou.

– Não sei não Aly... - ele era a única pessoa que a chama de Aly. Nem mesmo sua irmã fazia isso.

– Eu preciso de você. E eu estou falando sério! Estou me cagando de medo aqui! - disse.

– Ok,ok... Eu fico - abaixou a cabeça e passou a mão na nuca. Sentiu a mão gelada em contraste com a nuca quente.


Kaio observou Alyce... Da infância até aquele instante ela mudará muito na aparência, mas seu psicológico parecia quase o mesmo. Com o mesmo medo de palhaços e balões de bichinhos, com o mesmo olhar inocente, distante e às vezes, quando ninguém estava olhando, tristeza invadia aqueles lindos olhos azuis. Ela não se achava tão bonita como a irmã. Mas Kaio a achava muito linda. Qualquer um a acharia na primeira vez que a visse. Era como uma boneca de porcelana, frágil e delicada. Kaio às vezes até tinha medo de se aproximar e fazer algo de errado que a partisse no meio. Porém sabia que, mesmo aparentando ser frágil, era uma das garotas mais corajosas e fortes que já conhecera.

– O que foi? - ela perguntou inquieta.

Não tinha reparado que estava encarando ela a um tempão.

– Ah, nada não... É que... Por mais estranho que parece... Eu estava relembrando a época em que eu te conheci.

– Ah sim... - ela pensou um pouco - Acho que se não fosse por você ir falar comigo e insistir várias vezes eu passaria o resto da vida sendo excluída.

– Você ainda se lembra?

– Da nossa primeira conversa? Claro - arregalou os olhos e chacoalhou as mãos - Como eu iria esquecer do cara que jogou um copo de suco na garota mais popular do colégio só porque ela jogou um copo de suco na minha cabeça?

Os dois sorriram.

– Dês aquele dia eu soube - disse sentando-se ao lado de Kaio na cama.

– Do que? - ele olhou intrigado para ela.

– Que você é um cara maluco que gosta de garotas problemáticas - disse naturalmente.

Kaio sentiu seu rosto ficando vermelho. Só de ouvir Aly falando que ele gostava dela já era um motivo para sentir o sangue subindo de vergonha, por mais que soubesse que aquele gostar era mais para amigo.

– Dês do primeiro momento que olhei para você soube que era diferente. Quer dizer, muito diferente das outras garotas.

– O que quer dizer com isso?

– Bem... Antes de você chegar Riverton City era uma cidade onde só existiam garotas que se importavam com beleza estética, tipo: ter o cabelo loiro, corpo mega magro, ser líder de torcida, ficar com os caras mais bonitos do time de basquete... Aquelas são garotas superficiais demais. E ai você chegou. Uma garota com estilo diferente, que gosta de cores escuras ao invés de rosa, que lê livros ao invés de discutir sobre unhas e falar mal dos outros... Não podia deixar que você fosse excluída do resto do pessoal só porque era diferente de qualquer pessoa que eu já imaginara. Eu me apaixonei por você dês do primeiro momento, quando você atravessou aquela porta da cantina com um livro em mãos.

Ele acabara de se declarar e escancarado seus sentimentos por ela. Não sabia como reagir. Queria que ela reagisse de forma positiva, mas e se ela reagisse de forma negativa? O que ele deveria fazer? Aquilo colocaria um fim na amizade ou faria com que a amizade evoluísse? Perguntas e mais perguntas passando por sua mente enquanto tentava decifrar a expressão que ela fazia.


Alyce não conseguia acreditar. Aquilo ela real?! Ele, Kaio Stutzel, o cara que ela sempre gostara, estava se declarando?! Será que ela estava sonhando? Não lembrava de ter ido dormir. Ela não sabia como estava sua expressão, mas sua mente estava uma bagunça, um turbilhão de coisas indo e vindo a todo momento. Ela tinha que dizer alguma coisa. Ela precisava dizer! Se não dissesse ele iria achar que ela estava dispensando os sentimentos que ele deixara à mostra.

– Esse lugar é bem assustador, né?! - deu um tapa mental em sua testa.

Idiota! Cérebro, seu traiçoeiro! Que porra foi essa?!, ela pensou. A expressão de Kaio era meio magoada e meio confusa. Não! Não foi isso que eu quis dizer! Não escuta essa idiota!

– Ah, desculpa. Comentário errado - murmurou com o rosto vermelho - Hãn... Não sei como dizer isso, mas vou tentar. Dês daquele momento que você jogou o suco na cabeça da garota e me emprestou sua blusa de frio para que eu tirasse a minha molhada, bem... Dês daquele momento eu fui apaixonada por você. Mas sempre achei que você era areia demais para meu pobre e minúsculo caminhãozinho.

Ele estava com a boca entreaberta. Parecia surpreso e seus olhos denunciavam que estava feliz. Alyce ficou olhando, não sabia qual era o próximo passo. Bem... Ela sabia, mas não tinha certeza. Meio sem jeito Alyce esticou as mãos e tirou os óculos de Kaio. Os olhos negros ficavam um pouco diferentes sem a lente. Mas, como sempre, continuava bonito. Ele se aproximou dela e colocou uma das mãos em sua nuca. Alyce também chegou para frente. Seus lábios se encontraram e um choque percorreu as costas de Alyce. Os dois estavam bem próximos, grudados um ao outro. Agora sim.


Um grito. Um vidro se estilhaçando. E mais gritos. Alyce e Kaio de separaram do caloroso beijo e se olharam por um momento. Alyce processou o que acontecera. Aquele grito era conhecido...

– Lucy! - gritou e correu as cegas pelo corredor - Lucy! - Não sabia em qual quarto Lucy estava, mas seguiu os gritos na medida em que foram ficando mais próximos dela, até que parou em um quarto que ficava três portas antes do dela. Lucy estava parada em frente a porta com uma das mãos na boca gritando freneticamente enquanto olhava e apontava horrorizada para a janela quebrada do quarto.

James também saíra de seu quarto e estava parado no meio do corredor olhando para Lucy com os olhos arregalados e surpresos. Kaio estava atrás de Alyce.

– O que aconteceu? - perguntou Alyce.

Lucy continuava ali, apesar de ter parado de gritar ainda chorava e apontava para a janela. Não dizia nada. Alyce pegou em seus braços e a girou, fazendo-a ficar de frente para ela.

– Me diz o que foi que aconteceu! - Alyce sacudia Lucy para que ela voltasse a realidade - Lucy!

Lucy olhou para Alyce como se estivesse acordado de um terrível sonho e ainda tivesse com as imagens na cabeça. Seus olhos cor de mel estavam arregalados como de um animal extremamente assustado.

­ – Ela o levou - Lucy murmurou.

– Levou? Levou quem? - Alyce não estava entendo.

– Ela o levou! - Lucy gritou para Alyce - Ela levou Leon!


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Notas finais do capítulo

HOHO... E ai? 'Bão'? Esse merece comentários?