Lonely Tears escrita por Lady


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Lonely Tears

“O passado não reconhece seu lugar: esta sempre presente.”

E lá esta ela novamente.

Um olhar perdido entre as nuvens no céu. Um coração fraco batendo no peito. Milhões de pensamentos vagando por sua mente cansada. Diversas lembranças rasgando-a por dentro.

Sentia uma imensa vontade de chorar. Mas não o faria. Não poderia se dar a tal luxo de ser vista em um estado tão lastimável. Afinal, ela é ninguém menos que Elesis Sieghart, líder do principal grupo da Grand Chase.

E mesmo que nesse exato dia fizesse exatamente doze anos que seu pai desaparecera, ela – ainda sim – não choraria. Ao menos não agora. Não enquanto estivesse em um campo de treinamento.

E devagar a ruiva pôs-se de pé. Segurava firmemente o cabo de sua espada. Os olhos scarlets miravam a figura do arcano a sua frente, mas não era como se o vissem.

Não. Seus olhos cor de sangue estavam mais distantes, tal como sua mente. Estavam em outro lugar... Em outra época. Mais especificadamente, há quinze anos atrás. Quando – pela primeira vez – empunhara uma espada, e quando aprendeu a manejar a mesma a treino de seu pai.

Desferiu golpes incessantes contra o mago/espadachim. Poucos danos causava a ele, tal como eram poucos os danos em si. Ou a menos era isso que o azulado pensava.

– Melhor descansarmos por hoje – anunciou o moreno, mas tais palavras não chegaram aos ouvidos da ruiva. E esta continuou a investir contra o jovem de cabelos azulados. – Ruivinha já chega.

E novamente não obtivera resposta.

Os olhos vagos. A mente distante. Todo e qualquer movimento feito por si não passava de um misero reflexo de batalha.

Não piscava, ou mesmo ofegava. Não sentia o corpo doer. Nem mesmo dava-se conta dos ataques que estava investindo contra o mago de cabelos azulados. Sua consciência estava distante demais para qualquer voz a alcançar.

Sua dor estava profunda demais... Escondida demais para alguém notar a presença da mesma. Suas lágrimas estavam tão secas quanto o deserto de Setesh. Sua alma era um poço tão profundo e obscuro que nem mesmo Hatsheput ousaria ali adentrar.

Aquela era Elesis Sieghart naquele momento.

Olhos vagos e inexpressivos.

Um corpo vazio e sem emoções.

E uma alma quieta e isolada, pagando as angustias que guardava por vários anos. Chorando as lágrimas secas há muito escondidas.

– ELESIS!? – e só então fora puxada do fundo de sua mente.

A voz do Asmodiano soou grave por seus ouvidos. E quando a consciência já mostrava-se presente. A jovem espadachim não se agradou nem um pouco com o que vira.

Alguns metros a sua frente Ronan encontrava-se caído com vários machucados – alguns até profundos demais. Frente a ruiva – tendo a lamina da espada da mesma rente ao pescoço – estava Lass de olhos arregalados.

Parte da Caçada, alguns soldados e – até mesmo – Lothos estavam presente. Abismados, incrédulos, assustados. Essas eram as expressões mais vistas entre aqueles que ali se encontravam.

– O que diabos foi isso Elesis? – indagara o moreno aproximando-se da ruiva e colocando a mão sobre os ombros da mesma, claro que após fazê-la largar a arma. – ELESIS!? – e novamente ele a chamara, sacudindo seus ombros buscando uma resposta para o que a pouco presenciara.

Ela quase matará o amigo.

Mas a expressão da jovem mantinha-se a mesma. Vazia... Como a maior parte de sua vida esteve.

E ela estava cansada dessa vida vazia. Lutava dia a após dia pela felicidade alheia. Mas e a sua felicidade?

Ela não precisava de muito. Só de alguém que estivesse ao seu lado. Alguém que a abraçaria quando o frio invernal a atingisse, ou quando a solidão ousasse lhe invadir a mente.

Alguém que lutasse para por sorrisos em seu rosto, e que soubesse o motivo de todas as suas lágrimas secas. Ela precisava de alguém que a compreendesse. Que entendesse o sofrimento dela, que ficasse com ela.

Alguém que ela sabia que podia confiar. Que a faria sorrir verdadeiramente. Que soubesse o maior dos segredos que a ruiva mantém e que – ainda sim – a amasse.

E – acima de tudo – alguém que a amasse como ela é, não acima de todas as coisas, mas de uma forma que fizesse a ruiva ter certeza de que teria alguém consigo para o que der e vier.

E a Sieghart permitiu-se encarar as orbes prateadas do imortal.

Aquele que abandonara tudo. Deixara a família para trás para seguir em um tratado para com os deuses e para o bem da humanidade. Ele certamente já havia sofrido, mas uma coisa era certa.

Nesses seiscentos anos vividos por Earcnard, ele jamais sofrera tanto quando sua descendente ruiva. E provavelmente ninguém mais da caçado havia sofrido mais que ela.

O pior de tudo, não era nem o sofrimento em si, mas sim o fato de que nem todo o passado de Elesis havia sido revelado. Haviam segredos nunca revelados. Coisas que a ruiva presenciara. Coisas que a marcaram profundamente abrindo uma cicatriz tão profunda e permanente... Um buraco tão escuro e assustador... Que – enquanto buscava abrigo das próprias dores – Elesis adentrou naquele poço sem fim.

E até hoje ela ainda permanece lá, escondendo de todos um dos seus maiores sofrimentos. A maior de suas dores. A angustia que mais mostrava as caras.

Mordeu o lábio com força, desviando o olhar das orbes prateadas do moreno.

Não sabia o que fazer... Ou melhor, ela sabia sim. E o faria.

Assim sendo, a ruiva recuou um passo, virou as costas, e adentrou na floresta que havia por ali.

Ignorou aqueles que chamaram por seu nome. Ignorou as ordem da próprias comandante. Ignorou – até mesmo – o fato de que a loira dissera que se ela desse mais um passo seria rebaixada de cargo.

Nenhuma palavra a atingiu.

Nada adentrava em sua mente. Por que, antes mesmo de que algo pudesse ser proclamado por qualquer um. Antes mesmo de Elesis tomar a iniciativa de adentrar na floresta. Aquela cena “especial” rondava sua mente. Repassando de novo e de novo.

Ela lembrava-se claramente de tudo.

Da espada. Do sangue. Do corpo da mulher de cabelos dourados sem vida.

Lembrava-se de cada mínimo detalhe, e isso era seu maior sofrimento.

Essa mulher era uma de suas maiores dores.

Essa mulher que cometera suicídio era sua maior tristeza e sua ferida mais profunda.

Essa mulher, era sua mãe.

Penelope Sieghart.

Quanto tempo já passara-se desde que começara a caminhar? Minutos? Horas? Quanto tempo?

Não importava. Nada importava. Não naquele dia. Exatamente doze anos que o pai desaparecera. Assim como exatamente dez anos que a mãe se matara.

Irônico, não?

Mesma data. Dois anos de diferença. Mesmo parentesco. Apenas uma continuação de sua dor inicial.

Fechou os olhos, logo cessando os passos.

A lembrança repassava de novo e de novo. Como um filme.

Não tardou para que as lágrimas – estas que foram reprimidas durante todo aquele dia – chegassem a seus olhos, e escorressem por sua face.

O corpo pendeu. Fraco e debilitado.

A dor se espalhava de forma tão intensa e dolorosa que chegava a ser inacreditável.

E naquele momento, sozinha na floresta, a ruiva permitiu-se chorar e gritar. Esmurrava o chão inconformada. Esmurrou o mesmo até as mãos sangrarem, e ainda sim continuou.

As lágrimas escorriam mais e mais. Cada vez mais dolorosas.

Uma tristeza imensurável. Uma ferida incurável. Uma jovem inconsolável.

E pensar que aquela era a tão temida Elesis Sieghart. Mas não. Naquele momento ela não era a líder do time mais forte. NÃO! Ela era apenas uma garotinha que necessitava de consolo, mais do que qualquer outra pessoa.

E logo após alguns minutos, seu corpo pendeu novamente encontrando a terra remexida a sua frente. Os braços envolviam o próprio corpo, enquanto as lágrimas teimavam em não cessar.

Era doloroso demais. Até para ela.

Encolheu-se em seu lugar ao chão. E chorou.

Os cabelos scarlets estavam espalhados pela terra. As roupas estavam amarrotadas e sujas. Sangue escapava dos ferimentos nas mãos e em algumas partes de seu corpo. O carmim de seus olhos era encoberto pelas pálpebras fortemente fechadas.

Por que tinha de ser assim? Por que tinha de ser logo com ela?

Ainda era tão jovem. Apenas uma criança maltratada pelo tempo.

– Elesis? – ouviu-se uma voz distante, mas mesmo assim a ruiva não se mexeu.

Permaneceu em seu canto encolhida entregue as dores. Aprofundando-se mais e mais naquele poço negro em sua alma.

– E-Eles-sis...? – e novamente a voz fora ouvida. Desta vez fora reconhecida.

Era o Caçador de Recompensa. Lupus, irmão mais velho de Lass.

Este que ficara sem reação ao encontrar a ruiva, ainda mais em tal estado. E seus olhos de sangue apenas arregalaram-se mais ainda quando ouviu-a soluçar.

Mediante toda sua forma egocêntrica e egoísta, no fundo de si Lupus admirava a ruiva.

Dia após dia, ele via-a enfrentar de cabeça erguida o peso que o destino impôs contra si. Era habilidosa, inteligente, uma líder incrível e espadachim admirável.

Mas naquele misero momento, era como se ele a estivesse vendo pela primeira vez. Como e aquela garota chorona a sua frente fosse a verdadeira Elesis Sieghart.

Em passos lentos e calculados ele se aproximou. Sabia que a mesma estava acordada, assim como sabia que ela – provavelmente – surtaria alguma hora sobre os próximos movimentos do loiro. Mas quer saber, dane-se. Era o que ele pensava.

E assim o caçador permitiu-se batalhar contra o próprio orgulho – e vencer – para assim abaixar-se próximo a ruiva e puxar o corpo da mesma para si a fim de dar a ela um ombro para chorar, por que isso era tudo o que ela necessitava naquele momento.

– Pode chorar... – murmurou-o calmamente. – Eu estarei aqui com você Elesis...

Mesmo que tenha sido um conforto vindo de alguém completamente inesperado. A ruiva ainda sim o aceitou. Pouco importava a imagem de durona que tinha de passar. Pouco importava todo o resto.

Naquele momento, ela só precisava de alguém.

E agarrando-se firmemente as vestes do caçador, a ruiva pode enfim derramar todo o pranto que segurou durante todos seus anos de solidão e lutas intermináveis.

~Fim~


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar
Beijos, Ree.



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