Eu sabia. Eu sabia que aquela hora chegaria: a hora da minha morte. Eu sabia de tudo...

Mas, por incrível que pareça, a única coisa que eu conseguia oensar enquanto colocava a arma em meu tornozelo de Aqiles era nela. Na minha menina. Na minha linda menina. Thalia...

Aqueles olhos elétricos penetravam minha mente. Seus sorrisos e suas lágrimas sempre estariam comigo, mesmo que ela já não pensasse em mim. Mesmo que ela me odiasse.

Os beijos roubados que dei nela foram a melhor coisa que já fiz na minha vida. As lembranças das noites olhando as estrelas são os melhores momentos. Ao chamar- me de "meu menino", o melhir apelido. Quando ela amaldiçoava os deuses, as melhores palavras. E quando Thalia dizia "eu te amo"... O melhor sentimento.

Eu sabia que ela nunca me perdoaria. Sabia que ela sempre me olharia como um inimigo, um monstro. Sabia que os olhos azuis cheios de calor nunca mais olhariam para mim do mesmo jeito.

Eu não tinha tido tempo de dizer adeus. Não tinha tido tempo de sorrir uma última vez. Não tinha tido tempo de me desculpar. Não tinha tido tempo de roubar mais um beijo. Não tinha tempo de olhar novamente aqueles olhos azuis...

Desejei que ela ainda me amasse. Desejei que ela me chamasse de "meu menino" de novo. Desejei que ela soubesse que era real. Desejei que ela estivesse ali...

A única coisa que eu queria fazer era gritar. Gritar para o mundo inteiro ouvir o tamanho do amor que eu sentia pela minha menina.

Ela nunca ouviria, mas eu tinha que dizer mais uma vez. E, as portas da morte, em um sussurro inaudível eu me despedi. "Adeus Thalia. Adeus minha menina. Seja feliz, pois eu sei que vocês merece."

E aquelas foram minhas últimas palavras.