Cartas Para Um Invisível escrita por Yoggi


Capítulo 9
Capítulo 9 - Essa blusa está bom em mim?


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, voltamos! Desculpa um pouco da demora, eu espero que vocês gostem! Eu fiz esse capitulo um pouco grande.. Eu espero que vocês não se importem...
Beijos ^^
— Mai



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Seth

Eu passei a aula toda pensando na reação que Amanda teria quando lesse minha carta, provavelmente eu nunca mais teria uma resposta, ela poderia achar que eu sou um pedófilo ou que sou um adolescente que só quer se divertir. Até que eu fiquei em choque. Será que ela não era uma adulta? E se eu estivesse querendo conhecer melhor uma idosa? Essa idéia de ver a Amanda desse jeito me assusta bastante.

As aulas se passaram voando, mais rápido do que eu esperava estava saindo do colégio quando uns colegas meus vieram falar comigo, estranhei no começo, mas depois reparei que no meio do grupo de adolescente havia o Tom, um menino que eu conversava de vem em quando, ele era o meu único amigo. Até agora.

- Ei Seth! – um menino de olhos verdes da minha altura e os cabelos loiros começou a falar- vamos jogar amanhã, no sábado, quer ir com a gente?

- Desculpe, mas eu não sei como você se chama... – falei envergonhado, é muito ruim o fato de alguém saber o seu nome e você nunca ter visto essa pessoa.

- A gente resolve isso agora, prazer meu nome é Charlie, aquele é o Tom, você já o conhece, aqueles dois lá atrás são o Alex e Josh e esse do meu lado é Patrick.

Patrick tinha cabelos castanhos, pele branca e lábios vermelhos, cabelo relativamente grande e escuro como a noite. Ele era um pouco mais alto do que eu sou considerado grande, então Patrick deve ser comparado como um gigante!

Josh era meio gordinho, nada contra aos acima de peso, Josh tinha um rosto oval, com algumas espinhas, nada muito fora de série, mas ele era o mais feio de todos, ele também estava no time de futebol, eu sei disso, pois ele sempre está na mesa dos idiotas que ficam me humilhando, pelo menos ele só os manda deixarem de serem retardados.

Alex era o tipo de menino que todas as meninas estavam atrás dele, tinha um cabelo loiro escuro um pouco grande estilo daqueles surfistas, que fazem todas as mulheres suspirarem, ele era um pouco menor do que eu. Vestia roupas simples, mas não tanto como as minhas.

Eu tive que discordar o convite, eu tinha que trabalhar, mesmo a minha folga sendo nos sábados, é uma semana com folga e a outra sem, então eu não estaria livre e como eu queria ganhar mais dinheiro no sábado eu poderia ficar mais de um período na loja.

- Sinto muito gente, mas eu não posso amanhã, quem sabe no outro fim de semana, beleza? – eu falei olhando para todos.

Os cinco meninos olharem desapontados, mas disseram que estava tudo bem, cada um me deu um aperto de mão e falaram que o futebol ia acontecer na casa do Charlie e que segunda me diziam o horário e o endereço certo. Eu só sorri enquanto eles falavam... É por que eu realmente não sei o que falar quando começam a dizer sobre marcar algum evento, e como o meu ex-psiquiatra me disse que eu era um pouco inconveniente então antes de falar algo, eu tinha que pensar em como ela iria reagir, eu estava praticando isso, mas às vezes eu tinha umas recaídas.

Eu peguei o meu skate e fui direto para o meu trabalho que era bastante longe da minha escola, mas eu tinha levado uma blusa extra, pois eu já previa que eu ia suar bastante, e eu não quero trabalhar suado!

Assim que eu cheguei pela a porta dos funcionários, bati o cartão para marcar que horas eu cheguei, quando entrei na loja em si, a menina de ontem estava lá, organizando os objetos e os produtos, eu não sabia o nome dela, então só dei um “oi” ela sorriu assim que me viu e falou:

- Graças a Deus, você chegou, a outra atendente disse que aqui estava à maior loucura de manhã, então provavelmente vai ser pior à tarde. Mas olha, eu trouxe isso, a dona do estabelecimento queria lhe entregar pessoalmente, mas sua filha ficou doente então... Bem vindo oficialmente ao seu novo emprego! Porém ela quer te ver de novo!

A menina era muito animada e bastante divertida, ia ser muito legal trabalhar com ela, mas eu quase ia dando os meus ataques de inconveniência:

- Você pode parar de...

- De o que? – ela perguntou meio triste.

- De segurar a minha carteira de trabalho, passa ela para cá – falei rindo, para ela perceber que eu estava brincando.

Ela riu e me deu a carteira e no final falou:

- Meu nome é Katherine, mas me chame de Kate.

- O meu é Seth. Seth Michallengo

- Só Seth?!

- Sim, minha mãe ela tinha visto em um livro e o amou no mesmo momento, eu nunca vou entender direito a razão, esse nome não é muito bonito...

- É sim! É melhor do que o meu, o seu é incomum, só conheço você com esse nome, o meu é totalmente comum, você ver em qualquer lugar uma Katherine.

Ela estava tentando ser legal, eu só dei um sorriso para ela no mesmo momento Katherine continua a falar:

- Ei! Você não usa avental, mas tem um crachá que a senhora Alexia fez com o nome que você deu, ela me mandou lhe entregar, e na foto que você deixou ontem para a carteira de trabalho ela achou que você vestia M, ali atrás tem o seu uniforme, você irá receber três blusas, trate de vir sempre com uma. Entendeu?

- Entendi

Falei indo para o canto dos funcionários, onde tinha um banheiro arrumado, uma pia separada com copos para a gente beber água, não gostei muito disso, mesmo sabendo que a água encanada nos Estados Unidos é potável, eu acho nojento, e tinha um provador, onde minha blusa se encontrava. Vesti a blusa, a senhora Alexia tinha razão eu sou M.

- Como eu estou? – perguntei para a Kate.

- Você está ótimo. – ela riu, arrumou o pouco a minha blusa já no meu corpo e foi para o caixa pegar a chave para abrir a loja.

Antes de abrir ela olhou para mim e disse com um sorriso estampado no rosto:

- Está nervoso?

- Só um pouco. É normal?

- Sim haha, não se preocupa, depois de hoje, tudo vai ser normal. Eu te garanto.

Assim que ela abriu a porta da loja algumas pessoas passaram a entrar, principalmente mães com os filhos, os doces e chocolates eram um pouco caros, mas acho que é por isso que está na área mais rica da cidade.

- Com licença - uma menininha veio falar comigo e puxando a minha calça, me ajoelhei até ela e perguntei o que ela queria.

- Eu quero aquele chocolate, mas a minha mãe está no telefone e eu não consigo pegar, ser pequena é muito chato!

A criança era engraçada e divertida, muito fofa por sinal, eu peguei o chocolate que ela queria, a mesma me agradeceu e sorriu como se estivesse ganhando mil dólares, como a loja era muito grande, eu percebi que todas as crianças estavam daquele jeito, e os sorrisos delas me traziam alegria, quando olhei para a Kate ela estava do mesmo jeito.

Fui até o caixa para passar o doce da tal criança que estava tentando fazer com que sua mãe largasse o celular e pagasse logo, no entanto a mulher apenas tirou o dinheiro, meu deu e olhou para a sua filha, a mulher sorriu e beijou a testa da menina.

A mulher realmente amava sua filha, mas era muito ocupada, e sua filha ficou triste com isso, eu embrulhei o chocolate e quando fui entregar o pacote para a criança e eu segredei para ela:

- Não se preocupe com ser pequena, eu também era, e alias as melhores fragrâncias estão nos menores frascos.

- O que é fragrância?

Esqueci-me que eu estava falando com uma criança eu só ri e disse:

- Os melhores perfumes, estão nos menores frascos.

Ela sorriu um pouco e foi falar para a mãe dela o que tinha acabado de escutar, mas a mesma mandou a filha esperar um pouco, a criança voltou de cabeça baixa. Eu fiquei com pena dela, então eu quis dar mais um “ensinamento” para ela.

- Não se preocupe, ela te ama, mas está ocupada, quando ela desligar você fala tudo que você tem para dizer, tudo bem?

- Mas ela nunca sai! É sempre assim!

- Bem... Você vai abraçar ela agora, com certeza ela vai desligar!

- Você tem certeza?

- Tenho sim.

A menina que devia ter uns cinco anos saiu correndo a abraço a mãe, a mesma sorriu e disse no telefone que teria que desligar, a mulher colocou o celular na bolsa e retribuiu o abraço da criança.

 Com um sorriso no rosto a criança saiu de mãos dadas com a mãe, na saída da loja, a menina olhou para trás e voltou correndo até mim e me abraçou, no começo eu fiquei sem reação, mas depois eu retribuo.

- Obrigada moço! Por tudo.  

- De nada, agora se divirta com a sua mãe.

Eu fiquei olhando elas saírem da loja, mas não por muito tempo, eu tive que ir cuidar do resto da loja, o que foi bem cansativo, mas cada criança tinha o sorriso maior do que a outra, isso fazia com que eu risse ainda mais.

No fim do dia eu e Kate prestamos conta de todos os produtos que vendemos que não foram poucos, ou as crianças escolhiam algo de chocolate, doces ou até bichos de pelúcia que no final do expediente acabaram todos, fazendo com que eu e a Kate fossemos ir até o estoque pegar mais.

- Vamos pegar o nosso salário, a senhora sempre deixa o dinheiro do fim do dia aqui, ó a gente bate o cartão, você fez isso na entrada certo? É para mostrar quando a gente chegou e quando a gente saiu, ela soma as horas e vê se a gente pegou certo o dinheiro.

- Sim eu fiz isso na entrada, com o cartão que tinha o meu nome.

Ela pegou os cento e vinte reais, contou e me deu. Eu não contive o sorriso, ia ser ótimo depois de um tempo abrir uma conta no banco, eu ia fazer isso na próxima semana. Logo eu ia melhorar de condição de vida.

Quando fechamos a loja já era 21:00, ficamos no ponto de ônibus, eu não ia voltar de skate para a minha casa, eu ia ser assaltado com certeza.

- Seth, foi ótimo o que você fez hoje, com aquela menininha, ela ficou bastante feliz.

- Muito obrigado. Eu só quis ajudar aquela família.

Ficamos conversando sobre a escola e como ela tinha aguentando dias difíceis naquela loja, como a outra atendente era chata. Kate era muito legal e muito bonita.

Chegando a minha casa me despedi dela com um abraço, e disse que ia vê-la amanhã. Fui ao correio para buscar a resposta da Amanda, mas  me surpreendi. Não tinha resposta.

Eu não consigo entender o porquê não, será que seu marido descobriu?! Mas ela disse algo sobre atividade de matemática, será que ela é professora particular de algo, mas continua odiando matemática?!

Bem eu não sei por qual razão ela deixou de me escrever, mas agora eu entendo que eu quebrei uma regra básica, que toda mãe lhe ensina: “Não fale com estranhos” será que quando o Nathan me sugeriu de conversar com alguém ele não imaginou os riscos que eu podia ter? Para um psiquiatra ele não esta bem! Ah não, eu já estou sendo inconveniente, Nathan é um bom profissional!

Eu resolvi que não iria mandar nenhuma outra carta até que ela me mandasse alguma, eu nunca a forcei de falar comigo e se ela não quis responder o problema não é meu!

Fechei a caixa do correio e abri a porta da minha casa, meu pai se encontrava no sofá com uma garrafa alcoólica em mãos, eu já estava cansado de ter que aguentar isso!

- Pai! Larga isso!

Peguei a bebida e a joguei no chão, no mesmo momento me arrependi, a culpa não foi minha! Eu juro! Foi uma raiva que me invadiu do nada, eu não tive a intenção.

- Olha o que você fez!

- Me desculpe, mas o senhor devia deixar de beber!

- E você devia parar de ser esquizofrênico! Mas nem todo é como devia ser.

Assim que ele falou isso, me calei. Ele estava me culpando novamente! Eu não pedi para ser assim! Será que essa cena é real? O meu pai é ele? Ou o meu pai está no trabalho? Seu turno de hoje era de noite. Alias que dia é hoje? Eu preciso dos meus remédios e rápido!

Saí correndo e deitei-me na cama, cobri minha cabeça com um travesseiro, será que o dia foi real? Os meninos me chamaram para jogar amanhã, isso foi verídico?  E aquela mãe e a criança?

Não aguentei e tive que sair andando para a cozinha, está eu a ter uma crise de esquizofrenia? Eu não tenho uma há muito tempo! Eu preciso de um remédio! A onde eu estou? Essa não é minha cozinha. Tudo isso está muito confuso! Quem é aquela menina na porta da cozinha?

- Amanda!

- Seth! Você está bem?!

Balanço os olhos, me encontro no chão da cozinha com o meu pai me abraçando, seu hálito era de vodca, mas ele estava sóbrio.

- Ouvi você gritando, você está bem? Teve outro ataque? Eu sinto muito pelo o que eu disse antes, eu estava irritado, você é perfeito exatamente desse jeito, vou lhe dar um remédio, sente dor de cabeça?

- Eu estou bem, uma menina estava aqui?!

- Não Seth, eu sinto muito, foi uma ilusão, só eu estou aqui.

- Não! Tinha uma menina ruiva, eu tinha certeza, a Amanda!

- Quem?

Então eu percebo que eu realmente tive um daqueles momentos, mas eu já estava bem, eu precisava dormir. A Amanda não estava aqui, ela nunca esteve. Eu tenho que me conformar.


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Notas finais do capítulo

Beem eu espero que tenham gostado, comentem se algo tiver errado, ou se vocês tiverem gostado
Beijos ^^
— Mai