– Você não precisava tratar seus amigos daquele jeito.

– Eu sei.

– Sério, Thalia. Eu daria tudo para ter uma amizade verdadeira como você tem com eles.

– Vire amigo deles, então.

– Eles me odeiam.

– Sim, odeiam.

Nos sentamos na mesa no meio da cantina. Meus olhos percorreram o local, até encontrar Percy e Annabeth conversando animados enquanto pegavam a comida. Nico mexia no celular, um tanto quanto triste. Senti um aperto no coração.

– O casal mais badalado do colegial! – Silena sentou na nossa frente, acompanhada por seu namorado, Charles. Silena era a típica piriguete da escola, o que fazia com que seu namoro com Charles fosse estranho, já que ele era o cara feio que amava a aula de marcenaria e a de robótica.

– Essa noticia já se espalhou tanto assim? – resmunguei.

– Claro que sim né! – Drew, a Silena dois, sentou do meu lado. – Vocês são tão bonitinhos!

Revirei os olhos, olhando para Luke. Ele estava com um sorriso brincalhão no rosto, mas que logo se fechou quando viu meu olhar. Eu estava tão puta que não tava achando graça em nada. Nem quando Leo Valdez se juntou a nós e começou a fazer todas as brincadeiras e palhaçadas que ele fazia.

– Thalia – ouvi alguém sussurrar, mas estava tão focada em Percy rindo com Nico numas três mesas a nossa frente que Luke teve que sussurrar outra vez para eu olhar para ele.

– Você pode ir sentar com eles – ele continuou.

– Luk...

– Sério. Você tá odiando estar aqui.

Eu acabei sorrindo. Luke Castellan até que podia ser fofinho. Beijei-o, escutando suspiros das meninas e de Leo, zoando as mesmas. Peguei minha bandeja e andei até meus amigos. Os três estavam rindo tanto que ficou realmente estranho eles pararem rapidamente ao me verem.

– O que você tá fazendo aqui? – Percy perguntou, claramente irritado.

– To tentando pedir desculpas, filho de peixe.

– Vai lá sentar com o Lukinho, ele vai adorar suas desculpas.

– Olha só alga marinha, pouco me importa se você quer agir como um idiota...

– EU? Eu agi como um idiota? – Percy bateu a mão na mesa, atraindo olhares de algumas pessoas.

– Percy – Annabeth falou, botando a mão sobre o braço dele. O projeto de alga marinha revirou os olhos e fechou a cara, olhando para sua bandeja. Nico apontou para eu sentar do lado dele, o que me surpreendeu. Mas ele não fez mais nada. Não disse um oi. Não olhou para mim nenhuma vez.

– Hm, eu queria... meio que... – minha garganta estava seca. – desculpa.

– Por...? – Percy olhou para mim, me provocando.

– Por agir como uma idiota.

– E...?

Eu vou quebrar a cara desse cara, já estou avisando.

– E eu não quero ficar de mal com vocês. Eu errei.

Percy sorriu, cruzando os braços.

– Desculpas aceitas. Mas se você continuar com aquele...

– Percy, entenda uma coisa: Eu amo o Luke.

Ele arregalou os olhos. Balançou a cabeça de um lado para o outro, e fechou os olhos, como se contasse até dez. Annabeth sorriu com a reação do mesmo, e começou a rir.

– Qual é, Cabeça de Alga! Se ele faz ela feliz, tudo bem! – Annabeth falou, e Percy arregalou os olhos novamente. Antes que ele falasse qualquer outra idiotice, ela completou – Se ela quer se fuder, foda-se ela.

– Eu realmente sinto falta da antiga Annabeth – resmunguei.

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Na hora da saída eu esperava Luke enquanto lia Jogos Vorazes. A cada página que passava eu amava mais e mais a Katniss. Sério, eu me via um pouco nela, a personalidade forte, não querer ser mudada de jeito nenhum...

E naquele momento eu fiquei irritada comigo mesma, por ter agido como idiota, mesmo que tenham sido por apenas dois minutos.

– Thalia, posso falar contigo?

Meus olhos encontraram os olhos pretos de Nico. Eu nunca sabia se eram pretos ou castanhos, mas naquela hora estavam pretos. Ele botou a mão no bolso do casaco quando eu concordei com a cabeça, e respirou fundo.

– Mesmo sabendo que você está com aquilo – Nico olhou para os adolescentes do grupo de Luke que desciam animados a escada de fora da escola – Eu ainda quero que sejamos amigos.

Respirei fundo, um pouco aliviada.

– Eu também quero, Nico. – sorri. Ele sorriu de volta. E ficamos assim, um olhando pro outro, em completo silêncio.

Por fim, ele se despediu e foi embora, sem olhar para trás uma vez se quer. Lembrei das palavras dele “você me faz feliz mesmo sem querer”. Eu sabia disso. E sabia que eu o fazia sofrer muito mais. Mas o que eu podia fazer? Eu amava Luke. Muito mesmo.

E mesmo sabendo que no final eu me machucaria, eu continuava com ele. Meu coração continuava batendo rapidamente por aquele par de olhos azuis e uma má reputação.

Provavelmente eu gostava de sofrer.