Entre Áugures E Oráculos escrita por Mileh Diamond


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olha o que nós fazemos em um dia frio e tedioso, né? Aproveitem !



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Pov Rachel

Tantos semideuses, tantas ninfas, tantos sátiros, tantos autônomos...Resumindo: Tanta gente para ser mandada para fora das fronteiras mágicas e quem escolhem? Eu! A oráculo mais sortuda da Terra! Ha, ha. Tudo culpa dos malditos Stolls...Acho que você não deve estar entendendo do que eu estou falando, certo? Muito bem, vou tentar explicar do início.
Um dia normal no Acampamento Meio-sangue. Normal que eu digo são semideuses nervosos e assustados, já que a Guerra de Gaia mexia com a cabeça de todos. Recebemos uma mensagem dos sete da profecia alertando sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias, desde os romanos declararem guerra até Percy e Annabeth caírem no Tártaro. A maioria dos campistas ficou triste por causa da notícia, eu não fui diferente.
Voltando: dois dias após essa mensagem, as fronteiras do acampamento foram atacadas pelos soldados romanos. Nossa sorte foi que as barreiras mágicas nos protegeram, senão sabe lá onde estaríamos agora. Quíron acha que ainda temos uma chance de trégua com os romanos, por isso fizeram uma reunião para saber quem tentaria a trégua. E é aí que eu entro.
Agora cá estou, sendo praticamente empurrada acima da colina pelos dois filhos de Hermes que me colocaram nessa enrascada.
--Não vai ser difícil, Rachel. É só você não atacá-los. -falou Travis a minha esquerda.
--Mas se eles atacarem, você tem todo o direito de revidar. - Connor a minha direita.
Rolei os olhos e disse:
--Imagina, vou deixá-los enfiarem uma lança em mim e ficar quietinha.
--A menos que seja filho de Mercúrio, pegue mais leve com nossos irmãos romanos. - Travis.
--Ok, escolta. Mais algum comentário estúpido? - eu disse quando chegamos no topo da colina.
--Volte viva! - eles disseram em uníssono e correram de volta para a Casa Grande.
Respirei fundo e olhei para o outro lado do monte. Os romanos haviam montado um acampamento em frente ao nosso. Diversas barracas e armas espalhadas pelo lugar. Nem posso imaginar o que os outros.mortais vêem ao passar por aqui. Dei um passo para fora das barreiras mágicas e olhei ao redor. Não poderia me afastar demais, iria ficar desprotegida. Mas o objetivo maior era tentar uma comunicação e possivelmente um acordo, não podia vacilar. Andei um pouco pela colina procurando sinais de soldados ou qualquer outra pessoa. "Não podem me culpar se não há ninguém pra falar" pensei. Já ia dando meia volta em direção a entrada quando ouvi uma voz:
--Fique parada onde está!
Permaneci estática no lugar enquanto ouvia passos vindo até mim.
--Vire-se.
Virei-me e me deparei com um garoto pálido e loiro vestido com uma toga, calça jeans e camiseta roxa empunhando uma faca e um...panda de pelúcia. Ele me lembrava de Luke Castellan. Mas Luke ainda era forte, esse cara parecia uma vareta vestida.
--Seu nome.- ele disse sério.
--Rachel.
--Nome completo. - ele disse impaciente.
--Rachel Elizabeth Dare, Sr. Delicadeza. - falei bufando. Isso não iria prestar.
--O que está fazendo aqui?
--Ah, sabe como é. Procurando um romano interessante, para que possamos tomar um café e quem sabe ele deixe de destruir o acampamento dos meus amigos. Tem alguém para me indicar? - falei simplesmente.
Ele fez uma careta de raiva e falou:
--Você é uma grega?
--De certa forma sim, se vou ao acampamento grego, naturalmente sou uma grega. - falei dando de ombros - Ei, você não me disse o seu nome.
--Octavian. - ele disse embainhando a faca - Guardas!
"Ferrou" pensei comigo.
--Opa, querido. Sem guardas, ok? Eu não vou entrar nesse seu acampamento ou sequer sair de onde estou. - eu disse tentando me livrar de qualquer prisão que eu poderia acabar entrando.
--Sinto muito, senhorita. Normas da casa. - ele disse com um sorriso de lado ao mesmo tempo que outros dois garotos em armaduras chegaram. - Revistem ela. Você, levante os braços.
Fiz o que ele mandou e olhei para os guardas, que mandavam olhares entre si como se estivessem decidindo quem iria me revistar. Um deles chegou perto de mim, obviamente constrangido, e antes que pudesse fazer algo eu disse:
--Há uma escova no meu cinto; duas facas nas minhas botas e uma caneta no meu bolso da frente. Encoste um dedo em mim e você vai desejar ter nascido mulher.
O garoto engoliu em seco e, enquanto retirava todas as minhas armas, o tal do Octavian ficava me olhando com os olhos semicerrados, como se eu fosse alguma experiência em um laboratório do governo ou algo do tipo. Arqueei uma sobrancelha e perguntei:
--Procurando alguma coisa?
Ele negou com a cabeça e dispensou os guardas dizendo para chamarem alguém chamada Reyna. Quando finalmente ficamos sozinhos ele perguntou:
--De que deus você é filha?
--Não sou semideusa, fofo.
--Legado?
--Hein? Não sei o que é isso, mas não sou. Sou mortal, apenas vejo através da Névoa. - falei sorrindo - E você?
--Legado de Apolo. - ele disse um pouco confuso.
--Traduz pra minha língua: o que é um legado?
--Filhos ou netos de semideuses. Meu pai era filho de Apolo. - ele disse como se sentisse orgulhoso de sua posição, mas logo voltou a ficar sério e disse: - Mas o que você está fazendo aqui? Por que está com os gregos?
Dei de ombros e respondi:
--É o meu trabalho de verão. Serva de Apolo, Oráculo de Delfos. Eles não pagam muito bem, mas eu gosto do serviço.
Ele riu e disse:
--Oráculo, não é? Que gracinha. Gregos sempre preferem o lado mais fácil.
Fiquei irritada com o que ele disse. "Lado fácil"?
--Fácil? Fácil?! Eu sou possuída por uma névoa verde e em 80% dos casos caio de cara no chão depois de recitar uma droga de profecia! O que você sabe sobre prever o futuro de qualquer forma?
Ele deu um passo a frente e falou devagar:
--Eu sou um áugure, ruivinha. Eu prevejo o futuro lendo áugurios, o que é algo muito mais lógico do que profecias devo dizer.
--Muito bem, senhor áugure. Explique-me seu trabalho então, talvez um dia eu possa ser sua estagiária. - falei sarcasticamente.
Ele suspirou e retirou o panda e a faca do cinto.
--É assim, querida. Eu corto as pelúcias e vejo o futuro. Simples, não?
Ele fatiou a pelúcia mandando um monte de estufa de algodão pelo chão e na minha cara também.
--Você estripa bichinhos de pelúcia? Sério? E eu achava que romanos eram mais sérios, isso é ridículo.
Ele ficou obviamente irritado, já que seu rosto ficou vermelho e ele apontou um dedo na minha cara quando falou:
--Eu pelo menos tenho sangue divino nas veias. Você além de mortal ainda é amiguinha desses gregos inúteis!
--Os "gregos inúteis" são os melhores amigos que eu já tive a minha vida toda! E sabe de uma coisa? A mortal aqui recebe mais visitas de Apolo do que você provavelmente vai receber em toda a sua carreira como áugure! Eu poderia também listar todos os pontos negativos de ser romano, mas acho que você tem hora marcada em algum templo não é?
--Como ousa insultar os romanos? - ele gritou e me puxou pelo braço. Grande erro.
--Não toque em mim! - eu disse me tentando me livrar da mão dele.
--Ou o que? Vai recitar uma profecia para mim? - ele disse sorrindo de lado.
Quem ri por último ri melhor, já dizia o ditado. Dei uma rasteira nele e aproveitando que estava no chão puxei os braços dele para trás deixando-o sem movimento.
--Como raios...? - ele perguntou com a cara na grama.
--Um mês de convivência com os filhos de Ares, a gente aprende umas coisinhas. Agora poderia, por favor, chamar alguém mais educado para eu conversar?
Ele praguejou em latim e disse:
--Vai se arrepender do que fez, graecus! Guardas!
--Poupe sua voz, Octavian. Já estou aqui pra te salvar.
Levantei o olhar para encontrar uma garota de manto roxo, cabelos e olhos castanhos, que parecia levemente divertida com a visão.
Ainda prendendo Octavian eu disse:
--Quem é você?
--Sou Reyna, pretora da legião.
--Uma líder?
--Sim.
--Ótimo. - soltei ele e estendi a mão para a garota - Rachel Dare, oráculo do Acampamento meio-sangue.
Ela apertou e olhou para Octavian que estava se levantando do chão.
--O que ele fez?
--Além de me insultar, me puxou pelo braço de uma forma que nunca deveria ser usada contra uma dama.
--Dama é algo que está longe de você ser... - ele disse arrumando o cabelo.
--Falei com você por acaso, espantalho? - falei cruzando os braços.
--Se falasse nem iria responder.
--Olha, eu não sabia que animais respondiam.
--Chata.
--Estúpido.
--Irritante.
--Palhaço.
--Barraqueira.
--Careta.
--Ei, gente! Podem continuar a briga outra hora? - Reyna falou ficando entre nós dois - O que veio fazer aqui?
Respirei fundo e respondi:
--Me mandaram em busca de um pedido de trégua. Recebemos uma mensagem dos sete da profecia, as coisas estão indo de mal a pior. Uma guerra com os romanos é a última coisa de que precisamos. Está entendendo o que eu estou dizendo?
Ela assentiu e ficou em silêncio por um tempo.
--Vocês sabem o que os gregos fizeram contra o nosso acampamento, não é?
--Sabemos sim, e sentimos muito pelo que aconteceu. Não foi culpa nossa, Leo estava sob o poder de Gaia.
--Humpf, foi isso que o Jackson disse. E olha onde acabamos. - Octavian falou revirando os olhos.
--Não ouse falar dele! Enquanto você está aqui reclamando da vida ele está em algum lugar do Tártaro procurando pelas Portas da Morte! - eu poderia aguentar muitas coisas, mas que falassem dos meus amigos, principalmente Percy, isso nunca.
--Percy está no Tártaro? - Reyna perguntou assustada.
--Ele e Annabeth.
--Oh, deuses! - ela colocou as mãos na boca, claramente procupada - Há alguma notícia deles?
Balancei a cabeça triste, todos sempre perguntam para mim sobre eles, e eu não tenho nada a dizer.
--Por que está assim, Reyna? Ele é um traidor, deixou o cargo de pretor para seguir os gregos...
--Octavian, cale a boca! - ela gritou bem na hora, já que eu mesma iria dizer aquilo. Reyna suspirou e disse: -- Escute, nós não podemos formar uma trégua. Vai contra o nosso treinamento. Mas se tiverem alguma notícia sobre eles, por favor me comuniquem. Percy foi um grande amigo para mim e para Roma. - ela terminou com os olhos suplicantes.
--Pode deixar, será comunicada. - falei com um pequeno sorriso. - Se me derem licença, tenho que voltar para o acampamento. Meus amigos vão ficar preocupados.
--O que?! Reyna, não podemos deixá-la ir! Ela desacatou uma autoridade; insultou os romanos e pode muito bem ser uma espiã grega. Temos que prendê-la! - palavras do loiro aguado de novo.
--Octavian, você também a provocou. Isso eu tenho certeza. Ela veio aqui apenas para conversar, se fosse para espionar alguma coisa teria ido direto para o acampamento. Ela deve ser capaz de passar pela barreira, bastaria correr para lá e pronto. Deixe-a ir.
Ele olhou de mim para ela com uma expressão incrédula. Aproveitei a situação para incomodá-lo mais um pouco. Cheguei perto dele, coloquei meu melhor sorriso no rosto e disse:
--Sabe, a proposta do café ainda está de pé. Depois dessa guerra podemos sair para conversar, sobre o futuro talvez. - retirei a caneta do bolso, peguei a mão dele e escrevi meu número. A ação me fez lembrar de mim e Percy há alguns anos atrás. - Me liga. Até mais, loirinho.
Dei meia-volta e cruzei a linha que separava o Acampamento Meio-sangue do resto do mundo. Sabia que tinha de ir direto à Casa Grande para falar o que aconteceu, então corri até lá.
Os líderes dos chalés estavam sentados ao redor da mesa, Quíron em sua forma humana foi o primeiro a perguntar:
--Como foi, Rachel?
Não sei como estava a minha cara, mas provalvelmente não estava muito convidativa.
--Eu não volto lá nunca mais.
Contei a eles o que aconteceu. Os stolls mandavam olhares divertidos entre si a cada vez que eu mencionava o idiota do Octavian. No final, Travis disse:
--Então, você conheceu um garoto.
--Garoto nada, era uma peste!
--Olha que rapidez, Travis! Menos de uma hora e já estão tendo a primeira DR. - disse Connor.
--Áugures e Oráculos combinam muito mesmo. - falou Travis rindo.
Eu só conseguia rolar os olhos e amaldiçoá-los mentalmente. Eu odiei aquela criatura estúpida chamada Octavian. Mesmo nós dois sermos capazes de ver o futuro, não tínhamos nada em comum.
É bom que ele tenha esquecido o meu número.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         


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Notas finais do capítulo

Deve ter algum erro aqui e ali que eu esquci de revisar. Mas vamos ao que interessa... Gostaram?