Dias atuais...

Acordei com o som do despertador no meu ouvido. Perfeito, mais um dia no inferno. Pensei. Respirei bem fundo antes levantar e pensei em tudo que teria que passar hoje: As vadias zombando de mim, os olhares me julgando, as pessoas me humilhado, meus pais me ignorando... É, acho que agüento mais um dia nessa vida inútil.

Levantei-me, e fui me arrastando até o banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água fria cair sobre meu corpo ainda quente. Terminei meu banho escovei meus dentes e fui me trocar, coloquei as roupas que me camuflam daquelas pessoas estranhas: um short jeans curto, regata branca e uma camisa xadrez que vai ate o meio da coxa e meu all star branco, passei lápis no meu olho deixando-o bem preto, coloquei minhas pulseiras para esconder meus cortes recentes, peguei minha bolsa e desci para tomar café.

La vi a cena de sempre: Meu pai de terno sentado tomando café e lendo seu jornal, minha mãe com suas roupas finas tomando um suco de maracujá e mexendo em seu celular.

–Bom dia filha. –meu pai disse tomando um gole de seu café sem desviar o olhar do jornal.

–Bom dia – murmurei para ele que às vezes era o único a me desejar um bom dia. Fui ate a geladeira pegar um toddynho e o dinheiro para meu almoço.

–Luna! –gritou minha mãe. Voltei para onde eles estavam e fiquei os observando:

–Vamos ter que viajar hoje. À negócios, e não sabemos ao certo que dia voltaremos. Então nada de festa aqui em casa nem nada do tipo. –como se eu fosse garota que gostasse de festa, concordei me virando para a porta. –E nada de chegar em casa tarde também, Dora estará de olho em você. –Dora era minha baba desde que me lembro, ela é a única nessa casa que se importa comigo de verdade. A única.

Sai de casa e entrei em meu carro, um jeep commander preto, e fui ate a casa de Alice, minha melhor amiga desde que eu tinha dez anos, ela foi a primeira pessoa a se aproximar de mim assim que me mudei para Atlanta, desde então nos tornamos melhores amigas, ela é a única pessoa em que confio, ela também é a única que sabe meu segredinho.

A casa de Alice não era tão longe da minha, era a apenas um quarteirão e meio. Alice tinha um irmão, Gabriel, um ano mais velho que ela, ele era da turma dos descolados, mas nunca me tratou mal nem nada, sempre foi legal comigo, posso ate dizer que somos amigos.

Cheguei à entrada da casa deles e buzinei, não demorou muito para Alice aparecer, ela estava radiante como sempre, usava uma calça jeans preta, um all star e uma blusa branca escrita ‘Kiss-Me’ com varias boquinhas.

–Oii Baby - ela disse toda animada.

–Bom dia Alice. –disse lhe dando um sorriso amigável.

–Ai amiga... Tudo bem? –ela disse parecendo preocupada comigo.

–Você sabe a resposta Ali... –respondi sem olhar em seus olhos. Ela ia dizer algo quando Gabriel entrou no carro se sentando ao meu lado:

–Oi Luna... Vamos logo antes que a Julia apareça. –eu e Ali demos risada, e então partimos para um mais novo dia no inferno.

Assim que chegamos ao inferno, mais conhecido como escola, cada um de nos nós separamos, o Biel foi para seu grupinho de descolados, e a Ali foi conversar com a turminha das descoladas, não essa não é a turma das vadias, a turma das vadias é mais conhecida como as lideres de torcida que dão em cima dos carinhas do futebol.

Assim que o sino bateu fui para a sala e me sentei no lugar de sempre: fundão perto da janela. Acomodei-me e fiquei mexendo no celular esperando o professor entrar:

–Olha meninas –disse a Julia –a esquisita até que tem senso de moda. –todas do grupinho de Julia riram, e então passaram por mim se sentando ao meu lado, elas adoram fazer isso, ninguém merece.

Assim que ‘eles’ entraram elas soltaram gritinhos agonizantes e ficaram cochichando sobre Ryan, o garoto mais bonito da escola e pode se disser o mais desejado também, ele era o líder do time de futebol, a maioria das garotas dava em cima dele, principalmente a Julia, ele dizia ser afim do Biel só para ficar coladinha no Ryan.

Assim que a professora de historia entrou na sala todos se calaram. Ela começou a passar uma tarefa do livro para entregarmos, eu como sempre, fui uma das primeiras a terminar, e Julia como sempre a primeira a me zuar, nem me importei com ela, fui direto para meu lugar e comecei novamente a mexer em meu celular sem que a professora visse. Assim que uma boa maioria havia terminado a tarefa a professora se levantou para, provavelmente passar outra:

–Bom turma... Neste bimestre faremos um trabalho em dupla. –a sala inteira questionou essa ‘idéia’ da professora, mas também né, af.

–Não pode ser individual?- perguntei

–É professora individual é melhor. –disse Ryan meio que incentivando minha pergunta. A professora fez um gesto com as mãos fazendo a sala inteira ficar em silencio.

–Bem, já que vocês foram os primeiros a questionar creio que serão uma ótima dupla. – hã? Não, tudo menos isso.

–O que? –Ryan e eu falamos juntos. Eu não acredito que vou fazer dupla com o nojentinho da escola, só pode ser piada, se a Ali estudasse na mesma sala que eu...

Antes que ela falasse mais alguma coisa o sino tocou:

–Falaremos mais sobre o trabalho na próxima aula. –ela disse e saiu da sala sorrindo vitoriosa. Que Ótimo.