O resto do tempo que eu tinha na escola se passou voando, quando menos esperei já estava em casa e finalmente hoje é sexta e tem a festa, nem sei o que esperar dela direito, no meu atual estado de espírito uma bem animada não dá para ser.

Almocei rapidamente e comecei a navegar na internet, claro que de primeira eu fui no tumblr e depois por uma curiosidade resolvi abrir o facebook, havia um pouco mais de trinta e poucas notificações, a maioria insignificante de convite de joguinhos e aquelas coisas automáticas, mas apenas um me chamou atenção total.

“Matheus Mesquita alega que o relacionamento em que vocês se encontravam foi rompido, confirmar ou cancelar.”

Apertei confirmar sem muita vontade ainda, mas aquilo só me fazia lembrar de uma coisa, havia realmente acabado e agora era oficial.

Tentei deixar isso para lá e entrei no twitter pra saber as novidades do mundo, metade do fandom surtava porque o Harry, o Styles, havia gravado uma música solo. Don’t let me go, preciso comentar eu essa música é perfeita. Na verdade ela é mais que perfeita, é inexplicável, quase da para transparecer seus sentimentos e confesso que me fez chorar.

Porém eu não podia chorar, meu rosto não podia de maneira nenhuma chegar a ficar inchado por conta do choro. Resolvi que iria escolher a roupa e mandaria fotos para as meninas me ajudarem a escolher.

Primeiro peguei um lindo, ele é de um ombro só com a parte da cintura pra cima meio bege e embaixo um lindo azul. O segundo era preto com poucos detalhes de renda. Já o terceiro era mais delicado, composto por alguns laços pequenos e de cor rosa bastante clara.

Mandei as fotos para as garotas e aguardei as respostas, bati impacientes os dedos na mesa provocando o típico barulho da unha quando bate em algum lugar. De repente, sem pedir licença ou algo do tipo minha mente vagou para um rosto que eu conhecia bem, o que será que ele estava fazendo e com quem? Será que já tinha arrumado alguém? Essas perguntas pareciam inevitáveis a meu ver, cada vez ficava mais complicado de se administrar tudo, a situação e os sentimentos.

Quando dei por mim as meninas tinham escolhido sem hesitar o primeiro, segundo elas porque ambas as cores entravam em um ótimo contraste com a minha cor e porque ele era bonito. Foi à explicação que elas me deram.

Olhei no relógio e já eram quatro horas da tarde, de qualquer modo iria demorar muito para a festa, que começaria as nove horas, porém eu só iria sair de casa depois das dez, me joguei na cama abraçando meu m&m azul gigante e fechei os olhos com força, eu queria dormi e não acordar por um bom tempo, não estava fazendo muito efeito então eu levantei e peguei meus fones, conectei ao meu celular e dormi ao som de Cazuza.

- La, Larissa – Uma voz chamava e me chacoalhava de leve, aos poucos comecei a abrir os olhos.

- Hm, oi – Resmunguei com a voz fraca e totalmente rouca.

- São oito horas Lari, hora de se arrumar – A voz, que identifico como sendo de Greice me desperta.

- Tudo bem, já vou – Sentei na cama, coçando os olhos e vaguei os mesmos pelo quarto confirmando que já eram oito horas.

Preguiçosamente caminhei até o banheiro e tentei adiar o tempo que fosse dentro dele, eu me aproveitava da água estar numa temperatura melhor impossível, fechei os olhos e deixei o som da água me levar. Lavei o cabelo tentando demorar o máximo de tempo que eu conseguia. Saí do banho faltavam no máximo uns quinze minutos para as nove horas, tratei de me arrumar logo e quando coloquei o vestido fui escolher o salto, mas eu sabia que iria escolher o de sempre, um preto fechado meia pata, porque ele era confortável, combinava com tudo e lindo. Dito e feito foi esse que eu peguei. Sentei-me na cadeira e abri uma maleta que eu tinha de maquiagem, apesar de não ser muito fã eu queria estar muito bonita para essa festa, eu precisava mostrar que eu estava bem, firme e forte, mesmo passando longe dessas três definições.

Escolhi uma sombra azul bastante bonita, que se assemelhava ao tom do vestido, coloquei delineador preto para marcar bastante os olhos, blush meio rosinha claro, nada para chamar atenção e batom vermelho na boca. Olhei no espelho e havia gostado do resultado.

Resolvi que meu cabelo estava muito sem graça e que iria enrolar as pontas, mesmo tenso certeza que não iria durar nem a primeira hora de festa, mas sem problemas.

Chequei o relógio novamente e me assustei, quase dez horas.

Tirei algumas fotos e gostei bastante delas, mas deixaria isso pra depois, voltei meu celular a tomada e fiquei esperando meus pais vim chamar para dizer que estava na hora da festa.

Poucos minutos depois minha mãe chegou dizendo que estava na hora e ainda disse que eu estava bonita, isso é novidade. Perguntei-a se nós  poderíamos pegar Aline antes de irmos e ela confirmou, pelo visto ainda lembrava onde era.

- Desde quando você voltou a falar com ela filha? – Ela me perguntou curiosa.

- Desde algumas semanas mãe – Digo sem dar importância.

- Eu gosto dela, ela é engraçada – Minha mãe diz dando risada, provavelmente se lembrando de antigamente.

  - Verdade – Digo me lembrado de antigamente.

O silêncio voltou e eu resolvi ligar o rádio e estava tocando when i was your man do Bruno Mars, não tinha uma música mais depressiva. Cantei baixinho e rapidamente estávamos na portaria, em breves segundos ela fechava a porta por qual havia passado.

- Aline, quanto tempo – Minha mãe disse animada enquanto dava partida no carro.

- Faz muito tempo mesmo tia, como andam as coisas? – Ela perguntou sorridente.

- Vai indo e com você e a sua família? – Minha mãe perguntou.

- Indo também tia – Ela sorri e pelo retrovisor vejo ela digitando rapidamente.

Elas cessaram a conversa e meu celular apitou.

Havíamos criado um grupo no what’s app. “Divas”.

“A festa é hoje não é amanhã não!” Giovana colocou.

“Eu e Lari já estamos no caminho” Aline respondeu rapidamente.

“Daqui a cinco minutos eu estou aí, aproveita e desce para me receber” Lara colocou.

“To saindo de casa” Isabelle colocou.

“Tudo bem, a propósito já estou descende pra receber a Lara, Line e Lari vocês vão demorar muito? Se não já fico aqui embaixo de vez” Giovana colocou.

“Estamos há uns dez minutos daí” Respondi-a.

“Então eu espero” Ela respondeu.

- Não acredito que vocês estão se falando por mensagem, mesmo estando no mesmo carro, isso é quase um absurdo – Minha mãe diz incrédula me fazendo rir.

- É o seguinte, tia, é um grupo aí tem, eu, a Lari, a Lara, a Gi e a Belle, então nós todas estávamos conversando – Aline explica rápido

- Ah! – Ela exclama. – É como o grupo que temos da família? – Ela me pergunta e eu confirmo.

Bem, digamos que a minha família é moderna e nós temos um grupo what’s app.

- Exatamente – Respondo-a.

Voltamos ao silêncio, meio silêncio já que o rádio ainda estava ligado.

- Chegamos – Minha mãe diz chamando a minha atenção.

- Tchau mãe – Aceno para ela.

- Tchau tia – Line faz o mesmo.

- Boa festa garotas, aproveitem, Larissa me avise com quem você irá voltar para casa e se for dormir na casa dessa pessoa, tudo bem? – Ela diz e eu confirmo vendo o carro se afastar.

O porteiro logo abriu, não sei se já perceberam, mas nem um porteiro liga quando é adolescente, sempre deixa passar, enfim, nem sei por que estou pensando isso.

- Finalmente vocês chegaram – Gi comenta animada me fazendo rir.

- Parece que alguém já está bem animada – Cantarolo rindo.

- Vocês não sabem da maior! – Ela exclama. Mais animada impossível.

- Pra que tanta animação? – Line perguntou rindo.

- O Hugo, ele vem, o Vitor deixou escapar que ele vem! – Ela diz sorrindo e pulando fazendoa a gente rir. – Vocês são muito malvadas comigo – Ela diz fazendo biquinho.

- Vamos logo para a festa, que hoje eu quero desandar – Lara comentou animada fazendo todas comemorarem.

Elas seguiram na frente em direção ao salão de festas e eu ainda me sentia um pouco perdida, tanto na animação delas quanto a festa.

Logo chegamos e tive que piscar várias vezes para adaptar minha visão ao ambiente escuro, foi possível ver várias pessoas logo de cara espalhadas pela pista de dança, bar e extremidades do salão, como ela estava dizendo que não tinha ninguém?

- Hey moças bonitas, não vão nem falar comigo? – Uma voz me tira dos meus pensamentos e viro meu corpo com velocidade.

- Vitor – Lara e Line dizem sorrindo e o abraçando, Gi revira os olhos fazendo careta, me fazendo rir e logo elas somem entre as pessoas, me deixando perdida.

- Oi para você também Larissa – Ele diz rindo.

- Ah, oi Vitor – Comento envergonhada me aproximando para abraça-lo.

Só que houve um pequeno problema, digamos que ele é um pouco mais alto do que eu, sendo assim eu tive que ficar de ponta de pé e ele ficou rindo de mim. Em minha defesa ele que é alto demais e não eu que sou baixinha.

- Baixinha – Ele sussurrou como se lê-se meus pensamentos.

Tentei me soltar, mas ele me ergueu do chão e ficou me girando, enquanto ainda ria da minha cara.

- Acabou a graça? Ou ainda não terminou a sessão rindo da cara da Larissa? – Eu digo irônica fazendo-o me soltar e erguer as mãos em forma de não está mais aqui quem falou.

- Parece que alguém anda bem estressadinha – Ele comentou.

- Trouble, trouble, trouble – Cantarolei em seu ouvido e ele soltou uma risada fraca.

Algumas pessoas chegaram para cumprimentá-lo e aproveitando eu saí de fininho. Eu já não sabia onde estavam às meninas, então decidi que iria para o bar.

E advinha, era o mesmo barman daquela vez, isso mesmo, ri internamente enquanto sentia o seu olhar me avaliando. Resolvi que iria tirar a prova.

– Uma água, por favor – Pedi.

– Tem certeza, princesa? – Ele diz. – E é agora que seu amigo entra em cena – Ele diz rindo.

Precisei acompanha-lo pelo fato dele ainda lembrar daquilo.

- Pois é, mas parece que desse filme ele não faz parte mais – Comento triste me debruçando sobre o balcão.

- Sabe o que ajuda nesses momentos? – Ele me pergunta.

Balanço a cabeça dizendo que não.

- Bebida – Ele ri.

Eu de fato nunca havia experimentado bebida, nem se quer uma red bull e olha que red bull é energético. Será que a bebida tem realmente esse efeito que o pessoal diz que é uma ajuda e tanto na depressão?

- Já percebi que nunca tomou, então quer uma sugestão? – Ele pergunta e eu confirmo. – Começa com coquetel de fruta com álcool, porque mal dá para sentir o gosto. De que fruta você gosta mais? – Ele perguntou.

- Morango – Respondi.

Ele se virou e começou a preparar a batida, eu estava ansiosa, que gosto teria? Ele logo me entregou e eu a virei aos poucos no começo, mas o gosto era bom, era muito bom de fato que já estava virando-a totalmente e ainda pedindo por mais.

Uma, duas, três, quatro, cinco, seis e sete! Essa foram a quantidade de batidas de morango que eu já havia tomado, eu só havia esquecido do seguinte, por mais que eu mal consiga sentir o álcool ele está ali, ou seja, eu estava no estado pré-bêbada. Um pouco mais e talvez eu não respondesse pelos meus atos.

Pedi mais uma para ele, que logo me entregou. Pedi mais uma.

- Chega por aqui, daqui a pouco você vai ficar bêbada e não vai lembrar mais de nada – Ele disse e eu resmunguei contra ele. Eu queria mais.

Resolvi que iria dançar e fui para a pista dando um tchauzinho pro moço.

- Larissa, o que aconteceu com você? – Gi pergunta assustada.

- Eu to bien – Digo me enrolando nas palavras e rindo de mim mesma.

- Liga para a mãe dela e diz que ela vai dormir aqui – Belle diz desesperada enquanto procura meu celular na bolso em que eu estava usando. – Não tem problema ela dormir aqui né? Porque eu acho que nenhuma de nós tomou porre e o Vitor já, então ele vai poder ajudar – Ela disse e as outras confirmaram.

- Mas, eu to bien – Digo. – É tão legal falar bien, bien, bien – Começo a rir alto da palavra.

- Ela não está nada bem, vamos tentar achar o Vitor – Lara diz e saí no meio da multidão.

- Tudo bem, já avisei a mãe dela – Belle diz.

- Gi vai lá, o Hugo tá te olhando, a deixa aqui comigo – Belle diz e ela vai ainda olhando para gente um pouco desconfiada.

 - Vou buscar água para ver se ajuda – Line diz. – E você Larissa, trate-se de sentar – Ela ordena.

Vou caminho ao primeiro puff tropeçando entre meus próprios pés.

- Cheguei – Vitor diz.

- Pronto, eu vou ter que embora logo logo e o resto não tem muita experiência com bêbado, então você que vai cuidar dela ok? A Line já está vindo com água e quando ela chegar você leva ela lá pra cima antes que ela faça besteira, a propósito ela vai dormir aqui – Belle diz, como se eu nem estivesse ali.

- Ei! – Tentei me pronunciar, mas os dois me ignoraram.

- Tudo bem – Ele murmura com a voz fraca. – Eu cuido dela – Ele disse.

- Prontinho – Line diz me entregando um copo com água.

Viro o copo inteiro, mas pelo visto não funciona de primeira.

- Vem vamos subir – Vitor me chama e dá tchau para garotas, tento falar tchau, mas saí completamente embaçado então eu desisto e começo a rir.

Entramos no elevador e Vitor teve que segurar meus braços para eu não apertar em todos os andares.

- Lari, o que aconteceu? Você parece ser uma garota tão certinha, o que houve? – Ele perguntou com o tom da voz carinhoso.

- Eu, eu, o Math, nós terminamos – Digo entre soluços.

- Como é? Por quê? – Ele pergunta enquanto passa a mão pelo meu cabelo.

- Ele disse que não dava para continuar juntos porque nós estamos muito longe – Digo as palavras meio embaralhadas. Mas o Luigi e a Belle conseguem então, será que ele não quer nada comigo ou nunca quis? – Digo chorando ainda mais.

Vitor me puxa para um abraço e fica sussurrando que tudo vai dar certo. Ele abre a porta com uma mão enquanto sustenta meu corpo praticamente todo na outra, eu não consegui reparar direito nas coisas, porque minha cabeça não estava lá a melhor, ele me levou para um quarto, que logo reconheci ser dele, pela decoração.

- Você não vai abusar de mim vai? – Perguntei errando as palavras fazendo-o mesmo rir alto.

- Do jeito que você está é mais fácil acontecer o contrário – Ele diz rindo.

- Sabe que você meu uma ótima ideia – Digo atrapalhada, sorriu para ele e vou me aproximando dele.

- Não Lari, você vai entrar naquele banheiro e tomar banho, eu vou separar uma roupa da Gi e vou deixar em cima da cama, quando você estiver pronta vai para a sala ok? Se demorar mais que vinte minutos eu venho aqui, então não demore – Ele diz e se retira.

Entro no banheiro apoiando meu corpo na parede e aos poucos as tonturas vão passando e consigo me despir e entrar no banho.

Desliguei-me do tempo enquanto estava dentro da água, por tanto tive poucos minutos para me arrumar antes que Vitor aparecesse.

Foi em passos lentos para a sala onde pude encontra-lo todo estirado no sofá.

- Aí minha cabeça – Resmungo.

- Pelo menos não está tão bêbada e já não quer mais abusar de mim – Ele ri – Já  que está com dor de cabeça, vem aqui, tem remédio – Ele diz me puxando pela casa.

Ele colocou um grande copo com água e uma cartela do lado do copo que eu logo tomei o mesmo e guardei.

Deitei no sofá junto dele e por causa do pouco espaço me aconcheguei em seu corpo. Ele colocou em algum filme qualquer e em poucos segundos senti meus olhos pesando.

- Dorme bem, princesa – Ele sussurrou fraquinho e beijou o topo da minha cabeça.

Depois disso apaguei.