A campainha toca e Sam e Harper descem pra sala. Sam abre a porta e Dean entra, seguido por Lindsay. Dean abraça Harper e os olhos dela se enchem de lágrimas outra vez.

Dean: Vai ficar tudo bem, Harry... Vamos achar a Tory.

Harper assente com a cabeça, passando as mãos nos olhos.

Sam: E o Peter?

Dean: A Lucy tá lá em casa com e ele e com a Nanny.

Harper: E cadê o Will?

William (Entrando): Tô aqui.

Harper (Respira mais aliviada): Will...

Os dois se abraçam.

William: Eu tava arrumando umas coisas no porta-malas do carro. Podemos sair quando vocês quiserem.

Sam: O Ryan e a Marynn tão vindo pra cá.

Harper e William se separam. Todos se sentam nos sofás da sala, menos Harper que fica andando de um lado pro outro. Ela para em frente a estante da sala e olha uma foto de Peter e Vitoria, num porta-retrato. Ela suspira.

A campainha toca e Harper abre a porta. Ryan entra e da um beijo na testa dela.

Ryan: Você tá bem, mana?

Harper: Não muito...

Ryan: Vai dar tudo certo...

Harper: Todo mundo diz isso...

Marynn também chega.

Harper: Obrigada por vir, Marynn.

Marynn: Pode contar comigo sempre, Harry.

Harper: Valeu.

Marynn: Bom, já que estamos todos aqui, vamos atrás da Tory.

Harper: O problema é que a gente não sabe onde a Tory tá! Como vamos procurar se nem sabemos onde?

Sam (Meio tímido): É... Amor... Tenho que te contar uma coisa...

Harper se vira pra Sam, já o olhando desconfiada.

Harper: Sam, o que foi?

Sam: Eu fiz uma coisa... E não te contei, pra você não me achar paranóico...

Harper: Samuel Winchester, o que foi que você fez?!

Todos olham perplexos pro Sam.

Sam: É que a agência onde eu trabalho lançou um protótipo de chip de rastreamento... Ele é implantado no molar...

Harper: Cê colocou um chip no dente da Tory?!

Sam: No dente não. Como era só um protótipo, eu mandei colocarem no colar dela, já que ela usa sempre... Mas quando fosse aprovado...

Harper olha incrédula pra Sam.

Sam: Tá muito zangada?

Harper (Respira fundo): Sabe, querido... Em circunstâncias normais, eu até acharia um pouco de exagero... Mas no momento, agradeço que você tenha feito isso.

Sam: Valeu, amor...

Harper: Mas então por que é que você ainda não disse onde ela tá?!

Sam: Por que o rastreador só começa a funcionar depois de oito horas que é ativado.

Lindsay: Por que isso?

Sam: É um limite mínimo...

Harper: É a mesma coisa quando você reporta o desaparecimento de uma pessoa. A polícia só começa a procurar depois de quarenta e oito horas, pra garantir que a pessoa sumiu mesmo... Apesar de eu sempre dar início as buscas um pouco antes lá na delegacia...

Ryan: Sam, que horas você ativou esse chip?

Sam: A hora que me falaram na escola que a Harry tinha pego a Tory. Acho que era umas seis e meia...

Dean: Só vamos ter uma resposta duas e meia da manhã...

De repente, Castiel aparece no meio da sala. Todos se sobressaltam.

Dean: Cas?

Castiel: Chegou a hora...

Lindsay: Como assim?

Castiel: Chegou a hora de vocês saberem qual é a profecia.

Todos ficam estáticos. Há anos que eles sabem sobre uma profecia, mas que até então não havia sido revelada. E essa hora finalmente chegou.

Harper: Tá falando sério, Cas? A profecia... Você finalmente vai...

Castiel: Sim.

Sam: Estamos ouvindo.

Castiel: "Quando o inferno for dominado pela dama das relíquias

E a criança inocente possuída for...

Com seu sangue descendente do receptáculo...

Somente mais um Winchester poderá impedir um novo Apocalipse."

Todos ficam pensativos.

Dean: E o que isso quer dizer?

Castiel: Eu só informei a profecia. Interpretar é com vocês.

Ryan: Mas...

Castiel: Eu ajudaria se eu pudesse. Mas eu também não sei o que, de fato, a profecia significa.

Lindsay: "Somente mais um Winchester poderá impedir um novo Apocalipse". Mas como a gente vai saber? Somos todos Winchester agora...

Harper: E a criança inocente, com sangue descendente do receptáculo... Ué, pode ser a Tory, mas também pode ser o Peter. O Sam e o Dean foram receptáculos... Será que é isso?

Castiel: Foi o que pensamos também.

Dean: Tá, mas a Bela levou a Tory.

De repente, eles escutam um grito vindo do outro lado da rua.

William: A Lucy!

William, Dean e Ryan saem correndo, atravessam a rua e entram na casa de Dean, com as armas na mão.

William: Lucy! Lucy!

Ryan anda, checando o andar de baixo.

Dean: Pitt? Nanny?

Ryan: Não tem ninguém aqui...

Dean anda até a mesinha de centro da sala e passa o dedo em um pó amarelado.

Dean: Enxofre... Levaram eles também.

Os três voltam pra casa de Sam e Harper, meio de cabeça baixa. Castiel não está mais lá.

Lindsay: O que aconteceu?!

Dean: Linn... É...

Ryan: Os demônios levaram a Lucy... O Peter e a Nanny...

Lindsay (Põe as mãos na boca): Ai, meu Deus...

Dean abraça Lindsay e ela chora. Harper e William se entreolham, aflitos.

Harper: Will... Daqui a pouco vamos saber onde eles estão, pelo rastreador da Tory...

William assente com a cabeça, tentando se manter calmo.

Marynn: Bom, pelo visto, não sabemos mesmo quem é a criança da profecia...

Sam: Isso não faz diferença. Temos que ir lá e salvar as crianças e a Lucy.

Lindsay (Com os olhos cheios de lágrimas): Um deles vai ser possuído! Meu filho pode ser possuído, minha sobrinha pode ser possuída... Sabe Deus o que vão fazer com eles!

Ryan: A gente vai dar um jeito, Linn. A gente sempre dá.

Sam tira o celular do bolso e acessa o aplicativo do GPS de Vitoria.

Sam: Pessoal, achei a Tory!

Harper: Onde ela tá?!

Sam: Sunset Hills. Peguem os carros e me sigam.

Todos saem da casa. Sam e Harper entram na Ford Explorer 2007 preta. William e Ryan vão no Ford Gran Torino 73' verde, de Ryan. Dean, Lindsay e Marynn pegam o Impala. Sam sai dirigindo e os demais o seguem.

Harper: Sunset Hills? Achei que eles iam tirar a Tory do planeta! Nem saíram da cidade...

Sam: Vai ver eles querem que acabe onde tudo começou...

Eles chegam ao endereço apontado pelo GPS. É um prédio baixo, com três andares, aparentemente abandonado. Param os carros a alguns metros de distância.

Todos saem dos carros e se aproximam uns dos outros.

Marynn: Como a gente entra? Escondidos, ou atacando?

Sam: Não sabemos quantos eles são, nem se já sabem que estamos aqui. Com certeza estão esperando a gente...

Dean: Devem ter preparado alguma armadilha.

Harper (Engatilha uma arma): Temos que entrar de qualquer jeito.

Harper vai andando até a entrada do prédio e os demais a seguem. Todos entram e está tudo escuro. Ryan, William e Marynn carregam lanternas.

Lindsay: Melhor a gente se separar.

Harper: É melhor mesmo. Ryan, fica comigo e com o Sam.

Lindsay: Eu e o Dean vamos por ali.

William: Marynn, vem comigo.

Eles se separam, indo em direções diferentes para vasculhar o local.

Sam, Harper e Ryan andam por um corredor, checando todas as portas. Quando chegam à ultima, na parede da direita, Harper abre a porta e ilumina com a lanterna. Ela leva um susto e da um passo pra trás, cobrindo a boca com a mão. Sam põe as mãos em seus ombros, por trás dela.

Sam: Harry, o que...

Sam olha na direção do facho de luz da lanterna e vê uma cabeça em cima de uma mesa, com cabelos loiros ondulados, virada de costas pra porta.

Harper (Com lágrimas nos olhos): Sam... Será que...

Ryan (Aflito): Maninha, deixa... Deixa que eu... Vou olhar...

Harper continua estática. Ryan pega a lanterna dela e entra no cômodo escuro e bagunçado e se aproxima da mesa de ferro, coberta de poeira. Ele ilumina a face da cabeça.

Ryan: É uma boneca...

Harper respira fundo e abraça Sam. Ryan sai no corredor.

Sam: A Tory tá viva, amor... Precisam dela assim.

Harper: Tem razão... Vamos continuar andando.

No segundo andar, Dean e Lindsay também vasculham os cômodos. Eles ouvem um barulho e Lindsay aponta a lanterna na direção do fim do corredor. Ela vai iluminando o caminho e Dean vai andando na frente.

Ele abre a penúltima porta do lado esquerdo e Lindsay ilumina a sala. Eles veem Lucy sentada no chão, com os braços e pernas amarrados e com a boca amordaçada.

Lindsay: Lucy!

Dean vai até ela e a desamarra. Ela se levanta.

Dean: Lu, e o Peter? E a Nanny?

Lucy (Aflita): Eu não sei...

Lindsay: Vamos sair daqui.

No andar térreo, William e Marynn andam pelo lado oposto de onde estão Sam, Harper e Ryan. William vai sacudindo a lanterna, nervosamente. Marynn o olha com a expressão mais serena que pode.

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Marynn: Fica calmo, Will. A Nanny não é Winchester, não tem nada a ver com a profecia...

William: Por isso mesmo que eu tenho medo. Ela não tem utilidade pra eles!

Marynn: Não vamos pensar o pior. Não teriam trazido ela aqui só pra matar... Se fosse isso, teriam matado ela em casa.

Dean, Lindsay e Lucy chegam ao último andar do prédio. Não há portas, nem corredores. É um cômodo único, com várias colunas ao longo do perímetro. os três veem uma cena desesperadora: Aser, Bela, um demônio e uma demônia estão parados atrás de uma mesa. Na mesa, Vitória está deitada, desacordada. Há tochas acesas dos dois lados.

Dean: Tory...

Aser (Sorrindo): Lindsay! Estávamos esperando por você.

No primeiro andar, Sam, Harper e Ryan vão em direção as escadas pra subir para o segundo, mas ouvem um barulho atrás de uma das portas.

Harper: Vocês ouviram?

Ryan: Veio dali... (Aponta uma porta)

Sam: Não olhamos aquela?

Os três se aproximam da porta. Harper abre e entra na frente, seguida pelo marido e pelo irmão. O cômodo está todo escuro e Ryan vai iluminando com a lanterna.

Harper se aproxima de um armário e olha no vão entre ele e a parede.

Continua...