Mar Submerso escrita por MonkeyChan


Capítulo 1
Capítulo único




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Sentia que várias pessoas lhe chutavam e cuspiam em sua face, seu corpo começou a doer e comprimir-se bruscamente. Um sentimento de solidão o penetrou e então se achou só no meio do nada, para todas as direções em que olhava eram apenas trevas, abaixo de si uma corrente a segurava cada vez mais apertado. Tentou andar, em vão. Mais uma tentativa, novamente inútil. Já estava começando a desesperar-se, o ar lhe faltava aos pulmões e seu coração doía a ponto de achar que estava tendo um ataque cardíaco. Várias tentativas sem sucesso o fizeram gritar e clamar por socorro. Onde estavam os seus pais agora? Seus amigos de festas? Suas paixões? Não restava mais nada naquele abismo profundo e sombrio. Uma sensação estranha o invadiu e abaixou a sua visão para ver as suas roupas sujas de lama, lixo e uma fedentina passou a subir perante as suas narinas, sua mente – tão atordoada e confusa – esqueceu por um breve momento onde se encontrava enquanto perguntava-se como suas roupas tinham alcançado um estado tão catastrófico. A sensação estranha voltara mais uma vez quando a corrente que se segurava em seu tornozelo apertou mais forte o levando para baixo até que sentiu como se estivesse afogando, o que era estranho já que em meio à agonia nada via a não ser a mesma escuridão.

Surpreendeu-se quando o medo subiu à sua cabeça. Logo ele que sempre dissera que nunca tivera medo de nada e, de fato, antes daquele acontecimento nada tinha a temer. Mas agora sua mãe estava estendida para cima enquanto o mar invisível o submergia. Um ultimo grito antes do que seria o seu fim.

- SOCORRO!

E então tudo passou a melhorar, alguém lhe puxara a mão para fora daquele mar de trevas. Olhou surpreso ao seu redor constatando que não se encontrava mais no turbilhão negro, tudo agora estava claro, mas nada se comprava à figura reluzente que estava na sua frente. Seus cabelos eram brancos como a neve e em seus olhos crepitava um fogo aterrorizador, mas ao mesmo tempo acolhedor que carregava paz e bondade.

- Eu te amo.

A voz soou como uma melodia suave aos seus ouvidos e o balançar de sinos. Olhou maravilhado para a pessoa que lavara as suas roupas com sangue – as quais agora estavam brancas. De repente nada mais importava, seu herói chegara, enfim.


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