Inevitável

Sorri, ao chegar à porta do meu templo e vê-lo ali. Achei que ele não voltaria tão cedo. Ele tinha aprendizes para treinar, afinal!

Todos dizem que ele não ama ninguém, não leva ninguém a sério, mas eu sabia a verdade. Sei o quanto Milo de Escorpião é fiel e capaz de amar. De me amar, principalmente. E eu tenho várias razões que provam como não pude evitar amá-lo também.

A principal é o fato de ele amar incondicionalmente. Tudo que ele faz, é com amor, com paixão. Ah, como eu o admiro por isso. Depois, vem o fato de ele ser lindo, gostoso e bom de cama. Claro, corei levemente ao pensar nisso – ainda bem que ele não notou. Tem muitos outros motivos, mas ele estar ali, de surpresa, não me deixava pensar em mais nada.

“Ele sempre faz questão de repetir isso. Em grego, principalmente. Eu acho lindo.” Penso, rindo baixo, como um bobo. Nunca pensei que me apaixonaria por outro homem, mas quando me vejo com ele, parece tão lógico e perfeito. Os poucos que sabem de nós dois, concordam com isso.

Ele passa por mim, os cabelos loiros esvoaçando a minha frente. Deuses, ele é lindo. Claro, é o tipo de coisa que não admito! Não falo alto! Tenho meu orgulho, e ele sabe. Também sabe que eu o amo, mesmo que eu nunca tenha tido coragem de dizer.

“Você vai ficar parado ai feito um bobo-alegre, me encarando, ou vamos entrar?” O ouvi dizer. Aquela voz rouca me dava arrepios, toda vez. Ele sabia, e se aproximou, me abraçando pela cintura, me puxando para mais perto de si. Eu gemi. “Eu vim aqui só pra te ver, você sabe...”

“Vamos entrar logo...” Sussurrei. Skatá (1), eu me rendia fácil demais! Era só ele me abraçar assim, e falar desse jeito, que eu caia nos encantos dele. Isso porque até um tempo atrás, eu jurava que não era gay.  Ele me carregou para dentro da casa, para a parte residencial.

“Kátharma (2), para de fazer isso comigo...” Resmunguei, quando ele me jogou na cama e se afastou.

“Para de me ofender assim...” Ele sorriu maldoso. Ah, como aquele olhar me derretia... “Eu larguei tudo pra vir te ver, você sabe... Só por causa do dia de hoje...”

“Eu sei...” Sorri e o beijei. Depois que nos afastamos, mordi o lábio. “Hey, Mi...”

“Hn?” Ele afastou os lábios do meu pescoço – me fazendo soltar um suspiro de desagrado – e me olhou.

“Eu te amo.” Ele sorriu abertamente. Era a primeira vez que eu falava isso. Acho que ele não esperava. “Feliz aniversário de namoro.”

“Você é meu maior presente, sabe disso né?” Sorri, dando-lhe um selinho. “Eu te amo, Aiolia.”

Sorri mais, puxando-o para mais perto, beijando-o novamente. Ah, como é inevitável amar Milo dessa maneira, simples assim.