Luccius. Capítulo 3- Sou um assassino.

Dia 02 de Dezembro.

Local: Nova Jersey.

Luccius, Kurt e Muffy viajaram até a cidade de Nova Jersey a encontro dos Delawere que se reuniram chamando nomes importantes do clã. O garoto rapidamente montou sua bagagem com mantimentos que receberá de seu tio e seguiu até a cidade montado em uma cavalo, Jonah cedeu dois. Um leva Kurt e Muffy, o de Luccius leva a bagagem. A viajem durou dois dias.

Nova Jersey já está sendo enfeitada para o natal, eles se precipitam bem antes do evento. É algo importante, as pessoas já colhem de suas estufas, alimentam bem os porcos para a grande ceia que ocorrerá. Conservam seus melhores vinhos nas adegas e caçam animais nas florestas. As mulheres se encarregam de tecer roupas novas para dar como presente aos maridos e filhos, prepara os aperitivos para a ceia, envia cartas para os parentes os convidando para a festa e alimentam os animais.

Luccius não tem noção do dia que é, muito menos Kurt. Eles não dormem bem a um tempo, o garoto está impaciente e seu cavalo leva algumas leves esporadas sinalizando que ele quer chegar o mais rápido possível no local marcado.

O local marcado é uma casa grande de cor branca, enfeitada com arvores natalinas e aparenta estar bem conservada. Luccius desce de seu cavalo e bate as botas uma na outra retirando a neve. Kurt e Muffy também descem, porém, elas sabem que não podem se adentrar da casa.

– Me aguardem. – Ele faz sinal para as duas e segue até a casa que não está muito distante entre as várias casas.

Gira a maçaneta mas descobre que a porta está trancada, então deduz que deva entrar pelos fundos. Entra em um beco ao lado da casa e segue até a porta dos fundos.

Sente algo o puxando para dentro de um monte de neve e tapando sua boca. Tenta reagir mas é imobilizado.

– Não tente fazer nada senão o matarei aqui mesmo. – Ouve a voz feminina soando em seus ouvidos. Ele para de se mexer e obedece ao ser misterioso que o agarrou. – Responda minhas perguntas, se mentir, seu coração vai acelerar, você irá suar e seus olhos vão se revirar. Se der alguns destes sinais, eu o matarei. – Ele se encontra indignado, como não se desesperar diante uma situação destas? – Onde está Martin? – A mão delicada da garota é retirada da boca de Luccius, então ele responde com calma e bem baixo.

– Eu não conheço nenhum Martin!

– Está mentindo! – Ele sente em seu pescoço uma lamina bem afiada.

– Não, não, não, não! – A lamina cessa em sua garganta, estava prestes a receber um corte de orelha a orelha. – Eu não faço ideia do que você está falando. Pode ser mais precisa?

–Você se contatou com alguém nestes últimos dois dias?

– Sim.

– Quem?

– Uma camponesa e meu tio.

– Jonah?

– Sim, como o conhece?

– Isso não importa. Se está mesmo dizendo a verdade, tenho que lhe revelar algo. – A garota o solta, os dois estão atrás do monte de neve. Uma mulher passa carregando um cesto com produtos e os encara os desprezando, ela achou que os dois estavam em meio a um ato sexual. – Venha, aqui não é seguro. – Ele então a seguiu e foi levado a uma rua menos movimentada, eles caminharam juntos.

Ele repara na beleza da garota, pele branca como a neve, olhos azuis bem claros, cabelos lisos e escorridos de cor quase brancos. É bem pequena, um metro e sessenta e magra. Luccius se encantou pela jovem albina.

– Porque não me matou? – Ele indaga com receio. A garota ignora sua pergunta e diz.

– Sei o quanto você ama esse seu clã.

– Como é?

– Sim. Se você continuar lutando por eles, não vai passar de uma ferramenta, isto será pelo resto de sua vida.

– Do que está falando?

– Eu ouvi a conversa de um grupo chamado “roda de assassinos”. Eles estavam discutindo sobre uma traição. Iriam matar o herdeiro e o líder do clã. Harry e Martin. – Luccius é pego de surpresa, nunca imaginará que a roda de assassinos, os mais fieis fariam isto, ele ainda não consegue acreditar totalmente na garota albina.

– Mas... Porque eles fariam isto? E porque eu mataria Martin? Não estou compreendendo.

– Eles matariam os dois para passar o cargo ao líder da roda. Depois que ele estivesse no poder, iria eleger o resto do grupo e se tornariam os sete lideres. Eles não se importam com os peixes menores, só querem o poder e riqueza. Você é descartável, eles mandaram um tal “Sombras” para vir instrui-lo a matar Martin, então este homem seguiria a mansão de Harry e o mataria.

– Santo Deus! Acho que era capaz de eu cumprir tal tarefa e nem sequer saberia o verdadeiro motivo. Eu seria executado loco após! – A garota nem se importa com a preocupação de Luccius, ela continua a caminhar olhando para todos os cantos tentando ver se fora seguida. – Eu tenho que fazer algo!

– O único jeito de impedir que Harry morra- Ela é interrompida por uma voz grave.

– É me matando. – A rua está vazia pois é totalmente devastada por uma guerra que ocorreu na cidade a anos. Detrás dos destroços de uma casa surge um homem com metade do rosto queimado e a outra parte retalhada. Ele usa um chapéu negro e um casaco negro também. Toda sua roupa é da cor negra. – Eu suspeitei que alguém estava nos ouvindo naquela reunião. Só não imaginei que era uma garotinha branquela. – Luccius se espanta com a aparência do homem. Sombras puxa sua espada da bainha presa na cintura. É um modelo europeu, parecido com uma espada medieval. – Eu poderia ter matado os dois a hora que eu bem quisesse. Mas como fui intimidado, não pude resistir.

– Não tenho medo de você. – Diz Alba não se sentindo pressionada pelo homem. Ela puxa de sua cintura duas adagas manufaturadas por ela mesma. Luccius empunha seu sabre que ganhou de Jonah.

– Você é um traidor. Traidores merecem a morte. – Sombras ergue as mãos e abre um sorriso não se mostrando preocupado.

– Traidor? Eu? Nãão. – Ele estende o “não” em tom de ironia e continua. – Você quem iria matar Martin agora mesmo.

– Seu desgraçado! Você que iria tentar me manipular para mata-lo!

– Não sei do que está falando. Agora você tem a prova, Martin. – Ao terminar a frase surge detrás de uma casa velha um homem de cabelos curtos e ruivos. Olhos castanhos e magro. Ele está boquiaberto e assustado com o que acabará de ouvir. Quatro homens também saem junto a ele. – A garota, é uma Brantiana e estava tentando manipular um dos nossos a matar você e seu pai.

– O que?! É mentira! Ele que iria matar seu pai e estava tentando me manipular para mata-lo! – Grita Luccius indignado.

– Calado seu traidor! Formando alianças com os inimigos não é? Merece a morte! Homens! – Ele ordena a seus quatro homens que os matem. Eles preparam os mosquetes, Alba não disse uma palavra ela somente corre até um monte cheio de destroços levando Luccius junto. Os homes disparam, são quatro tiros, devido à grande velocidade da garota, eles não foram atingidos. – Matem-nos! – Grita Martin. Sombras permanece em suas costas sorrindo.

De cima de uma casa também destruída se levanta um homem com capuz negro com um arco e flecha. Ele puxa um flecha com a ponta de aço e a banha em um vidro com um liquido esverdeado. Em seguida dispara atingindo certeiramente o coração de Martin. Ele solta um grito de dor e desespero e é segurado por Sombras. Dois dos homens cessam o ataque e voltam até o homem quase morto.

– Era uma emboscada! – Grita Sombras. O homem do teto já foi para bem longe dali, ele carregava o símbolo da roda dos assassinos no pulso e antes de sair ele acenou para Sombras que retribuiu com um sorriso.

– M-Matem! – Martin dá sua última ordem morrendo nos braços de Sombras todo ensanguentado. O homem se levanta enquanto os soldados tentam reanima-lo e segue até a barricada dos dois.

Lá encontra os dois homens mortos e nenhum sinal de Alba e Luccius. Sombras leva sua mão ao rosto e respira bem fundo, termina o ato socando a parede de lado.

Os dois conseguiram fugir. Alba não deixou que Luccius buscasse Kurt e Muffy por ser perigoso. Agora eles estão sendo caçados pelo clã e dados como traidor e assassina.

– Aonde vamos? – Indaga Luccius a perseguindo até a saída da cidade.

– Você está só.

– Como é?! Eles vão me matar!

– Isso não é do meu interesse. Você é um Delawere, merece morrer mesmo.

– Quanta grosseria!

– Eu não quero que fique me atrapalhando, vou fazer algo importante!

– O que você vai fazer?! – Ele diz indignado com a falta de preocupação da garota albina.

– Não é da sua conta.

– Então eu irei segui-la.

– Faça o que quiser, não vou cuidar de você.

– Eu sei me cuidar.

– E quanto a suas amigas? Elas vão acabar sendo mortas se continuarem lá.

– Elas ficarão melhores se eu estiver ausente por um tempo.