Ei, psiu, você!

Isso, você mesmo, já leu as notas iniciais? se não, pode voltar, teimoso.

Meu nome é Kevin.

Bem, eu nunca fui muito bom com apresentações, mas continuando, tenho 16 anos, provavelmente você já deduziu quem sou, sim, o garoto magricela do sonho de Percy, sinceramente não era a descrição que eu queria, mas agora é tarde e eu tenho assuntos mais importantes.

Vou começar do começo logicamente, sou filho de Vulcano, nunca fui ao acampamento, não por escolha própria é claro, não consegui achar o caminho, você não imagina o quanto é difícil viver sozinho, andando sem rumo, sempre fugindo para se manter vivo. Minha mãe morreu um pouco depois que nasci, basicamente não sei o que aconteceu com o resto da família e como você sabe, meu pai é um deus, então não podia de certa forma me ajudar.

Fui criado em um orfanato até os oito anos de idade, depois disso finalmente consegui fugir daquele lugar horrível, onde nos serviam pão seco com água para comer, dormia no chão, trabalhava o dia inteiro...

Assim que saí de lá, pensei que tudo iria melhorar, nunca estive tão enganado, passava dias sem comer, bebia água da chuva, e os monstros começaram a me encontrar.

Quase morri aos 10 anos quando fui atacado por um lestrigão em um beco sem saída, não sabia como me defender, ele me levantou e me arremessou na parede, tudo o que pude fazer foi fugir, a lateral do meu corpo doía devido a pancada, mas consegui correr.

Depois disso Vulcano me ajudou, não diretamente é claro, ele mandava autômatos, considerando ao que eu estava acostumado, era grande coisa.

Como disse antes, não consegui achar o acampamento, era um nômade, digamos assim, uma vez desmaiei, não lembro se foi por causa da fome ou pelo cansaço, acordei dias depois nessa ilha cheia de monstros e pior ainda, um gigante, acredite, percebi isso da pior maneira possível, nem queira saber.

Aos poucos fui me acostumando, Polibotes não é do tipo que sai para fazer uma caminhada no fim de tarde, dificilmente ele tira aquele traseiro gordo de dentro de casa e os outros monstros? São praticamente inúteis, poucos são os que realmente me preocupam.

Construí uma cabana em um local mais afastado do castelo do gigante, mas não tão longe para que eu pudesse estar sempre de olho.

Há muito tempo, desde que cheguei à ilha, tudo estava calmo, os monstros “vigilantes” só andavam no máximo 10 metros em volta do perímetro do castelo, era tudo tão silencioso quanto se pode ser, quando se é uma ilha habitada por monstros de diversas espécies.

Mas nos últimos dois dias tudo está diferente, mais agitado do que o normal, pela primeira vez em anos Polibotes saiu mais de uma vez de dentro do castelo durante o dia, ele estava impaciente, como se estivesse à espera de alguma coisa.

Criei coragem e fui espionar no dia seguinte, andei pelo mesmo caminho que estava acostumado a utilizar por anos e me escondi atrás de algumas plantas.

Esperei por alguns instantes, mas nada de incomum aconteceu, segundos depois ouço o barulho de hélices, olho para cima e vejo um helicóptero preparando-se para pousar em um campo ali perto, assim que toca o chão, um homem sai de lá arrastando um garoto de no máximo 10 anos pelo braço, o menino debatia-se freneticamente tentando soltar-se, nada disso adiantava.

–Me solta!

–Como você é irritante, maldita hora em que me candidatei para esta missão.

–Me solta sorveteiro! Gritava o garoto.

–É ESPINHEIRO! Berrou o homem.

–Tanto faz.

–Cale a boca, sinceramente garoto, você é mais irritante que seu pai, e olhe que estamos falando de Perseu Jackson, o herói do olimpo, disse espinheiro debochadamente, o mesmo que foi burro o bastante para enfrentar Ares quando tinha apenas 12 anos, não que aquele deus da guerra seja grande coisa, mas ainda assim é idiotice.

O menino fez uma careta ao ouvir a última frase, em seguida olhou para o tal espinheiro com raiva.

–Não diga uma palavra contra meu pai.

Espinheiro se atreveu a rir.

–Fico surpreso de você gostar tanto dele ao ponto de estar defendendo-o até agora, considerando o fato de que ele o abandonou.

–MENTIROSO! Gritou o menino.

Fiquei impressionado por ele ser tão corajoso e enfrentar o homem, que provavelmente é um monstro.

–Não ache que bancar o herói vai ajudá-lo a se livrar do que o espera, por isso trate de se comportar e abusar da boa educação que sua mãe deve ter lhe dado.

Com essas palavras o menino ficou quieto, mas ainda tentava soltar-se.

Voltei para a cabana pensando em tudo que havia acabado de presenciar, eu decididamente precisava ajudar aquele garoto, e já sabia como, encontrando o pai dele.

...

Naquela mesma noite tive um sonho, primeiro pensei que fosse meu pai, depois percebi que era sua forma grega, Hefesto, tudo que ele dizia era:

–Entre em contato com o acampamento meio-sangue, avise Percy Jackson.

Fiz o que ele pediu, trouxe Percy através de um sonho e lhe mostrei o que estava acontecendo, como vocês já sabem.

...

PDV Percy:

Acordei assustado, minhas roupas estavam ensopadas de suor.

–O que ouve Percy? O que você sonhou, perguntou-me Annabeth.

Só agora eu percebera a presença dela sentada na beirada da minha cama.

Olhei para ela assustado.

–Polibotes, o gigante anti-Poseidon está com o Tiago.

–Deuses, ela disse assustada.

–Precisamos partir imediatamente, eu disse. Olhei em seus olhos e ela pareceu me entender. Se não sairmos logo talvez nem vejamos Tiago novamente.

Ela me abraçou.

–Calma, ele vai ficar bem.

–Promete?

Assim que ela me perguntou eu hesitei por um instante, sei que se não conseguir cumprir essa promessa ela não me perdoará, nem eu me perdoarei, mas Tiago corre perigo, então falei confiante.

–Prometo.

...

Depois de arrumar minha mochila rapidamente, Annabeth e eu corremos em direção à colina meio-sangue onde os outros já nos esperavam.

De longe pude ver o Argo II, grande e majestoso literalmente flutuando perto do pinheiro de Thalia, fiquei feliz em vê-lo novamente.

Entre todos os outros Leo com certeza era o mais feliz, talvez por estarmos todos reunidos novamente ou por que o Argo II estava de volta depois de tanto tempo, ou por causa dos dois.

Hiperativo como sempre ele se alternava entre correr de um lado para o outro agitando seus controles de Wii, decifrar o que Festus rangia e falar das melhorias que ele instalara no navio nos últimos anos.

Quando Leo terminou o que estava fazendo (o que eu não faço ideia do que era), descemos mais uma vez para nos despedir do velho centauro Quíron e olhar uma última vez para o acampamento antes de partir.

Quíron nos lançava um olhar misto de tristeza e esperança como se nunca mais fosse nos ver, mas sabia que aquilo era necessário.

Ele abraçou fortemente cada um, mas quando chegou a minha vez ele prolongou o abraço por mais um tempo e eu tive a impressão que ele não me soltaria mais, até que me afastou.

Nos viramos prontos para embarcar na trirreme e seguir viagem para um rumo incerto, mas ao chegar à escada de corda ouvimos um grito ao longe.

–Cup cakes!

O velho sátiro, treinador Hedge que nos acompanhara na missão dos sete, vinha subindo a colina com o seu antigo taco de beisebol em mãos, pensei que ele começaria a agitá-lo e gritar: MORRA! , mas ele disse apenas:

–Não pensaram que sairiam sem mim não é? Será como nos velhos tempos!