20 Dias Com Percy Jackson escrita por Lyna


Capítulo 16
Strange dream, was it real?


Notas iniciais do capítulo

Que tipo de pessoa posta um capítulo bem no último dia do ano sabendo que ninguém vai ler? Euzinha aqui ô! Mas okay, tudo bem, vou postar mesmo assim. Obrigada a todo mundo que vem acompanhando, comentando, favoritando, recomendando, e aos leitores fantasminhas também! Enfim, cara, 874 acessos! Obrigada de novo, obrigada meeeeesmo, mas vou parar de perturbar quem quer que esteja aí, boa leitura!!!



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Acordei parecendo um zumbi de tanto sono, como se eu tivesse acabado de sair do estúdio de maquiagem de The Walking Dead e estivesse ensaiando para a próxima cena. Sim, eu cheguei a esse ponto. Meus cabelos estavam presos em um coque mal feito, porque provavelmente ele seria confundido com um ninho e pássaros pousariam na minha cabeça de ele continuasse solto. Havia olheiras tão fundas debaixo dos meus olhos que me senti em um dos clipes da Lady Gaga, com a maquiagem de esqueleto e tudo. Levantei da cama me arrastando, vestindo uma pantufa com carinha de panda e colocando uma jaqueta confortável e casual qualquer por cima do meu pijama do Pikachu. Lembrem-me de nunca deixar Piper me ver assim. Comecei a andar em direção ao banheiro, com as costas tão curvadas que eu temia partir a mim mesma ao meio, e com um pouco de esforço consegui abrir a torneira e lavar o rosto. Fiz minha higiene matinal (é assim que se fala? Eu esqueci) e fui até a cozinha, ainda pensando no sonho estranho que tive aquela noite. Estranho e constrangedor, na verdade.

— É melhor eu ir embora, já está ficando tarde. — ele disse baixinho, ainda abraçado a mim. Me aconcheguei em seu pescoço, sentindo o cheiro de maresia que ele emanava e o abraçando mais forte. Tinha medo de ele ir embora, e quando eu acordasse de manhã tudo tivesse sido apenas um sonho, e eu não teria mais meu melhor amigo. Levantei o rosto, ficando a milímetros do dele.

— Você poderia dormir aqui essa noite. — engoli em seco, nervosa pela nossa proximidade. Já conseguia sentir sua respiração em minha boca, e tive a impressão de poder ouvir seus batimentos cardíacos, tão acelerados quanto os meus. — Quero dizer, se você quiser e... Não necessariamente aqui, na minha cama, eu quero dizer no sofá-cama da sala ou... — Percy arrumou o melhor jeito de me calar; Ele me beijou.

Preparei um sanduíche natural e comi lentamente, como se fizesse esforço pra não dormir em cima da comida. Troquei de roupa, ainda lenta como uma tartaruga, e vesti uma calça jeans azul escura, uma blusa branca solta sem estampa e por cima uma jaqueta antiga que eu tinha ganhando há alguns anos de Tyson, o irmão mais novo de Percy, que aliás era bilhões de vezes mais legal, gentil e inocente que ele; Antigamente, sentia que estava usando um vestido dez números maiores que o meu. Agora eram apenas três. A jaqueta era azul, com as mangas brancas e com um “T” estampado no peito, branco e contornado de azul e amarelo. É, era do time de futebol americano do colégio. Com muito, mas muito esforço mesmo, consegui desfazer os nós no meu cabelo, o prendendo em um rabo de cavalo logo em seguida. Calcei meu all star vermelho e branco, e fui em direção ao quarto de Piper, ver se ela ainda estava lá ­— Como se eu achasse que ela fosse fugir a qualquer momento, não sei, preparar uma fuga enquanto eu dormia. Eu definitivamente sou paranóica — e quando a encontrei dormindo calmamente, aconchegada na cama do quarto de hóspedes, minha vontade era de acariciar seus cabelos como fazia com Silena.

Balancei a cabeça negativamente, indo para a sala e me deparando com Percy. Ele dormia abraçando o próprio corpo no sofá-cama, encolhido, morrendo de frio. A besta aqui se esqueceu de dar um cobertor a ele e agora lá estava a criatura, tremendo e com os lábios roxos. E claro, não deixava de babar. Apesar de ainda estar um pouco constrangida devido ao sonho que tive, peguei uma coberta quente do meu quarto e o cobri, vendo o mesmo se apertar nela e a tremedeira parar um pouco. Por impulso, beijei-o na bochecha, sorrindo logo em seguida. Saí de casa e fui direto ao café de Silena.

No segundo seguinte senti suas mãos em minha cintura, e meus dedos foram parar em seus cabelos bagunçados, arranhando sua nuca e bagunçando ainda mais os fios. Os lábios de Perseu se movimentavam de forma lenta sobre os meus. Eles eram macios, aconchegantes e tinham gosto de cappuccino de chocolate com canela e hambúrguer. Senti-o morder e puxar de leve meu lábio inferior, me puxando para ainda mais perto em seguida. Era um beijo calmo, como se as dimensões de nossas bocas quisessem se conhecer aos poucos explorando uma a outra, não tínhamos pressa, era como se eu tivesse voltado no tempo do colegial; Éramos jovens, e tínhamos todo o tempo do mundo. Depois de algum tempo, o oxigênio faltou e eu e Percy ficamos praticamente abraçados, com as testas coladas e sentindo a respiração um do outro. Mas como sempre, a razão me dominou e eu me lembrei; Aquele era Percy Jackson, agora meu “novo-velho melhor amigo” Mordi os lábios, olhando para baixo com a expressão preocupada. Será que eu só sirvo para estragar tudo? Agora nem meu amigo ele poderia ser mais? Percy segurou meu queixo, levantando meu rosto e me obrigando a olhá-lo nos olhos. Ah não, os olhos não! Os olhos são covardia Perseu, isso não vale! E se não bastasse isso, ele começou a roçar seu nariz no meu de leve, depois foi para a bochecha e em seguida para o pescoço, onde senti ele respirar profundamente, me causando arrepios até não poder mais. Ele fez o mesmo trajeto voltando e sorriu, me abraçando tão forte que minhas costelas quase quebraram ao meio. Perseu começou a fazer carinha nos meus cabelos, e acabei adormecendo no seu colo.

Tudo continuava o mesmo; O movimento leve de manhã, o cheiro de café e doces caseiros emanando da cozinha, o aroma de flores que o lugar simplesmente tinha sem mais nem menos, e uma garota punk sentada na mesa mais afastada das outras pessoas, olhando a rua pela janela do café. Fui até Thalia com um sorriso no rosto. Sentia saudades dela e de sua esquisitice, por mais estranho que possa parecer.

— Oi Annie. — ela disse, sem dirigir o olhar para mim. Talvez pensasse que eu ainda estava chateada pelo que aconteceu naquela festa com o Luke e com o Nico. Veja bem: Eu não sou afim do Luke, ok que fomos namorados e tal, e é claro que eu queria continuar sendo amiga dele mesmo depois de tudo, até porque nós fomos melhores amigos antes de qualquer coisa; Eu apenas estava pensando em Nico. No colegial, ele teve uma fase em que... Bom, em que ele duvidava um pouco da própria sexualidade, e claro, o time de futebol ficou sabendo, as líderes de torcida ficaram sabendo, os nerds ficaram sabendo, a diretora ficou sabendo, eu mesma soube pelo meu professor de biologia! Então obviamente ele foi motivo de piada por um tempo e Thalia foi a primeira e defendê-lo quando isso aconteceu, e como ela é o tipo de garota que faz você chamar pela mamãe só com um olhar as pessoas não ousavam sequer olhar para o Nico quando ela estava por perto, o que fez que com eles estivessem quase sempre juntos. Claro que com o tempo ele ia acabar criando algum sentimento por ela.

— Oi cara de pinheiro. — falei depois de me sentar em frente a ela. Ficamos em silêncio por um tempo, até que aquilo começou a ficar desconfortável. Ia falar alguma coisa quando uma garota meio asiática de cabelos escuros cacheados, cheia de jóias e maquiagem perfeita parou em frente nossa mesa sorrindo. Eu já tinha a visto algumas vezes aqui no café, seu nome era Drew alguma coisa com ”T” e ela trabalhava com Silena. Pelo que a mesma me contou, Piper nunca se deu bom com a garota asiática, que apesar de linda, parecia fazer a falsidade escorrer pelo canto da boca.

— Vão querer comer ou beber algo? — perguntou “simpática” e Thalia bufou. Ela ia falar algo sem educação para a garota quando a cortei.

— Dois cappuccinos de chocolate com canela e um pedaço de bolo de morango, por favor. — a asiática sorriu novamente, voltando para a cozinha com os nossos pedidos.

— Não fui com a cara dela. — Thalia resmungou. Ri levemente. — Sua cara está horrível Annie.

— Eu sei, essas olheiras estão realmente fundas. — falei coçando os olhos. — Talvez seja por causa do sonho estranho que eu tive essa noite. — Thalia arqueou as sobrancelhas.

— Foi um sonho erótico ou... — arregalei os olhos.

— Claro que não! Também pode ser por causa do que aconteceu ontem. — ela deu um sorriso de lado.

— E o que aconteceu ontem Annie? — sua voz estava tão maliciosa que quase a joguei da janela do café.

— Eu e Percy, nós... — eu nem tinha terminado de falar e seu sorriso já estava de orelha a orelha. — Fizemos as pazes ontem. Somos amigos novamente agora. — A contei sobre as aulas de Artes Gerais, as musicas que eu ouvi sozinha e as que ouvi com Percy, a caixa com aquelas coisas que eu guardava desde a adolescência e que depois de vermos tudo dentro dela eu acabei dormindo abraçada a ele, que me colocou na cama e foi dormir no sofá. Então, ela começou a rir. Isso mesmo, ELA COMEÇOU A RIR! Calma Annabeth, calma, estresse dá rugas e já não bastam essas olheiras me fazendo parecer uma velhinha de oitenta anos. Bem, depois de ela devorar o bolo como se não houvesse amanhã, e de deixar a roupa toda babada de cappuccino, decidi ir pra casa. O que vocês querem que eu faça? Deixe uma adolescente irresponsável com um cara mais irresponsável ainda? Mas enfim... No caminho comecei a pensar em algumas coisas, como o fato de que hoje era 16 de dezembro, e eu não tinha idéia do que fazer para o Natal. Percy me convenceu a fazer algo como uma viagem, eu, ele, Grover e Piper, já que Rachel tinha um namorado misterioso com o qual passaria o natal, Silena e Charles estavam em algum canto do mundo fazendo sei lá o que, Nico iria passar os dias com a irmã Hazel (Sinto pena de Perséfone, duas vezes já), Thalia teria de ficar com Zeus e Jason e bom... Acho que Percy ficaria desconfortável se eu convidasse Luke, e eu também ficaria na verdade.

— Bom dia Sabidinha! — Cabeça de algas estava sorrindo de orelha a orelha, enquanto preparava uma omelete e... Por deuses, ele estava usando um avental de ursinho? Aquilo é meu? Não, provavelmente não, eu nunca cozinho.

— Acho que vou tirar uma foto sua assim, está uma gracinha. — falei rindo e me sentando. Piper apareceu do meu lado com um copo de suco de laranja e um prato, e logo em seguida Perseu colocou a omelete nele. Olhei torto para os dois, que sorriam pra mim como se estivessem agindo normalmente. — Ok, ou vocês fizeram alguma coisa, ou querem alguma coisa. O que é? — Piper e Percy começaram a falar juntos e tão rápido que não consegui assimilar nenhuma palavra dos dois. — Um de cada vez, por favor! — eles suspiraram.

— Vamos fazer uma viagem no Natal? Sim, vai! Diz que sim! — Piper implorava e Percy fazia cara de cachorro sem dono do meu lado.

— Eu, vocês e Grover? — Piper arregalou os olhos.

— Leo pode ir também? Charles vai passar o Natal com Silena na Austrália e o pai dele está construindo um projeto em outro país a mais de um mês! Tenho certeza que ele não vai parar agora! — Pelo menos ela não queria levar o namorado. E eu gostei de Leo, ele parece ser um elfo natalino bem legal.

— Tudo bem, mas pra onde vamos? — Percy sorriu, e eu soube pra onde ele queria nos levar. — E como vamos ir pra casa de praia do seu pai Cabeça de algas? E já pensou se eu vou ter tempo para escrever o livro?

— Só vamos pra lá na véspera de Natal Annie, e podemos pedir o carro de Nico emprestado, ou de algum outro amigo nosso. — ele disse revirando os olhos.

— Tudo bem então. Vamos passar o Natal lá. — falei suspirando.

Depois de comer a omelete e beber o suco de laranja, me sentei no sofá da sala, cansada. O que é que Perseu tinha feito com a minha vida? Não consigo dormir, não consigo trabalhar, não consigo escrever, não consigo ter idéias e não consigo nem mesmo pensar ou assimilar tudo o que vem acontecendo desde que ele veio pra cá.

— Está tudo bem com você Annie? Parece que viu uma aranha. — estremeci só de pensar na idéia.

— Só estou um pouco cansada. Tive um sonho estranho essa noite. — ele sorriu malicioso.

— Eu também tive um sonho estranho Annie. Ele parecia tão real que me perguntei se fora realmente uma ilusão. Mas sabe, por mais estranho e imprevisível que tenha sido nunca tive um sonho melhor na minha vida. Quer que eu te conte? — antes que eu pudesse falar algo, ele me interrompeu. — Não, acho que não vou precisar te contar. Você já sabe com o que eu sonhei, não é mesmo Annabeth Chase? — corei violentamente quando percebi o que ele queria dizer. Aquilo tudo tinha que ter sido um sonho, não, Perseu deveria estar falando de outra coisa. Não era possível que aquilo teria acontecido de verdade! Não, não, não, não e NÃO!


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Notas finais do capítulo

Alguém deu uma escapadinha dos parentes aí? OOOEEEE