A Inversão escrita por Christian Shurtugal


Capítulo 1
Mudança drástica do clima


Notas iniciais do capítulo

Já peço perdão pelos erros de ortografia. As vezes escrevemos com tanto fervor que nem percebemos os mínimos erros.
Espero que gostem do primeiro capítulo e postarei o próximo até Domingo.



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Minha mãe sempre me descreveu como um jovem muito impaciente, dizia que eu nem ao menos mastigava a comida antes de engolir, acarretando em um sobrepeso que superei ao entrar na fase da adolescência, tomando então um corpo levemente esportivo.

Acordava todos os dias da semana as seis da manha, exceto aos finais de semana. Sempre me preparava mentalmente para um dia estressante e cansativo. Cursava filosofia na mais bem prestigiada universidade da minha região. Passei noites acordado estudando para o dia do meu vestibular, dia difícil, pois a cidade recebia muitos vestibulandos atrás de seus sonhos acadêmicos.

Já estava no meu quarto ano de curso. Fui contratado por uma pequena biblioteca no centro da cidade, próxima a minha universidade, na qual era responsável pela organização de prateleiras e controle de entrada e saída de livros. Era um trabalho simples, mesmo eu sabendo que podia mais, afinal, todos sempre achamos que podemos mais. O mais engraçado eram as senhoras que me assediavam durante o meu horário de almoço, diziam que eu tinha os mais belos olhos da região (mesmo eu considerando castanho escuro extremamente comum), diziam também que eu os usava para atrair a atenção de possíveis contribuintes para a biblioteca.

Minha cidade, Fonou, é a segunda menor do estado de Carrotes, situado no hemisfério sul do planeta.
Naquela manha tudo estava repetitivo e comum, como todos os outros dias. Sai do estágio extremamente cansado, pois tinha ficado horas organizando um lote de livros que tinham sido entregues no começo da semana, todos relacionados à Arte da culinária, arte que não me agradava a não ser na hora de comer. Então, ao terminar, fechei a área e entreguei a chave ao responsável pelo horário. Não via a hora de chegar em minha casa.

Havia acabado de chegar do meu estágio e andava em direção ao meu quarto, quando:

-Will, a comida já esta pronta. – Minha mãe gritou, ela sempre gritava.

Era um jantar como qualquer outro, estávamos todos sentados á mesa, minha mãe falando sobre seu dia de trabalho enquanto todos concordavam com a cabeça. Eu não conseguia intender grande parte da conversa, estava sempre prestando atenção no meu celular. Millie, minha irmã mais nova, adorava reclamar sobre possíveis coisas pequenas na comida, e só comia quando meu pai a convencia de que havia tirado tudo.
Terminando minha refeição, levantei da mesa e fui para a sala onde meu tio Oscar estava assistindo a uma novela, a qual eu não conhecia.
Andei ate a janela e puxei um pouco da cortina.

- O céu esta um pouco diferente, não acha tio Oscar?
         - O céu sempre esta diferente, Will. – Respondeu sem dar muita atenção.

Ele tinha razão. O céu de uma noite nunca é igual à próxima, afinal, nuvens não seguem um padrão.

- Não tio, realmente esta diferente. Eu nunca vi coisas como essas entre as estrelas.
      -Onde garoto? Do que esta falando? – Perguntou olhando em direção a janela.
          -Veja. O que são aquelas coisas entre elas?
          -Um avião é claro, ou você não percebeu?

Olhei para ele com incredulidade, mas lembrei de seus problemas de visão. Certa vez perderá grande parte de seu rebanho, pois achou que os pontinhos pretos que andavam lá longe, no final da fazenda, eram apenas um bando de urubus.

-Claro tio, deve ser só um avião. - Falei com um tom de deboche.

Subi então para o meu quarto, passando antes pela cozinha e levando comigo um pouco da sobremesa que tinha sobrado do jantar.
Tomei um breve banho e me deitei, com meu livro é claro. Gostava de ler, achava um ótimo passatempo e desde que começará, minha escrita havia melhorado bastante.
         Pelo menos foi o que Anne Mervik falava. Conheci Anne á 9 anos, quando a garota, extremamente tímida, mudará para uma casa bem próxima á minha e desde então a considero uma ótima amiga. Mesmo nos dias de “TPM”.

Quando concluí que já estava satisfeito com a quantidade de páginas lidas naquela noite, desliguei o abajur e encostei a cabeça no travesseiro.

Acordei no meio da noite, levantei e projetei a luz do celular para encontrar o interruptor e acender a luz. Nada aconteceu. Tentei de novo e novamente nada. Abri a porta e andei pelo corredor, a luz também não funcionava, e conclui então, que havia acontecido uma queda de energia. Desci para a sala, utilizando ainda a luz do celular e tomando muito cuidado para não cair. Antes mesmo de chegar ao final da escada, reparei que na sala luzes brincavam no ambiente, no momento tive um pouco de medo, mas não deixei de seguir o caminho e chegando à entrada da sala percebi que as luzes vinham da janela que estava com as cortinas totalmente puxadas. Minha mãe costumava deixar as cortinas assim quando a lua estava cheia, falava que a sala ganhava um toque elegante.

-Minha mãe não bate bem da cabeça- Disse em voz baixa.

Andei até a janela e quando olhei para o céu, percebi que as luzes haviam ficado mais fortes, tornando-se pequenas auroras boreais.

-O que são essas coisas?- Perguntei a mim mesmo, sem entender o que estava acontecendo.

Não era normal haver auroras boreais no local onde eu morava, eu nem sequer sabia o que era uma aurora boreal, só as vira em filmes.

Cheguei á janela e toquei o vidro, estava gelado o suficiente para eu não aguentar com o toque por míseros segundos. Aquilo realmente era estranho, e por pura curiosidade, abri a janela. No mesmo momento, um vento frio entrou, forçando-me a cobrir o rosto. Meu corpo começou a tremer, o frio era insuportável. Na tentativa de para com a tremedeira, corri para fechar a janela, puxando um lado dos quais eu havia aberto e assim bloqueando a passagem do vento. Parei, e fiquei olhando para minhas mãos, ofegante pelo susto. Percebi que todo meu bairro estava sem energia, até mesmo a torre de controle da radio, que possuía geradores.

Peguei meu celular para ligar para Anne, ela talvez soubesse me explicar o que estava acontecendo. Sem sucesso. Meu celular estava sem sinal. Tentei fazer a ligação pelo telefone da sala, o que não foi possível, pois a linha não estava funcionando. 

Corri para o meu quarto, peguei um agasalho e fui em direção à porta da rua. Tudo aquilo estava me deixando apreensivo e precisava saber o que estava acontecendo. Ao sair na rua, me dei conta que a quantidade de roupas que havia pegado não era suficiente. O frio me fez contraria o corpo e cruzar meus braços sobre o peito. Procurei na rua e não vi ninguém, nem mesmo os cachorros que não nos deixavam dormir com suas brigas rotineiras.

Andei em direção à casa de Anne, pensando em uma possível explicação para bater a essa hora em sua porta. Ao aparecer na frente da casa, percebi que Anne me observava pela janela e saiu correndo, creio que para abrir a porta. Fui ate a entrada da casa e quando ia tocar a campainha, a porta se abriu. Anne estava devidamente agasalhada, e então, percebi que não era o único que havia percebido o estranho clima.

-Vamos, entre. - Disse Anne, com pressa na voz.

Não esperei pedir duas vezes e entrei. O interior da casa era muito bonito, a mobília extremamente cuidada, sempre limpa, característica da família da garota, os Mervik.
A garota tinha os olhos rodeados por olheiras, conclui então que não havia dormido aquela noite, isso eu tinha certeza. Ela tinha o rosto mais liso e elegante que eu conhecia e qualquer mudança repentina era de fácil percepção.

- Então não sou o único que notou a diferença drástica de temperatura. - Falei com um tom de alivio na voz.

-Isso não é normal, Will. Vamos, sente-se, irei pegar um pouco de chocolate quente para nós. - Estava com um roupão na altura dos joelhos com as pernas cobertas por uma calça de lã. O cabelo curto, cortado por ela mesma, dava uma ideia de desleixo. Mas a garota ainda era bela, isso eu tinha certeza, ainda mais quando andávamos juntos no intervalo da universidade, os rapazes e ate algumas garotas a seguiam com os olhos. Sempre tirava sarro da situação, mesmo ela não dando muita importância.

Anne retornou da cozinha e sentou-se na poltrona ao lado da minha e entregou-me a caneca que estava quente.

-Percebeu algo diferente no céu? –Perguntei olhando para a janela ao lado da porta.

-As linhas ? Sim, assim como muitos outros. Estava na internet, pessoas de todas as partes do planeta viram as luzes, más nenhuma informação oficial havia sido publicada. Não até poucos minutos antes da queda repentina de energia.

-E o que era então? –Eu nem mesmo havia tomado um gole do, estava muito ocupado prestando atenção em cada fato que a garota me passava.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram ? Comentários são muito bem vindos, pois irão me ajudar a estruturar a história.