11ª Geração - Saga Jigoku escrita por Tsuki_no_Hika


Capítulo 9
Inimigos reais




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Mais um dia normal começava na escola Naminori. As gêmeas ficavam brincando com a mente da professora que dava aula, confundindo essa no meio das explicações e Maya rabiscava na carteira. Na outra sala, Ran estava focada nas lições, enquanto Miu olhava com cara séria para o professor. Oda já estava dormindo, Stevan lia outro livro gigantesco e Ken, para variar, estava atrasado.

                Não que Tessei quisesse assistir às aulas, mas sabia que, se matasse mais aula do que já tinha matado naquela semana, Reborn iria ficar incomodando. Ou pior, não iria mais ajudá-lo com sua vingança. Então teria que entrar naquela aula. O problema era como fazer isso, uma vez que o professor não deixava ninguém entrar na sala depois que o sinal tinha tocado. Bom, havia uma alternativa, mas não tinha a menor noção se aquilo daria certo ou não.

                Pouco tempo depois, dentro da sala 3-3, enquanto o professor estava virado para o quadro, Stevan abriu a janela do seu lado sem tirar os olhos do livro. Nisso, Ken pulou pela janela, caindo sentado em sua carteira. Um fio de baba caiu no braço de Oda, fazendo com que ele acordasse no mesmo momento em que Tessei entrou na sala.

                - Bom dia, cara – Oda disse meio sonolento ainda e voltou a dormir.

                - Bom dia – Ken respondeu.

                O professor, quando virou para continuar a explicação para a sala, notou que algo estava diferente ali. Olhou bem para Ken. Esse apenas deu um sorrisinho simpático -ou não- para aquele que o encarava.

                - Há quanto tempo você está ai, garoto? – o professor achou muito estranho, afinal, não tinha visto Ken no começo da aula.

                - Defina “quanto tempo” – o rapaz respondeu da maneira mais socrática possível, deixando o outro sem argumentação.

                Com cara de confuso, o didata olhou para o rapaz e perguntou:

                - Por onde você entrou?

                - Já que não ia poder entrar pela porta, entrei pela janela, por onde mais seria? – Ken falava como se aquilo fosse óbvio.

                - Pare de brincar comigo, rapaz! – o professor achava que estava sendo zoado.

                - Mas é sério – uma garota aleatória, com expressões assustadas, que sentava ao lado de Ken, entrou no meio da conversa – eu vi quando ele entrou na sala....

                O resto das pessoas se entreolhava. Como ele teria entrado pela janela se a sala era no segundo andar?! Bom, a dúvida ficou no ar, Oda continuou dormindo, Stevan terminou aquele livro e já pegava outro e Ken olhava para fora, como sempre fazia nas aulas. 

                Na saída das aulas, Ken, Oda e Stevan, como de costume, saíram direto para o quartel general. As gêmeas, que seguiam para o outro lado, encontraram um rapaz um tanto quanto misterioso no caminho para a típica loja de conveniências.

                Era um rapaz um pouco mais velho que elas, que fazia malabarismo com duas facas enquanto andava na direção contrária a delas. Tinha alargadores em ambas as orelhas e tinha um cigarro escuro entre os lábios. Ele passou lentamente por elas, olhando-as cuidadosamente. Amarantha, em defesa da irmã, se pôs a frente dela e saíram andando mais rápido.

                O motivo de tanto mistério e precaução? Era uma das primeiras pessoas que Amarilis conhecia que não conseguira ler a mente. E como as mentes delas eram conectadas, Amarantha já saiu em defesa da outra.

                - Isso não parece ser cosia boa, mana – Amarantha disse receosa.

                - Não tenho um bom pressentimento com relação a isso – Amarilis sentia calafrios enquanto falava.

                O estranho, agora a quadras das guardiãs Vongola, pegou seu celular e discou para um número qualquer:

                - São elas, não são?

                - Exatamente – disse um homem do outro lado da linha – bom, você já sabe o que fazer, certo?

                - Com certeza, chefe – disse ele, desligando o celular.

                Deu uma última tragada no seu cigarro, jogou-o no chão e disse para si mesmo:

                - Prepare-se, Vongola. Aqui vou eu!

                No dia seguinte, Amarilis andava sozinha rumo ao colégio. Não, sua irmã não a acompanhava desta vez, afinal, Amarantha tinha crises mensais de cólicas que não permitiam que ela saísse da cama.

                Em um cruzamento qualquer a gêmea solitária encontrou Ran e Stevan, esse vinha do sul enquanto aquela, do norte.

                - Ohayou!! – Ran disse animada.

                A guardiã do Sol já tratava os demais guardiões sem medo. Principalmente Amarilis, Amarantha e Miu, com as quais conseguiu se abrir mais e falar um pouco de seus traumas.

                Stevan apenas olhou para elas e fez um leve cumprimento com a cabeça. Ele já estava um pouco mais próximo de Ken e Oda, uma vez que estava na sala dos mesmos. Mas não que isso mudasse muita coisa. O guardião da Tempestade ainda era muito misterioso para seus companheiros, sempre quieto, afundado nos seus livros ou no seu treinamento.

                - Bom dia – disse Amarilis meio aérea.

                E os três, por pura coincidência do destino, começaram a rumar para a escola juntos. Stevan continuava quieto, perdido em seus pensamentos. Ran começou com um monólogo qualquer que a princípio irritou os outros dois, mas com o caminhar aquilo foi se tornando quase que uma música de fundo, baixinha e que combinava com o ambiente. Amarilis apenas andava e olhava para o céu. A névoa da manhã tomava conta da paisagem, porém o sol já nascia, dissipando as gotículas de água suspensas no ar.

                A norueguesa ainda estava meio impressionada com o rapaz do dia anterior. Ela pensava e pensava no que poderia ter acontecido pra não conseguir ler a mente do estranho: uma barreira muito forte? Um controle mental poderoso? Ela não sabia... só sabia que, se tivesse que enfrentá-lo, seria um problema, afinal, pessoas de mente muito forte são pouco suscetíveis a ilusões.

                - O que houve?  - Ran acabou com seus devaneios – Você está estranha... – a voz da mais nova era preocupada.

                - Hã? – Amarilis saía de seu mundo paralelo de pensamentos e voltava a Terra – Ah! Não, nada não.

                - Mesmo? – Ran era insistente – Você ia até passar reto pelo portão – Ran disse, apontando para o portão do colégio e para a direção que Amarilis ainda andava. Elas faziam 90 graus entre si.

                A gêmea sacudiu a cabeça, como se quisesse dissipar os pensamentos ruins. Quando já estava mais sã, olhou ao redor e, ao invés de ver Ran e Stevan, viu apenas a garota.

                - Cadê o Stevan? – Amarilis perguntou.

                - Não sei – a outra disse com cara de distraída – ele sumiu faz algum tempo.

                - Bom, tanto faz...

                O sinal bateu e elas ainda nem tinham trocado seus sapatos.

                - O sinal! – Ran gritou – Vamos perder a primeira aula! Não!! – e saiu correndo para a sala.

                Sim, ela era uma viciada em aulas, não podia perder uma sequer.

                Amarilis ignorou completamente o sinal. Trocou o calçado lentamente e subiu no mesmo ritmo as escadas até o último andar. Chegou ao terraço e olhou novamente o céu daquela manhã. Sentou-se no chão e ali ficou, divagando em mundos paralelos da mente.    

                De repente sentiu um arrepio.

                Virou rapidamente para trás e viu um vulto se esconder atrás da porta que levava para o andar inferior. Aquela sensação de ter alguém ali e não poder ler a mente dessa, invadiu o corpo e a mente da guardiã da Névoa. Aquilo realmente não era nada agradável, afinal Amarilis sempre lera a mente alheia, desde que se conhecia por gente.

                Uma rajada de vento veio e com ela trouxe um cheiro conhecido de cigarro, aquele mesmo cheiro que tinha sentido no final de tarde do dia anterior.

                O sinal para a segunda aula tocou e mais uma vez foi ignorado pela guardiã. Nenhum dos dois se mexia, nem o vulto, nem ela. Os segundos passavam e Amarilis ficava cada vez mais tensa. Estava quase que desarmada e, para piorar tudo, estava sem sua irmã, que sempre fora seu maior apoio nos melhores e piores momentos.

                Ela respirava de forma pesada, seus pulmões pareciam não encher do ar necessário. Sua mente estava começando a entrar em desespero, ela não sabia o que fazer. O medo do desconhecido a encontrava pela primeira vez.

                Mas não durou muito tempo. Um som de vidro sendo quebrado trouxe a mente dela para longe daquela sensação horrível e nova para ela.

                - Que porra é essa? – Amarilis ouviu uma voz conhecida gritando pelos corredores.

                - Kakimo! – agora outra voz gritava. Mas esta não era conhecida – Quer fazer o favor de parar de fumar e me ajudar logo?

                - Opa! Mal, me distrai! – o vulto atrás da porta finalmente se revelou. Era sim o mesmo rapaz do dia anterior.

                Ele olhou por um longo momento para Amarilis e disse, baixo o suficiente para ela não ouvir:

                - Realmente, você é mais bonita que a sua irmã – e com um sorriso estranho no rosto saiu correndo escadas abaixo.

                Amarilis ficou paralisada. Não tinha noção do que estava acontecendo e tinha menos noção ainda do que fazer.

                No andar de baixo o rapaz que havia gritado antes estava encarando Maya. Era alto, de feições alemãs. Portava uma caneta tinteira e mais nada.

                - Que cara é esse? – Oda chegou correndo a parte do corredor onde havia os vidros quebrados e Maya encarando o estranho.

                - Não tenho a menor noção! – ela disse confusa – só sei que é um aluno novo que sentou do meu lado e me chamou pra conversar no intervalo de aulas!

                - Cavalonni – Ken surgiu poucos segundos depois de Oda. – o que estão fazendo aqui?

                Sim, os dois eram membros da família Cavalonni, amiga e parceira da família Vongola.

                - Olha só! – disse Kakimo pulando das escadas para o lado de seu companheiro alemão – se não é o novo chefe da Vongola!

                - Não perca o foco! – o companheiro falou – sabe que hoje não estamos atrás dele. E cadê a sua presa?

                - Droga! – ele disse batendo com a mão em sua própria testa – esqueci que as gêmeas eram minhas. Só um minuto – disse ele voltando-se para as escadas – já vou buscá-la – e com um salto sumiu da vista de todos.

                - Que porra tá acontecendo aqui?  - Stevan já estava irritado – Você os conhece? – ele perguntou àquele que reconhecera os inimigos.

                - Não que eu os conheça pessoalmente – Ken respondeu – mas sei muito bem de onde vêm... – mas ele estava levemente pensativo. Não tinha sentido a Cavalonni, família amiga e tão próxima da Vongola, estar atacando agora. Bom, devia ter mudado a regência, os membros se revoltaram, é, devia ser isso.

                - Não importa – Stevan falou curto e grosso – se está atacando, podemos atacar também! – e se preparou para investir sobre o inimigo a sua frente.

                Mas o outro fora mais rápido. Levantou rapidamente a caneta tinteira que portava e escreveu com letras de sangue, no ar, a palavra Fly. Logo em seguida desenhou duas flechas, uma apontando para cima e outra, logo em seguida, que traçava uma trajetória em diagonal que passava pela janela quebrada e ia para o pátio interno do colégio.

                 Partir disso tudo aconteceu mais rápido ainda. Maya, que estava com seu braço sangrando por conta de um ferimento que recebera na hora da quebra da janela, simplesmente começou a flutuar e seu corpo, sem sua vontade, fez exatamente a mesma trajetória das flechas que a pouco haviam sido desenhadas no ar.

                Stevan mal tinha dado três passos nesse meio tempo do ataque. A única coisa que os demais guardiões conseguiram fazer era olhar para a companheira voando, na iminência de cair do segundo andar.

                A mente de Maya estava a mil. Ela pensava em tudo e ao mesmo tempo em nada. Ela estava voando, ou melhor, sendo jogada, preste a se esborrachar no concreto. Não sabia o que fazer, não tinha a menor noção do que fazer. E sua mente ainda brincava com ela. Ao invés de pensar em maneiras de sair daquela situação e se salvar, a única coisa que veio à sua mente fora as imagens remotas de sua infância: o rosto de sua mãe, de seu irmão, a casa onde moravam. Até pequenos flashes de memória que continham seu pai apareceram em sua mente. Outras imagens vieram, mas essas eram mais recentes. Eram imagens do tiozão indo buscá-la em sua casa em Liverpool, de quando conheceu todas aquelas pessoas estranhas. E, incrivelmente, ela se sentia triste em ter que deixar tudo isso para trás e morrer ali. Aquilo era estranho, pois nunca quisera conhecer ninguém tão bem como aquelas pessoas que acabara de encontrar e que tinha começado a conviver há poucas semanas atrás.

                Ainda não quero morrer!  - gritava uma voz dentro da mente dela.

                Entretanto ela não sabia que fazer para não morrer ali. Não tinha a menor noção! E aquilo começou a deixá-la desesperada, afinal, ela quase sempre tinha controle da situação e, mesmo quando não tinha, conseguia achar uma saída fácil. Mas, com certeza, aquele não era o caso.

                Eu não quero morrer! Não aqui! Não agora!

                Era a primeira vez em toda sua vida que ela dava tanto valor a própria vida. Então algo estranho aconteceu. Algo que ela já havia visto antes. O anel de noivado de sua mãe que ela usava em seu dedo médio começou a brilhar. Como se das esmeraldas nele começasse a sair uma chama de mesma cor das pedras. Um clarão tão forte se fez que os outros tiveram que fechar os olhos para não saírem com os cegos pelo flash.

                Quando o clarão passou, Maya sentiu uma sensação confortável e conhecida. Algo grande e peludo a impediu de cair no chão.

                - Kuma! – ela exclamou quando notou que seu urso aparecera do nada.

                Ele olhou para ela de uma maneira carinhosa, até protetora. Um olhar que muito lembrava o de seu irmão Ty. Aquilo a deixou mais aliviada, afinal estava viva! E, de uma maneira estranha, mais forte.

                - Desce aqui seu moleque do caralho! – ela gritou.

                - E você vai fazer o quê, posso saber? – ele disse com um sorriso irônico no rosto – vai jogar esse urso estranho em cima de mim? – e deu uma risada.

                Sua expressão não mudou, mas por dentro ela começara a ficar pensativa. Certo, o Kuma estava com ela, mas só! Não sabia o que ele podia fazer pra ajudar mais ainda naquela situação.

                Foi então que o urso de olhos verdes cutucou a “dona”. Maya olhou confusa para ele, ele simplesmente levantou e dobrou os antebraços, fazendo com que eles ficassem em uma altura pouco abaixo do queixo. Então, jogou-os rapidamente para o lado do corpo e com isso suas garras ficaram envoltas por eletricidade, como se fossem pequenos relâmpagos que dali saíam.

                - Mas como você quer que eu faça isso se nem unha eu tenho! – ela disse com um ar entre o deboche e o desespero, mostrando as mãos com as unhas curtíssimas.

                Kuma apenas assentiu com a cabeça, como se dissesse: “Não tem importância ter unha ou não, apenas faça que vai dar certo”.         

                Maya, ainda meio confusa, imitou os gestos de seu animal. Realmente, ela não precisava de unhas, pois os pequenos relâmpagos simulavam garras que pareciam tão afiadas e penetrantes quanto as de Kuma.

                Ela levantou a mão e olhou satisfeita para suas novas “garras postiças”. Então levantou a cabeça e olhou novamente para aquele que a atacara e disse:

                - Se preferir eu jogo o urso em você, – ela disse com um sorriso irônico – ou isso. – ela disse mostrando suas garras de eletricidade, como se elas crescessem com a vontade de sua portadora.

                O “moleque” olhou para ela com olhos ligeiramente preocupados, mas um sorriso de satisfação se fazia em seu rosto.

                - Agora sim – ele disse ao pegar outra caneta do bolso – uma luta de verdade.

                Escreveu com a segunda caneta no ar a palavra Float e seu corpo começou a flutuar. Passou pela janela quebrada e aterrissou suavemente no chão, metros a frente de Maya.  

                Ken e Stevan se olharam confusos. Por que eles não eram atacados? Isso não parecia ser um problema no momento. Maya estava ali, com um sorriso sádico nos lábios, como se sua maior vontade naquele momento fosse testar aquelas garras bizarras e novas.

                A guardiã do Trovão foi quem avançou por primeiro. Mas acabou sendo um ataque frustrado, como o de Stevan poucos minutos atrás.

                Sim, outra pessoa estava sendo jogada, mas não mais do segundo andar, e sim do terraço. Amarilis estava com uma parte de seu uniforme rasgado e em seu rosto a expressão de dor era mais do que visível.

                Dessa vez não tinha como Kuma ajudar, afinal, ela estava para cair sobre as árvores altas do pátio interno. Agora parecia que Amarilis era quem não tinha salvação.

                Maya parou em meio de sua investida e olhou para a amiga que caía. Imaginou se Amarilis pensava como ela mesma há poucos instantes atrás. Mas não sabia se Amarilis sairia viva. Aquilo a deixou novamente com o coração apertado.

                No corredor com a janela quebrada era possível ver a gêmea caindo. Todos os demais guardiões sentiram a mesma sensação em seus peitos. Ran olhava incrédula, queria mexer seu corpo e ajuda-la, porém os músculos dela não respondiam. Simplesmente não obedeciam.

                Ken sentiu, pela primeira vez, a responsabilidade de um líder. Com Maya, de alguma maneira, sabia que ela ficaria bem. Porém com Amarilis, não. Sua cabeça começou a latejar, uma dor horrível. Sabia que deveria fazer algo, mas não sabia o que. E ele sabia que, se não fizesse alguma coisa, e rápido, Amarilis sofreria sérias consequências.

                Miu, que estava mais ao canto, olhou para a companheira que caía. Então olhou rapidamente para Maya e viu o anel desta brilhando. Com a mesma rapidez olhou para um anel que estava em sua mão, um anel prateado com uma pedra roxa sobre ele. Seus pensamentos foram levados para aquela mesma manhã, só que no seu quarto.

                A cena de levantar logo cedo se repetiu em questão de milésimos. Olhar para o criado-mudo e ver uma pequena caixinha também roxa e o anel ao lado dela. Então se lembrou de como o anel de Maya brilhou, da chama que parecia sair dele. Talvez aquilo tivesse alguma lógica... ou não. Independente de onde tivera vindo aquela caixa estranha e aquele anel, Miu tinha que tentar. Quem sabe daria certo...

                A guardiã da Nuvem olhou para o anel fixamente, como se assim as chamas fossem sair dele. Mas elas não saíam. O tempo parecia correr em câmera lenta para Miu, não que isso fosse bom, pois seu próprio corpo parecia mais lento. Quanto mais ela demorava, mais próximo do chão o corpo de Amarilis ficava.

                Todos olhavam para a que caia, como se tivessem a obrigação de ajudar a amiga, mas não sabiam o que fazer. Foi então que Miu, com muito esforço, conseguiu projetar uma pequena e trêmula chama sobre a pedra do anel. Com um gesto rápido e inconsciente pegou a pequenina caixinha do bolso do casaco e colocou a chama no orifício negro que havia nela.

                Nisso ela se abriu e dali saiu algo que parecia uma nuvem roxa. Mas não era.

                Um amontoado de borboletas envolto pela chama da guardiã voou rapidamente em direção àquela que caia e se colocou entre ela e o chão, amortecendo a queda da guardiã da Névoa.

                Uma sensação de alívio invadiu o corpo de todos. Menos de Amarilis, afinal ela já estava inconsciente fazia algum tempo. Logo que o corpo desacordado pousou levemente no chão, as borboletas foram sumindo, como uma nuvem que acaba de chover e volta a ser apenas um pequeno e imperceptível ponto branco no céu. Foram sumindo até que sobrou somente uma delas, que voltou voando torto para dentro da caixa.

                Todos se olharam meio confusos, mas felizes já que Amarilis estava salva.

                Mas a atenção deles logo foi focada em outra pessoa: Kakimo simplesmente estava pulando do terraço, em direção a Amarilis. Como se estivesse pulando de uma altura menor de um metro, ele aterrissou com classe ao lado da nocauteada.

                - Desculpa – ele disse baixinho, para apenas ela “escutar” – não era pra te machucar tanto assim... – e virando as costas para ela se aproximou de seu companheiro.

                - Acho que já acabamos por aqui – o outro disse – Vamos.

                E simplesmente deram as costas e foram se retirando do local. 

                Mas Stevan fora mais rápido. Com agilidade pulou pela janela quebrada e se pôs no caminho que os inimigos tomavam.

                - Não achem que vão sair dessa fácil. – ele disse se colocando em posição de ataque.

                - Nós não achamos – disse Kakimo se colocando a frente do companheiro – temos certeza. – e antes mesmo de terminar a frase já estava projetando um soco na boca do estômago de Stevan – Se prepare, pois com esse soco eu quebro até ossos! – disse vanglorioso.

                Mas Stevan mal se moveu. Apenas desviou o ataque com a mão direita, empurrando-o para o lado esquerdo.

                - Pode até quebrar ossos, mas não vale de nada se não acertar o oponente! – Stevan disse, acabando com a moral do adversário.

                Kakimo fez um biquinho, como se dissesse “Que droga” com uma vozinha estranha e fofa.     

                - Pare de brincar e vamos logo para casa – o outro disse.

                - Eu já tinha dito, não vão achando que vão sair dessa tão fácil – e com isso Stevan chutou com força a cabeça de Kakimo.               Esse cambaleou para o lado, colocando a mão no lado que tinha sido acertado.

                - Ah, é assim? – o acertado logo se recuperou – se é pra brincar sério, então vamos brincar! – e assim sumiu do campo de visão de Stevan. Esse ficou confuso por um instante, mas essa sensação logo passou. Não que tenha sido de muito efeito.

                Stevan apenas sentiu uma pancada em sua nuca e então mais nada. Caiu no chão, desacordo. Kakimo estava atrás dele, com sua mão em forma de faca. Um ataque certeiro em um ponto crítico era o necessário para deixar o adversário desacordado.

                Kakimo e o outro simplesmente deram as costas e sumiram para além dos muros do colégio. Stevan e Amarilis, cada um em um canto, estavam desmaiados. As garras de Maya já haviam desaparecido, assim como Kuma. Miu olhava assustada para o anel e ainda não estava acreditando no que tinha feito. Ran estava de joelhos no chão, como se suas forças a tivessem abandonado e Ken mordia os lábios com tal força e seu sangue quente começou a escorrer pelo queixo.

                Oda parecia ser o mais calmo ali. Ele simplesmente colocou a mão no ombro de Ken e disse, olhando para os demais:

                - Acho que precisamos conversar. Vamos para o terraço.          


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