Formaturas escrita por Hiranyakashipu


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Se você está no seu último ano do colégio, sei que me entenderá melhor do qualquer um. Se não estiver, ria muito e se lembre dessas palavras quando for a sua vez



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Nunca entendi as formaturas. Talvez elas também não me entendam. Em especial a do ensino médio. A do “terceirão”.

 

Desde que entramos no colégio aprendemos que devemos estudar para “sermos alguém”. Essa explicação cola até mais ou menos a quarta/quinta série. É aí que descobrimos que estudamos, não para a vida como nos foi ensinado, mas sim para conseguirmos notas boas nas provas, que vão se acumulando ao longo do ano resultando no temido “boletim”, e agradarmos nossos pais.

 

Lá pela sexta série, para alguns, estudar vira um empreendimento. Rasgue esta folha quem nunca ganhou cinco pratas por ter uma quantidade “x” de notas dez no boletim. Eu ganhava. Entretanto, como tudo que é bom acaba, mata, engorda ou engravida, da sétima até a oitava série, temos a “obrigação” de estudar. Acaba a negociação.

 

Primeiro ano: Calouro. As frases mais marcantes dessa fase, me lembro até hoje, são:

 

1- “Vai na festa?” - Seu amigo, referindo – se às milhares de festas de quinze anos;

 

2- “Pegô ela?” – Seu amigo, referindo - se à menina que você ficou azarando a festa toda e, é claro, não pegou;

 

3- “Você tem duas opções, estudar, dessa maneira valorizando o dinheiro que seus pais gastam com o colégio, ou não. E você sabe o que essa última opção irá acarretar. R-E-P-R-O-V-A-Ç-Ã-O!” – Sua professora regente, referindo – se ao seu desempenho escolar;

 

4- “Prof., cê me dá um décimo?” Você no último bimestre;

 

Segundo ano. Você descobre que sim, a vida é injusta. Você irá estudar um bocado, mas certas coisas simplesmente não há como aprender. Química orgânica é uma delas. Química não – orgânica, é outra.

 

Terceiro ano. Você está maduro. Ao menos deveria. Você sabe para que estudou até hoje. Finalmente. O mistério, solucionado. Agora está claro. Tudo até hoje foi uma preparação para algo maior. Passar no vestibular. Dez vagas. Trocentos candidatos querendo a sua vaga. Mas ela é sua. Você estuda. Com afinco. Arrasa no colégio. Perde a vida social, não que tivesse alguma. Dá o sangue, arranca o couro, vende a Alma para ele.

 

Mas tudo vale a pena. Você passa no vestibular. E qual sua surpresa, quando no dia da sua formatura, ver que você estava errado. Total e completamente errado. O motivo por trás de todo seu estudo, não é ganhar parabéns, ser um empreendedor, agradar seus velhos, ou passar no vestibular.

 

O verdadeiro objetivo disso tudo, é caminhar até uma mesa quando seu nome for anunciado no microfone, abraçar quem estiver segurando o microfone, esticar a mão e receber um tubinho.

 

Dentro do tal tubinho, há um certificado dizendo em letras amigáveis e garrafais: “CONGRATULAMOS!”, ou, “APROVADO!”, ainda, “OBRIGADO PELOS ANOS DE MENSALIDADE PAGOS, ATÉ LOGO!”. Sim. Todos esses anos de trabalho árduo resumidos num tubinho de papelão.

 

Você sabe. Todos sabem. A vida começa agora. Você estará sozinho num mundo selvagem, cheio de perigos e fast – foods. Poucos sobreviverão. Talvez você seja um deles. Talvez não. Mas nada disso importa mais. Você tem seu tubinho. Aplausos.


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Notas finais do capítulo

E aí, rasga ou deixa ?