P!nk - Try

Depois deu ter visto o vídeo que Gabe me deu, eu surtei, taquei varias coisas no Travis e sai de lá. Voltei pra casa da minha tia, não demorou muito para todos ficarem sabendo do tal vídeo, eu queria dizer minha opinião sobre isso, queria defender a Nanda, mas não tinha se quer disposição de levantar da cama.

Uma semana havia se passado, eu não estava indo para escola – Tia Patty preferiu não insistir para eu ir também – Math e Nanda terminaram, ele não conseguiu aceitar o fato dela ter escondido isso dele, eu entendo ele, mas acima de tudo entendo a Nanda, os motivos que a levaram a esconder isso. Não a julgo, e torço para que eles voltem, eu vejo o quanto Math está sofrendo com o fim do relacionamento.

Estava deitada na cama, quando Lucas e Pietra entraram.

Pietra: Por quanto tempo mais você pretende ficar aqui? – perguntou se sentando no puff ao lado da janela.

Juliana: Não sei. Talvez tempo o suficiente pra desaparecer. – dei de ombro.

Lucas: Quanto drama, Jú – revirou os olhos e se sentou ao meu lado. Coloquei minha cabeça nas suas pernas e ele fez cafuné no meu cabelo.

Juliana: Drama pra você, que não é a Yoko da escola. – disse o encarado séria e os dois riram. – Qual a graça?

Pietra: Mesmo deprimida consegue ser irônica, não é?

Juliana: Fazer o que né. Nasci assim. – sorri.

Lucas: Aê – comemorou.

Juliana: Bebeu? – perguntei assustada e ele riu.

Lucas: Você sorriu, depois de uma semana inteira só chorando... Finalmente sorriu. – ele me abraçou.

Juliana: Talvez eu esteja superando.

Pietra: Isso é ótimo. E sabe o que é melhor ainda? – perguntou indo até meu closet.

Juliana: O quê?

Pietra: Superar em grande estilo – tirou uma roupa do meu closet e jogou em cima da cama.

Juliana: Como é?

Pietra: Vamos fazer compras, você precisa de coisas novas e eu também. Depois passamos no salão, para mudar o visual, já enjoei do meu cabelo – falou passando a mão no mesmo.

Juliana: Ah não. Estou bem aqui. – falei puxando o cobertor para o meu rosto.

Lucas: Ela ta certa Jú, ta na hora de você superar isso de uma vez.

Pietra: Tem mais, a Nanda vai com a gente.

Apesar da Nanda e do Math terem terminado, todos a perdoaram. Não tínhamos motivos para não perdoá-la, afinal, não foi ela quem planejou o seqüestro e sim o diabo do irmão dela.

Juliana: Ela vai? – perguntei surpresa, já que a Nanda parecia estar pior do que eu, com o termino do namoro.

Pietra: Bom... Se você for, tenho certeza que ela vai.

Juliana: Sinto informar que eu não vou.

Pietra: Jú, Por favor! – implorou fazendo carinha de cachorro sem dono e eu suspirei, ela me convencia das coisas tão fácil.

Juliana: Tudo bem – bufei.

Lucas: Vamos deixar você se arrumar. – ele disse se levantando.

Juliana: Vocês deveriam é ir já convencendo a Nanda, aposto que vai ser bem mais difícil. – avisei me levantando.

Pietra: Verdade. Boa idéia. – ela estava na porta já – Nos vemos daqui meia hora, beijos.

Ela falou e os dois saíram do quarto, suspirei e arrumei minha cama, depois fui para o banheiro e tomei um banho rápido. Vesti uma regata branca e um short não muito curto. Prendi meu cabelo em um coque de cavalo e me sentei na janela junto com meu diário, olhei pra frente e vi que a janela de Travis estava aberta, provavelmente ele estava em cama, suspirei e abri meu diário.

Querido diário,

Depois que Josh se foi, eu achei que nada mais poderia me machucar tanto. Mas reparei que estava enganada, a dor que senti e ainda sinto por saber o que Travis fez, é uma dor insuportavelmente igual a que senti quando perdi Josh. O que é irônico, já que Josh e Travis são diferentes, e as circunstancias também são. Hoje resolvi respirar ar puro (na verdade Pietra me obrigou), mas ta tudo bem, está na hora de levantar a cabeça e seguir em frente. Afinal, como disse Josh uma vez: “Nada na vida é pra sempre, nem mesmo a dor.”

Eu sei que vou superar isso, já superei coisas bem piores. Quando sair desse quarto hoje, terei apenas um pensamento em minha cabeça: Seguir em frente e mostrar a todos que não me afetou. É isso, a vida continua. Deseje-me sorte, estou precisando.

Fechei meu diário e o guardei dentro do meu closet, respirei fundo e olhei para a porta na minha frente, era uma promessa.

Flashback on

Juliana: E o que eu faço se tudo piorar?

Josh: Sorria. Afinal, ninguém precisa saber que aquilo te afetou.

Flashback off

Juliana: Seguir em frente e mostrar a todos que não me afetou. – repeti para mim mesma e sorri saindo pela porta.

Desci as escadas e vi o Math sentado no sofá, assistindo TV, assim que ele me viu, sorriu e bateu duas vezes no sofá, fazendo sinal para eu sentar.

Matheus: Como ta?

Juliana: Sobrevivendo e você?

Matheus: Sobrevivendo – sorriu.

Juliana: Sabe, você é forte.

Matheus: Por que acha isso?

Juliana: Nunca te vi chorando.

Matheus: Isso não significa que eu sou forte.

Juliana: Não?

Matheus: Não. Significa que eu sou orgulhoso.

Juliana: O que é ser forte pra você então? – perguntei franzindo a testa.

Ele ficou em silêncio pro um minuto e depois disse:

Matheus: Colocar um sorriso no rosto mesmo com tudo desmoronando.

Juliana: Josh me ensinou a sorrir sempre que tiver um problema. – comentei sorrindo.

Matheus: Josh era esperto. – ele piscou – Você vai ficar bem?

Juliana: Vou ser forte, quem sabe.

Ele me abraçou e eu senti meus olhos marejarem, mas eu não iria chorar. Engoli o choro e sorri, afinal, eu estava feliz por Math estar comigo.

Não demorou muito e o Lucas apertou a campainha, me despedi do Math e fui até a porta.

Lucas: As meninas estão te esperando no carro – ele apontou para o carro de Nanda.

Juliana: Tudo bem. Você não vai ir?

Lucas: Tarde de garotas, jura? – ele perguntou irônico e eu revirei os olhos.

Juliana: Te vejo mais tarde então. – dei um beijo em sua bochecha e fui para o carro.

Fomos o caminho inteiro conversando, Pietra tentava inutilmente distrair a mim e a Nanda, mas damos algum credito a ela, pelo esforço.

Fomos primeiro no salão de beleza, Nanda estava gostando da idéia de um visual novo, no começo fiquei com medo da definição de “visual novo” delas, mas depois comecei a gostar.

Nanda fez várias mechas em seus cabelos dourados, ficando assim. Fez suas unhas e uma make leve. Pietra decidiu fazer algo mais radical, e pintou as pontas do seu cabelo de azul, deixando-o assim. Fez suas unhas, que a minha opinião ficou divinas. Decidi mexer só nas pontas do meu cabelo, então fiz essas mexas e pintei minhas unhas de preto.

Depois de todo o trabalho no salão, fomos fazer compras, eu sabia que Nanda adorava fazer compras e estávamos nos divertindo muito com as idéias loucas de Pietra de misturas as cores e roupas.

Por fim voltamos para o carro, tínhamos combinado que iríamos hoje ao clube dançar e se divertir, afinal, já fazia uma semana que não saiamos.

~x~

Eu já estava pronta, usava esse vestido e minha maquiagem estava assim. Coloquei meus saltos, peguei meu iphone e desci, Pietra me esperava na sala, ela estava linda – com esse vestido – Seu novo visual realmente combinava com ela.

Pietra: Ai. Meu. Deus – ela falou dando ênfase em cada palavra. – Você está incrível.

Juliana: Nós estamos incríveis – corri e sorri.

Pietra: Sim estamos. – ela enganchou em meu braço e me arrastou pra fora.

Nanda estava no carro, ela não queria dar de cara com o Math e estragar a noite. Gui iria encontrar a Pietra no clube, sabia que ela estava com a gente e entendia o sumiço da namorada o dia todo.

Nanda: Então, como estou? – ela falou sorrindo.

Juliana: Linda como sempre. – disse enquanto ela dava partida e ria.

Ela estava usando esse vestido, seu cabelo fazia um contraste perfeito com seus olhos intensos e azuis.

Sabíamos como fazer uma grande entrada, todos nos olhavam boquiabertos, me senti um pouco tímida e Nanda apertou minha mão, sorrindo – eu sabia que ela havia feito isso apenas para me passar confiança – Avistamos o Rafa e o Caíque em uma mesa, eles acenaram pra gente e fomos nos sentar.

Rafael: Vocês estão lindas. – elogiou.

Caíque: O cabelo de vocês está muito maneiro – ele disse olhando para os mesmos.

Juliana, Pietra e Fernanda: Obrigada. – dissemos em uníssono.

Pietra: Cadê o Gui?

Rafael: Ta lá dentro com o Travis – ele disse apontando para o pequeno escritório atrás do bar.

Pietra: Ata. – ela falou me olhando de canto de olho.

Fernanda: O que acha de irmos dançar? – perguntou animada e nós a seguimos até a pista de dança.

~x~

Acordei com meu celular despertando, me levantei e fui para p banheiro fazer minha higiene. Sai e vesti o uniforme escolar, fiz um rabo de cavalo no meu cabelo, deixando as pontas enroladas, passei uma make básica e peguei minha mochila.

Tia Patty e Math estavam tomando café quando desci, aproveitei pra falar que iria pra São Paulo ver meus pais. Depois de um tempinho a campainha tocou, era o Lucas. Math que estava do meu lado fechou a cara.

Juliana: Que foi?

Matheus: Achei que você fosse comigo hoje. – fez careta para o Lucas e eu ri.

Juliana: Oh Deus, me ajude. Eu volto contigo ok? – prometi dando um beijo em sua bochecha e acompanhando o Lucas até seu eclipse prata.

Lucas: Já disse o quanto você ta gata hoje?

Juliana: Já disse o quanto você é mal em cantadas? – ri.

Lucas: Putz. – ele falou colocando a mão na testa.

Juliana: Que foi?

Lucas: Esqueci o quanto tu é chata. É melhor tu ir com o Math mesmo.

Cerrei os olhos e mostrei o dedo pra ele, que estava rindo.

Juliana: Você é um idiota sabia?

Lucas: Você bem que gosta do idiota aqui – piscou e eu revirei os olhos.

Meu celular apitou, avisando que chegou uma mensagem.

E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente.

— Seu Admirador Secreto

Lucas: O quê? – ele perguntou depois de um tempo.

Juliana: Acho que ganhei um admirador secreto. – falei mostrando o sms pra ele.

Lucas: Só o que faltava – resmungou parando o carro no estacionamento da escola e eu ri, sempre tão ciumento.

Juliana: Vou pra radio ok? – disse indo pra mesma.

Lucas: te vejo na sala – ele falou indo cumprimentar os meninos do time.

Entrei na radio e a Pietra estava com o Gui, assim que me viram sorriram.

Juliana: Hum, eu não quero atrapalhar. Vemos-nos na sala – disse pra Pietra.

Guilherme: Ei Jú! Perae – olhei pra ele – Eu e a Pietra já estávamos saindo. – ele sorriu e eu retribui.

Caminhamos até nossa sala, eu entrei enquanto os dois se despediam, a professora entrou na sala e Pietra atrás dela.

Pietra: Você não vai acreditar no que o Gui acabou de me contar – ela falou assim que se sentou.

Lucas: O quê? – perguntou curioso e eu ri, era pior do que menina.

Pietra: Apolo conseguiu sair livre, a policia não tem provas suficientes para prendê-lo.

Juliana: Como assim? – perguntei indignada.

Pietra: Parece que o tal seqüestrador sumir, desapareceu. E eles não têm provas de que o Apolo foi o mandante.

Lucas: E o Gabriel?

Pietra: Ele está viajado, não pode provar nada.

Juliana: Não acredito nisso!

A professora então chamou nossa atenção e começou a explicar a matéria.

Na hora do intervalo me sentei junto com a Nanda, Lucas e o Gui. O resto da galera estava na mesa principal, junto com o time de basquete. Como eu não queria ver o Travis, e Nanda não queria mais problemas com o Math, fomos nos sentar na quadra. Claro que Alice e Natália estavam adorando tudo isso, afinal, poderiam dar em cima dos dois, sem ter o risco de apanhar. Ou pelo menos foi o que elas acharam até Nada se levantar e ir em direção ao Math e a Natália que pareciam conversar animadamente.

Fernanda: Que porra vocês estão fazendo? – perguntou colocando as mãos na cintura.

Natalia: Conversando, não vê? – retrucou abraçando o Math.

Fernanda: Solta ele agora. – avisou.

Natália: Por que se não o que? – desafiou rindo. – Vocês dois terminaram, querida.

Matheus: Natty, não. – ele disse tentando conter a mesma.

Natália: Tudo bem, bebê. Só porque você pediu – disse dando um selinho nele.

Nanda se segurou para não avançar em cima dela ali mesma, respirou fundo e sorriu, o que deixou Math confuso.

Fernanda: Quer saber? Que vocês dois sejam muito felizes juntos – disse saindo de lá.

Math ficou olhando-a sair de lá sem entender nada, eu sabia que a vontade dele era voltar com ela, mas o orgulho falava mais alto.

Vi Nanda indo em direção ao banheiro e resolvi ir atrás dela, caso ela precisasse de um ombro amigo.

Juliana: Encontro vocês depois – disse deixando o Gui e o Lucas.

Entrei no banheiro e vi a Nanda de costas para mim, olhando para um ponto fixo na parede e respirando fundo várias vezes, como se para se acalmar.

Juliana: Você está bem? – perguntei fechando a porta atrás de mim e ela fez sinal para eu esperar.

Fernanda: Agora estou – disse depois de alguns minutos, então lavou seu rosto e sorriu. – Então, pareço bem?

Juliana: Bem até demais – comentei vendo a mesmo arrumar seu cabelo, como se nada tivesse acontecido e foi então que a fixa caiu: Ela estava fingindo. – Você faz isso muito bem.

Ela franziu a testa e logo entendeu.

Fernanda: Anos de pratica. Vamos? – perguntou abrindo a porta e eu assenti.

O sinal não demorou pra bater, fui para meu armário pegar meu livro de literatura. Nos auto-falantes começou a tocar: Little Mix - Change Your Life. Comecei a cantar junto, peguei meu livro e fechei meu armário. Logo meu celular vibrou, era uma mensagem.

Amo ouvir você cantando. E amo também seu sorriso, então sorria, amor.

— Seu Admirador Secreto

Olhei para os lados, tentando descobrir quem era o tal admirador secreto, mas pra minha infelicidade o corredor estava vazio, suspirei e fui para a sala de aula. Entrei na sala e Pietra não estava ao lado do Lucas.

Ouvi então um barulho nos alto-falantes da escola e a voz dela soou animada.

Pietra: Bom dia, galera. Tenho um comunicado importante pra dar – ela fez uma pausa – Começa hoje as inscrições para a peça de Romeu e Julieta, quem quiser participar, por favor, ir até a quadra no final das aulas. Estarei fazendo as inscrições até 13:30. Obrigada pela atenção. – disse por fim.

Todos ficaram animados, alguns gritaram e assoviaram, como se ela pudesse ouvi-los. Revirei os olhos, pra que tanta euforia? Era apenas uma peça de teatro idiota.