Liz escrita por Fontenele


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, essa é a minha primeira Fic -espero que gostem-



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   O clima dentro do avião ficou pesado depois que o comandante anunciou a chegada ao Brasil, todos estavam aos prantos por ser o último momento juntos. Não existe palavra para descrever o que foi esses últimos vinte e dois dias. Fizemos novos amigos, conhecemos novos lugares e tudo lá é tão... Incrível! Isso é o que a Disney faz com você.

   – Eu não acredito que depois de todos esses dias nós vamos se separar – disse Bruna que estava sentada do meu lado, quase chorando.

   – Não fica assim! Nós prometemos uma à outra que não iríamos perder o contato. Eu já anotei o seu E-mail e o seu telefone e você já anotou o meu. Vai ficar tudo bem, Bru – falei em um tom amigável acariciando a palma de sua mão.

   – Tudo bem, vou sentir sua falta Becca – Bruna sussurrou e encostou a cabeça em meu ombro e eu a envolvi com meus braços.

   A fiscal mais velha chamada Vivian que estava no voo se levantou de seu assento e ao mesmo tempo todos se calaram e olharam para ela. Ela estava sorrindo e com lágrimas nos olhos e todos sabiam o que estava prestes a acontecer.

   – Meus queridos – ela falou passando um lenço nos olhos delicadamente. – Vocês não sabem o quanto foi especial essa viagem para mim – ela parou de falar e apertou os lábios. – Não existem palavras para descrever o que aconteceu nessas ultimas duas semanas. Não existem palavras para descrever as experiências que vocês dividiram com os outros – Vivian começou a chorar e colocou a mão no rosto. Todos soltaram uma risadinha baixa uníssona. André, o fiscal mais novo na turma se levantou e abraçou-a e fazendo-a sentar.

   – Pelo visto pessoal, a Vivian está muito feliz por estar aqui com vocês e  vai sentir muita saudade.

  Abracei Bruna mais forte e ela correspondeu apertando meu braço com uma das mãos e eu fechei os olhos e imaginei os momentos surreais que passamos juntas naquele lugar fantástico.

   Bruna era a mais deslocada do nosso grupo de quarenta pessoas. Quando eu a vi sozinha fazendo compras na Forever 21 eu rapidamente peguei qualquer peça de roupa e fui na direção dela e perguntei:

   – O que você acha? Ficaria legal pra ir ao cinema com os amigos? – ela me olhou da cabeça aos pés e abriu um pequeno sorriso no rosto quase imperceptível e tirou o cabelo dos olhos.

   – Eu acho que essa camisa não combina muito para essa ocasião – ela disse e se virou para uma pilha de roupas ao seu lado e puxou uma camisa com alguma coisa escrita em inglês na parte da frente com o desenho de um gatinho. – Essa ficaria perfeita!

   – Está perfeita, vou levar! – ela abriu um sorriso.

   A partir de então nós se tornamos grandes amigas. Eu sentiria falta de Bruna, ela é meiga e nos escuta quando temos algo para desabafar e sabe dar conselhos quando vê que estamos precisando.

   – Em quinze minutos estaremos pousando – avisou o alto-falante do avião e me puxando para a realidade. – Agora são onze e vinte e está um lindo dia de sol. A temperatura la em baixo está em 27º, espero que tenham feito um bom voo e obrigado pela preferência.

   Senti as mãos de Bruna me abraçarem mais forte e levantou a cabeça e seus olhos foram de encontro com o meu.

   – Obrigada pelo o ombro amigo Rebeca, eu amo você – disse ela me abraçando mais forte e eu correspondi ao seu abraço.

   Todos no avião estavam felizes se abraçando, chorando e até tirando fotos. Relembrando como foi a incrível viagem para Disney que é o sonho de qualquer pessoa.

  Depois do desembarque, eu me despedi de Bruna – aos prantos, claro – e nós prometemos entrar em contato assim que chegar em casa.

   Tia Sandra estava me esperando no desembarque, assim como todos os parentes das outras pessoas que estavam comigo no mesmo voo. Assim que eu entrei no campo de visão da Tia Sandra ela explodiu em felicidade e abriu um sorriso que ia de uma orelha a outra, correspondi ao seu sorriso e corri para seus braços.

   – Rebeca! – disse ela com empolgação na voz e me abraçando cada vez mais forte. –  Você fez tanta falta, querida! Aquela casa estava tão triste sem a sua presença. Como foi a viagem? Fez novos amigos? Fez muitas compras? – ela estava eufórica – Desculpe a empolgação querida, eu estava com muita saudade mesmo.

   – Também senti sua falta, Tia Sandra. A viagem foi ótima! Incrível pra falar a verdade. Fiz vários amigos e comprei varias roupas, pra você também, inclusive. – ela estava muito feliz com a minha volta.

   – Você está com fome?

   – Muita!

   – Vamos dar uma passadinha no Burger King? – ela disse e abriu um sorriso.

   – Claro!

   – Então vamos! – disse ela me envolvendo em seus braços e com um sorriso largo estampado no rosto.

   Fizemos os nossos pedidos e se sentamos esperando o nosso número chegar, Tia Sandra estava muito feliz com a minha chegada. E eu estava muito feliz por estar de volta.

   – Fez muitos amigos? Conheceu algum gatinho?

   – Tia! – rimos juntas. – Sim, fiz muitos amigos.

   – Que ótimo, querida! Eu senti mesmo a sua falta.

   O painel mostrava o numero dezoito, quando piscou o dezenove, rapidamente se levantei e peguei os nossos pedidos.

Fomos para casa em silêncio. Tia Sandra é uma mulher incrível. Jovem, solteira, magra e com cabelos longos e escuros. Muito dedicada aos seus estudos e ao seu trabalho. Ela é professora e trabalha na Faculdade de Medicina da região. Ela cuida de mim desde os meus quatro anos. Ela assumiu a responsabilidade de me criar desde o acidente em que meus pais faleceram.

   – Se quiser me falar o que você comprou e os lugares que visitou, já pode! – Tia Sandra quebrou o silêncio dentro do carro e me fazendo rir.

   – Eu fui para vários parques temáticos e conheci pessoas incríveis, a cada loja que eu entrava eu sentia vontade de comprar tudo o que via pela frente. Comprei roupas e sandálias lindas para nós. Comprei o novo iPhone, ele é ótimo!

   – Que bom que você se divertiu, querida – ela acariciou minha cabeça.

   Tia Sandra achava que eu estava muito deprimida porque eu não saia de casa e não tinha amigos e acabou resolvendo que eu precisava viajar e conhecer novas pessoas, novos lugares e que eu tinha que ‘’aproveitar minha juventude’’.

   No caminho do aeroporto para casa, eu observava os lugares da cidade agora irreconhecível. Como um lugar pode mudar tanto em apenas vinte e dois dias?

   Em casa, Tia Sandra me recebeu com entusiasmo e me contou uma ou outra novidade. Deixei a mala no meu quarto no andar de cima e quase sem querer olhei pela janela rapidamente. Havia uma coisa diferente na casa da frente. Sim! A casa estava caindo aos pedaços. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo na casa dos Bryan. Eu tinha acabado de chegar à cidade, e notara com tristeza a ausência da casa azul na nossa rua.

   As irmãs e a família talvez devam ter se mudado para outra casa, cidade ou até para outro estado quem sabe. Eu iria sentir falta de como era antes. De ver as irmãs conversando na calçada, de ouvir as risadas pela manhã ou de vê-las saindo para ir para a escola.

   Rapidamente, desci as escadas e fui de encontro com Tia Sandra na cozinha.

   – O que houve com a casa dos Bryner? – murmurei – Ou melhor, o que houve com os Bryner?

   Tia Sandra suspirou e parou de mexer o café e olhou para mim.

   – Enquanto você estava fora coisas aconteceram, Rebeca. Coisas muito ruins aconteceram – ela falava enquanto dava a volta pela a mesa da cozinha indo em direção ao armário em que ela guardava os papeis. Eu sentia a tensão na voz dela, e aquelas palavras me arrepiou da cabeça aos pés.

   Ela tirou uma folha de jornal de dentro do armário e me entregou. Eu estava com medo de desdobrar a folha e ver o que estava escrito na manchete. Um milhão de coisas passaram na minha cabeça. Depois de alguns segundos encarando Tia Sandra, resolvi abrir o papel de uma vez por todas e matar essa curiosidade que estava me corroendo por dentro.

   O rosto da irmã mais velha, Liz estava no meio da pagina e em cima da foto estava escrito com letras grossas, escuras e chamativas:

DESAPARECIDA

   Minhas pernas tremeram e eu deixei sem querer a folha cair no chão. Levantei minha cabeça e meus olhos foram de encontro com os de Tia Sandra.

   – Meu Deus! O-o-o que aconteceu? – gaguejei

   – Não se sabe. Cinco dias depois de você viajar ela foi dada como desaparecida. Ela saiu para ir para a casa de alguma amiga e nunca conseguiu chegar lá, é o que dizem. – eu a encarava boquiaberta – Os pais, desesperados venderam a casa e foram embora. O comprador vai derrubar o muro, a casa, o gazebo, tudo. O pai passou alguns dias aqui sozinho, passando de casa em casa deixando folhetos com fotos da filha com esperança de encontrar ela. A mãe e a filha mais nova foram para algum lugar.

   – E para onde eles foram?

   – Não sei. E quem pode saber? Aquela família era louca. – Tia Sandra estava exagerando.

   – Verdade – menti – vou subir para o meu quarto, tudo bem? Estou um pouco casada da viagem. Mais tarde nos podemos conversar e eu lhe mostro o que comprei para você e para mim.

   – Tudo bem, querida – ela se virou e bebericou seu café.

   Eu estava confusa, não estava entendendo o que tinha acontecido com os meus vizinhos e com o que vai acontecer nos próximos dias. Ia ser difícil olhar todo dia pela minha janela e não ver aquela casa e aquela família outra vez.

   Ao olhar para os escombros, me lembrei de Liz, mais alta e mais velha que a irmã. O cabelo quase ruivo, o rosto afilado e os olhos verdes embaralharam os traços do pai e da mãe. Liz devia ter uns dezoito anos, e sua irmã mais nova, a qual eu não lembro o nome era quase da minha idade: dezesseis.

   Eu lembro que a irmã desaparecida tinha um namorado. Sim! Ela tinha. Ele era bem mais velho e já estava na faculdade. Eu não lembro o nome dele e não sei de qual faculdade ele é ou o que acontecera com ele. Mas de uma coisa eu tinha certeza: eu precisava encontrá-lo para conversar e saber que fim levou a família Bryner, para onde eles foram ou se eles estavam bem.


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