Eu senti um puxão novamente e soube que teria outra visão.

Eu ainda estava na casa de Sarah, mas não parecia ser nos tempos de hoje.

Minha ideia foi confirmada quando uma mulher com um vestido antigo entrou na casa.

- Sarah? – ela chamou.

- Estou aqui Rose. – Sarah respondeu de algum lugar na casa.

Rose? Era aquela Rose?

Certamente deveria ser, seus cabelos eram negros e os olhos eram da mesma cor que os meus.

Rose sorriu e se direcionou para uma porta que ficava de baixo da escada.

Ela a abriu e viu Sarah.

- O que estava fazendo ai Sarah? – Rose perguntou.

– Entre, é mais seguro conversarmos aqui.

Rose fez o que Sarah pediu.

Percebi que estava sendo puxada de novo e me concentrei em Rose para poder continuar vendo.

Felizmente isso funcionou.

- Por que temos que ficar no porão Sarah?

- Porque eu estou sendo vigiada Rose, os Losevier querem que eu faça algo para eles e não vão parar de me perturbar até que eu diga que vou fazer.

- E o que eles querem?

Sarah olhou feio para Rose.

- Certo. – Rose bufou. – Eu esqueço que não devo perguntar algumas coisas para você.

- Por que perguntou se poderia vir hoje Rose? – Sarah mudou de assunto.

Rose se sentou em uma cadeira que estava no centro do porão.

- Eu não sei o que fazer Sarah. – Rose suspirou. – Eu me vinguei dos Losevier, mas perdi toda a minha família por causa disso.

Sarah não disse nada, esperando que Rose continuasse.

- E-eu... – Rose choramingou. – Eu acho que estão me perseguindo.

- O QUE? – Sarah a encarou.

- Eu não faço ideia de quem seja, mas em todo lugar que eu estou eu vejo uma pessoa encapuzada me olhando e hoje ela se aproximou ainda mais de mim e me entregou isso.

Rose mostrou um envelope para Sarah.

Sarah o pegou da mão de Rose e abriu.

Depois de ficar encarando o papel ela disse:

- Por que alguém te daria uma carta que não tenha nada escrito?

- Como assim? – Rose perguntou. – Tinha algo escrito aqui, eram várias letras misturadas, eu não entendi o que era, mas eu tenho certeza de que não estava em branco.

- Estranho. – Sarah disse. – Tudo isso é muito estranho.

- Eu não estou ficando louca. – Rose disse ríspida.

- Eu não disse que estava. – Sarah afirmou.

Rose se levantou e caminhou até a porta.

Sarah colocou o envelope na mesa e foi até Rose.

Juntas elas saíram do porão.

Em um instante eu estava olhando para o envelope largado na mesa e no outro eu estava novamente nos braços de Will.

Comecei a tremer.

Rose também estava sendo perseguida, por uma pessoa que ela não sabia quem era. E se fosse a mesma pessoa?

- O que houve Em? – Will perguntou.

Eu iria responder quando ouvi um barulho vindo do primeiro andar da casa.

A casa tremeu de repente.

Fui jogada para um lado do quarto e Will para o outro.

Sarah entrou no quarto ofegante.

- William o que esta fazendo aqui... – ela foi interrompida por outro tremor na casa.

- Ok, isso não importa agora. – Sarah disse. – Saiam daqui. Agora!

- O que esta acontecendo Sarah? – Will perguntou.

- Nem mesmo eu sei, agora saiam.

- Mas e você Sarah? – eu me levantei do chão.

- Ora Emma, eu vou sair também. Só preciso pegar uma única coisa.

Eu não sei como, mas naquele momento eu soube o que Sarah iria pegar.

Ela iria atrás do envelope. Ele ainda estava no porão.

- Eu pego para você – me ofereci.

- Querida, você não sabe o que...

Antes que ela pudesse terminar eu sai do quarto.

- EMMA! – ouvi Will gritar.  – VOLTE AQUI!

Mas eu precisava pegar aquele envelope, eu estava sentindo como se eu pudesse ver o que tinha nele.

Sarah podia achar que não tinha nada escrito, mas com certeza era importante, caso ao contrário ela não iria querer pega-lo agora.

Me segurei no corrimão da escada, tentando não cair enquanto desci-as.

A casa não parava de tremer.

Quando finalmente consegui chegar à porta do porão senti uma mão me segurando por trás.

- Não vai entrar ai sem mim Em.

- Will, como você...

- Em, apenas entre logo ai e pegue o que acha que deve.

Eu assenti e entrei.

Suspirei aliviada quando Will segurou minha mão e eu soube que não estava sozinha aqui.

- O que Sarah queria? – ele perguntou.

- Um envelope. – eu disse. – Deve estar em um dessas mesas.

Will deu uma risada sem humor.

- Eu sempre disse para Sarah que ela não devia colecionar mesas. – ele apertou minha mão. – Como vamos achar?

- Não tenho a menor ideia.

E eu realmente não tinha, na visão só havia uma mesa e ela estava vazia, agora tinha várias espalhadas ao longo do porão e com muitas coisas em cima delas.

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P.O.V Sarah

Desci as escadas correndo.

Tentei abrir a porta do porão várias vezes, com magia ou sem, mas nada adiantava.

Isso nunca tinha acontecido antes, minha magia nunca falhara.

Sai de casa e corri até a casa de Annie Caster.

Bati na porta repetida vezes até que ela abrisse.

- Sarah? – ela estava surpresa. – O que esta fazendo aqui?

- Annie... minha casa... há algo errado... – eu tentei recuperar o folego. – Emma e William estão presos.

Annie arregalou os olhos e saiu de sua casa e foi em direção a minha, me puxando junto com ela.

Eu não percebi que minha casa estava pegando fogo até eu entrar nela.

- SARAH, O QUE ACONTECEU AQUI? – Annie começou a tossir.

Uma tabua em chamas desmoronou e quase me atingiu, mas Annie me empurrou para o lado.

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P.O.V Emma.

O fogo estava consumindo todo o porão e provavelmente toda a casa também.

- Em, temos que sair. – Will disse. – Não importa o que tenha nesse envelope, nós temos que sair daqui.

Eu assenti devagar.

Will praticamente teve que me arrastar até a porta do porão.

Ele tentou abrir, mas nada acontecia.

- Esta trancada! – Will disse.

Eu olhei por todo o comado, tentando achar uma janela ou qualquer outra coisa que nos ajudasse a sair dali quando avistei o envelope.

- Ali! – eu gritei.

Me soltei de Will e corri até lá.

- CUIDADO EMMA!

Will me puxou pela cintura, me tirando do lugar onde eu estava no exato momento em que mais chamas apareceram.

Respirei fundo e olhei para Will.

- Obrigada.

Will me envolveu ainda mais em seus braços.

- Não saia de perto de mim novamente Em.

- Não sairei. – prometi.

Nós tentamos contornar o fogo até que estivéssemos perto do envelope.

Toda a mesa e as coisas que estavam em cima dela queimavam, exceto ele.

Will o pegou e colocou em seu bolso.

- Como iremos sair daqui? – perguntei.

Will não conseguia usar os poderes. O porão estava ficando mais quente, quase não havia mais lugar para pisar e tudo estava desmoronando.

- Em, você disse que veio para Radix do mesmo jeito que tem suas visões. – ele disse. – Acha que pode fazer isso de novo?

- Eu não tinha intenção de fazer aquilo antes, simplesmente aconteceu. – afirmei.

Will encostou sua testa na minha.

- Por favor Em, apenas tente. – Will disse.

Olhei para seus olhos cor de âmbar que pela segunda vez no dia estavam me olhando de tão perto.

Me aprofundei em seu abraço e apenas pensei em tudo o que eu tinha que fazer aqui, em tudo o que eu tinha que aprender e em como eu queria estar nos braços do Will mais uma vez, se eu quisesse tudo isso eu primeiro teria que nos tirar daqui.

Logo depois, quando eu senti que as chamas iriam tomar todo o porão eu senti também o familiar puxão, e dessa vez eu realmente queria que isso acontecesse e fechei meus olhos.