In The Dark Of Tartarus escrita por arya


Capítulo 1
Escuridão




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Annabeth não se sentia viva. Ela tinha a leve impressão de estar caindo. Caindo pra uma escuridão sem fim. Caindo para o vazio. Caindo para o esquecimento. Caindo para a morte.

Suas histórias? Não eram mais que uma confusa lembrança. Sua existência lhe foi roubada.

Ela se sentiu incompleta. Se sentiu com um grande pedaço faltando. Algo lhe foi tirado. Algo muito importante. Tão importante que ela não poderia ser feliz sem esse algo. Ela não existia sem esse algo.

Seus olhos permaneciam fechados. Não fazia diferença, só havia escuridão. Só havia preto. Só havia vazio. Ela não veria mais o brilho dourado de seus cabelos ao sol. Nem seus olhos felizes acinzentados. Que eram felizes por terem. Ela agora nada tinha que não fosse a falta.

Uma queda que parecia nunca acabar. Mas além da falta, ela tinha a eternidade para cair. Ela ganhou a eternidade ao perder seu propósito, sua razão. Agora tudo só era um nada. Um nada eterno.

Parecia ser um sonho, um sonho confuso onde você só sabe que existe no primeiro momento. Que depois tudo se dissolve em preto. A única coisa que lhe era real, a única prova de que ela estava viva, era o calor de uma mão que apertava a sua fortemente.

Uma mão que a apertava por medo de a perder. De a perder para a escuridão. Isso não iria acontecer. Não mais. Ele jurou. Ela também jurou. Nada iria os impedir de estarem juntos. Mas o nada os cercava neste momento.

Ela queria ter luz. Ela queria enxergar de novo os cabelos pretos de Percy balançando ao vento. Pretos como o nada onde eles estavam. Ela também queria ver os seus olhos verde-mar. Queria ver o mar.

O destino é traiçoeiro. Quem sempre lutou por seus amigos, por seu mundo, tinha um triste fim. Toda história tem de ter um fim. Mas a dela não teria um fim. Teria um começo. Um começo onde ela não existe. Onde ela é nada. Onde ele é nada. Onde tudo é esquecido.

O fim, ou o começo, seja o que fosse não importava. Ela cumpriu seu juramento. Eles não iriam se separar. Ela sorriu, e sentiu uma lágrima cair do seu olho. Ela ficou feliz novamente em saber que as coisas seriam do seu jeito.

Ele apertou sua mão mais forte. O som não se propagava onde estavam. Não era preciso. Ela entendeu o que ele queria dizer. Que foi verdadeiro, e que se foi verdadeiro, valeu a pena.

Sorriu novamente, até que parou de cair. Ela sentiu um dor muito forte, mas muito rápida. Ela sentiu o chão. Ela pode sentir, antes que seu corpo caísse sem vida. Antes que sua forma também fosse roubada. Roubada pela escuridão. Roubada pelo esquecimento. Mas as suas mãos, elas não se soltaram.

 

 




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