Andaram até ao castelo de Hogwarts em silêncio, Dominique porque estava chateada com a prima, e Rose porque achava que Dominique estava louca, e naquele momento estava a pensar a mil e uma razões para que ela abandonasse toda aquela loucura. Já passava da meia-noite. Quando entraram no castelo Rose decidiu quebrar o silêncio enquanto atravessavam os corredores.

- Você não pode voltar a fazer uma loucura dessas!

- Porquê?! Até hoje ninguém me descobriu!

- Bem… eu descobri e posso dizer que não falta muito até mais alguém desconfiar!

- Pelo amor de Deus Rose, quem vai achar que eu ando visitando Dragões todas as noites na Roménia? – Rose abriu a boca para responder, mas um som de um gato a miar chamou a sua atenção. Ela e Dominique ficaram estáticas.

- Droga! O Filch! – Sussurrou Dominique.

- Me ajuda Ms.Norris , eu sei que há alunos por aqui! – Ouviu-se a voz do Filch.

Dominique e Rose desataram a correr, correram como nunca tinham corrido, já nem se preocupavam com o barulho que estavam a fazer, mas o medo de serem apanhadas era maior, subiram pelos corredores que nem flechas, e enfim entraram no salão comunal ofegantes. Rose se abaixou colocando as mãos nos joelhos.

- Se eu fosse… expulsa… por sua causa. – Ela disse com dificuldades em respirar. – Eu te matava!

- Por minha causa?! – Exclamou Dominique que já tinha recuperado o fôlego, sua condição física era bem melhor que a de Rose. – Acaso não se lembre foi você quem me seguiu pela floresta negra, se você fosse expulsa a culpa seria inteiramente sua!

- Meu instinto me dizia que você estava fazendo algo errado! E pelos vistos acertei!

- Seu instinto?! Quem é que você pensa que é?! A Professora Sibila?!

- Não, eu não penso que sou a professora Sibila, simplesmente te conheço o suficiente para saber que você estava fazendo algo errado, e escapar da escola para ir para a Roménia visitar Dragões é erradíssimo!

-Você não tinha o direito de me seguir e invadir a minha privacidade daquele jeito!

- Mas eu tinha que chamar você a razão, você não pode voltar a aquele local Dominique, você está quebrando muitas regras de Hogwarts!

- Dá para parar de bancar a mamãe Rose?! Nossa, você não percebe que você não tem o direito de sair por aí se metendo na vida dos outros…

- Eu não estou bancando a mamãe… eu só…

- Você só é CHATA! É isso mesmo que você é Rose, uma chata! É por isso que quase ninguém te suporta, é que além de uma sabe tudo irritante, você é chata! Sempre mandando, reclamando, se metendo, dando opiniões sem ninguém pedir! Acho que se não fossemos nós…seus primos e seu irmão… você nem ao menos teria amigos de tão chata que é, ninguém te suporta!! – Dominique disse aquilo tudo de uma vez, e quando percebeu o que tinha dito levou a mão a boca. Aquelas palavras feriram Rose até a alma, não conseguiu controlar os seus olhos que se humedeceram e deixaram cair algumas lágrimas. Dominique, com um ar culpado tentou remediar o que tinha dito. – Rose … eu não queria…

- Queria sim… Era isso mesmo que você queria dizer, porque é exactamente o que você pensa. Você e todo o mundo! – E dito isto Rose subiu as escadas do dormitório correndo. Deixando uma Dominique muito desconcertada.

Na sua cama, Rose chorou em silêncio, não queria acordar Lily e Victoire, por isso nem trocou de roupa, apenas se deitou como estava se enrolando nos lençóis. Uns minutos depois Dominique entrou do dormitório.

- Rose? – Rose fechou os olhos fingindo que estava dormindo. – Rose? Me desculpe. – Dominique sussurrou, mas ao não obter resposta desistiu, se preparando para dormir.

XX-XX

No dia seguinte Rose se levantou cedo, todas as suas primas ainda estavam dormindo, naquela manhã não acordou ninguém, não queria ‘’Bancar a mamãe’’ como Dominique tinha dito na noite anterior. Desceu para o salão principal para tomar o pequeno-almoço, mas não comeu quase nada porque as palavras de Dominique não saiam de sua cabeça. Todo o mundo vivia reclamando da maneira de ela ser, autoritária, mandona e viciada em respeitar as regras, mas nunca pensou que fosse da perspectiva de Dominique, mas analisando bem, era verdade. Podiam não lhe dizer, mas todo o mundo a achava uma sabe-tudo mandona, ela não tinha nenhuma amigo que não fosse seus primos e seu irmão, se não fosse isso ela seria provavelmente a aluna mais solitária de Hogwarts. Porque ela era apelidada de sabe tudo irritante, e a verdade é que, apesar de nunca lhe terem dito, a achavam chata, mandona… Suspirou tristemente, não tinha noção de ser vista daquela maneira por ninguém. Saiu da mesa, não queria ver ninguém, decidiu ir até a biblioteca. Quando lá chegou, estava lá pouca gente, tirou um livro qualquer e começou a ler só por ler.

- Bom dia! – Disse alguém. Rose levantou a cabeça olhando para cima.

- Bom dia Malfoy.

- Posso sentar? – Ele perguntou a medo. Rose demorou alguns segundos a responder.

- Você quer mesmo se sentar ao lado de uma sabe-tudo irritante? Cuidado pode manchar sua imagem. – Ele suspirou revirando os olhos.

- Pensei que já tínhamos passado essa fase da Hostilidade.

- Ta… pode sentar. – Ele sentou enquanto a observava. Ela continuou fingindo que lia, mas ele não desviava os olhos dela. – O que foi?

- Nada. Você madrugou hoje.

- Acordar cedo é bom. – ela respondeu sem tirar os olhos do livro.

- Faltou a aula de Astronomia ontem. - Rose baixou o livro se lembrando finalmente da aula de Astronomia que tinha faltado, tudo por causa da Dominique.

- Eu… me senti mal…

- Estranho… na torre das corujas você parecia tão bem…

- Deve ter sido algo do jantar…- ela respondeu voltando a esconder o rosto atrás do livro.

- Foi para a enfermaria?

- Não.

- Então como pensa em provar a professora que você estava doente? Me parece que você está mentindo! – ele disse mostrando um sorriso. Ela voltou a baixar o livro bruscamente, dessa vez fez um barulho enorme que lhe valeu um olhar reprovador de MissPince.

- Eu não estou mentindo!

- Calma, não precisa se exaltar! O que você tinha? – Rose suspirou para não gritar de novo, afinal para que eram tantas perguntas? Tinha que se livrar daquele inquérito o mais rapidamente possível.

- Bem… coisas minhas! Tipo… aquilo…

- Aquilo o quê?- ele indagou confuso.

- Aquela altura do mês! – Ela disse entre dentes certificando-se que ninguém mais a ouvira. Ele arregalou os olhos em sinal de entendimento.

- Oh…

- Entende agora porque eu não queria falar?

- Sim. – Ele disse corando um pouco.

- Além disso eu nunca minto! – Mentira, ela tinha acabado de dizer uma mentira.

- Mas tirando isso… você está bem?

- Desde quando se preocupa comigo?

- Nossa… ontem você estava amigável, e hoje a cada palavra que eu digo você me fuzila com o olhar! Que variação de humor estranha… é por causa daquela… altura do mês? Você ainda tá nela?

Rose se levantou bufando de raiva.

- Animal! – E saiu. Scorpius saiu atrás dela tentado perceber o que tinha dito de mal. Ele tinha um novo objectivo, ficar amigo dela.