Broken escrita por Letícia G


Capítulo 1
Capítulo Único - Quebrado


Notas iniciais do capítulo

Fic carregada de drama para quem quiser imaginar um pouco sobre como o inalcançável Mindinho reagiu à morte de Cat.

Pus como prefácio e posfácio trechos de uma música do Broken Iris, chamada "A new hope". Se alguém quiser escutar enquanto lê a fic é legal, mas a música é rock (não pesado) então não sei se combina muito, fica a critério de vocês.

Boa leitura :))



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always, always just out of reach from my

sempre, sempre fora de alcance das minhas

over frusterated, shameful hands

frustradas, mãos vergonhosas

and i never, never expected that i

e eu nunca, nunca esperei que

would ever, no never take for granted our precious time

pudesse tomar como garantido nosso precioso tempo

Petyr adentrou a sala de Pequeno Conselho com os pensamentos voltados para a guerra. Não como um guerreiro, é claro, mas como a mente que movia todas as peças do jogo. Olhou os homens sentados à mesa, e perguntou-se se eles ao menos imaginavam o quanto do que estava ocorrendo advinha dele. Todos eram mentirosos, todos se consideravam jogadores, quando havia só um mestre.

Com um de seus sorrisos insolentes cumprimentou os que já estavam presentes e sentou-se à espera de Tywin e Cersei Lannister, preparando-se para ouvir os planos repletos de falhas e erros da mulher, que parecia insistir em sua burrice. O homem, ao contrário, pouco falava, mas quando o fazia, demonstrava a astúcia e imponência de um leão. Talvez o único leão daquela família.

Ocupou-se de ler os registros do reino enquanto os esperava, mas sabia que a moeda não seria o assunto da reunião. O conselho fora convocado com urgência, mas o que incomodava a Petyr era o fato de não saber o que causara tamanha rebuliço. Geralmente ele era ele quem levava as notícias aos reis, isso quando não causava os fatos que elas reportavam.

Em meio à sua contida ansiedade, Cersei e seu pai adentraram a sala de reuniões. A mulher parecia estupidamente feliz, andando com a confiança de quem havia ganhado a guerra. A Mão do Rei, ao contrário, portava sua seriedade habitual.

- Senhores, devo informá-los a melhor notícia desses dias atribulados. O traidor Stark está morto. – Cersei disse radiante. Mindinho ergueu os olhos em direção à mulher, esperando que ela dissesse mais informações acerca do que aconteceu, e rezando que ela não pronunciasse certas palavras. – Aqueles estúpidos Frey tiveram uma serventia afinal.

- O que quer dizer, Sua Majestade? – Petyr ficava impaciente com a vagueza acerca do assunto.

- Os nortenhos não são tão fiéis quanto se diz. Os Bolton uniram-se aos Frey e assassinaram toda a corte de Robb Stark nas Gêmeas. O Norte caiu. Os Stark perderam a guerra.

Nada mais era necessário ser dito a Petyr. Toda a corte fora assassinada. Todos os nortenhos fiéis foram assassinados, todos. Cat fora assassinada. Cat, sua Cat. Morta.

Pediu licença para retirar-se e não esperou pela autorização, e não inventou desculpas para retirar-se. Mantinha seus pensamentos escondidos para que seus inimigos não pudessem atingi-lo, mas nada mais havia que pudesse atingi-lo agora que Cat partira.

Ele percorreu o caminho da Fortaleza Vermelha até o bordel que abrigava um de seus aposentos particulares com os olhos fixos no chão, e com um único pensamento na cabeça. Imaginava as probabilidades de Cersei estar enganada, ou de ter mentido por algum motivo. Ou de Catelyn ter sobrevivido. Sabia que nenhuma daquelas respostas era verdadeira. Os Lannister se assegurariam de que Cat fosse morta, e se isso não acontecesse, teriam anunciado sua posição de refém. Não, deveria enfrentar a verdade. Cat havia morrido.

Chegou a seu quarto silenciosamente, o rosto tomado por uma máscara de pedra, mas quando fechou a porta atrás de si, jogou-se contra ela, repentinamente incapaz de manter-se de pé e de segurar as lágrimas que há muito queriam cair.

E então ele chorou. Mindinho, o mestre do jogo dos tronos, em quem ninguém havia vislumbrado sentimento, chorou.

Seus ombros balançavam e seu soluço não era mais contido. As lágrimas caiam-lhe pesadamente, e assim também o faziam seus pensamentos. Mindinho refletiu acerca do quanto havia se enganado, todos esses anos lutando por poder quando o único poder que queria era ter estado ao lado de Cat, ter passado sua vida ao lado dela, dado-lhe filhos, dado-lhe o amor que sentia. Dado sua vida.

Doeu-lhe absurdamente imaginar Cat sozinha, indefesa, vendo seu filho morrer e incapaz de defender-se, enfrentando a dor da perda sozinha. Mas agora essa dor, a dor de ter roubado sua essência, também lhe era familiar, e a sua seria eterna. Jamais seria livrado do tormento de pensar que não esteve lá com ela, por ela; que ela nunca foi ou seria sua. Que ela não a salvara.

Petyr caiu com o peso daquela ideia. Havia ajudado a destruir a vida da única pessoa que amara, havia ajudado a destruir a si mesmo. Não os impedira de tomarem-lhe Cat, não fizera esforços suficientes para alcançar aquilo que sempre sonhou. Só que essa constatação veio-lhe tardiamente, Catelyn se fora e nunca mais voltaria, nunca mais o olharia com seus olhos de safira e o compreenderia como ninguém nunca p fez. Sua Cat, sua jovem  Cat, doce e independente. Morta.

Mindinho sustentou a cabeça com as mãos a puxou os cabelos, como se pudesse arrancar de si a dor, mas ela estava entranhada em todos os lugares onde Cat vivia. Sua alma, seu coração, cada pensamento, cada palavra e desejo. Tudo subitamente transformado na dor mais insuportável que Mindinho havia enfrentado.

Seu mundo pareceu-lhe pequeno sem Cat. Ela nunca estivera ali com ele fisicamente, mas vivia nele, Percebeu que nunca mais a veria, ou tocaria, Nunca mais ouviria sua voz. A ideia do sofrimento pelo qual ela havia passado destruiu Petyr. Será que em seus últimos pensamentos ela lembrara-se dele? Da íntima devoção que ele lhe tinha do amor incondicional por ela? Ele esperava que não, pois senão ela saberia que ele havia falhado. Ele não era digno de ser lembrado por Catelyn.

A dor suprimia-o tão intensamente que tornava impossível que ele se mexesse, e assim ele permaneceu caído ao chão, e estar assim era o que o impedia de cair, em todos os outros sentidos. Não havia mais Petyr agora, Cat levara-o consigo. Havia agora só Mindinho  sua vingança.

Pela primeira vez em sua vida ele não sabia como agir, o que fazer. Os caminhos que havia traçado em sua vida levaram-no todos na direção errada, e agora seu destino não mais existia. Cat morrera sozinha, desamparada, sem que ele estivesse lá ao menos para abraçá-la, consolá-la. Para um último e primeiro beijo.

Os Lannister pagariam sua dívida, e ela era alta. Saberiam como é perder quem mais importa a eles, saberiam o que é ser destroçado. Ele os faria saber. Mindinho, não mais Petyr. Ele os ensinaria o que é chorar até que o corpo doa e clame por descanso, mas ao mesmo tempo encontre forças para continuar tentando, em vão, expulsar toda a dor que sentia, através de gritos, lágrimas, e, para Mindinho, um só nome pronunciado. Cat. Cat. Cat.

Era chegada a hora dos Lannister honrarem seu mote. Pagariam sua dívida, e Mindinho a cobraria. Ele sorveria sua riqueza, seu poder sua glória. Suas vidas.  

to your grave  i spoke

para seu túmulo eu falei

holding a red, red rose

segurando uma rosa, rosa vermelha

gust of freezing cold air

uma rajada de vento frio

whispers to me you're gone

sussurra para mim que você se foi

spent a lifetime of holding on

gastei o tempo de  uma vida me segurando

just to let go

só para deixar ir

i guess i'll spend another lifetime

eu acho que passarei outra vida

searching for a new hope

procurando por uma nova esperança


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Notas finais do capítulo

deixem-me saber o que acharam nos reviews. certo?
:)