Lost Angel escrita por haru


Capítulo 6
blue-haired


Notas iniciais do capítulo

weee gente. Sentiram minha falta? *leva tomatadas,pedradas,enfins* DESCULPE, de verdade, POR TODA ESSA DEMORA. Oh, eu tive um daqueles bloqueios de criatividade terriveis, que me faziam não ter ideia nem de como servir comida no meu prato (fiz essa comparação escrota porque estou morrendo de fome).

Vou tentar voltar a postar com frequencia T_T nem que seja semanalmente. Espero que ainda estejam afim de ler isso D: aah, e desculpe se tiver alguns erros ou frases com dificeis compreensão, eu só escrevo tarde da noite e geralmente algumas coisas /erros terriveis, passam por mim e eu sou preguiçosa demais para editar :x SORRY

ENFIM, boa leitura *u*



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É realmente impressionante como um pequeno ato, tão rápido e bobo - ao mesmo tempo que sincero - pode fazer toda a densidade pesada e torturadora do clima passar de 'frio como pedra' para 'rosas brancas em um campo num dia de céu azul'. Era como se um peso houvesse sido liberado de meus ombros - e de meu coração, diga-se de passagem - me dando uma leveza tão aconchegante, que eu nem tinha tanto trabalho para guiar a bola até o campo adversário. Eu me sentia tão bem, que fazia isso como se aquela partida nunca houvesse sido um campo de batalha e sim um joguinho entre amigos de rua.

Era uma pena que para Tsurugi Kyousuke aquele meu pequeno ato de coragem em um breve momento de falta de vergonha na cara - o selinho - não tivesse lhe dado a mesma sensação. Para ele, o ar que antes parecia uma brisa quente de verão, que lhe dava a sensação de apenas mais um dia de trabalho comum, agora parecia congelar-lhe as entranhas. Olhar diretamente para mim era como se entregar a forca, e mesmo jogando do mesmo lado que o meu - depois de ter me salvado de quebrar a perna - Tsurugi simplesmente se recusava a passar a bola para mim. E para falar a verdade, tive a sensação de que, se ele pudesse, se negaria até mesmo a respirar o mesmo ar que eu.

Eu não podia culpa-lo, no entanto. Se um cara que eu supostamente possuísse apenas sentimentos de inimizade, e que estivesse indo contra todos os meus planos, chegasse em mim, do nada, e "me violasse" - mesmo que da forma mais 'inocente" possível - eu provavelmente me sentiria, NO MÍNIMO, perturbado. Eu, com quase certeza, evitaria aproximações desnecessárias até conseguir coragem para perguntar o que diabos ele estava pensando. Mas Tsurugi não era como eu, em tudo. Ele podia estar, aparentemente, com as mesmas reações que eu teria em seu lugar, mas, com certeza, seus sentimentos são diferentes. Suas reações são muito mais grosseiras e suas emoções muito mais duras.

Mas, naquele momento, o jovem ingenuo Matsukaze Tenma estava alegre demais para pensar no que 'aquilo' poderia render mais tarde. Aquele jogo poderia ter quase arrancado toda esperança que eu tinha, mas quando o segundo tempo começou, era outra partida. Não apenas para mim, mas para a Raimon.

Em resumo, foi a primeira partida que o time jogou unido. Talvez fosse verdade o que alguns pais dizem sobre apanhar para aprender, mesmo que não seja o certo a se fazer. Depois de uma surra, podemos dizer que 'sambamos' na cara do adversário no fim da partida. Mas antes que eu pudesse aproveitar o 'embalo do time feliz para me aproximar de Kyousuke, ele já havia desaparecido depois de lançar alguns olhares significativos para os SEEDs inimigos e o treinador.

– CONSEGUIMOS, TENMA, CONSEGUIMOS! - Shinsuke pulava em minha frente, abrindo os braços para que eu o abraçasse.

Lhe dei um sorriso e contribui seu entusiasmo. Logo o time todo estava feliz, ao mesmo tempo preocupado. Ninguém sabia o que viria depois. A sensação tensa que todos sentiam era em dobro para mim. Não sabia o que viria pela frente, o que o Quinto Setor poderia fazer com a Raimon agora? O que Tsurugi vai fazer sobre "aquilo"? Algo me dizia que em ambas as situações, as coisas apenas ficariam mais difíceis dali para frente.

Na semana seguinte, Tsurugi faltou.

– Hei, Tenma... você esta me ouvindo? 

Aoi balançava a mão em frente ao meu rosto, me acordando.

– O que...Oh, eu estou sim...

Olhei para ela sem graça. Estávamos a caminho da escola, depois de um fim de semana cheio de preocupações e treinos tensos perto do lago. A maior parte dos membros da Raimon estavam mais preocupados em conversar sobre o que eles estavam fazendo e em como isso iria prejudica-los mais tarde, do que em chutar a bendita bola e fazer um treino normal. Meus pensamentos estavam cheios demais para ouvir os comentários de Aoi sobre o assunto, e eu não poderia me dar ao luxo de faze-la perceber meu desanimo em sua companhia. A culpa não era dela, era de Tsurugi.

– Você esta bem? Anda tão quieto... Parece até que esta andando dormindo - ela pareceu chateada.

– Não é nada.

– Esta preocupado com o Quinto Setor?

– Huh... sim.

– Falando nisso, parece que Tsurugi não anda indo a escola, nem para a aula nem para os treinos. Será que ele foi punido ou algo assim?

Arregalei os olhos para ela. 

Oh, bem, eu sempre fui um pouco lento para algumas coisas, e até aquele momento, não havia ligado uma coisa a outra: as faltas de Tsurugi, sua reviravolta perante o Quinto Setor e o fato dele ser um SEED. De alguma forma, pensar que TALVEZ o motivo pelo qual ele não estava indo a escola não era pelo que eu havia feito, me deixou um pouco feliz, ao mesmo tempo que pensar que  sua ausência pudesse ser por culpa do Quinto Setor só me deixava mais inquieto.

– Você acha que fizeram alguma coisa com ele? Quero dizer... um castigo ou alguma coisa cruel? - perguntei, um tanto perturbado. Tive a impressão de que minha voz ficou um tanto mais rouca, pela expressão de Aoi.

– Quem sabe o que eles podem ter feito - disse ela, desanimada – Talvez apenas o afastaram da Raimon ou algo assim.

Senti um aperto no peito. 

"Então ele nunca mais vira?" Pensei. Tudo teria sido mais fácil se Tsurugi nunca tivesse pensado que PRECISAVA do Quinto Setor.

Ah, se o tempo voltasse...

– Tenma, o que você... - ela colocou uma mão em meu ombro, me olhando preocupada. Era obvio que meu rosto estava entregando tudo sobre o fato de eu não gostar da ideia de Tsurugi nunca mais voltar a Raimon.

Para meu bem momentâneo, ela não terminou sua pergunta. Minha cabeça se virou para outro lado, e pode ter sido um tanto grosseiro de minha parte, quando parei de andar de repente e fixei minha atenção para algo mais adiante, fazendo Aoi dar alguns passos desajeitados sozinha.

Um pouco mais distante, um rabo de cavalo azulado me chamou atenção entre as pessoas que atravessavam a rua em direção oposta a minha. Dizem que quando você gosta de uma pessoa, pode vê-la até mesmo onde ela não esta, então era claro que eu enxergaria Tsurugi com facilidade, estando ali ou não. Aquele cabelo em contraste com a jaqueta vermelha jogada sobre os ombros eram como imãs para minha visão.

– Desculpe Aoi, lembrei que tenho que ir a um lugar - falei.

A pobre garota me olhou um pouco irritada, ao mesmo tempo confusa. Até hoje não sei se ela percebeu Tsurugi a alguns metros dali.

– Vejo você amanha, até - me despedi, seguindo em direção ao rapaz alto de cabelos azulados, antes que a multidão de pedestres - estava em horário de pico, principalmente para aqueles que procuravam transporte público - que andavam para lá e para cá.

– Hei - chamei, quando me aproximei o bastante para quase toca-lo.

Kyousuke virou o rosto lentamente para me olhar, como se esperasse que fosse outra pessoa a ser chamada e não ele. Quando notou minha figura mais baixa e um pouco acanhada dando um sorriso boboca, sua expressão foi de surpreso e instantaneamente para bravo em questões de segundos.

O que ele fez então? 

Nada. Só virou as costas e continuou andando, pisando forte  no chão, tentando ignorar minha presença. 

Bufei chateado e continuei atrás dele, tentando andar na mesma velocidade. Parecia que Tsurugi tinha uma habilidade excepcional de se esquivar das pessoas que vinham em direção oposta, enquanto eu esbarrava em cada uma delas de um jeito tão exagerado - até mesmo para mim - que já estava começando a me irritar, ter que me desculpar com cada pessoa que se aproximava.

– Tsurugi.. espere - chamei-o.

Ele nem sequer se virou, continuou andando por mais um tempo antes de dobrar a rua e andar até um lugar com menos gente. As vezes dois passos que você dá para uma direção diferente pode fazer a diferença. Se eu olhasse para trás, podia ver a rua movimentada cheia de gente a alguns metros, mas se eu concentrasse meu olhar a minha frente, onde Tsurugi parecia diminuir o passo, era como se eu houvesse sido teletransportado para uma cidadezinha pequena e calma, onde três-quartos da população optavam em andar a pé ou de bicicleta.

Tsurugi parou de repente, quase me fazendo trombar nele.

– O que você quer? - perguntou ele, irritado, antes mesmo de se virar para mim.

Dei um passo para trás, e tentei me manter firme, mesmo que uma onda de insegurança e timidez estivesse passando por todo meu corpo.

– Oh.. Tsurugi.. eu...

Ele me lançou um olhar repreendedor.

– O que você quer de mim, hem? - perguntou, novamente, dessa vez com mais firmeza.

– Bem... – Baixei a cabeça - eu só queria saber...sabe, você não anda indo a escola, eu pensei que talvez... Bem, o Quinto Setor não fez nada com você, né?

Ele cruzou os braços e encorou-se a parede logo atrás de si.

– Você nos ajudou no jogo anterior, e desde então não aparece nem na escola nem nos treinos. Pensei que poderiam ter feito algo contigo - tentei concluir.

– E porque isso importaria? Não confunda as coisas, Matsukaze, eu não sou amigo de vocês, nem parte do time - sua voz parecia fria e vinha até mim com dureza – Não ajudei vocês... fiz o que fiz porque eu quis, pelos MEUS motivos... não tem nada a ver com a Raimon ou toda essa merda que vocês estão fazendo.

– Mas... mesmo assim, eles poderiam ter pensado, assim como nós, que você estava do nosso lado...

– Não tem importância, e não vejo o que isso tem a ver com você.

Respirei fundo. Meu coração estava a mil. Perto de Tsurugi, mesmo que a conversa não estivesse como eu queria, me sentia um tanto bem. Ele estava sendo grosseiro, mas isso não me incomodava mais. Talvez eu gostasse desse jeito que ele tinha. Era tão malvado, ao mesmo tempo, podia-se ver que possuía um bom coração, que provavelmente estava congelando em algum lugar em seu peito, e era difícil de 'salva-lo', tornando tudo um tanto atrativo de se tentar.

– Para mim tem importância. - falei, tentando parecer mais confiante do que realmente me sentia no momento.

– Ah, mesmo? Porque?

– Bem.. acho que você já percebeu... eu me preocupo contigo.

Ele desviou o olhar, provavelmente se lembrando, assim como eu, do meu ato de violação na semana anterior.

– Pois eu não dou a minima para isso - falou.

– Eu sei, eu sei - respondi, meio sem animo – mas isso não muda o que eu sinto. Eu só estava preocupado, fico feliz em ver que não te fizeram mal, pelo menos, aparentemente não.

Ele continuava de cara virada.

– Ok, agora que você viu que estou inteiro, pode me deixar em paz?

Fiz uma careta. Claro que para mim eu não estava fazendo nada de errado, ou tirando a paz dele, mas as coisas sempre foram tão diferentes para Kyousuke, que eu me pergunto, várias vezes, se estávamos sempre no mesmo mundo. Para mim, o fato de eu me preocupar com ele sempre deveria ter sido um motivo para ele simpatizar comigo, porém, para ele, era como se eu estivesse tentando arrancar-lhe a chave de seu diário, mesmo ele nunca tento tido um.

– O que? Eu não estou fazendo nada! – Falei, um tanto mais exaltado do que eu pretendia deixar transparecer.

Ele deixou um suspiro abafado de desaprovação escapar, mesmo assim, evitou olhar em meus olhos diretamente.

– Você esta me perturbando.

– Se eu te perturbo, significa que você sente alguma coisa.

– Sinto, irritação.

– Ah, tudo bem, Tsurugi. Como eu já disse, fico feliz que você esteja bem, aparentemente, e espero que você volte a escola pelo menos. Também foi muito bom ter jogado com você, no mesmo lado, ao menos uma vez, mesmo que não tenha sido como eu realmente queria.

– "Como você queria"? O que quer dizer?  Que eu deveria te-lo agarrado no meio do jogo?

Olhei para ele incrédulo. Nem Tsurugi parecia acreditar no que havia dito. Era claro, o nosso pequeno "beijo" havia o perturbado, e ele estava com raiva disso. O que me deixava feliz, já que ao menos isso mostrava que ele não tinha esquecido o que aconteceu, e estivera pensando nisso o tempo suficiente para deixa-lo irritado.

Mesmo assim, era impossível não sentir meu rosto queimar ao me lembrar do que havia feito, e o sentimento de vergonha começou a tomar conta de meu corpo, me fazendo ainda mais inseguro para olhar para ele também.

– Hahahaha - ri sem graça - claro que não. Teria sido bom se você tivesse jogado direito, é isso que eu quero dizer.

– Como assim "jogado direito"? Quer dizer que não jogo bem para você? - e então ele me olhou com raiva – Ficou achando ruim por não ter dito força para me acompanhar.

Franzi a testa.

– O que? – continuei indignado – O problema era que você não queria ser acompanhado, Tsurugi, só isso, você joga muito bem, para mim e para todo mundo, você sabe disso, só que..

– Huh?

– Você as vezes parece ter algemas e correntes prendendo seus pés, impedindo você de jogar o seu verdadeiro futebol.

– O que você sabe sobre mim ou sobre o verdadeiro futebol? Você acha que tudo é fácil! 'Oh, vamos jogar futebol de verdade e DANE-SE se isso é contra as regras e outras pessoas tenham que pagar pela minha incapacidade de não fazer o que eu quero'.

– Não é isso! Eu quero jogar de verdade com todos, pois eu sei que é isso que os nossos corações estão pedindo! Não faço isso apenas por mim, mas por todos que amam futebol e são capazes de fazer sacrificios para poder continuar jogando, mesmo que seja tudo controlado como o Quinto Setor faz! E pode ter certeza que eu saberia mais sobre você, se você não agisse como se fosse algum espião secreto ou coisa do tipo.

– "Sacrificio". Você já teve que fazer algo assim alguma vez na sua vida, Matsukaze? Você faz tudo isso porque não tem nada a perder. Então não me venha com essa.

– Me pergunto como essa conversa chegou a esse ponto.

Tsurugi se aproximou. Ele parecia ter perdido completamente a vergonha - ou seja lá o que for - de olhar diretamente para mim, pois o "peso" que seu olhar teve sobre mim me fez reerguer a cabeça quase que por impulso, fazendo nossos olhares se unir. Porém, a sensação que eu tive ao olhar para aqueles olhos amarelos que eu costumava admirar não foi boa como de costume. Eles pareciam me dizer que Tsurugi me queria longe. Eles deixaram bem claro que tudo o que eu fiz para ele foi um erro, e todas as suas palavras tinham que me ferir. Foi só então que pude sentir o impacto de tudo o que havia sido dito.

O impacto de perceber que meus proprios sentimentos começaram a me dizer que Tsurugi estava certo. Eu não o conhecia e tudo o que eu fazia, fazia sem pensar no que poderia acontecer depois. Porque, vejam bem, eu não tinha nada a perder. Não estava no clube por causa de notas, logo as que eu ganhava como extra por estar lá não me fariam tanta falta. Eu poderia ficar sem poder jogar futebol, mas, eu poderia apenas mudar de escola e continuar, certo? Como um parasita, não é? 

Afinal, o que eu poderia dizer para minha própria defesa? Eu não me preocupava com as consequências do que eu estava fazendo. Eu não tinha ordens a seguir, ou tarefas a cumprir, como Tsurugi, e nem se quer sabia o que acontecia com ele cada vez que ele não nos impedisse de continuar jogando. Assim como nunca parei para pensar nas reais consequências que essas vitórias proibidas poderiam trazer a Raimon. Então o que eu poderia dizer? 

– Você tem razão - foi o que eu disse – Você esta completamente certo, Tsurugi, me desculpe.

Ele arregalou os olhos.

– O que?

– Eu só penso em mim, e não tenho nada para sacrificar. Cada vitória, para mim, só tem o sabor de um jogo ganho e não do que vira depois. Você esta certo, acho que sou eu quem devia ter correntes prendendo meus pés.

Kyousuke apenas me olhou. Ele não parecia confuso, como eu imaginei que ficaria por uns instantes, sua expressão era meio de surpresa e ainda irritação. Seus dentes se serraram enquanto ele parecia pensar no que me dizer.

– Mas acredito que qualquer um, em meu lugar, até mesmo você, que eu sei que ama futebol, estaria fazendo o mesmo, em meu lugar – falei, dando as costas lentamente.

Naquele momento, eu desejei ferozmente que ele me chamasse de volta ou me segurasse. Ou ao menos dissesse qualquer coisa que me prendesse ali por mais alguns minutos. 

Porém, ao invés disso, Tsurugi pareceu me observar a sair até que eu parecesse estar longe o bastante para ouvi-lo dizer um "Até mais então" e seguir seu caminho.


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Notas finais do capítulo

Ah, agradeço, de verdade, a quem ainda continua querendo ler T_T sério, eu pensei em desistir da Nyan!, mas comecei a ler os comentários que foram deixados e não tive coragem de fazer isso.. apenas me deu animo de tentar voltar. Muito obrigado, sério ♥