Meu Deus! O tempo havia voado essa semana, a minha aproximação com os humanos ficou cada vez mais forte, hoje já é sexta, o dia do show! Eu estou nervosíssima, Jacob me ligou na noite anterior falando que passaria por aqui para irmos juntos. Eu ainda não havia aceitado muito bem a idéia de ser vigiada, eles sabiam que nada de mal aconteceria, mas insistiam!

Meu era outro que apoiava a idéia de que eu era apenas uma criancinha que precisava de supervisão.

Eu estava voltando com o meu pai do colégio, a aula havia sido ótima, as matérias são super fáceis pra mim. Mas hoje eu andei pensando uma coisa que era verdade e inevitável, um dia eu teria que me afastar de meus amigos aqui em Forks. Pensar assim me deixava triste, teria que ir embora, meu crescimento estaria terminado e meus pais e tios não envelheceriam.

Os humanos eram realmente fantásticos, peguei rápido o modo de me comportar perto deles, principalmente de Fred, ele agora era um grande amigo, me sentia feliz perto dele, não como Jacob, meu coração perto do Jake batia leve como uma canção e as palavras fluem naturalmente, mas com Fred era diferente, com ele meu coração explodia, minha palavras travavam eu ficava uma pilha de nervo a sós com ele. Espero que isso não seja uma coisa má.

Em outros dias não tive tempo de passar na casa de meus avôs para dar um oi, estavam todos a frente da TV, somente tia Rosalie que trabalhava com alguns papéis numa mesa pequena, cheia de canetas e papéis quando entrei. Minha avó foi a primeira a se levantar e vir me dar um mega abraço, u havia estranhado uma coisa, estava com saudade de seu cheiro, e dos de todos meus familiares que me abraçaram em seguida, era bom, e não machucava minha garganta como os de outros humanos no colégio.

Todos me perguntavam como estavam as aulas, meus amigos e tudo mais, tio Emmett não deixou passar uma e perguntou indiscretamente e propositalmente alto para que meu pai que estava na outra ponta escutasse como andava meus namorados, se já havia arranjado um no colégio.

- Você não tem respeito não Emmett? – meu pai disse alto ao ouvir aquilo - ela é apenas uma criança a deixe em paz!

- Não sei não, daqui a pouco aparece com um namorado lá na sua e casa e como vai fazer? – tio Emmett ria mais alto agora.

Meu estomago revirou pensando no que tio Emmett disse, Fred já havia ido lá em casa, e meu pai deveria estar pensando nisso agora.

O tempo passou rápido, eu já estava de saída, meu pai já havia ido juntamente com Carlisle de volta ao hospital e então Emmett me chamou para irmos caçar.

- Sua mãe comentou conosco que você não caça a algumas semanas, anda comendo muita comida humana – Alice disse em um tom de reprovação.

- Perfeito, sairemos amanhã. – disse Jasper

Eu realmente estava com vontade de caçar, a comida dos humanos me fazia satisfeita, mas sentia falta de saciar minha sede – correr pela floresta por ai também – mesmo sentindo dó dos pobres animaizinhos.

O papo acabou logo, depois daquilo só conversamos sobre meu colégio e contei a eles da animação que andava por lá por causa das Olimpíadas.

Eu me retirei com a desculpa de que tinha trabalhos a fazer, eu realmente tinha tarefas, mas a minha ansiedade para o show era maior.

Já eram 08h00pm Jacob chegaria a qualquer instante. A tarde passou rápida demais, fiz algumas tarefas para segunda e fiquei vendo TV com a minha mãe.

Fui para o banho já pensando na roupa que iria usar, o banho teria sido mais rápido se não tivesse lavado meus cabelos, mas isso não importava porque eu queria fazer algo de diferente neles.

Quando terminei fui direito para o closet, o amontoado de roupas dispersas pelas prateleiras e cabides não me parecia tantas assim. Peguei uma blusa de frio de lã longa e larga com uma gola role larga, nas cores vermelho e preto, a calça era um Jean normal e coloquei uma bota de couro preto que ia até um pouco acima dos tornozelos, era de bico e salto fino.

Prendi as mechas de cima do meu cabelo atrás deixando as maiores que estavam por baixo caírem sobre meus ombros.

Desci as escadas onde lá embaixo minha mãe me esperava.

- Ual, meu amorzinho, não sabia que conseguiria ficar mais linda – ela disse quando desci o ultimo degrau.

Eu dei uma risadinha por entre os lábios apertados e abaixei a cabeça. De repente senti um cheiro estranho, só podia ser Jacob, eu estava tão entretida que não havia percebido que ele já estava ali, ele estava sentado no sofá batendo os dedos no joelho, quando me virei ele se virou junto e abriu um pouco sua boca, que depois se transformou num enorme sorriso. Não pude deixar de perceber a expressão de meu pai, ele olhava incrédulo para Jacob, estaria lendo o que ele pensava?

- Você esta realmente LINDA – ele disse se levantando.

Meu pai pigarreou atrás dele e se aproximou.

- Alice chega em dois minutos. – disse Edward.

Fomos os quatro até a porta, não havia reparado, mas Jacob estava tão bonito, não com suas vestes rasgadas e seu peito nu. Ele estava com uma camiseta azul bebê por debaixo de seu moletom marrom, um Jean um pouco descorado e tênis largos nos pés enormes.

Alice chegou bem na hora que minha mãe abriu a porta e buzinou de seu porshe amarelo, aquele carro era seu xodó.

Ela desceu do carro e disse aos pulos.

- Prontos para o show crianças?

- Alice, menos. – disse meu pai.

- Fique calmo foi cuidar bem deles – ela disse segurando o queixo de meu pai.

- Eu confio em você Alice, mas não neles dois. – ele levantou uma sobrancelha para mim e Jake.

- Também te amo papai! – eu disse. – agora vamos.

Minha mãe se despediu de Jake e Alice e me deu um grande beijo na testa.

Me aproximei de meu pai, ele estava dando um tchauzinho para Alice.

- Eu vou me comportar bem – eu disse

- Eu sei, você não ousaria me desrespeitar.

- Não duvide de mim. – juntei as sobrancelhas.

- Será que eu criei um monstro? – ele juntou seus braços em minha volta e me apertou. – e só pra constatar, você esta linda mesmo – ele disse no meu ouvido me dando um beijo na bochecha.

- Obrigada pai, eu amo você – eu disse me soltando.

Dei um aceno e fui correndo para o carro, e sentei no banco de trás, lá dentro Jacob e Alice me esperavam, Jake ligava o som e Alice me olhava pelo retrovisor.

- Pronta? – perguntou ela.

Eu somente confirmei com a cabeça e saímos.

Enquanto Alice estacionava algumas borboletas festejavam em meu estomago.

- Chegamos! – Alice parecia cada vez mais animada.

Jacob veio abrir a porta de trás do carro para mim, e fez uma reverência para eu sair, eu ri.

O lugar não era dos mais grandiosos se chamava Cactos, pude ler em um grande letreiro em neon que piscava na cor verde. O segurança da porta nos encarava enquanto Alice abria sua carteira para pagar as entradas. O lugar estava um pouco lotado, varias mesas espalhadas por um ambiente escuro, a única luz vinha de um bar ao lado direito. Pude ver no palco Mark ajeitando os instrumentos.

Alice foi até a mesa vazia mais próxima do palco e fez sinal para segui-la.

Em uma das paredes havia um cartaz com os dizeres.

NOITE DE ROCK NO CACTOS.

Data: 5/03 às 10:00

Bandas:

HOST KILLER

NIAGRA

CHÁKS

e

DELAIKRA

E embaixo acompanhava fotos das bandas.

Alice estava super animada, balançando a cabecinha enquanto uma musica um pouco agitada tocava de fundo, percebi que ela também nunca tinha vindo num lugar assim, e talvez nem Jake, ele olhava para todos os lados, sempre tentando melhor acomodar suas enormes pernas debaixo da pequena mesa.

As luzes no palco se acenderam, era a banda que subia, a primeira banda que ia tocar, Host Killer! Todos estavam olhando para lá, enquanto Fred cumprimentava a platéia.

- Boa noite galera!

Todos já estavam em seus postos e eles começaram a tocar.

O publico parecia estar animado, o pessoal que estava na frente cantava algumas musicas, e entre uma e outra Fred tomava uma garrafa de água que Mark trazia.

E lá na frente estava Audrey.

Já devia estar no fim, Fred pegou o microfone talvez para se despedir, mas me surpreendi com o que ele disse.

- Bom, agora nós vamos cantar a nossa ultima musica. Eu acho que nenhum de vocês conhece, ela é nova, foi composta por uma grande amiga, que por acaso esta presente aqui hoje.

Eu nunca havia corado assim, fiquei rosa, depois vermelha, depois roxa! Queria sair correndo dali, teria um treco se ele apontasse para mim, ou mesmo somente citasse meu nome.

E ele continuou:

- Nessie! – ah não ele falou meu nome – vem aqui no palco! – eu iria explodir, ele estava apontando para mim? Será que se eu saísse correndo na velocidade de um vampiro conseguiria fugir? Aaaah não! A platéia já estava fazendo uhuuul.

Eu me levantei devagar, as pessoas abriam caminho. Ele pegou minha mão me ajudando a subir no palco. Nunca havia sentindo isso antes, haviam tantas pessoas olhando pra mim ali em cima, minhas pernas tremiam.

- Da um alô pra eles Nessie. – Fred encorajou

- Não, eu não... – sussurrei tentando dizer algo que não saiu.

Ele me deu o microfone em minha mão.

- Olá galera. – não acredito que consegui fazer alguma voz sair de minha boca.

Pude ouvir alguns uhuls, principalmente de Alice e Jacob.

- Bom – ele continuou – a musica se chama Best i ever had. – ele olhou pra mim e deu um sorrisinho como quem tem um idéia, eu definitivamente não gostei daquilo. – Mark, traz mais um microfone, a Nessie vai cantar conosco. – mais alguns AEEE na platéia.

Não, não e não! Eu não iria cantar, seria muito feio sair correndo quando todos estão me olhando? Mark entregou o microfone, tentava inutilmente fazer sinais com a cabeça de não, sussurrava isso toda hora, mas Fred continuava com seu sorrisão, como quem não ligasse.

- So you sailed away, into a grey sky morning. Now I'm here to stay, love can be so boring – cantávamos juntos agora, como uma só voz, eu conhecia de cor cada nota, e cada palavra, eles haviam ensaiado bem.

A musica que eu havia feito para meu melhor amigo, eu estava cantando junto com outro e não havia me dado conta, Jacob me olhava perplexo, talvez ele não tivesse gostado, mas a musica era minha, certo?

- The best I ever had, best I ever... – a música acabara, palmas vinham da platéia, Alice estava enlouquecida de tanto gritar, mas Jacob continuava sentado, quando será que eu iria entender ele?

Fred segurou minha cintura e levantou a mão livre, aquilo me fez sentir arrepios.

- AGORA BEIJA ELA! – um maldito cara gritou da platéia.

O que não? Não, não, não, não. Ele estaria louco se fizesse isso.

- Vocês têm certeza? – Gritou Fred, ele estava risonho.

- BEIJA, BEIJA, BEIJA, BEIJA. – um coro se formou na platéia todos gritavam, amaldiçoei a  quinta geração de todos presentes. Oh não, agora Alice dava pulinhos e gritava junto, eu sabia que ela era louca, mas não chegaria a tanto chegava mesmo?

Ele se virou pra mim sussurrou “Só um beijo, para deixar eles felizes”

Minhas pernas desabariam a qualquer momento? Era só um beijo, mas eu tinha medo, nunca beijei ninguém na minha vida. O meu único ‘quase-beijo’ foi com Jacob, não cheguei a encostar meus lábios no dele.

 “Eu não posso” – sussurrei de volta.

“É claro que pode”.

De repente só senti sua mão quente na minha nuca me puxando para perto, porque eu não conseguia fazer força e voltar? Será que eu tentaria pelo menos?

Numa fração de segundo sua podia sentir sua respiração, um pensamento lúcido veio a minha mente, meu pai ia ver isso na mente de alguém, tenho certeza a única coisa que faria sem o machucar seria virar meu rosto, então eu virei. Tarde demais, quando olho para o lado senti a sua boca em minha bochecha, mas vi algo que me machucou, Alice estava de costas olhando para a porta, e eu vi um enorme vulto passar por ela, era Jacob.

Fred levantou a cabeça e a platéia fez um “aaaaaah” de desapontamento.

- Desculpa –murmurei, então ele me soltou.

Fred somente abriu um sorrisinho e gritou para a platéia.

- Deixa pra próxima.

Lembrei-me do que vira a pouco e desci correndo do palco, Alice ainda estava parada, olhando perplexa para a porta, agora vazia.

- Eu não sei o que aconteceu – ela começou a se explicar, mas se atrapalhou – ele viu, saiu correndo, não pude fazer nada.

- Fica tranqüila Alice, não foi sua culpa, eu que sou uma idiota. – e sai pela porta, ele ainda estaria num raio de 10km?

As ruas estavam vazias, e uma nevoa não me permitia ver muito longe, por mais que minha visão fosse melhor que uma humana, ainda era embaçada. Estava frio, muito frio.

As ruas desertas me permitiam correr na direção do cheiro fresco de um lobisomem.

Eu sentia cada vez mais forte seu cheiro, queria dizer que eu estava perto, talvez ele tivesse parado.

Agora eu corria devagar, olhando cada pedaço das ruas, tentando sentir sua presença. Foi quando eu o avistei sentado no meio-fio embaixo de um poste de luz fraca. Ele só me olhou não fez mais nada. Eu me aproximei, levantei a parte da minha blusa que cobria minha bunda e sentei no chão gélido.

- Tem alguma coisa que você queira me contar? – eu perguntei.

- Nada que você não imagine que seja – a luz fraca me permitia ver algo reluzente quase transbordando em seus olhos escuros e amendoados.

- Jake – eu falei calma – você sabe que eu te amo muito, você vai ser pra sempre meu melhor amigo, nunca vou te deixar.

- VAI SER SEMPRE ASSIM? – a voz dele estava alterada me assustou e ele percebeu, então desfez a cara nervosa e me olhou profundamente enquanto uma lagrima escapara e descia em direção do seu queixo.

- A vida é assim... – eu disse num murmúrio – As coisas são assim...

- Eu não queria que você tão difícil pra mim – ele disse numa voz rouca – te ver e não poder te tocar, não poder estar em cada segundo da sua vida, e não poder te beijar – as lagrimas agora saiam destemidamente – eu tenho medo de te perder pra sempre. Você me entende?

Eu realmente não entenderia tão cedo, mas mesmo assim balancei minha cabeça numa afirmação. Eu queria poder fazer algo por ele.

- Eu realmente não posso continuar assim – ele continuou. – só podendo ir até a orla da floresta tentando captar cada sinal de você lá dentro. Nessie você não entende o quanto é importante pra mim e eu te amo mais que tudo?

Ele estava se declarando, e depois o que viria? O beijo?

Ele segurou meu rosto num aperto firme. Sequei suas lagrimas com a minha mão e alisei seu cabelo.

- Jake, as coisas não são tão fáceis.

- O que não é fácil é eu conseguir viver sem você.

Não deu tempo de dar mais nenhum suspiro que seja, sua boca chegou com violência na minha, era isso que eu poderia fazer?

Sua boca era quente, e seus lábios macios, seria mesmo essa a sensação de um beijo? Seus lábios moldavam os meus e sua língua perseguia cada centímetro de minha boca.

Sua mão deslizou pela minha nuca, me dando arrepios, e eu mantive minhas mãos em seus ombros largos, ele estaria mais quente hoje?

Eu deixei me envolver cada vez mais, os segundos pareciam lentos e suas mãos em volta de minha cintura me puxavam para perto. Arrisquei colocar as mãos em seu pescoço e senti que ele também havia se arrepiado.

No outro momento sua boca estava longe da minha novamente, mas isso não bastou para mim, essa emoção que me dominou queria mais.

“Eu te amo” sussurrei me aproximando.

E começou tudo de novo, agora com mais vontade talvez, aquela sensação me dominava e minhas mãos passeavam pelos seus cabelos bagunçando-os ainda mais.

Cada vez mais quente e forte sua língua continuava em minha boca, e devagar foi se soltando e dando leves beijinhos no meu lábio inferior, alguns segundos se passaram e meus olhos continuavam fechados, pois não queria sair desse sonho bom.

“Eu te amo, você vai ser pra sempre tudo pra mim” – foi a vez de Jacob sussurrar.

- É melhor a gente ir, deixei Alice preocupada lá pra trás? – eu disse

- Deixou? Então o que ela esta fazendo ali na esquina de baixo?

Aquilo me despertou! Estava? Eu olhei, ela estava encostada em uma vitrine de uma loja de antiguidades, seus braços finos cruzados junto ao peito e uma expressão de riso que saia de um dos lados de sua boca.

- Ah não – murmurei para mim mesma.

- Relaxa – ele me deu um beijo no alto da cabeça e me levantou.

- Vamos crianças? – Alice disse quando nos aproximamos – eu vou levar Jacob pra casa, e quanto a você Nessie, melhor dormir lá em casa hoje, temos coisas a conversar. – ela deu uma risadinha abafada, eu já sabia o que me esperava.

Estávamos caminhando para o carro que Alice estacionara 3 quarteirões abaixo, acho que ela não agüentou de ansiedade e largou o porshe lá para vir mais rápido.

Alice estava na frente girando a chave em sua mão pequena e Jacob ao meu lado um pouco atrás, a sua mão se aproximava da minha, mas agora não era como antes, antes éramos apenas amigos, hoje havia acontecido algo a mais.

Ele finalmente segurou em minha mão, apertou firme e forte, como se alguém pudesse me tirar dele, como se eu fosse escapar, eu não iria escapar, mesmo que eu tenha feito aquilo meu coração esta tranqüilo e limpo, nada poderia me abalar agora, nada...

Entramos no carro e os acentos se inverteram, eu sentei com Alice na frente e Jacob estava atrás, espremendo suas pernas, eu puxei o meu banco para frente para caber ali, mas ele preferiu ficar no meio.

- Tchau Jacob, Boa noite. – disse Alice quando paramos em frente a velha casa de Billy.

- Tchau Jake – eu disse olhando para trás, o vendo sair.

- Tchau Alice, até mais Nessie, foi um ótimo show.

Ele bateu a porta e saímos, Alice apenas dava risadinhas e me olhava de vez em quando, ela estava guardando tudo para quando chegássemos lá.