Dark Angel escrita por docin1


Capítulo 27
Haly's Circus


Notas iniciais do capítulo

Sombras do passado. Dick tentando proteger a Lis dos seus fantasmas *-*
Uma visitinha do nosso amigo Arqueiro Verde!



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Enquanto ia para a lanchonete, no dia seguinte, eu podia sentir que o natal se aproximava. Essa data sempre me deixava mais sensível, e isso me fazia odiá-la. Quando cheguei, me surpreendi com Clint sentado em um dos bancos em frente ao balcão.

–O que está fazendo aqui? - Perguntei o mais discretamente que podia indo para a parte de trás do balcão

–Oi, Lis. Como vai?

–Cint.

–Certo, eu vim porque preciso falar com você, depois do trabalho, pode ser? - Ele parecia sério, assenti.

Combinamos às 19h, em um restaurante perto dali. Aquilo me deixou preocupada.

O movimento na lanchonete aumentava cada vez mais, me deixando ocupada a todo instante. Ao fim do meu turno, precisei dispensar Suzi para enfrentar a tempestade que havia começado a pouco tempo. Eu não queria chegar ao restaurante muito molhada, então precisei pegar um táxi até o lugar.

Clint olhava impaciente pela janela quando entrei e me sentei a sua frente em uma mesa com duas cadeiras.

–Então, o que era assim tão importante? - Perguntei com um sorriso, mas ele não sorriu de volta.

–Lis, eu investiguei sobre a sua família, e... Eu encontrei o último da sua família. Seu irmão mais velho, Dave Amell.

Um choque percorreu o meu corpo me deixando imóvel por algum tempo.

–O que você está dizendo, Clint? Eu não me lembro de nenhum irmão mais velho!

–Eu consegui um endereço. - Ele me estendeu um papel amassado

Não consegui ler nada, apenas amassei mais o papel e enfiei no bolso.

–Am... Olá? - Falou Dick aparecendo ao meu lado

–O-oi Dick. - Minha voz vacilou, mas eu consegui falar - Esse é um amigo, Clint Barton. - Dick tentou sorrir forçado e depois apertou a mão de Clint - Ér... Clint, nos vemos depois?

–Sim, claro. Foi um prazer conhecer, Dick.

Dick sorriu - forçado, mais uma vez - e depois saímos do restaurante. Eu teria notado que ele estava com a cara fechada e com ciúme, mas meus olhos estavam perdidos. Andamos até a minha casa, e eu só cheguei lá porque Dick estava me guiando, eu estava completamente sem rumo.

Me sentei no sofá abraçando as pernas, me transformando numa bola.

–Lis, você está bem?

Não. Eu não estava bem. Não por saber que eu tinha um irmão mais velho vivo, mas por ter todas aquelas lembranças de volta, girando e girando em minha mente. Não precisei responder, Dick me abraçou e eu não pude mais aguentar aquelas lágrimas, deixei que elas rolassem pelo meu rosto.

Eu ainda me lembrava. Eu estava dentro do armário, no quarto dos meus pais, e podia ver o que acontecia por uma fresta aberta. Eu via o meu pai, depois de ter apanhado tanto, amarrado ao pé da cama. E então, dois agentes da noite entraram no quarto com a minha mãe sendo arrastada por eles. Um dos agentes deu um tapa em minha mãe, um tapa tão forte que a fez cair, depois ele se abaixou ao lado dela e sussurrou "Como você quer ver seu maridinho morrer?", minha mãe chorou mais e sussurrou "Não!", mas o homem já havia enfiado uma espada no estômago do meu pai. De um jeito lento, para ser mais doloroso. Minha mãe gritou e esperneou, mas levou outro tapa. Meu pai se contorceu, gemeu e começou a tossir sangue. O homem tirou a espada de seu corpo, limpou o sangue em seu próprio uniforme, e depois passou a espada pelo pescoço do meu pai. O sangue se espalhou pelo chão, minha mãe gritou e eles riram. Ao invés de fechar os olhos, eu os arregalei. O agente limpou a espada com um lenço e em um movimento rápido, enfiou-a em minha mãe, perto do coração.

–Fica calma... - Ele sussurrou ainda me abraçando depois de eu contar o que me lembrava - Está tudo bem agora... Ei, - ele levantou o meu rosto delicadamente para que eu o olhasse - Eu não vou deixar nada machucar você, nunca. Mas não posso impedir essas lembranças. Eu nunca posso impedi-las.

E então eu me lembrei. Dick tinha uma história parecida.

Ele e sua família viviam no Haly's Circus, eram os Graysons Voadores, Dick tinha apenas nova anos. Em uma das apresentações, que ele ficou de fora, um incêndio foi provocado no circo, no meio da apresentação. Toda a sua família morreu ali, exceto ele e um tio, que ficou paralisado para sempre. Dick estava sozinho. Mas Bruce estava na apresentação e o ajudou. Dick havia me contado isso nos anos de colégio. Ele realmente sabia como eu me sentia.

Aquelas imagens, o sangue, o grito de minha mãe por piedade. Tudo voltava a minha mente. Eu estava sonhando. Mas dessa vez, o agente vinha até o guarda-roupa, ele o abriu e me encontrou lá. Minha família e eu estávamos juntos outra vez e seria para sempre. Mas então eu acordei gritando. Com o corpo molhado de suor e o rosto de lágrimas.

–Lis! Fica calma, foi só um sonho. Está tudo bem agora. - Dick tirou os cabelos que estavam colados em meu rosto - Está tudo bem - Ele repetiu me abraçando

–Eu preciso encontrar o Dave. - Sussurrei soluçando e voltando a deitar ao lado de Dick

–Eu vou ajudar você. Não se preocupa, tá bom? - Ele sussurrou e eu assenti

...]

Quinta-feira, 23h30. Eu estava à caminho de uma festa, como Black Angel, é claro. Festa planejada por Thea Queen, em sua propria mansão.

Eu ficaria em um dos lados da mansão junto com Asa Noturna, enquanto Gavião e Natasha dividiam uma árvore. Eu ainda não havia conversado com ele depois do nosso encontro, mas agora estava à trabalho como babá de milionária festeira e irresponsável, pensei. Mesmo assim, ela era um dos nomes que estavam na lista de alvos dos Homens da Noite.

Trazer de volta todo o sentimento que a minha última noite em família havia causado em mim, só fez aumentar a minha sede de vingança. Aquilo me lembrava que eu havia perdido o foco com a SHIELD.

Eu estava concentrada de mais em observar a entrada da festa que mal notei quando Asa Noturna apareceu do meu lado, no telhado da casinha onde eles guardavam os marteriais para fazer a limpeza da piscina e do jardim enorme.

–Não acho que eles podem tentar alguma coisa hoje. - Falou ele

–Quem sabe?

Eu não sabia o que era, mas Asa Noturna estava diferente desde a última vez que eu o vi na casa dos Morris. Parecia mais calmo e talvez até feliz.

Passamos algumas horas ali, vendo convidados entrando e saindo bêbados, mas no fim da festa, ouvimos ruídos distantes. Asa Noturna e eu trocamos olhares criando um plano. Descemos devagar dali e deslizamos seguindo o som que parava às vezes, mas voltava todo o tempo.

Um cão. Próximo das latas de lixo. Revirei os olhos. Nada de ação durante todo o tempo. Já estava voltando para o meu posto, quando Asa Noturna segurou o meu braço.

–Por aqui. - Ele sussurrou me puxando para a parte de trás da garagem

Eu continuaria andando, sem perceber que estava indo ao encontro de dois homens da noite, se ele não estivesse segurando o meu braço.

–Essa festa não acaba nunca? - Perguntou um deles para o outro

Os dois estavam sentados no chão com cara de impacientes.

–Não reclama. Pegamos um trabalho fácil! Só temos que pegar a senhorita Queen, não pode ser difícil... - Eles falavam de Thea, claro.

Eu já havia tirado os meus braços das mãos de Asa Noturna, estava pronta para atacar, quando ouvi alguns sons misturados. Primeiro o zumbido de uma flecha, aliás, duas flechas. Depois a respiração ofegante e parando dos homens, por último, o som de pegadas extremamente silenciosas.

Asa Noturna avançou à minha frente. Fui logo atrás. Um homem de roupas e capuz verde estava parado ali com o seu arco, eu já o conhecia de alguns arquivos da SHIELD.

–Arqueiro Verde. - Falou Asa Noturna

–Asa Noturna e... Black Angel? Vocês trabalham juntos? Pensei que você gostasse mais da ruiva.

Tossi falsamente tentando interromper a humilhação que aquele momento me causou.

–Bom, foi um prazer conhece-los, até mais. - Falou o Arqueiro andando para as sombras e desaparecendo ali mesmo

–Constrangedor. - Murmurou Asa Noturna para si mesmo

–Eu que o diga... Am, aliás, por que Batgirl não está aqui... Ao invés de mim?

–Foi... Ér... Nick que dividiu as equipes... - Ele parecia atrapalhado e tentava mudar rápido de assunto - Vamos, parece que a festa está no fim. - Ele saiu andando na frente, de volta ao telhado.


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Notas finais do capítulo

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