Dark Angel escrita por docin1


Capítulo 1
Nostalgia


Notas iniciais do capítulo

Amei de mais começar essa história, tomara que gostem tanto quanto eu! Prometo não decepcionar. Satisfação total ou o seu dinheiro de volta!

Revisado/alterado em fevereiro de 2017.



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A história de como eu ganhei o Lane no meu nome é bem bonita. Quando me tornei parte de uma cena de crime e policiais encontraram a minha casa depois da denúncia anônima de uma vizinha, um dos policiais me encontrou escondida no guarda-roupas. O nome dele era Theodore Lane - há vinte anos atrás ele ainda fazia parte da Polícia de Gotham. Quando viu que eu era uma garotinha de quatro anos sem ninguém no mundo, deu um jeito de me adotar rápido.

Theo e sua esposa, Martha, me deram abrigo, carinho, cuidado e uma família. Suzana tinha minha idade e adorou ter alguém pra brincar, Mike era bebê de colo e depois de dois anos veio Lucy. Essa era a família da qual fiz parte até os treze anos. Foi assim que ganhei o Lane no documento, e o "Lis" veio junto. Mike não sabia pronunciar direito e virei "Lícia", daí foi só questão de tempo até virar "Lis".

***

POV Lis

 

Já era mais de 3h da manhã quando cheguei no apartamento em que morava. Era um lugar péssimo, nada apresentável e nada cuidado. Tirei o casaco e o atirei no sofá velho, coloquei minhas chaves na estante e sentei na beira do sofá, dividindo espaço com o casaco. Apoiei os cotovelos nos joelhos e deixei que minha cabeça descansasse nas mãos. Suspirei.

Quase. Quase peguei um daqueles cretinos. Depois de meses caçando, encontrei um homem com as mesmas roupas pretas, o mesmo medalhão no pescoço. Era do mesmo grupo de bandidos que matou meus pais. E depois de meses caçando, encontrei e desperdicei um deles. Dele, só sobrou um pedaço do medalhão. Um pedaço de ouro maciço quebrado pela minha flecha. Gravado no ouro, só se podia ler “Rhodes” em letras minúsculas.

Comecei a sentir meus olhos pesaram pelas duas noites sem dormir. Encostei a cabeça no sofá e apoiei os pés na mesa de centro que compunha a sala de estar, adormeci assim que fechei os olhos.

Acordei sem o despertador, o que significa que não o ouvi quando tocou e que eu estava atrasada para o trabalho. É, matar bandidos só dá dinheiro para a polícia. Nós, assassinos que nem chegam a aparecer nos noticiários de Gotham precisam de outro jeito para conseguir dinheiro. Então eu era garçonete na lanchonete dos meus pais adotivos a maior parte do tempo. Por sorte, a lanchonete era perto o suficiente para eu não precisar de transporte público. Entrei no banheiro arrancando minhas roupas de “Angel” – era como me chamavam quando mascarada – e saí do banheiro com o uniforme: um vestido vermelho pálido, avental e sapatilhas. Antes de sair, joguei as roupas pretas de couro no armário junto com algumas armas e o tranquei.

Fui da porta da lanchonete direto para o meu lugar atrás do balcão. Martha e Theo não estavam por perto e, além de Lucy, só uns quatro fregueses ocupavam mesas.

— Obrigada, Lucy. Te devo uma.

— Me deve outra. – Ela suspirou e entrou na cozinha, onde devia estar desde o primeiro horário, se não estivesse me cobrindo.

— Parece que alguém precisa de um despertador novo. – Theo saiu da cozinha direto para o meu lado, com uma caneca de café para mim.

— Bom dia, Theo. Foi mal mesmo... de novo.

— Tudo bem, Licia. Dormiu muito ou pouco?

— Muito. Acabei dormindo cedo depois de estudar.

— É mesmo? Porque eu encontrei com o seu Afonso e ele me disse que procurou por você, mas não te viu chegar.

Seu Afonso, o síndico amigável e amigo do Theo. Subitamente lembrei: o aluguel. Pois é, o salário de garçonete até dá para pagar o aluguel se você não precisa de armas contrabandeadas, como eu preciso.

— Ele veio cobrar o aluguel, Theo?

— Não, querida, não se preocupe com isso. Eu sei que tem as coisas da faculdade e nada á barato como antes. Já acertei tudo com ele, pode ficar tranquila.

— Eu prometo pagar tudo!

Theo nem chegou a me responder, ele jamais aceitaria mesmo.

Eu mal podia esperar para o meu expediente acabar para que eu pudesse investigar. Diferente de todos os homens como aquele que enfrentei, agora eu tinha uma pista. Depois de dez anos procurando. Fui para casa apenas para trocar de roupas e vestir o mando de Angel outra vez. Nada naquele lugar que eu morava me ajudaria a encontrar qualquer coisa que fosse sobre o homem. Guardei o pedaço de ouro no bolso do casaco e saí pela janela. Não dava para sair desfilando no meu prédio de sobretudo e máscara, então saí pela janela e escalei de parapeito em parapeito até chegar na cobertura. As poucas luzes tremeluzentes de Gotham não eram nada perto daquela lua imensa que brilhava no céu.

O único lugar de fácil acesso com a tecnologia que eu precisava ficava nos laboratórios da Gotham Academy, onde Mike fazia faculdade e Lucy acabava de entrar como caloura. Onde eu cursei o ensino fundamental ao lado de Suzi. Eu nunca usava o mesmo computador, embora pudesse me considerar irrastreavel. Não encontrei ninguém com ficha policial que tivesse características do homem ou "Rhodes" no nome, então eu desliguei o sistema e saí do laboratório. Já era 1h da manhã e mesmo com o campus protegido por seguranças noturnos, era seguro dar uma volta por ali. A Gotham Academy era moderna e cara, feita pela elite para a elite. Eu e os outros Lane tínhamos bolsas e podíamos desfrutar de toda aquela tecnologia e luxo que a escola proporcionava. Luxo que eu abri mão na oitava série, quando fugi de Gotham depois de matar a primeira pessoa na minha vida. Quando comecei a dar sinais de problemas, os Lane começaram a se preocupar demais e eu não queria que se preocupassem. Fiz o ensino médio em Metropolis, morando com a sobrinha do Theo, Lois Lane.

Agora, de volta ao campus tão bonito, uma nostalgia incomum me rondava. Mesmo quando voltei para Gotham formada no ensino médio, eu optei por ensino superior à distância. Eu estava formada em T.I. pela Yale há mais um ano, consegui avançar no curso e me formar antes do normal, mas os Lane não sabiam. Pelo menos por um tempo, eu tinha uma boa desculpa para atrasos e falta de dinheiro.

Depois de passar pelo ginásio, decidi votar para casa. Voltei pensando na vida que eu deixei para trás, mas, de qualquer jeito, esse assunto não estava aberto a debates internos.

...]

— Nossa, que milagre! – Lucy exclamou ao me ver entrar na lanchonete pela manhã – Dona Alicia chegando na hora!

— Bom dia, Lucy. – Revirei os olhos dramaticamente.

— Não torra a paciência logo cedo, Lucy! – Susana saiu da cozinha reclamando. – Como é bom te ver< Lícia! – Ela correu para me abraçar.

— Que surpresa, Suzi! Quando você chegou?

— Ontem à noite, eu te liguei, mas acho que você já tinha dormido.

— É, ando dormindo cedo.

Ainda faltava um tempo para a Lane’s abrir realmente, então Suzi, Lucy e eu nos sentamos na primeira mesa, com Suzi nos enchendo de quase dois anos de novidades da Europa.

— Bom dia, maninhas! – Mike entrou na lanchonete e me roubou um beijo na bochecha assim que teve oportunidade. – Bom dia, gatinha.

— Mike! – Nem pensei em começar a falar qualquer coisa que pudesse fazê-lo parar. Eu nunca consegui esse feito mesmo.

Mesmo com todos os dias que Suzi esteve longe, eu nunca tinha percebido o quanto sentia sua falta até tê-la de volta. O dia passou bem mais rápido com Suzi tagarelando enquanto servia café, até a Lucy estava mais suportável.

Quando o último freguês saiu e eu fechei o caixa, Suzi e Mike saíram saltitando da cozinha de braços dados, com Martha e Theo atrás.

— Festinha! – Mike cantarolou.

— Hoje vai rolar a festa de boas vindas do campus, e é aberta! Você vai, né, Lu?

Lucy piscou várias vezes para o Theo, que revirou os olhos.

— Você é caloura, né, Lu. Fazer o quê?

— Parece que eu vou! – Deu um pulinho.

— Agora só falta você! – Suzi me encarou, assim como todos os outros.

— Hm, hoje? Foi mal, galera. Eu ainda preciso estudar, você sabe.

— Poupa a desculpa pra outro dia, gatinha. Você nunca precisa estudar pra nada!

— Lícia, é sexta-feira! Eu tenho certeza que até o Batman tira folga e você nunca sai!

— Eu acho que a Suzi tem razão, querida. – Martha sorriu. – Eu mesma nunca vejo você se divertindo.

Pensei por um instante. Da última vez que eu os preocupei, tive que frequentar um psicólogo até conseguir sair de Gotham.

— Tudo bem. Eu vou.

— Finalmente!

— Vai se arrumar, então! Te pego às onze.

Quem precisa de seis horas para se arrumar?


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Alguém aí gostou? *-*