O Príncipe Cinza escrita por Micaela Salvya


Capítulo 18
Porco Bastardo




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Revirei no leito improvisado e mudei de posição.

– Splendae,- disse a voz de Zane impaciente.- precisa de ajuda?

Suspirei, cansada, morta na verdade, e no entanto dormir era impossível. Meus olhos estavam fechados, me recusei a abri-los e encontrar os olhos tempestuosos de Zane.

– Eu sei que você está acordada, Laura.

Desisti, ele desvendara a verdade, então me sentei ereta.

– Porque está irritado comigo se você mesmo também nao consegue dormir? quem era ele para se irritar comigo? Puff, príncipes no geral, mesmo príncipes deserdados, sempre se achavam no direito de reclamar de tudo, ele também estava contando carneirinhos que eu bem sabia.

– Certas pessoas nao param de virar de um lado pro outro. Se você aquietasse eu conseguiria encontrar o sono.

– Besteira, você está pensando o mesmo que eu, nao negue: quem vai cortar a garganta do outro primeiro, eu ou você?

– Claro, como se você pudesse me pegar desprevenido. Alias, se eu fosse realmente te matar, voce estaria armada e acordada, nao dormindo seu oitavo sono.

– Essa certeza eh o que vai te levar a ruina, Vossa Alteza. eu declarei sorrindo, Subestime seu inimigo e ele ganha. Superestime seu inimigo e você perde. Alina me dizia isso. Uma onda de saudade me arrebatou de surpresa, me arrastando pelo forca imprevisível da correnteza de minhas emoções. Eu nao esperava sentir falta da mulher que literalmente destruiu meus limites e me fez construir novos de frágil vidro. Ela dizia que nossos limites deviam ser expandidos a cada dia, nenhum limite devia ser permanente.

– O que está pensando, Splendae?

– Na Academia.

– Eu gostaria que quando lembrasse do meu treinamento na Irmandade isso também me trouxesse um sorriso nostálgico, mas nao traz. -divagou ele melancólico.

Gandara que estava novinha em folha apesar das adversidades de ataques de corujas treinadas, se aproximou de mim e deitou. Eu tinha que admitir, apesar dela ser muito quieta e nunca ter me atacado, eu ainda tinha medo dela mudar de ideia e resolver me ter para o jantar. Ainda mais em momentos como esse em que ela chegava tão perto.

Senti varias essências antes mesmo da minha amiga híbrida começar a rosnar.

Me levantei num pulo. O cheiro delas chegaram a mim em ondas.

Fumaça.

– Mentiroso crônico bastardo, o que foi que fez?

Zane se levantou assim que me viu fazer assim, e pareceu estar genuinamente confuso.

– O que foi agora? ele reparou na reação de Gandara, então logo recolheu tudo, o que vamos combinar nao era tanto assim, xingando baixinho se preparou para fugir. Precisamos sair daqui agora. Seu tom nunca pareceu tão mortífero.

A raiva começou a fervilhar em mim. Como aquelas Sombras haviam nos achado? Será que eu realmente podia confiar nele e o seguir floresta adentro? Ficar e enfrentar o inimigo? Será que isso tudo nunca iria acabar?

De repente eu estava em movimento, deduzi que Zane reparara no meu entorpecimento e me arrastara a força para nos tirar dali.

– Se você estiver envolvido nisso, eu juro que- tentei sem folego pelo exercício exaustivo, nao tive tempo de terminar, porque num minuto estávamos correndo, no seguinte, caímos em um túnel subterrâneo. Ou melhor, Zane aterrissou e eu cai despreparada.

– Oouff. esse foi o único som que chegou aos meus ouvidos naquela escuridão sem fim.

Me levantei lentamente ainda meio tonta pela queda brusca.

Um suspiro aliviado alcançou me por trás e quase deu um pulo pelo susto.

Tateei até encontrar Zane na escuridão.

– Você quase me matou de susto. sussurrei nervosa.

– E você quase me matou quando pulou em cima de mim, me vê reclamando?

Bufei indignada.

– E o que foi que fez justo agora? Um elogio com certeza nao foi, eu nem estou assim tão pesada.

– Verdade, imagina se você tivesse caído em cima de mim antes da Academia? Eu estaria ferrado.

– Você acabou de me chamar de GORDA?

– Nao. Foi um elogio, está definitivamente mais magra agora.

– E eu deveria agradecer? bufei novamente. Esse é o melhor elogio que pode dar? Tente um pouco mais. Porco Bastardo.

– Pelo menos quando fosse me ofender, Splendae, poderia usar xingamentos de verdade ao invés de colocar bastardo em tudo. ouvi em sua voz o tom divertido de suas palavras. Ele estava mesmo rindo do fato de eu estar ofendida pelo seu elogio.

– Gandara? tentei sentir sua presença, mas nada. Ela deve ter se perdido de nós, droga.

– Melhor agora, sem aquele felino me observando a cada segundo me sinto mais seguro, como um gato pode tanto rancor eu nao sei.

Serafina

Eu estava concentrada. Tentando tanto manter o foco no que estava fazendo que perdi noção do tempo.

Isso nao era novidade.

Enquanto minha querida irmã desaparecida costumava se perder nos livros, eu o fazia com jardinagem. Sim, uma adolescente de dezesseis anos que amava regar, podar e cuidar de todos os tipos de plantas.

Limpei minha testa com a manga da minha blusa, o dia estava incrivelmente quente para a época do ano. Minhas unhas estavam sujas de terra, o cheiro de terra e tulipas sobrecarregando meus sentidos.

De repente ouvi um pigarro, um clarear de garganta.

Olhei para cima protegendo meus olhos sensíveis do sol. Uma figura alta se localizava a minha frente aguardando ser percebido.

– Posso ajudar? tentei na duvida se ele realmente estava aqui por mim. Eu sabia que nao havia mais ninguém ao redor numa hora horrivelmente cedo como aquela, e justamente por isso, eu nao tinha ideia do por que alguém procuraria por mim.

– Senhorita Hunter?

Levantei do solo, surpresa.

– Está a procura de Laura? Céus, o que foi que ela fez dessa vez? eu sabia que algo estava errado. Em uma semana completaria cinco meses de contato perdido. Eu estava doente de preocupação.

– Humm, me desculpe, mas receio que nao é esta senhorita que eu estava a procurar. Porque ele pronunciava todas as palavras separadamente? Estranho.

Uma gorda e macia nuvem cobriu o sol e de repente eu podia ver mais claramente a pessoa a minha frente. E ele definitivamente era um ele. Ombros largos, quadris estreitos, braços musculosos e um penetrante olhar âmbar.

Acredito que quase desmaiei. Ele era o tipo de cara que fazia com que você se sentisse feminina e tímida ao redor. E considerando que eu já me sentia boba e tímida ao redor de qualquer garoto, me fez ainda mais desconfortável.

Ele possuía pele bronzeada, cabelo cor de areia, enormes e legítimos músculos, era alto como em realmente alto, e sua mais atraente qualidade era definitivamente seu maxilar. Um angular, másculo, sexy, confiante maxilar.

Ele se aproximou ligeiramente e percebi que ele nao parecia desconfortável portando todos aqueles músculos, na verdade ele parecia muito natural a respeito.

– Está procurando por mim? indaguei ainda mais surpresa do que antes. Porque?

Baixei o olhar para minhas unhas sujas e minhas roupas embaraçada. Por que eu estava tão preocupada com a minha aparência? Ele nem estava me notando dessa forma. Ele estava aqui para tratar de negócios e nada mais.

– Serafina Hunter é você? era sua vez de parecer surpreso. Ele cobriu suas feições o mais rápido que pode. Assenti concordando. Estou aqui para te levar para sua avó.

– MINHA O QUE?

Deixe-me explicar. Se eu tivesse uma avó, ela teria aparecido quando ambos meus pais morreram. Nao agora. Então considerando nenhum deles alguma vez ter CITADO o fato de eu poder possuir um parente, com exceção da minha tia, eu saberia.

Só dizendo.

– É complicado explicar, mas tudo se resolvera assim que encontra-la pessoalmente, ela pode te deixar saber sobre tudo.


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