Hermione sobrevoou a ilha de Azkaban com cuidado e pousou na área mais isolada. Quando seus pés finalmente tocaram o chão, suspirou aliviada. Voar não era coisa para ela. Deixou o hipogrifo amarrado a um tronco de árvore morta naquele lugar que parecia a própria representação do inferno e cruzou o espaço do pátio até a parede do presídio e se abaixou para olhar por uma das grades. Estava muito escuro e por isso, a maioria dos presos dormia. Olhou grade por grade até achar uma cela vazia.

Brandindo a varinha fez a grade ceder e passou pelo vão criado. Dentro da cela, usou outro feitiço para abrir a porta. Todas as celas de Azkaban eram fechadas por magia, mas por ter lido toda a história do presídio e munida da varinha, não foi muito difícil para ela abrir a cela também. Agora faltava a pior parte: achar Malfoy.

Olhou para os dois lados do longo corredor e como não viu nenhum dementador de guarda naquela ala, passou a percorrer o corredor com pressa, detendo-se em cada cela não mais que dois segundos. De repente, quando já ia à frente, sentia uma mão agarrando seu robe e virando-se assustada viu o rosto de Gina.

- Gina... por favor, não faça barulho. Eu vim resgatar Malfoy...

- Por favor, Mione, leve-me com vocês...

- Gina... eu não posso... Eu vim de hipogrifo filhote... O animal não leva mais que duas pessoas.

- Me tira daqui e eu tento a minha sorte no mar...

- A ilha fica a quilômetros de distância, Gina e o mar daqui é violento. Você vai morrer antes que consiga nadar cinqüenta metros.

- Eu não me importo... mas eu não posso mais ficar aqui, Mione. Eu não agüento mais... por favor... tenha piedade de mim... nós já fomos amigas... – disse Gina, os olhos encharcados de lágrimas. Hermione apiedou-se. Ela mesmo provara do amargor de permanecer em Azkaban onde dementadores sugava até o último fio de esperança de sua alma. Era um lugar cruel, desumano, desolador. Certamente nem Gina, a causadora de seus males, merecia aquele sofrimento. 

- Está bem...mas antes diga-me onde Malfoy está...?

- Cinco celas adiante...

Hermione libertou Gina e as duas caminharam até a cela que deveria ser a de Malfoy.

- Draco... draco... – sussurrou Hermione, enquanto Gina olhava assustada para todos os lados.

Malfoy levantou-se da cama e aproximou-se da cela, segurando a mão de Hermione.

- Hermione, o que está fazendo aqui? Não sabe que Harry virá logo?

- Eu vim te resgatar...

- É tarde demais para isso, querida!! – falou ele, num tom suave, como se sua vida não estivesse por um triz.

- Não é tarde, não. Harry ainda não chegou, podemos conseguir...

- Não...

- Malfoy...

- Não!

- Anda, Hermione, ele não quer vir! – falou Gina, tentando puxar Hermione pelo braço. Venha, nós duas podemos fugir, por favor, eu imploro!

- Draco, eu vou abrir essa cela e você virá comigo!  - disse Hermione, apertando a mão de Malfoy com a sua. – Por favor...

- Hermione... eu agradeço muito que você tenha querido salvar a minha vida, mas é tarde demais...

- Não, não é! Draco, por favor.

Hermione desvencilhou-se da mão de Draco e brandindo a varinha, abriu a cela de Malfoy, mas ele deu dois passos para trás, sumindo na escuridão

- Vá embora, Hermione!! Vá, agora!!!

Hermione escutou passos no fim do corredor. Seria Harry e os representantes do Ministério para matar Malfoy? Gina não esperou para descobrir e correu na direção contrária de onde vinham os passos, mas também, na direção contrária da abertura que Hermione havia feito na outra cela.

Sem pestanejar, Hermione entrou na cela de Malfoy e fechou a grade atrás de si. Cruzou a cela e com habilidade, abriu um novo buraco na janela de grades.  Malfoy assistia a tudo encostado na parede da cela, envolto pela escuridão.

- Vem, Malfoy, vem comigo! – disse Hermione, erguendo a mão na direção dele. Ela estava completamente exposta pela luz do luar, mas sua mão estendida sumia na escuridão. – Por favor, Draco, eu imploro...

- Se eu fugir com você, Hermione... eu estarei tornando você uma criminosa... estarei condenando você a uma vida de fugas e de medo.

- Eu vivi toda uma vida de fugas e de medo ao lado de Harry Potter, porque não viveria com você, Draco?

- Por que eu não sou Harry Potter, Hermione. Eu sou um nada, um monstro, uma coisa que não merece viver... e você é uma mulher forte, justa e honesta que merece viver, que merece ter uma vida na luz, não na escuridão...

O som dos passos se aproximavam. Agora Hermione podia escutar claramente a voz de Harry no corredor, aproximando-se...

- Oh, por favor, Malfoy, eu te suplico que venha comigo.  Por favor... – as lágrimas corriam pelo rosto de Hermione.

- Vá embora, Hermione, suma daqui!!!

- Se você não for, eu também não vou. E quando Harry me encontrar aqui, ele vai me condenar a uma vida em Azkaban... e você será morto! É isso que você quer, Draco?? Por que é isso que vai acontecer se você não vir comigo AGORA!!!

Hermione sentiu a mão de Malfoy e com destreza subiu a parede com o impulso dado por ele, segurando-a pela cintura. Já fora do presídio, Hermione, sempre segurando a mão de Malfoy, puxou-o para fora e os dois correram na direção de onde estava o Hipogrifo.

- Vamos para Hogsmeade. Eu tenho uma mala preparada para nós. Vamos viajar para o sul. Para a França e depois de lá para a África. Harry nunca mais nos achará...  – disse Hermione desamarrando o hipogrifo do tronco da árvore, quando sentiu uma forte dor nas costas. Ela havia sido estuporada. Quando desmaiou, Malfoy a segurou.

- Sinto muito, querida... mas não podia fazer isso com você. – disse Malfoy, dando um último beijo em Hermione e depois colocando-a sobre o hipogrifo. – Leve-a em segurança...

O Hipogrifo tomou impulso e iniciou o vôo, com cuidado, como se quisesse proteger a dona.  Antes que o animal sumisse no horizonte, Malfoy já tinha entrado novamente na sua cela, bem a tempo de Harry Potter surgir na sua frente.

- Bem, Malfoy, espero que esteja preparado para o seu destino...

- Sim, Potter... – falou Malfoy, ainda sentindo o gosto dos lábios de Hermione nos seus.  – Eu estou... agora eu estou...