Desventuras Incertas De Luna escrita por Docinho Malvado


Capítulo 9
Liberdade?


Notas iniciais do capítulo

Ignorem os errinhos gramaticais. Estou meio sem tempo para revisar!



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Eu estava correndo. Correndo tanto que meus pulmões ardiam. Eu não fazia idéia para onde ir, mas sabia que não podia parar. Eu estava correndo assustada e desesperada no meio de uma floresta escura. Eu já começava a ouvir o barulho das sirenes ao longe e isso me desesperava ao extremo.
– Eu tenho que parar de correr e me acalmar! – Eu sussurrei para mim mesma. – Não vou chegar a lugar nenhum. Eu vou me esconder e tentar sair dessa floresta amanhã de manhã!
Então eu comecei á andar á procura de um lugar para passar á noite. Achei uma caverna bem escondia atrás de umas árvores. Não consegui dormir, já estava acostumada a virar noites em claro. Quando o bosque já estava claro eu saí e comecei a andar.
– Hey! – Eu ouvi uma voz atrás de mim e gelei já procurando a arma.
– O que você quer comigo?! – Eu virei apontando a arma para quem quer que fosse que estivesse atrás de mim.
– Calma! – Era apenas uma garota bem morena de cabelos enrolados e armados. – Eu não vou machucar você! – Ela disse com um pouco de sotaque e eu abaixei a arma.
– Nossa, você me deu um susto e tanto! – Eu disse e ela riu um pouco.
– Quem é você? – A garota me perguntou.
– Meu nome é Luna!
– Prazer Luna, meu nome é Abla... Significa Rosa selvagem em africano! – Ela disse orgulhosa. – De onde você vem?
– Eu fugi da Divisão ontem á noite! – Eu decidi ser sincera, algo me dizia que Abla era confiável.
– Eu também fugi da Divisão á dois anos atrás! – Disse Abla sorrindo simpática para mim. – Quantos anos têm Luna?
– Tenho dez, farei onze daqui á poucos dias.
– Que maravilha! Eu tenho treze anos. – Ela disse sorrindo mostrando seus dentes brancos.
– Porque estava na Divisão? – Eu perguntei me sentando num tronco de uma árvore. Abla sentou do meu lado.
– Bem, eu morava na África. O governo Americano ouviu dizer que existia uma negra na África que falava com os animais. Eles mataram toda a minha família e me trouxeram para cá. – Eu fiquei assustada com a crueldade da Divisão. – Meu pai se chamava Abayomi, ele era sempre muito bom comigo. Minha mãe se chamava Adebola, ela me contava histórias todas as noites. – Abla pareceu triste e eu passei a mão por suas costas em sinal de conforto e sussurrei um vazio “Sinto muito”. – Eu não aguentava mais a Divisão e decidi fugir. Todos lá eram extremamente racistas. Eles me batiam quase todos os dias só porque eu era negra! – Ela pareceu ter raiva. – Mataram os meus pais só porque eles eram negros! – Ela disse revoltada.
– Não fique assim Abla. A Divisão também fez coisas horríveis comigo, mas um dia eu irei me vingar de todos eles! – Eu disse compartilhando do ódio de Abla.
– Sabe, Luna... – Abla mudou de assunto. – Um dia a minha mãe me contou uma história, ela me contou essa história um dia antes da Divisão aparecer. Ela me disse que uma guerreira pura nascida da Lua iria derrubar o mal da injustiça! – Ela disse olhando pra mim e sorrindo. Eu sorri de volta.
– Abla... – Eu á chamei mudando de assunto. – O que faz nessa floresta? Está perdida? – Eu perguntei preocupada.
– Não, Luna, eu moro aqui! – Ela explicou sorrindo. – Não sou acostumada com civilizações grandiosas e não dá pra eu voltar para África, não tenho tanto dinheiro assim!
– Lamento Abla! – Eu disse realmente sentindo pena da minha nova amiga. – Como a divisão não te achou? – Eu perguntei curiosa.
– Os animais me ajudaram! – Ela disse de um jeito obvio. – Eu vou ajudar você a sair daqui!
– Você tem que ir junto comigo para a cidade, eu não vou conseguir sozinha! – Eu disse assustada.
– Claro que você vai conseguir Luna, você é uma guerreira muito forte! – Disse Abla. – Você tem que se arriscar! Além do mas, eu sempre vou estar com você, vou pedir para alguns pássaros me contarem ás suas novidades! – Ela disse piscando para mim. Eu ri um pouco. – Agora vamos, eu vou te levar até a saída da floresta!

Caminhamos por algum tempo em silêncio até chegarmos ao pequeno centro comercial que ficava perto da floresta.
– Que lugar é esse? – Eu perguntei escondida para as pessoas não me verem.
– Uma ararinha me disse que se chama Bates City, Nova York.
– Eles sabem que a Divisão está aqui dentro da floresta?
– Não. O governo fez uma lei, é proibido entrar aqui! – Ela disse apontando para uma placa bem próxima de nós. – A pena é de cadeia!
Dei um abraço em Abla e me despedi dela. Abla voltou para á sua floresta e eu fiquei sozinha, criando coragem para sair dali.
O céu estava feio naquele dia, ás nuvens tampavam o Sol não permitindo que ele brilhasse e iluminasse as ruas. Aquilo dava um ar meio sombrio á pequena cidade.
Todos estavam olhando pra mim. É claro, uma garota imunda usando roupas sujas chamava muita atenção. Resolvi então que teria que me disfarçar. Avistei uma lojinha de conveniência e não pensei duas vezes antes de entrar.
– Com licença – Eu chamei um velho que estava de costas. Acho que ele estava arrumando as prateleiras atrás do balcão. – Eu posso usar o banheiro da sua loja?
– Tem que comprar alguma coisa, sua imundinha! – Ele disse me olhando com puro nojo e desprezo.
– Eu vou levar isso. – Eu disse colocando uma balinha na frente dele. É claro que eu não tinha dinheiro nem para comprar aquela bala, mas ele não precisava saber disso.
– Eu sei que você não tem dinheiro! – Ele disse pegando no meu braço com força. – Suma daqui ou vai levar umas bofetadas! – Ele me empurrou e eu caí no chão. Sem pensar duas vezes eu me levantei e corri para a portinha escrita “Banheiro” de canetão. Tranquei-me lá dentro antes que o velho me alcançasse.
– Sua trapaceirazinha. Quando sair daí vai aprender uma lição! – Ele disse e riu. – Vai ter que fazer coisas para mim! – Ele riu mais e eu fiquei com nojo.
Aproximei-me do espelho e abri a torneira da pia. Tirei a minha blusa e comecei a me lavar. Lavei meu rosto, meus braços, minhas mãos e meus pés. Penteei até meus cabelos com os dedos, não foi fácil desfazer todos os nós, mas consegui. Estava mais ou menos apresentável, só faltava agora trocar de roupa. Preparei a minha arma e abri a porta do banheiro.
– O que pensa que está fazendo, sua putinha?! – Ele perguntou se aproximando de mim. Sem pensar eu dei um tiro para o alto. O velho parou na hora.
– Me passa o dinheiro, filho da puta! – Eu gritei.
Não me senti bem roubando aquela lojinha imunda, mas eu precisava fazer aquilo, não sobreviveria sem um tostão no bolço.
– Tudo bem! – O velho correu e colocou todo o dinheiro dentro de uma das mochilas pretas que estavam no balcão.
Eu ainda estava com a arma apontada para ele. O velho estava suando de tanto nervosismo. Ele me entregou a mochila e eu a coloquei em silêncio.
– Eu poderia matar você, seu velho imundo! – Eu disse colocando a arma em sua cabeça. – Você não passa de um velho tarado e covarde. – Eu disse dando uma coronhada na cabeça dele. O velho desmaiou, eu guardei a arma e corri. É claro que eu disse que iria mata-lo da boca pra fora, eu não teria coragem para fazer isso.
A rua estava meio vazia, a maioria das pessoas estava dentro das lojas. Entrei numa loja de roupas apertada e pequena.
– Com licença senhora – Eu chamei uma moça que parecia ter a mesma idade do velho tarado, mas essa senhora parecia ser boa e gentil. – Eu gostaria de comprar aquela blusa e aquele short. – Eu disse apontando e sorrindo simpática para ela.
– Onde está a sua mãe pequena? – Ela me perguntou preocupada.
– Ela está na loja de eletrodomésticos comprando um aspirador de pó. – Eu menti. – Ela me mandou vir aqui comprar as minhas roupas logo, para economizar tempo.
– Ah, tudo bem. – A Senhora fingiu que acreditou.
Ela pegou as roupas que eu pedi e me entregou em silêncio.
Eu fui para o provador. Felizmente as roupas me serviram perfeitamente, apenas a camiseta ficou um pouco larga.
– Quanto deu? - Eu perguntei para a Senhora no balcão, quando já estava vestida com a roupa nova.
– Deu 50 R$! 20 daquela camiseta e 30 do short! – Ela me explicou sorrindo.
Eu lhe entreguei o dinheiro e saí.
Eu estava sentindo uma sensação estranha. De alguma maneira eu sentia que iria chover, e chover muito forte. Lá da rua olhei para o céu querendo confirmar á minha sensação. Realmente iria chover, o céu estava muito feio.
De repente a minha visão se apagou, eu senti uma dor na minha cabeça e um desconforto na barriga, como uma pontada de gelo bem no estomago, e do nada não estava mais na rua. Eu estava em uma estação de trem. Olhei para cima e li uma placa que dizia “Manhattan”.
Voltei para a rua de céu sombrio já sentindo as gotas da chuva na minha pele. A chuva ainda estava fraca, mas eu sabia que a tempestade seria terrível.
– Com licença, Moça! – Eu chamei uma moça que passava ao meu lado. Ela parecia estar com um pouco de pressa, acho que por causa da chuva.
– O que foi? – Ela perguntou impaciente e desinteressada.
– A senhora poderia me dizer como chegar á Manhattan? – Perguntei decidida, sem me intimidar pela falta de educação da moça.
– Você tem ir até o ponto de ônibus, pegar o 466 e descer no terminal dele. Esse ônibus para bem na entrada da estação de trem! – Ela respondeu um pouco mais educada e saiu correndo por que a chuva começava á ficar um pouco forte e ela não parecia estar disposta a molhar seus lindos sapatos de camurça para ajudar uma moribunda como eu.
Fiz como ela e comecei a correr para chegar logo ao tal ponto de ônibus. Para a minha sorte, não demorou muito para eu avistar o ponto. Tinha umas três pessoas lá. Eu comecei a remexer a minha mochila para pegar dinheiro para a passagem. Aquele velho não tinha muito dinheiro, daria para me manter apenas por uns três ou quatro dias e eu não queria roubar de novo. Queria achar aquele Robert logo.
Entrei um pouco molhada no ônibus, paguei a passagem e me sentei. A chuva já estava forte lá fora, não havia quase ninguém na rua, todos estavam em suas casas, abrigados e quentinhos. Senti-me um pouco mal com meu pensamento. Era doloroso de mais saber que agora eu não tinha nem mais família, nem mais lar. Eu não tinha nada, tinha apenas um pouco de dinheiro roubado, uma arma e minhas roupas do corpo.
Fiquei olhando a chuva cair da janela enquanto rezava para que Robert estivesse lá, me esperando de braços abertos, ou que pelo menos ele estivesse naquela tal de Manhattan. Já tinha ouvido falar um pouco da cidade. Li um romance uma vez que se passava lá.
A viagem não foi necessariamente longa, mas eu estava exausta mesmo assim. O pior é que o Sol já estava começando a se por e eu não tinha lugar para passar a noite. Afastei esses pensamentos e entrei na estação de trem. Ela estava lotada de pessoas.
– Qual será o trem que pego para Manhattan? – Eu me perguntei.
– Hey, garota! – Um guarda me chamou. – Você está perdida?
– Não. Quer dizer, mais ou menos. Acho que só um pouco. – Eu disse tudo rápido de mais. – O senhor sabe qual trem eu pego para Manhattan?
– Claro que sei! – Ele respondeu sorridente. – É o próximo trem a chegar á estação!
– E onde eu compro o bilhete? – Eu perguntei.
– Ali! – O guarda me apontou uma cabine pequena com uma moça grisalha dentro.
– Muito obrigado! – Eu disse ao homem e me dirigi á cabine.
– Uma passagem de trem para Manhattan, por favor! – Eu disse sorrindo entregando o dinheiro para a senhora.
– Aqui está! – Ela disse me entregando o bilhete.
Esperei o trem por uns cinco minutos. Eu nunca tinha andado de trem. Li uma vez numa enciclopédia algumas curiosidades interessantes sobre á maquina veloz e vi uma foto também. Encantei-me pelo tal trem, ele me parecia bem fascinante.
O trem chegou me tirando de meus devaneios. As pessoas praticamente me pisotearão ao saírem dos vagões. Eu tratei logo de entrar e me sentar na janela se não ficaria sem lugar.
A viagem foi longa, eu estava realmente muito cansada, mas mesmo assim não deixei de me encantar com o trem. Era incrível ver ás pessoas apenas como um borrão lá fora, eu me sentia estranhamente forte tendo aquela vista, era como se só eu existisse no mundo. Não sei se o resto das pessoas estavam tão encantadas como eu, mas creio que estavam tão apressados que nem sequer notarão a minha presença. Será que quando eu fosse adulta iria ser como eles? Apenas mais uma mulher sem expressão num vagão de trem? Ser adulta me parecia tão complicado e sem graça!
– Estação Manhattan. – Uma voz robótica soou e o trem parou.
Eu desci do trem junto com os adultos, me perdendo no meio da multidão.
Olhei em volta e vi a placa da minha visão. Aparentemente eu estava no lugar certo, agora era só esperar alguma coisa acontecer.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente gostei desse capítulo. E vocês?
Musica do Capitulo: Kelly Clarkson - Breakaway
PS: Não sou racista e odeio quem pratica esse ato horrível!
Reviews? ;)
XoXo



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