Blue Bird escrita por iSuushi


Capítulo 10
Capítulo 10 - Especial


Notas iniciais do capítulo

HOHOHO OLÁ
Capítulo novo e especial ainda por cima u.u Especial por quê? Porque é a nossa gloriosa Belle que vai narrar õ/



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                Coloquei a mão dentro do balde de pipocas, retirando algumas e levando-as a boca. Alice me repreendeu, negando com o indicador. Ri baixinho, cobrindo a boca com a mão e voltei a prestar atenção no filme. Qual era o filme? Monstros S.A. Não, não é filme de criança, é vida.

                Dentro da mochila, o celular de Alice apitou, fazendo-a saltar do sofá como um guepardo pulando na presa.

                “Alô?” ela disse, rastejando para sentar ao meu lado de novo. “Ah, sim. Não, parece que não." Ela me olhou “Acho que seria melhor assim, mas não sei... Sim, sim.” Riu baixinho “Certo, até logo.” E desligou.

                “Quem era?” questionei, desconfiada.

                “Ah, o Pedro, eu disse pra ele vir pra cá.” Encarei-a.

                “COMO ASSIM O PEDRO VEM PRA CÁ? EU JÁ NÃO DISSE QUE NÃO QUERO VER AQUELE VIADO NUNCA MAIS, NEM FANTASIADO DE PÔNEI DO ARCO-ÍRIS?”

                “Calma, calma. Ele vem justamente por isso. Pra se explicar.” Fiz uma careta.

                “Não sei se quero ouvir a explicação.” Levantei do sofá e a Ally se atirou, segurando meu braço “Que é?”

                “Onde você vai?”

                “Buscar um copo de Guaraná pra mim, oras.”

                “Ah, então traz um pra mim também.”

                Me afastei para a cozinha, enchendo dois copos com refrigerante e bebendo um longo gole de um deles. Olhei pela janela, abrindo um sorriso pequeno. Certo, eu queria ver o Pedro, mas eu estava com raiva. Só podia ter sido ele que espalhou aqueles boatos estúpidos! Neguei com a cabeça, me forçando a ficar séria.

                “Belle, cadê meu Guaraná?” gritou Alice, estendendo as sílabas. Revirei os olhos.

                “Já vai, sua preguiçosa!”

                Andei até a sala, largando o copo na mão da morena, que logo levou-o a boca.

                “Ei, Belle, cadê a sua mãe e o seu pai?” ela questionou, depois de um tempo.

                “A minha mãe tá trabalhando, acho que hoje ela vai almoçar lá mesmo, já que já são quase duas horas... Ela nem me avisa, blé. E o meu pai... Deve estar enchendo a cara.” Alice me encarou.

                “Sério?”

                “Aham, ele é alcoólatra. Só vem pra casa dormir.” Ela forçou o riso, embora suas sobrancelhas estivessem curvas em direção a testa, franzindo-a.

                “O meu pai também... Ele está trabalhando agora, que minha mãe obrigou ele a se tratar, mas ele ainda tem umas garrafas no armário, que ele troca toda semana.”

                “A gente tentou internar meu pai uma vez, mas ele fugiu, uma treta daquelas.” Olhei para a morena ao meu lado e vi algumas lágrimas escorrendo por seu rosto. Puxei-a para perto, em um abraço apertado “Não chora, Ally...” a campainha tocou e me afastei devagar “Deve ser o Gaydro, sobe lá e lava a cara.” Ela assentiu, e andou até as escadas, virando-se no último minuto.

                “Espera... Gaydro?”

                “Forma gentil de chamar seu amiguinho Pedro.” Ela riu um pouco, voltando a subir os degraus.

                Andei devagar em direção a porta, lembrando-me de quem estaria do outro lado. A campainha soou novamente e andei mais depressa, respirando pesadamente. Eu era mais alta que Alice, mas era bem mais baixa do que o resto da população, então tive de ficar na ponta dos pés para olhar pelo olho mágico. Realmente, Pedro, ou Gaydro, estava lá. Destranquei a fechadura, girando a maçaneta e puxando-a com cuidado.

                “Oi, Pedro.”

                “Oi, Belle.” Ele aproximou-se e me deu um abraço rápido, logo andando em direção a sala, enquanto eu trancava a porta novamente.

                O ar estava bastante tenso, algo insuportável, na minha opinião. Sentei-me no sofá, pegando meu copo e bebendo um pouco de seu conteúdo. Ao meu lado, vi Pedro se aproximar e sentar-se cuidadosamente.

                “Monstros S.A.?” ele questionou, apontando a tela da TV.

                “Monstros S.A. Algum problema?”

                “Vocês têm o quê? Seis anos?” com o controle remoto, acertei sua cabeça.

                “Monstros S.A. é legal, ok? Bem mais legal do que pessoas que espalham boatos estúpidos, por exemplo.” Sentindo a indireta, ele encolheu-se “E me respeite, já tenho sete anos.” Isso escapou, talvez pela minha mania idiota de não querer enfrentar papos tensos, e Pedro acabou rindo. Ficamos um tempo parados, só olhando para a TV em silêncio, certamente nenhum dos dois estava prestando atenção, eu, pelo menos, não estava.

                “Aê pessoas da Terra, voltei!” disse Ally, do topo da escada. Quando olhamos em sua direção, ela teve a ideia de gênio de sentar no corrimão e escorrer para o andar de baixo, porém, quando chegou ao final da escada, caiu no chão sentada. Sem conseguir me aguentar, eu gargalhei e Pedro me acompanhou. “Vocês são maus.” Ela resmungou “Isso dói.”

                Nós levantamos do sofá e ajudamos a morena a levantar, embora ainda gargalhássemos.

                ***

                “Então... Que tal conversarmos um pouco mais sério agora?” Alice sugeriu, enquanto eu desligava a TV. Monstros S.A. havia acabado, para a minha infelicidade.

                “Pode ser...” murmurei, sabendo que eu definitivamente não ia gostar do que viria a seguir.

                “Muito bem. Vamos começar na festa. Onde vocês dois” ela ergueu as duas mãos e juntou os dedos, demostrando que éramos nós dois, e uniu-as, tocando as pontas dos dedos umas nas outras “se beijaram.” Virei o rosto para o outro lado, sentindo-o aquecer, mas Ally colocou dois dedos em meu queixo, forçando-me a olhá-la. “E antes que pergunte, Belle, Pedro me contou. Ele estava extremamente vermelho e gaguejando, claro, mas foi adorável.”

                “Ei!” o loiro protestou, e pela primeira vez desde que havia entrado, olhei-o nos olhos. Sua face estava totalmente corada, como a minha devia estar também, mas isso apenas deixava os seus olhos ainda mais azuis.

                Para minha surpresa, ele olhou para mim também, e foi como se o mundo deixasse de existir. Eu estava zangada, certo, mas eu o amava, não amava? Era como se estivéssemos flutuando em um infinito esbranquiçado, só nós dois. Os dedos dele escorreram lentamente por sobre a minha mão, acariciando-a. Eu sabia onde aquilo ia parar. Ele ia me beijar. E tola como sou, eu certamente deixaria. Depressa, puxei minha mão de volta, largando-a sobre meu colo.

                “Ei!” ouvi Ally falar, um pouco mais alto do que o normal, parecia que já nos chamava a mais tempo “Caramba, vocês estavam em transe? Ficaram se encarando um tempão e nem me ouviram...” ela inflou as bochechas, cruzando os braços abaixo dos seios. “Seus chatos. Ao menos não estão brigando... Bem, prosseguindo com o que eu tentei desenvolver resumidamente, vocês se gostam, o Pedro não espalhou os boatos, e nem a Belle.” Olhei-a.

                “Se não foi ele, não foi você, e não fui eu, quem foi?” questionei.

                “Talvez alguém lá na festa tenha visto vocês dois se beijando. A porta estava aberta, não estava?”

                “É... Isso é verdade.” Abaixei o olhar.

                “Tudo bem então. Vocês dois estão felizes e amiguinhos de novo?” ousei erguer o olhar para o loiro ao meu lado, que me encarava com um sorriso fofo. Sorri de volta.

                “Sim, Ally.” Tentei dizer, mas soou mais como um sussurro.

                “Tá, então vamos ver outro filme que eu já fiz minha parte como resolvedora de probleminhas.” Alice tomou o controle do meu colo, ligando a TV. “Toy Story 3, WEEEE” ela disse, com a voz mais infantil possível.

                “É, vocês definitivamente têm 6 anos...”


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Desculpem, estou bem de mais com a vida pra fazer discussões dramáticas e.e
Se gostaram, eu posso fazer mais especiais (se bem que eu acho mais fácil escrever em terceira pessoa, mas eu faço um esforcinho), é só me dizer aí nos comentários *w*