Tão logo Rogue anunciou que tinha uma proposta, chamou Sting de canto. Os dois tiraram alguns minutos para discutir em que pé ia o treinamento físico das garotas enquanto que elas se recompunham e começavam uma série de alongamentos e aquecimentos. Chegaram à conclusão que o melhor jeito de saber disso seria vendo um combate com os próprios olhos, então lhes propuseram, primeiramente, que treinassem juntas, uma vez que o “barraco”, conforme dissera Sting, já tinha passado.

— Eu passei uma vida toda treinando com essazinha. Você acha que eu não sei bater nela? - Dlayla diz.

— Eu, idem. - a outra complementa - Poderia me esquivar de seus ataques com os olhos fechados… - solta.

— Aaah, poderia? - Dlayla se agita - Vamos ver quem derruba quem primeiro…

— Cai pra dentro, pirralha! - a ruiva lhe sorri, já entrando em posição de batalha.

Da lateral da arena onde os dois garotos observavam tudo, Sting comenta com Rogue baixinho:

— Cara, nem precisei fazer nada pra elas concordarem.

— E você achou que precisaria? - Rogue lhe responde rindo. - Aquela briga de há pouco ainda tá fervendo no sangue de Cibelly e antes disso teve o Orga…

— O Orga. - ambos olham para o outro e repetem juntos numa espécie de aquiescência mútua - o Orga.

Voltaram sua atenção para a frente, onde já ia bem rápido o embate das duas garotas. Rogue reparara na hora que o que faltava à ruiva em imprevisibilidade sobrava a Dlayla. A garota era uma maquina de bater quase sem sentido lógico. Seu estilo era se adaptar ao oponente e o pegar desprevenido, causando grandes danos em um curto espaço de tempo.

Já Sting notara que a eficiência técnica de Cibelly era elevada e a sua distribuição de golpes era excelente. Uma oponente muito difícil de ser combatida, pois agia de uma forma calculadamente movida para a vitória. A moça tinha o dom de observar como o oponente se movia, especulando rapidamente como reagir e até induzindo os que se deixassem levar a agir conforme ela queria.

Além disso, a força física de Dlayla era bem superior à que a amiga tinha, sendo que esta recompensava tal falha com resistência física e esquiva altas, coisa que Dlayla não se especializara. De uma forma estranha, as duas eram quase que opostas em seus estilos e se complementavam. Onde uma era força bruta e imprevisibilidade, a outra era equilíbrio e tática. Onde uma era barulho e confusão, a outra era furtividade e limpeza na aplicação dos golpes.

Entretanto, os garotos notavam certa falta de fluidez no combate de ambas. Estavam meio travadas. Conforme observavam, comentaram entre si que talvez isso se desse por elas não poderem usar seus poderes. Onde haviam falhas, geralmente ambas supriam com magia, mas ali não havia essa opção. As duas se viram com mais dificuldades do que pensaram que fossem ter.

Foi um combate duro. Dlayla levava sempre a vantagem momentânea quando conseguia atingir Cibelly, a desestabilizando, mas tal proeza era complicada de se conseguir. A ruiva parecia um demônio se esquivando dos golpes muito rápidos para serem vistos por olhos destreinados. Imediatamente, a garota revidava com algum ataque físico, não tinha a força destruidora que a morena aplicava, mas ia construindo brechas na convicção da oposta.

A luta se entendia já por algum tempo. Próximo ao fim do combate Dlayla se cansou primeiro, perdendo força e velocidade na aplicação de ataques e esquivas e foi finalizada por um chute lateral que a acertou em cheio. Não fosse a melhor preparação física da ruiva, as esquivas e os golpes graduais, o combate teria terminado ao primeiro golpe que a morena acertara.

A mais nova foi parar no chão com a força dá batida final, de onde nem se incomodou de levantar mais. Ficou lá respirando com a maior necessidade. A ruiva, por fim, deitou-se também no chão e colocou-se a respirar sofregamente que nem a amiga. Agora que a adrenalina passara, sentia o corpo latejar em todos os pontos onde fora atingida. Quando levantou a blusa até abaixo dos seios, viu que a barriga já estava ficando roxa onde ela fora atingida com um soco.

— Filha da mãe, eu já tô ficando toda roxa, Dlayla!

— Há Há! Quem mandou brigar comigo? - a outra provoca quase sem forças.

— Mas eu que ganhei! Nyah! - a ruiva faz “v”s com os dedos, sorrindo para a amiga e para os dois que ainda estavam observando tudo. - E vocês, não falam nada não, hein?

— Sim, seus dois paspalhos, façam alguma coisa útil agora!

Os dois tigres estavam discutindo sobre como prosseguir agora que já tinham noção de como as duas lutavam e quais eram seus acertos e falhas. Quando as garotas lhes chamaram, se aproximaram.

— Minha conclusão - Sting começou - é que isso foi intenso!

— Eu que o diga!

— Tá… - Dlayla os encara por alguns segundos - Agora é a parte que vocês falam algo que nos ajude! - grita.

— Eita criatura pra gritar! - Sting reclama - Será que você consegue não ser tão gasguita por uma manhã?

— Não, não consigo! E ninguém mandou você estar aqui! Ninguém te obrigou a conviver comigo!

— Pelo amor de Kami-sama! - Cibelly interfere - Será que eu vou ter que bater em vocês dois pra pararem de serem tão casalzinho brigando?

— Olha quem fala - Dlayla reage - Não sou eu que saio de casa pra dormir com macho… - a doida insinua.

— Como se em toda a sua vida você nunca tivesse dormido com o Sting. - a outra devolve - Antes fosse só dormir… - ela ri soltando no ar.

— Calada! O que você foi fazer na Sabertooh hoje afinal? Você disse que eu não sabia, então me diga.

— Sabe, o Sting é péssimo em esconder coisas… Ou pelo menos de mim. - ela ri - Ontem à noite ele foi à casa do Rogue e me disse que você estava por aqui.

Ao ouvir isso, Dlayla mira Sting com olhos fulminantes.

— Stiiiiiiiiiing!

— O quê? - ele reage se afastando para os lados da ruiva e pra bem longe de Dlayla - Ela acabou descobrindo.

— Enfim - Cibelly retorna - aí eu fui hoje de manhã lá ver se você tinha aparecido por aqui, se não tivesse eu ia pra casa. MAS meu pensamento se provou certo. Você voltou.

— Devia ter ido era pra casa, ameba!

— Aí você não ia me encontrar aqui, escandaloso ser!

— E você! - Dlayla se vira pro dragon slayer de luz - Por que diabos você não me disse que ela tinha perguntado por mim, loiro aguado?

— Aaah, eu posso ter esquecido de te falar isso hoje de manhã...

— Stiiiiiing!!!

— Você não perguntou, cacete! - grita ele se chegando um pouco mais perto de Cibelly.

— Sabe, - a ruiva retoma - Eu comecei a chorar pela ironia da situação. Você e eu agimos pelas costas uma da outra querendo fazer alguma coisa, com intenções bem parecidas. - mira Dlayla agora - E então eu só queria te bater ao chegar daquele jeito lá. Eu devia ter batido. - lamenta - Uma chata dessas fazendo fuzuê. “Só eu tive esse pensamento” o caralho. - desabafa mirando agora o céu azul com nuvens brancas.

— Ei... - a morena reage - E se vacilar, faço fuzuê de novo, viu. - todos riem.

— Okay, vamos organizar alguma coisa aqui. - Rogue por fim cala a todos. - Quase hora de almoço. Vocês dois - aponta para Dlayla e Sting - vão atrás de comida e tragam pra gente também.

— Oh, coitado! Acha que pode mandar em mim. E você vai fazer o que, Cheney? - Dlayla pergunta desafiadora.

— Eu ia atrás dos exceeds. Acabou que Lector e Frosh ficaram na guilda.

— Então tá.

Dito isso Dlayla se levanta e sai arrastando Sting pelo braço. Cibelly dirige suas duas mãos pra cima com o intento que Rogue as puxe, e o mesmo a levanta do chão.

— Ai! Ai! Ai! Puxou com muita força. Até minha alma dói!

— Desculpe. - ri - Por que não usa magia de ar pra se curar?

— Estava acumulando energia pra isso. Acho que eu devia ter ajudado Dlayla também...

Então eles param sob a sombra de uma árvore enquanto a garota aplicava magia de cura sobre o próprio corpo. Os maiores descoloridos suavizaram e os menores voltaram à cor normal da pele. A musculatura machucada pelas batidas foi sendo curada e as maiores dores diminuíram o bastante para que a garota estivesse bem.

Continua... ღ