Normal’s POV

Já havia passado pouco mais de uma semana desde a visita de Umibouzu a Terra. Depois da briga, ele meio que acabou aceitando o namoro de sua filha, e logo depois do seu trabalho terminar, partiu para algum planeta distante. Desde então, as coisas andavam tão normais quanto possível para um lugar maluco como Edo.

Sougo’s POV

Era o meio da tarde, e eu estava indo tirar meu habitual cochilo no meio da patrulha. O clima estava realmente perfeito para isso, mas quando eu já estava com minha mascara de dormir, alguém tentou falar comigo. Não me mexi um milímetro do meu conforto, e fingi que estava ouvindo. Pelo que eu entendi, eram duas ou três garotas, e ficaram falando que eram de outra cidade, e perguntando se eu não poderia mostrar o lugar para elas. Ah que saco, será que eu não tenho um pingo de sossego? Elas de repente, pararam de falar comigo e começaram a cochichar entre si.

Jenn: Ei, olha lá, é aquela esquisita que eu falei. A que vive andando com um monstro gigante como se fosse um bichinho de estimação.

Mar: Qual o problema daquelas roupas? Ela faz cosplay ou o que?

Espera, essas características me pareciam familiares, será que... Não, deve ser só minha imaginação afetada pelo sono. Parei de ouvir a conversa e tentei dormir.

Kagura’s POV

Eu tinha saído para ir ao supermercado com Sa-chan. Eu preferia ter ficado em casa tirando um cochilo, mas o maldito quatro olhos me expulsou para poder terminar de fazer a faxina. Estávamos passando na praça, quando eu vi uma coisa nada agradável. Duas garotas estavam literalmente cercando o super sádico. Ok, eu não estava com raiva dele por isso, nem nada parecido (até porque ele parecia estar dormindo), mas eu não conseguia evitar sentir uma raiva inexplicável, como no dia que nós começamos a namorar, por causa do mal entendido com aquela garota ruiva.

Sa-chan: Kagura-chan, você está bem?

Kagura: Eu? Ótima.

Sa-chan: Tudo bem, não tem problema se estiver com ciúmes.

Kagura: Ciúmes?

Sa-chan: É, aquela vontade de arrancar o pescoço de qualquer ser humano do sexo feminino que se jogue em cima da pessoa que você ama.

Kagura: Mesmo ele não estando nem ai para elas, isso ainda está me irritando. Ah, o que eu faço?

Sa-chan: Vai lá.

Kagura: Tá maluca? Eu não vou fazer uma confusão de garota histérica, o sádico ia me zoar para sempre se descobrisse que eu estou com ciúmes.

Sa-chan: Não precisa brigar com elas. Só cumprimente ele. Você faria isso se aquelas garotas não estivessem lá, então não tem problema. Bem, eu vou voltar para o Yorozuya, Gin-san e Shinpachi-kun iam sair, então é melhor eu deixar essas coisas lá.

Kagura: Certo.

Vi Sa-chan indo embora e a duvida permanecia na minha cabeça. Ir lá ou não ir? Droga, eram com esses problemas que as garotas normais se importavam? Antes eu as achava idiotas por fazerem esse tipo de coisa, mas era uma situação que só quem estava apaixonado conseguia entender. Fiz meu caminho até o lugar onde o sádico estava, colocando no rosto uma expressão totalmente entediada para disfarçar o tal ciúme. Logo que cheguei perto, as duas garotas ficaram me olhando estranho, mas ignorei e sentei na barriga do sádico, forçando todo o meu peso.

Sougo: Que diabos? Ah é só você. Dá pra levantar china girl, eu estou sufocando!

Kagura: Você não devia estar patrulhando? Se for para ser um ladrão de impostos pelo menos faça seu trabalho direito.

Sougo: Eu não consigo trabalhar com sono.

Kagura: Você sempre está com sono.

Sougo: E de quem é a culpa? Ah, vocês duas ainda estão aqui?

Jenn: Claro que sim! E então, você vai poder fazer o que pedimos?

O que? Essas duas ainda não tinham desistido? Tudo bem que a primeira vista nós poderíamos não parecer um casal de namorados, no máximo dois amigos que viviam brigando, mas dava para notar que ele não estava interessado. O que eu poderia dizer para fazer aquelas intrometidas sumirem, mas sem deixar obvio meus ciúmes? Já sei, eu tenho a desculpa perfeita.

Kagura: Desculpa me meter, mas eu tenho que perguntar uma coisa antes que eu me esqueça.

Sougo: Sem problema. Ei garota, depois você fala ok?

Kagura: Eu estava tirando as coisas da minha mala e vi que muitas roupas estão faltando. Porque eu tenho a impressão que isso é obra sua?

Sougo: Eu só achei que se algumas coisas ficassem no Shinsengumi você não precisaria levar uma mala tão grande nas outras vezes. E que se por algum acaso, todas as suas coisas aparecerem lá, isso faria você passar mais tempo lá do que no Yorozuya, e acabaria se mudando.

Kagura: Sério mesmo que achou que esse plano ia funcionar?

Sougo: Ainda não foi concluído, então não posso te responder. Ah, o que vocês duas querem mesmo?

Jenn: É que nós somos de uma cidade vizinha, e seria muito legal se você nos mostrasse os melhores lugares de Edo.

Kagura: Desculpe, esse inútil aqui é policial não guia de viagens.

Fiquei tão furiosa que sai arrastando Sougo pelo braço, e quando olhei para trás ele estava sorrindo ironicamente. Perfeito, o idiota percebeu.

Kagura: O que foi?

Sougo: Nada, eu só estava aqui pensando o quanto você fica linda com ciúmes.

Kagura: Eu não estava com ciúmes!

Sougo: Então eu vou voltar lá e ajudar elas.

Kagura: Faça isso e eu te mato!

Sougo: Viu só que está com ciúmes.

Kagura: Idiota!

Tentei andar mais rápido, não queria ficar ali, mas ele me segurou pelo braço.

Sougo: Você sabe que não precisa ficar desse jeito.

Kagura: Eu sei, mas é que... Como você se sentiria se fosse ao contrario? Vai me dizer que não ia ficar irritado?

Sougo: Eu iria matar a pessoa, mas isso não em ao caso.

Kagura: Nós somos dois idiotas.

Sougo: Você é mais.

Kagura: Calado maldito.

Nos beijamos ali no meio da rua, sem dar importância as pessoas ao redor. Até que não era um jeito tão ruim de terminar uma briga... Sougo parou o beijo bem antes do que eu gostaria só para sussurrar no meu ouvido.

Sougo: Estamos perto do Yorozuya, tem alguém lá?

Kagura: Não, pelo que Sa-chan me disse todos saíram. Por quê?

Sougo: Você sabe o porquê.

Kagura: Não nós não vamos fazer o que você está pensando no Yorozuya.

Sougo: Ou é isso ou eu vou ter que prender a mim mesmo por atentado ao pudor. O que você prefere?