Festa? Como assim? Argh! Não sou muito fã de festas, e o que eu vou usar? Calça jeans e blusa do acampamento? Bom, pelo menos os campistas estão felizes. Após cuidar dos meus ferimentos, lavar meu cabelo e tomar um bom banho, visto um pijama e vou tentar arranjar o que vestir. Me deparo com minhas irmãs sentadas na cama de Amélia conversando alto ao redor de uma pilha de tecidos. Amélia se vira para mim e jogo um bolo de tecido azul.

– Sobrou este para você, Mel.- Ela diz, de modo bondoso.

Agradeço com um falso sorriso e decido abrir esse tecido, me deparando assim com a coisa mais bizarra que já vi na minha vida: O vestido era longo, com a saia alta e mangas compridas e enormes. O mais bonito era o tecido, azul forte. Avalio bem o vestido na minha cama, e decido dar uma “ajeitadinha”. Pego uma tesoura de costura do nosso espaço de artes e começo a consertar aquilo: tiro todo o “recheio” da saia, corto a mesma na altura do joelho e com um pedaço da parte cortada faço uma faixa para a cintura. Por fim, corto as mangas, deixando apenas duas pequenas alças. Ficou até que legal, eu acho.

Começo a me ajeitar: visto o vestido, calço a sandália que Siena me deu no natal passado e prendo o cabelo em um coque desconectado. Coloco um pouco de perfume e, eca, rímel. Me olho no espelho e vejo que está até legal.

Saio do chalé, recebida com “uhu’s” dos meninos do chalé. Mostrei a língua para eles, mas depois cai na risada. Mas coitado de Benjamin, levou um tapa depois de assobiar para mim. Vou andando lentamente para a festa, observando alguns filhos de Dionísio contrabandearem bebidas e filhas de Afrodite animadas. Quando chego na festa, vejo Siena dançando com Colin, diva como sempre: usava o cabelo loiro solto, com tiaras de tranças, e um vestido mullet preto. Ela dançava alegremente com Colin. Ambos sorriram para mim.

Fui me sentar na mesa do meu chalé, com as poucas pessoas que restavam, já que a maioria estava se esbaldando na pista de dança com o povo do chalé de Afrodite. Suspiro. Pego um suco e fico bebendo. Está tudo correndo bem, até que percebo que alguns garotos do chalé de Ares estão me olhando da cabeça aos pés e falando uns com os outros. Começo a me irritar e me preparo para ir falar com eles, sendo interrompida por um garoto bem alto.

Olho para cima e vejo Marcos, o garoto bonito do chalé de Ares. Ele tem cabelos castanhos avermelhados e olhos verdes escuros. Ah,e claro, bem mais alto para a idade. Ele estende a mão para mim.

– Sabe, vai tocar salsa e você é descendente de cubanos, certo? Então, eu pensei, uma garota tão bonita como você, não deveria ficar aqui sentada, então... – Ele disse, um pouco nervoso.

Eu estreito os olhos e o respondo:

–Ahn, eu sou descendente de espanhóis e brasileiros. Mas, eu danço com você. Com apenas uma condição. – Eu digo apontando com o queixo para a mesa dos meninos do chalé de Are, bem atrás dele.- Eles tem que parar de ficar me olhando.

Ele olhou por cima dos ombros para onde eu indiquei. Ergueu as sobrancelhas, parecendo bem irritado.

– Se não pararem, voltam para o chalé de olho roxo! – Ele diz, com a raiva aparente.

Dou um sorriso e finalmente seguro a mão dele, me levantando bem quando a música de salsa começa a tocar. E, se diga de passagem, a salsa sempre foi um dos meus ritmos favoritos, e naquela dança, eu estava muito bem. Marcos era meio sem gingado, mas bem fácil de conduzir. O sorriso dele era bem mais que encantador. E de repente a música acabou. Ele riu.

– Dança tão bem assim sempre?- Ele disse, sorrindo.

– Só em salsa, lambada. Sabe, essas coisas.

– E fazer isso, você consegue?

Ele retirou o terno e balançou no ar, fazendo os passos conforme a música do anos 60 que tocava. Eu dou um sorriso e também faço meus passos. Ele levanta as mão em forma de redenção. Ele me abraça e voltamos a dançar.

– Você é um idiota.- Eu digo.

– E você uma sabe-tudo.

– Uhmm... justo!

Eu não sabia que a festa podia ser tão divertida! ELE tão divertido! E ficamos assim, dançando, rindo e conversando sobre coisas idiotas a festa toda. Sério mesmo! Fomos os últimos a ficar no salão, e não teríamos ido embora se eu não tivesse recebido cutucões na cintura. Ao me virar, me deparei com Benjamin.

– Mel, já tá na hora de irmos. Tá tarde, e você é minha irmãzinha, então vamos lá. Não quero você acordada a essa hora- Benjamin falou, deixando no ar um leve cheiro de bebida.

Eu sorri para Marcos em despedida e percebi um olha de inimizade entre Benjamin e ele. Decidi ignorar e continuei a andar. Acho que já estávamos bem próximos do chalé, quando Benjamin suspirou e disse:

– Olha, Mel, eu sei que você é durona tal, mas fica longe desse garoto, tá bom?

–Por quê?

– Nada.

Eu fiquei meio intrigada, mas decidi não conversar mais. Apenas me preparei para dormir e cai no sono.

De manhã, fui uma das últimas a me levantar, então só tomei um bom banho, me arrumei e peguei minhas coisas, me despedindo temporariamente do chalé. O dia lá fora estava bem ensolarado e os campistas ao meu redor choravam e se despediam. Avistei Siena e Colin no meio da multidão e começo a me dirigir a eles, dando acenos de despedidas para os campistas que sorriam. Ao chegar perto de Siena e percebo que ela está com os olhos cheios de lágrimas. Sem dizer nada, eu a abraço.

– Volte, e não me esqueça!- Ela diz baixinho.

– Pode deixar ,Tweedledee- Eu digo, meio rindo.

Ficamos abraçadas por um bom tempo, até Benjamin e Amélia nos derrubarem com um abraço de urso. Nós rimos e nos despedimos com abraços e beijos no rosto. E chegou a hora! Entro no ônibus ao lado de Colin. Nós sentamos no meio do automóvel, e percebo que esqueci de me despedir de uma pessoa. Abro a janela a sua procura, e percebo que ele vai ficar no Acampamento. Ele abre o maior sorriso quando eu ao minha janela, e joga uma pequena pedra com um bilhete amarrado:

Melindagarcia9321@hotmail.com certo? Espere meu e-mail.

Eu vou matar Siena! Que permitiu que ela saia dando e-mail a qualquer filho de Ares bonito que aparecer?