Jovens e Heróis escrita por Gistar
Notas iniciais do capítulo
“Todas as outras crianças com sapatos caros
É melhor vocês correrem, correrem mais rápido que a minha arma
Todas as outras crianças com sapatos caros
É melhor vocês correrem, correrem mais rápido que a minha bala.”
Eles entraram de repente, um deles deu três tiros para o alto e o caos foi total. Num reflexo inconsciente, todos se atiraram no chão e foram para debaixo da mesa para se protegerem. Um deles gritou.
– Ninguém se mexe! Se nos obedecerem ninguém vai se machucar e tudo ficará bem.
Algumas pessoas ficaram em pânico e começaram a gritar, percebi que Jess era uma delas.
– Todo mundo quieto se ninguém quiser levar bala! – o cara que dera os tiros gritou. Parecia ser o líder deles.
As pessoas pararam de gritar. Ouvi Mike tentando acalmar Jess, que agora estava chorando, enquanto Ben cuidava de Ângela. Eric, Jacob e eu estávamos imóveis, como naqueles pesadelos que você observa e ouve tudo o que acontece, mas não consegue se mexer nem dizer nada.
– Nós vamos chamar alguns nomes, quem eu chamar levanta e vem até mim.
Ele pegou alguns papéis na mão que eu deduzi que eram as nossas fichas de matrícula e chamou Emmet. Ele se levantou e caminhou até o homem, parecia nervoso, mas seguro de si. Ele era alto e musculoso, certamente se o cara não tivesse uma arma e não estivesse rodeado de cinco companheiros também armados, Emmett o derrubaria com uma direita.
– Você é filho de um senador correto? – perguntou o homem.
– Correto! – ele respondeu.
Outro homem o levou para um canto do refeitório enquanto o que estava chamando pegava a próxima ficha.
– Rosalie Hale! – era a loira. Ela demorou um pouco para levantar e ir até o homem, percebia-se que ela tremia dos pés a cabeça, embora continuasse numa pose arrogante.
– Seu pai é dono de uma companhia de aviação?
– Sim. – o outro homem a levou até onde estava Emmet.
– Edward Cullen! – droga, ele foi chamado. Eu comecei a tentar adivinhar qual era o padrão que o homem estava utilizando para chamar as pessoas enquanto Edward, aparentando segurança, caminhava até o homem.
– Seu pai é dono de uma empresa multinacional de automóveis?
– É. – ele foi levado também.
O homem chamou Alice, que confirmou que o pai era ministro e depois chamou Jasper, cujo pai era arquiteto e projetara todos os prédios de administração do país e também as famosas torres gêmeas.
– Mike Newton! – meu coração deu um salto! Mike se dirigiu até o homem, seu pai era um dos diretores de uma grande empresa no ramo da informática.
Foi aí que eu entendi o padrão que eles estavam usando para chamar os alunos. Eles estavam chamando os filhos dos homens mais poderosos, então se eu estivesse certa a próxima pessoa a ser chamada seria...
– Jéssica Stanley!
Claro, o pai dela era dono de uma rede de hotéis de luxo. Vi que Jacob xingava baixinho os caras. Vi Jess se levantar e tremia tanto que parecia que ia desabar a qualquer momento.
O homem pegou o que parecia ser a última ficha.
– Isabella Marie Swan!
Não pode ser! Eu ouvi direito? Ele me chamou? Eu continuei no lugar, eu devia ter ouvido errado. Ele chamou de novo e Jacob me cutucou.
– Bella, estão chamando você!
Por que me chamariam? Eu sou bolsista não sei nem quem é meu pai e eles é que não vão saber. Eu finalmente me levantei e percebi que minhas pernas tremiam, caminhei até o homem e senti que todos me olhavam curiosos, se perguntando a mesma coisa que eu: Por que haviam me chamado? Eu era bolsista, só podia ser engano!
De perto eu pude analisar melhor o homem, ele estava bem vestido e aparentava ter vinte e poucos anos. Seus cabelos loiros e compridos estavam presos num rabo de cavalo.
– Não consta na ficha o nome de seu pai, mas nós sabemos quem é. – ele começou a explicar – você deve estar se perguntando como sabemos se nem você sabe. O fato é que ficamos curiosos ao ver que a sua ficha era a única que não constava o nome do pai e resolvemos investigar a vida da sua mãe para descobrir.
Eu estava perplexa! Eles andaram investigando a vida da minha mãe só para descobrir quem era meu pai?
– Então, você não está curiosa?
É claro que eu estava, mas ainda não conseguia falar. Juntei todas as minhas forças e respirei fundo.
– Estou – consegui dizer num murmúrio e não tinha certeza se ele havia ouvido.
– Seu pai é Charlie Swan, ele é secretário da segurança nacional. Não me admira que ele tenha querido esconder sua paternidade, provavelmente queria protegê-la de ameaças.
Eu ouvi um murmúrio por todo o refeitório, os outros pareciam tão incrédulos quanto eu.
Não podia ser, devia ser um engano de sobrenomes, muita gente tinha o mesmo sobrenome e não era parente.
– Você tem certeza? – consegui finalmente soltar de uma vez só.
– Claro, - ele respondeu – a nossa fonte conseguiu essa informação da sua própria mãe!
– Como? – Não pude deixar de perguntar, eu estava curiosa e acho que minhas leitoras também estão.
– É incrível o que alguns drinks e uma boa conversa fazem uma pessoa dizer. Conhece aquele ditado “A bebida entra e a verdade sai”? Pois saiba que é verdadeiro.
Ele sorriu e não disse mais nada, apenas me encaminhou até onde estavam os outros chamados.
– Agora prestem atenção! - O homem que estava fazendo a chamada começou a falar - Nós estamos aqui para libertar um colega nosso que está preso e se as autoridades responsáveis colaborarem, logo vocês todos retornarão à sua vida normal. Mas enquanto nós estivermos aqui, vocês seguirão as nossas regras. Vocês irão até seus dormitórios e pegarão suas coisas, pois nós iremos redistribuir vocês. Vocês continuarão tendo aulas normalmente, não queremos prejudicar o seu aprendizado. Nós ficaremos de olho em vocês, temos sentinelas por toda a escola e estaremos vigiando dia e noite. De quatro em quatro horas iremos contar todos os alunos e professores e para cada um que estiver ausente no horário da contagem, quatro morrerão. Seremos pontuais e inflexíveis, por isso não se atrasem! A contagem será feita às oito da manhã, meio-dia, quatro da tarde e oito da noite. Vocês terão horários estipulados para tomar banho, meninas de manhã e meninos à noite. Terão toque de recolher às oito, depois da última contagem e quem for pego fora do dormitório neste horário será castigado. Sigam as regras e tudo ficará bem. Agora, quero que todos se encostem nas paredes para fazermos a primeira contagem.
Nós assistimos parados enquanto os outros alunos se encostavam nas paredes do refeitório. O homem nos contou e continuou contando os outros.
– Anote aí, - disse para o outro cara – dez professores, vinte funcionários e cento e cinqüenta e dois alunos. - Vão para seus dormitórios, peguem suas coisas e voltem para que nós possamos fazer a redistribuição.
Os alunos começaram a sair e nós ficamos esperando ordem para sair também. O homem veio até nós e disse.
– Vocês ficarão no mesmo quarto, as meninas em um e os meninos em outro. As meninas podem escolher quem vai mudar de quarto e as outras podem ficar no mesmo. Os meninos ficarão no quarto ao lado das meninas, vai facilitar encontrá-los quando precisarmos de vocês.
Isso significava que eu teria que dividir o quarto com a loira. Vi que ela também não gostara da idéia. Tínhamos que decidir se eu e Jess íamos para o quarto de Rosalie e Alice ou se elas iriam para o nosso.
– Eu não vou para o quarto dela! – Rosalie parecia irredutível mesmo na situação em que estávamos e nem eu nem Jéssica tínhamos ânimo para discutir, então concordamos e fomos pegar nossas coisas.
Quando chegamos ao nosso quarto, Ângela já estava arrumando suas coisas. Quando nos viu, abraçou a mim e a Jess e começou a chorar.
– Ângela, calma - falei, mas Jess já estava chorando também.
– O que vai acontecer Bella? O que eles vão fazer com vocês? – perguntava Ângela. Eu tinha que acalmá-las, alguém aqui precisava manter o controle.
– Eles não vão fazer nada Ang, o cara disse que se cooperarmos ninguém vai se machucar. Nós vamos trocar de quarto apenas para ficar mais fácil deles nos encontrarem se precisarem de nós.
– Eu não quero me separar de vocês... – Ângela me abraçou e não me soltava de jeito nenhum, Jess parecia mais calma.
– Nós não vamos nos separar Ang, nós vamos continuar tendo aulas juntas e sentando juntas no refeitório, só vamos ter que dormir em quartos separados. Logo tudo vai acabar e vamos ficar bem.
Finalmente Ângela me soltou e se acalmou, terminou de arrumar suas coisas e se despediu.
– Não esquece Ang, - lembrou Jess – Temos que estar no refeitório às quatro. Não se atrasa pelo amor de Deus!
Depois que Ângela saiu, Jess e eu arrumamos nossas coisas e fomos para o quarto de Alice e Rosalie, Alice havia nos explicado onde era e não foi difícil achar.
Quando chegamos, Lauren estava saindo do quarto.
– Quem for ficar na minha cama e com o meu guarda-roupa, por favor, deixe tudo limpo e organizado quando sair, tá?
Eu e Jess nos olhamos boquiabertas. Tanta coisa pra se preocupar e Lauren estava preocupada em como ficaria seu quarto quando isso terminasse.
Nós entramos no quarto depois que ela saiu.
– Meninas, fiquem à vontade. – Alice disse.
– Obrigada Alice – respondi, Rosalie estava olhando pela janela e ignorou nossa chegada. Eu vi que só havia uma cama e um colchão no chão sobrando.
– Pode ficar com a cama Jess, eu não me importo de dormir no chão.
Jess concordou e não disse nada, parece que Alice não gostou da atitude dela.
– Não se preocupe Bella, nós podemos revezar e cada dia uma dorme na cama.
– Não precisa Alice...
– Precisa sim, eu não vou permitir que você tenha problemas de coluna, além do mais, esse colchão está horrível.
Eu acabei concordando. Alice nos indicou o lugar para guardar nossas roupas, as minhas couberam todas, mas as de Jess não, ela teve que deixar algumas na mala.
– Então, você acha que eles estavam falando sério daquele lance de matar quatro se faltar um? – perguntei a Alice, aquilo não me saia da cabeça.
– Eu não duvido Bella! Eles são terroristas, já devem estar condenados e não tem nada a perder. Percebeu que eles nem sequer escondem os rostos?
Era verdade, eles pareciam muito seguros de si e não temiam nada.
– Se alguém fugir dessa escola, eu mesmo mato a criatura quando sair daqui! Não vou morrer por causa de um infeliz...
Era a primeira vez que eu ouvia Rosalie dizer algo sobre o assunto e só podia ser merda!
– Ninguém vai morrer aqui Rose!- Alice a repreendeu.
– Eu não teria tanta certeza – começou Jessica – nem todos estão mantendo a calma, tem muitas pessoas em pânico e podem acabar fazendo alguma besteira.
– Assim mesmo, não creio que alguém vá tentar, eles são muitos e estão em todo o lugar. – respondeu Alice.
Nós seguimos conversando até que chegou perto das quatro horas e tivemos que ir.
– Faltam quinze minutos – disse Alice – vamos agora para garantir que ninguém vai se atrasar.
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