Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 13
Por que somos apenas amigos?


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: konna ni chikaku de... do anime Nodame Cantabile, interpretada por Crystal Kay.



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SUTEKI DA NEE
por Yoruki Hiiragizawa

 

Capítulo Treze
Por que somos apenas amigos?

 

Sakura terminou de pentear o cabelo e o prendeu em um rabo de cavalo, ficando ligeiramente irritada com o tamanho de sua franja; estava comprida demais para ser usada solta, mas curta demais para ficar presa e insistia em se soltar.

"E eu estava querendo deixar essa coisa crescer…" - murmurou, procurando por alguma presilha que a mantivesse no lugar durante as atividades do dia. 'Será que eu já guardei na bolsa?', perguntou-se encarando, com um pouco de desânimo, a mala que estava pronta no canto do quarto, já que iria passar o domingo em casa com Touya. - "Ah, eu não vou mexer em você só por causa dessa minha franja chata…" - reclamou, olhando novamente para o espelho e depois, indecisa, para o brilho labial quase novo que estava em cima da penteadeira. Seria atrevimento demais se usasse aquilo?

"Sakura, venha tomar café ou iremos nos atrasar hoje… de novo!" - Shaoran bateu na porta do quarto, fazendo-a pegar o brilho e guardá-lo no bolso do uniforme antes de sair, encontrando-o do lado de fora.

"Seu impaciente!" - passou rapidamente por ele em direção à cozinha, mostrando-lhe a língua. - "Bom dia, Wei! Nossa! Que cheiro gostoso. O que temos para o café hoje?" - perguntou, sentando-se à mesa enquanto o mordomo colocava os pratos a sua frente.

"Bom dia, jovem Sakura…" - o homem a cumprimentou sorridente. - "Hoje nós temos broa de milho e erva-doce com geléia caseira de maçã e suco de abacaxi com gengibre…".

"Parece ótimo! Obrigada." - sorriu, olhando para o prato. - "Agradeço pela comida!" - disse iniciando a refeição e se deliciando.

Observava Shaoran de esguelha, notando que evitava encará-la enquanto tomava o desjejum, estando pensativo. Um pequeno sorriso se formou em seu rosto pensando nos últimos dois dias.

Não imaginara na quinta-feira, quando se beijaram no colégio, que conseguiriam agir com naturalidade diante de outras pessoas, principalmente considerando aquela primeira experiência que tiveram… Mas felizmente, percebera que as reações de Shaoran variavam de acordo com as suas próprias. Quando ela se mostrava tranqüila e agia espontaneamente, ele não demonstrava desconforto, mas se ela se sentia, por alguma razão, embaraçada ele ficava imediatamente nervoso. Sabia, então, que cabia a ela manter a tranqüilidade para evitar que o incômodo de antes voltasse a aparecer. Cabia a ela, sim, pois Shaoran estava claramente muito confuso com o que estava acontecendo.

Não que ela não estivesse confusa, principalmente no que se relacionava aos sentimentos do rapaz. Há algum tempo havia perdido as esperanças de Shaoran vir a sentir alguma outra coisa além de amizade por ela. Sim, a amizade que tinham era estranha aos olhos dos outros, mas eles se entendiam perfeitamente; ela sabia que todas as manifestações de carinho da parte dele eram desprovidos de outras intenções e mesmo as manifestações de ciúme eram repletas de um sentimento gentil, e em muito se pareciam com as de Touya. Entretanto as coisas mudaram e ela podia ver isso no jeito com que ele a observava desde que se beijaram. Mas Shaoran ainda não estava pronto para ouvir o que ela tinha a dizer, e a última coisa que Sakura queria era assustá-lo, quando, finalmente, via uma oportunidade de ter seus sentimentos retribuídos, seus sonhos realizados. Esse era o motivo pelo qual ainda não havia revelado o que sentia, mas esperava que ele conseguisse entender logo o significado de seus beijos.

Não que eu não possa aproveitar enquanto ele não entender, afinal se eu for esperar por ele sabe-se lá quando isso vai acontecer…’, um misto de zombaria e malícia se apossou de seu rosto, fazendo-a interromper a refeição para não acabar engasgando pelo que estava pensando. Quando foi que se tornara tão corajosa e atrevida?

Suspirou, voltando à realidade e percebeu que Shaoran se retirava, tendo terminado de comer. Colocou o pedaço de pão que ainda restava em seu prato na boca e se levantou correndo para escovar os dentes antes de sair.

Quando passava o brilho nos lábios, ouviu Shaoran dizendo que ia chamar o elevador. Deu uma última olhada no espelho, pegou sua bolsa e saiu, acenando para Wei.

Viu que Shaoran estava segurando o elevador. Sorriu em agradecimento e entrou, imitada por ele. Permaneceram em silêncio durante alguns segundos até que ele começou a se aproximar dela.

"Está sentindo esse perfume?" - perguntou buscando a fonte da doce fragrância que preenchia o ambiente. - "Parece… chocolate…" - falou encarando-a com uma sobrancelha levantada e um sorriso maroto no rosto. - "Por que você está cheirando a chocolate?".

Ela sorriu, olhando-o por baixo dos cílios e tocou com a ponta do dedo nos lábios brilhosos.

"Tem sabor de chocolate, também…" - sussurrou de forma inocente, fazendo o rapaz arregalar levemente os olhos.

"Tem é?" - ele começou a se inclinar sobre Sakura, mantendo o olhar fixo no dela. Podia sentir o aroma se misturar à respiração quente da garota e estava quase provando o doce sabor daquela boca quando sentiu o elevador parar. Afastou-se rapidamente, antes que a porta se abrisse no segundo andar para que um dos condôminos entrasse.

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Por ser o último dia antes da gincana, todos os alunos foram mobilizados pelos professores e estavam sob a supervisão dos membros da comissão organizadora. Sakura olhava orgulhosa para sua turma trabalhando na preparação do auditório do colégio, onde aconteceria a etapa de apresentações do show de talentos.

Mas apesar de satisfeita com a animação de sua classe, Sakura experimentava uma sensação de nervosismo que lhe gelava o estômago. Será que não estava sendo muito mandona e abusando de sua função?

"Kinomoto, o que você acha melhor?" - uma garota responsável pela iluminação do palco se aproximou dela, com uma folha de papel onde apareciam dois diagramas com esquemas de luzes.

"Bem…" - ela olhou para os desenhos um pouco confusa. - "Eu não entendo muito desse assunto…" - disse com sinceridade. - "Mas você está no grupo de teatro, não é? Faça o que julgar melhor. Eu me responsabilizarei…" - sorriu vendo a garota assentir levemente, antes de se afastar.

Ela caminhava por toda a sala, conversando com todos os grupos para saber se estava tudo certo e se precisavam de ajuda ou de algum material.

"Nós precisaremos de mais fita adesiva…" - Yamazaki disse quando ela se aproximou do grupo que era formado por ele, Naoko, Chiharu, Rika e Tomoyo.

"Eu vou pedir mais alguns rolos na sala de materiais suplementares, então…" - sorriu conferindo o que mais precisaria.

"Não quer que eu pegue o material para você, Sakura?" - o rapaz perguntou, querendo ser prestativo.

"Não se preocupe, Yamazaki. Eu tenho que pegar o material de outras equipes também, então…" - interrompeu-se ao ouvir seu nome.

"…é patética e só me faz rir, distribuindo esses sorrisos ridículos! Não entende nada sobre liderança a estúpida…" - Yamazato comentava em alto e bom tom com suas amigas, atraindo os olhares de todos que estavam num raio de três metros de distância.

"O que você…" - Tomoyo começou irritada, mas foi interrompida por Sakura de forma enérgica.

"Um minuto de atenção, pessoal!" - chamou a atenção de todos. - "Como já está quase na hora do almoço e o serviço está bem adiantado, faremos uma pausa agora. Como o professor Onoda falou em sala mais cedo, quem estiver inscrito nas atividades de amanhã não precisa retornar após o intervalo, está bem?" - sorriu levemente ao ver os colegas concordando. - "E para quem retornar, eu terei o material extra aqui comigo após o almoço. É só! Muito obrigada a todos pelo trabalho e esforço…" - inclinou-se levemente, encerrando o discurso, antes dos colegas começarem a se retirar.

"Eu não falei? Ela quer dizer que manda, mas nem consegue enfrentar uma pequena crítica… Deve ser porque é verdade, não concordam?" - Yamazato continuou a provocação, encarando Sakura diretamente com um sorriso cínico.

Sakura abaixou levemente os olhos, respirando profundamente, para não acabar perdendo a compostura. Estava com a cabeça cheia de problemas com os preparativos, havia ainda uma lista enorme de coisas a serem finalizadas até o final do dia, só que ela não acreditava que isso justificaria qualquer tipo de grosseria de sua parte com os colegas, por isso, estava tentando ser o mais agradável possível com todos.

Percebeu que seria melhor sair dali, antes que falasse besteira, quando passou a pensar em respostas que envolviam Shaoran e os beijos que tinham trocado para revidar as afrontas da ruiva.

"Yamazaki, você se importa de ficar no meu lugar por um instante até que todos saiam?" - questionou para o amigo, um pouco perturbada.

"É claro que não, Sakura…" - ele sorriu, pegando a prancheta que ela tinha em mãos. - "Afinal, como monitor da turma, eu estou aqui para auxiliá-la também…" - completou, recebendo um olhar grato da garota.

Sakura suspirou com sorriso vacilante, encaminhando-se para a saída do teatro com certa urgência. Assim que alcançou o corredor, apressou os passos querendo ir o mais longe possível daquele lugar. Sem pensar muito, acabou subindo as escadas e chegou ao telhado, com a intenção de espairecer um pouco.

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Shaoran conversava com Eriol e outros dois garotos que estavam em seu grupo, quando viu Sakura passar parecendo transtornada.

"Com licença, pessoal. Eu já volto…" - falou saindo atrás da garota e deixando os colegas para trás com sorrisos divertidos no rosto.

Seguiu-a cada vez mais preocupado ao vê-la dirigir-se ao telhado. Parou na porta da cobertura, observando-a soltar os cabelos e massagear levemente a têmpora. Aproximou-se dela calmamente e parou ao seu lado.

"O que aconteceu?" - perguntou quando ela o encarou suspirando pesadamente.

"Nada…" - Sakura abriu um sorriso fraco, fazendo-o encará-la de forma aborrecida.

"Sakura…" - chamou-a, vendo-a desviar o olhar.

"Eu apenas me irritei com alguns comentários que escutei, não foi nada demais…" - explicou, ainda sem encará-lo.

"E quem foi que lhe disse o quê?" - segurou-a pelos ombros, fazendo-a ficar de frente para ele. Sakura permaneceu em silêncio por alguns segundos, tentando decidir se deveria ou não contar a ele.

"A Yamazato…" - falou de forma áspera, olhando para o chão. - "Ela me deixa tão mal. Consegue despertar o que há de pior em mim…" - tremia levemente, segurando-se para não chorar de raiva. - "Eu não entendo porque ela faz tanta questão de me insultar e tentar me humilhar. Nunca fiz nada a ela!".

"O que foi que ela disse?" - Shaoran quis saber, exasperado por ver o estado em que Sakura se encontrava por causa da outra garota.

"Disse que não sei como liderar a turma e que só fico sorrindo feito idiota…" - fechou as mãos em punhos, erguendo a cabeça com as sobrancelhas contraídas e rangendo os dentes. - "Ela me chamou de incompetente como se eu estivesse brincando…".

"Ela não sabe do que está falando…" - interrompeu-a suavemente. - "Liderar é bem mais do que distribuir tarefas e dar ordens, esperando que elas sejam obedecidas. Um líder deve incentivar seus subordinados, aproveitando as habilidades individuais para alcançar um objetivo comum…" - viu-a suavizar a expressão prestando atenção em suas palavras. - "Você é uma líder nata, Sakura, e a prova disso é que conseguiu a cooperação de todos sem problema algum. Nossos colegas não fizeram objeções aos seus comandos porque a respeitam…" - terminou, acariciando de leve o rosto da garota, que fechou os olhos, aproveitando a carícia.

"Obrigada, Shaoran…" - abriu os olhos, encarando o rapaz à sua frente por um instante e, suspirando pesadamente, encostou a cabeça em seu ombro e o abraçou pela cintura.

"Não precisa agradecer…" - Shaoran retribuiu gentilmente o abraço, passando a mão pelos sedosos fios de cabelo da garota.

Ele suspirou aliviado pela situação não estar estranha diante da pequena aventura que estavam vivendo. Era em momentos como esse, nos quais Sakura precisava dele e de seu apoio, que podia afirmar que tudo continuava igual a antes. Eram amigos acima de tudo e continuariam a ser depois que aquela sensação de novidade e descobrimento passasse.

O que não parecia passar era aquela vontade de beij…

'Não!', ele interrompeu a linha de seus pensamentos. Aquela proximidade em nada o afetava. Aquele abraço, as sedosas mechas de cabelo entre seus dedos ou o toque suave em suas costas não eram nada. Já haviam estado assim antes, como perfeitos amigos que eram. Embora na ocasião não houvesse aquele aroma adocicado de chocolate que insistia em se misturar com o perfume de sakuras do xampu que ela costumava usar.

"É melhor eu voltar ao trabalho agora…" - Sakura se afastou levemente, permanecendo ainda enlaçada pelos braços do rapaz. - "Shaoran, eu ainda tenho muito que fazer antes do término do intervalo." - disse, encarando-o firmemente.

Ele a olhou com gentileza. Sabia o quanto ela vinha se esforçando para que tudo desse certo e que faltava pouco para romper seus próprios limites. Era nesses momentos que ele via quão forte ela era. Sorriu, puxando-a para mais um abraço.

"Shaoran, o quê…?" - indagou confusa, mas correspondendo o gesto.

"Shhhhh…" - interrompeu-a delicadamente. Nada podia fazer além de estar ao lado dela, então era isso o que faria… Ah, mas aquela fragrância era quase uma perdição. Se a ocasião fosse diferente ele talvez a beijasse. 'Shaoran, contenha-se!', repreendeu-se mentalmente. - "Esse evento tem realmente consumido suas energias, não?" - ele se afastou o suficiente para ver o rosto dela. - "Aposto como nem tem dormido direito…" - observou-a corar.

"Não precisa se preocupar com isso. Eu descansarei quando tudo terminar amanhã…" - ela sorriu de lado. - "Não só quero, como me comprometi em fazer esse evento acontecer!".

"Mesmo assim! Não precisa se deixar afetar tanto assim nem se desgastar desse jeito. Tem que relaxar um pouco, nem que seja por meia hora…" - viu-a abrir a boca para contestar, mas ele a calou repousando o indicador sobre os lábios rosados. Arrependeu-se quase imediatamente, por causa do arrepio que percorreu sua espinha. - "Você liberou nossa turma antes do horário do almoço. Portanto, tem tempo suficiente para relaxar um pouco. Qualquer coisa eu a ajudarei a fazer o que precisa…".

"Shaoran, mesmo que eu tente relaxar e esquecer da gincana, não vou conseguir…" - contestou, encarando-o diretamente.

Shaoran imediatamente pensou em algo que provaria o contrário. 'Ora, que mal pode haver? Ela está precisando se distrair, não é?’, ele analisou a situação. Não era por ele não conseguir se conter, mas porque ela precisava. Com isso em mente, levou uma das mãos ao rosto dela, acariciando-o suavemente.

"Shaoran…" - murmurou, em tom de aviso, enquanto deleitava-se com o toque.

"Se não quiser, é só dizer…" - disse ele, fazendo-a rir.

O chinês aproximou um pouco mais seus corpos. Os olhos mergulharam nas piscinas verdejantes e ele pôde identificar nela a mesma ansiedade que sentia. O mesmo desejo… Ela retribuiu-o com um olhar curioso fixo no dele, com as mãos delicadas subindo pelos braços que a envolviam e, passando pelo pescoço até se emaranharem nos cabelos rebeldes, aproximou-se com os lábios entreabertos. Logo a distância foi eliminada e os lábios se tocaram de forma suave. Mas eles não se satisfizeram com um leve toque, então, logo Sakura apertou o abraço, aproximando-se mais, ao mesmo tempo em que ele levava a mão até a nuca dela, aprofundando o beijo.

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Hikari observou Tomoyo passar por ela correndo, como se tivesse que pegar um trem. Balançou negativamente a cabeça suspirando. Aquele não era o comportamento de uma jovem de família influente, mas não eram todos que tinham a mesma classe que ela própria.

Continuou seu caminho em direção ao pátio, onde encontraria suas amigas que, provavelmente, estariam conversando sobre o tal plano de Akio para se vingar de Shaoran Li. Abriu um pequeno sorriso ao pensar nisso. Por mais que a ruiva negasse, tinha certeza que vingança era a última razão a impulsionar essa idéia. Yamazato estava era com dor de cotovelo, por ter perdido as atenções do chinês justo quando descobrira que não haveria imposições ao seu envolvimento.

Já fazia algum tempo que vinha desconfiando que Akio estava louquinha pelo rapaz, principalmente pelas constantes ofensas direcionadas a Kinomoto. A pobre garota não fazia idéia do quanto era odiada… e invejada. Ela, particularmente, não tinha nada contra a jovem de olhos verdes, contanto que não se colocasse em seu caminho.

Avistou o lugar onde Yamazato e Akami segredavam e se aproximou, mantendo-se em silêncio.

“E o que você acha de…” - Yamazato começou, mas foi interrompida.

“É melhor você não exagerar, Akio…” - Akami a repreendeu. - “Detenha-se a coisas que você tenha como provar…”.

“Mas que mal pode acontecer se eu colocar um pouco mais de drama na história?”.

“Você é quem sabe. Mas é melhor prestar muita atenção no que vai fazer, porque o Li não está mais aos seus pés…” - alertou-a seriamente. - “Não será fácil ganhar a simpatia dele novamente. E é melhor parar de maltratar a Kinomoto por algum tempo…”.

“O quê?” - olhou com escárnio para a morena. - “Por que eu faria isso?”.

“Você conhece o ditado: mantenha seus amigos perto…”.

E os inimigos mais perto ainda…” - Akio completou com uma expressão sádica.

“Vocês não acham que estão sendo um pouco drásticas demais?” - Hikari perguntou assustando-as. A verdade é que não haviam percebido sua presença.

“Não faça isso!” - Akami a repreendeu, levando uma das mãos ao peito. - “Parece um fantasma se aproximando sem ser notada desse jeito…”.

“Quando é que você pretende começar a executar sua vingança?” - a loura indagou curiosamente, ignorando o comentário de Akami.

“Preciso planejar tudo primeiro…” - Yamazato respondeu tranqüilamente. - “Você sabe o que dizem sobre a pressa…”.

“Sim, eu sei. É por isso que a Kinomoto está três anos a sua frente…” - Hikari comentou recebendo um olhar descrente.

“Ora, por favor…” - Yamazato começou em tom de chacota.

“Ela pode ter razão, Akio…” - Akami a interrompeu pensativa. - “E isso até que faz sentido…”.

“O que ‘faz sentido’?” - a ruiva inquiriu franzindo a sobrancelha. Do que aquelas duas estavam falando?

“A Kinomoto pode não ser tão estúpida quanto pensamos…” - a morena olhou para Yamazato seriamente. Seu objetivo era tentar plantar a semente da insegurança na amiga. - “E se aquele aparente conformismo que ela demonstrava fosse apenas uma paciência de ferro mantida por um plano sendo meticulosamente aplicado…”.

“Espera um pouco, Akami, não foi is-…” - Hikari começou chateada, sendo cortada por Akio, que começava a se mostrar irritada.

“Até parece que a mosca-morta da Kinomoto faria isso…”.

“E por que não? Ninguém sabe, ao certo, há quanto tempo ela sabe sobre a fortuna do Li…” - Akami continuou pensativa. - “Mas uma coisa é certa: ela não pareceu surpresa quando a mãe dele apareceu…”.

“Agora que você tocou no assunto…” - Akio pareceu cogitar a possibilidade.

“E tem mais…” - decidiu dar a cartada final. - “É bem possível que você a tenha ajudado sem querer…” - sorriu internamente ao ver o espanto surgir no rosto da ruiva. - “Jogando o Li, cada vez mais inseguro, nos braços reconfortantes dela…”.

“A amiga fiel, sempre presente e disposta a oferecer apoio…”.

“Exato!” - a morena concluiu, vendo um leve desespero tomar conta do rosto de Yamazato. Aquilo ia ser divertido.

Akami duvidava que Sakura Kinomoto fosse capaz de algo assim. Ela era boazinha demais e apaixonada demais pelo chinês para agir de maneira tão traiçoeira. Mas Akio a odiava e não havia nada de errado em usar aquele sentimento para derrubá-la.

“Muito bem! Hoje mesmo começarei a me mover…” - Yamazato se levantou, sacudindo a saia com um sorriso no rosto. - "E é melhor a Kinomoto estar preparada porque ela nem vai ver o que a derrubou…”.

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Tomoyo descia rapidamente as escadas, com o coração acelerado e um sorriso bobo no rosto. Tinha que encontrar Eriol o mais rápido possível. Aproximou-se de um grupo de alunos de sua classe.

“Naoko, você viu Eriol?” - indagou ofegante.

“Estava com Yamazaki…” - disse, olhando-a estranhamente. - “Aconteceu alguma coisa?”.

“Um milagre! Aconteceu um milagre!” - exclamou antes de sair correndo em busca do namorado, deixando um grupo de colegas curiosos para trás.

Entrou no auditório, localizando quem procurava imediatamente e se aproximou como um furacão, atraindo a atenção dos poucos alunos que ainda estavam ali presentes.

“Tomoyo, o que houve?” - Eriol a segurou pelos ombros, quando ela parou ao seu lado, a respiração alterada.

“Desculpe interromper,…” - apesar de estar ofegante, o sorriso não desaparecera de seus lábios nem por um segundo. - “Mas eu preciso falar com você Eriol…”.

“Tudo bem, o quê…?”.

“Em particular…” - interrompeu-o. - “Com licença, Yamazaki!” - puxou o namorado pela mão até um lado mais isolado do anfiteatro.

“O que aconteceu? Não ias atrás de Sakura para ver se ela estava bem?” - indagou levemente confuso.

“Eu fui!” - aumentou o sorriso. - “E acabei descobrindo que nossos dois amigos enrolados andam é se enrolando por aí…” - viu Eriol erguer uma sobrancelha.

“De que, exatamente, estás falando, Tomoyo?”.

“Eles estavam se beijando, Eriol…” - segredou excitada.

"Beijando?" - ele repetiu, tolamente. Nem ele pudera prever que as coisas fossem se desenvolver tão rápidas entre aqueles dois.

"Sim!" - Tomoyo afirmou, dando pulinhos. - “E, pelo que eu pude ver antes de sair de lá, para não cortar o clima, eles pareciam bem… hum… avançados… tipo beijo de terceiro encontro!" - falou pensativa, fazendo uma expressão chateada. - “Claro que eu tenho que chamar a Sakura para uma conversinha mais tarde. Afinal de contas, ela não me disse nada sobre isso e se eles estão namorando eu deveria ser a primeira pessoa a ficar sabendo…” - ignorou rapidamente o assunto, voltando ao seu estado de animação anterior. - “Mas o que importa? Contanto que eles estejam juntos, não é?” - comentou sem notar a expressão séria do britânico.

“Não sei não… Alguma coisa não está fazendo sentido…” - ele comentou, atraindo a atenção da morena. - “Isso não explica o comportamento deles durante essa semana…”.

“Realmente, não explica, mas foi você mesmo quem disse que o Shaoran estava confuso…”.

“Sim, e quando o provoquei, essa manhã, continuava confuso…” - ele não estava tendo um bom pressentimento.

“Você está enganado!” - ela cruzou os braços. - “Sakura não se deixaria beijar daquele jeito se não estivessem namorando…” - argumentou, como boa conhecedora da amiga.

“Tu deves estar certa…” - apesar de não estar convencido, Eriol decidiu aceitar a palavra da namorada como final. Conversaria com o chinês mais tarde de qualquer forma. Precisava tirar isso a limpo e, se estivesse certo, teria que dar um jeito de abrir os olhos do amigo para que não acabasse machucando Sakura e a si mesmo.

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A luz avermelhada do final da tarde iluminava parcamente as paredes e o chão do refeitório quando Shaoran se sentou a uma das mesas abrindo um livro, vendo-se finalmente livre de outras atividades. Agora tudo o que lhe restava fazer era esperar por Sakura.

Mal havia terminado de ler o primeiro parágrafo quando sentiu o banco balançar indicando que alguém havia se sentado ao seu lado, mas não foi com satisfação que reconheceu de quem se tratava.

Suspirou pesadamente, sem tirar os olhos do livro, percebendo não ter como evitá-la sem parecer mal-educado, pois Yamazato até parecia ter esperado por uma oportunidade perfeita para abordá-lo. O rapaz não fez o mínimo de esforço para esconder seu desprazer, no entanto.

"Eu sei que você não quer falar comigo…" - ela começou, deixando-o levemente surpreso com a falta de rodeios. - "Mas se eu puder ter dois minutos de sua atenção…" - continuou em tom de súplica, fazendo-o erguer levemente os olhos e fitá-la em silêncio.

Mantiveram-se calados por algum tempo; o chinês ruminando a atitude que deveria tomar e ela aguardando pela decisão dele.

"Eu realmente não consigo imaginar o que você poderia ter para me falar, mas prossiga…" - ele quebrou o silêncio, fazendo-a abrir um sorriso que lhe iluminou o rosto.

"E-eu gostaria de tentar explicar meu comportamento. Acredito que, quando souber a situação, você entenderá os meus motivos e…" - interrompeu-se ao vê-lo girar os olhos e suspirou fortemente, antes de continuar. - "Você deve ter conhecimento sobre a importância de minha família no cenário econômico e imagino que, sendo quem você é, entenda o valor de se estar bem relacionado e o quanto as "amizades erradas" podem ser prejudiciais…" - seu tom de voz era inseguro e ela estava com a cabeça levemente abaixada, apenas alerta para as reações de Shaoran, que se mantinha quieto e parecia ter ficado subitamente interessado no que ela estava falando. - "Por causa disso, não tenho permissão para me envolver com pessoas que não estejam na mesma esfera social que eu. As únicas amigas que tenho são Akami e Hikari, por serem filhas de pessoas importantes conectadas aos negócios de meu pai; não posso me relacionar com as pessoas sem a aprovação de meus pais…".

"Entendo…" - Shaoran abaixou a cabeça, pensativo. A ruiva fez uma breve pausa, sorrindo internamente por sua vitória garantida. Só precisaria provar a ele que eram iguais para tê-lo novamente na palma de sua mão.

"Então você entende que, mesmo querendo dar uma oportunidade a você, eu nunca poderia fazer isso antes de saber quem…" - ele a interrompeu, antes que ela pudesse completar a frase.

"Hei, hei, hei… espera aí! Isso e aquilo são coisas completamente diferentes. Não misture as coisas…" - ele abriu um sorriso de lado ao notar a expressão de espanto no rosto dela. Balançou negativamente a cabeça, tendo percebido qual era a real intenção da garota. 'Ela não pode ter pensado que seria tão simples me confundir. Por acaso me julga idiota?', perguntou-se. - “Eu até entendo como você deve se sentir por causa desse posicionamento de seus pais, mas isso não justifica o jeito que você age e as coisas que faz…” - fechou o livro encarando-a de forma neutra. - “Nada disso a impede de ser, pelo menos, mais agradável com seus colegas. Eles são pessoas que você encontra todos os dias, com as quais tem que conviver e seus pais não podem fazer nada para mudar isso. Talvez devesse pensar nisso e aproveitar a oportunidade de conhecer outras pessoas além das suas duas únicas amigas…” - levantou-se, parando ao lado da mesa de costas a ela. - “E depois, não acha que já está bem crescidinha para fazer suas próprias escolhas?” - indagou irônico, começando a se afastar.

“Para você deve ser muito fácil falar, mas não é assim tão simples para mim...” - ela o segurou pelo braço, forçando-o a olhá-la. - “Eu não sei como… e-eu… eu gostaria muito de mudar a situação, mas não vejo como isso é possível. Não consigo confrontar meu pai… ou minha madrasta!” - soltou-o, derramando lágrimas doloridas. - “Não dá! Eu não consigo…” - cobriu a boca com as mãos de forma a sufocar os soluços.

Shaoran apenas suspirou com a expressão inalterada. Obviamente não se sentia confortável diante de uma garota em prantos, mas não estava totalmente convencido que aquelas lágrimas eram sinceras. Não daria a ela o benefício da dúvida depois de tudo o que fizera. E ainda estava irritado pela maneira com que ela tratara Sakura mais cedo.

“Não consegue ou será que não quer que as coisas mudem?” - questionou ficando novamente de costas para a garota. - “Não importa. A única pessoa que pode realmente fazer alguma coisa a respeito é você…” - começou a se afastar com passos lentos, completando quando já havia ganhado alguma distância. - “Deixe-me saber quando estiver disposta a dar um basta no problema. Posso lhe dar um conselho ou dois…” - e continuou andando, sem olhar novamente para a garota.

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Sakura olhou no relógio, suspirando pesadamente. Já havia passado da hora de encerrarem as atividades, mas ela finalmente terminara tudo o que tinha para fazer.

Eu não devia ter recusado a ajuda do Shaoran depois do almoço…’, suspirou cansada. Provavelmente já estariam a caminho de casa agora se tivesse admitido que precisava de auxílio.

“Ainda por aqui?“ - ouviu alguém dizer e se voltou para trás no corredor vendo quem era.

“Ah, Yosh-… Isamu…” - disse surpresa e um pouco embaraçada. - “Sim, tive alguns atrasos, mas finalmente terminei minhas tarefas…”.

“Teve muitos problemas?” - ele indagou, observando-a suspirar.

“Nada fora do esperado…” - disse simplesmente com um sorriso. - “Mas e você? O que faz aqui até agora?”.

“Tive alguns imprevistos que atrasaram um pouco meu planejamento, mas já estou terminando…” - encarou-a atentamente, deixando-a sem graça.

“T-tem alguma coisa estranha em mim?” - indagou, com a face rosada.

“Ahm, não. Nada estranho. É só que…” - suspirou pesadamente olhando pela janela do corredor. - “Eu reparei que você está muito feliz ultimamente e… imaginei que talvez deva parabenizá-la…” - sorriu gentilmente, vendo-a assumir uma expressão confusa. - “Pelo namoro. Você e o Li estão…”.

“Não! Não, não, não, não!” - interrompeu-o, negando rapidamente evitando encarar o rapaz. - “Não somos namorados… eu e o Shaoran somos apenas bons amigos…” - disse com a voz desaparecendo. ‘Por enquanto…’, adicionou mentalmente com um sorriso esperançoso.

“Desculpe-me então. Espero que não se sinta chateada pela confusão…”.

“Não se preocupe. Já estou acostumada com isso. As pessoas vivem confundindo nosso relacionamento…” - disse rindo levemente. Ele ficou calado por alguns segundos, olhando para um ponto atrás dela, antes de suspirar pesadamente.

“Eu acho melhor ir andando e terminar minhas tarefas…”.

“Ah, sim… Desculpe-me por tê-lo segurado aqui quando você ainda tem o que fazer…” - ela prestou uma leve reverência. - “Descanse bem esta noite, pois amanhã o dia será bastante agitado…” - aconselhou, vendo-o anuir.

“Boa noite, Sakura… e para você também, Li…” - completou, fazendo-a olhar imediatamente para trás.

“Igualmente, Yoshida…” - Shaoran falou enquanto o rapaz se afastava, mas nem por um instante tirara os olhos de Sakura.

Ele estava sério e Sakura começou a se perguntar desde quando ele estava ali e o quanto ele ouvira da conversa. O que ela dissera há pouco poderia causar confusões e mal-entendidos se mal interpretados.

“Eu não notei que você estava aí…” - ela se aproximou dele com um pouco de insegurança na voz e viu-o abrir um sorriso travesso que a deixou levemente relaxada.

“Eu estava tentando me aproximar sem chamar atenção para assustá-la, mas infelizmente tive meus planos frustrados…” - comentou fazendo uma careta de sofredor. - “Até pedi para o Yoshida não revelar que eu estava aqui, mas acho que ele não vai com a minha cara…” - reclamou fazendo-a rir.

“Como se a recíproca não fosse verdadeira…” - ela lembrou, vendo-o suspirar.

“Nem desgosto tanto assim dele…” - respondeu irônico. - “Vamos embora?”.

“Uh-hum…” - concordou, caminhando silenciosamente ao lado dele enquanto se convencia que não havia com o que se preocupar.

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Sakura permaneceu em frente ao portão de sua casa, acenando para o carro que se afastava até ele desaparecer ao dobrar a esquina. Suspirou pesadamente levantando a mala e se virou para a entrada, vendo algumas das luzes acesas, o que indicava que seu irmão já devia estar em casa.

"Eu cheguei!" - anunciou animadamente, atrapalhando-se um pouco para tirar os sapatos.

"Seja bem vinda!" - ouviu a resposta de Touya vir da sala e atravessou o corredor, arrastando a bolsa até chegar à escada. Deixou-a ali por um instante e foi ao encontro do irmão. Havia sentido sua falta.

"Já faz muito tempo que chegou?" - indagou, vendo-o desligar a televisão e se colocar de pé, indo em sua direção.

"Não muito, mas você nem foi capaz de voltar para casa um pouco mais cedo para me preparar um daqueles jantares sem gosto em que é especialista..." - ironizou, dando-lhe um abraço carinhoso e bagunçando seus cabelos.

"Eu também senti sua falta, onii-chan..." - retribuiu ao gesto de carinho ignorando a provocação.

"Como foi a semana, monstrenga?" - perguntou fazendo-a desviar o olhar levemente embaraçada. Se ele sequer desconfiasse o que ela andou fazendo durante a semana...

Para sua sorte, Touya não prestava atenção nela por estar olhando no relógio e ele nem a deixou pensar no que falar, antes de continuar. - "Primeiro, vá trocar de roupa; iremos jantar com a Kaho hoje. Você me conta o que andou fazendo a caminho da casa dela…" - soltou-a e deu-lhe um beijo na testa, ao vê-la concordar, saindo em seguida para fazer o que ele dissera.

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Shaoran e Yelan estavam sentados tranqüilamente à mesa durante o jantar, mas o jovem parecia em outro mundo e simplesmente mexia devagar a comida do prato, com o olhar vago. Suspirou pesadamente olhando ao redor.

Por que Wei não está jantando conosco hoje?” - indagou distraidamente, fazendo Yelan erguer uma sobrancelha.

Wei nunca se sentou à mesa conosco, meu filho…” - comentou, fazendo-o arregalar os olhos.

Sério? E por que não?” - soltou os hashis sobre o prato e encostou-se à cadeira, encarando a mulher que desviava olhar. Sabia a resposta. Não importava que o considerassem um membro da família, no final o homem continuava sendo apenas o mordomo. - “Eu podia jurar que ele fazia as refeições comigo quando eu era mais novo…” - comentou, coçando a cabeça. Yelan meneou levemente a cabeça, ficando em silêncio.

"Você não quer me contar o que está acontecendo? Está estranho desde que chegou em casa..." - encarou-o seriamente, vendo-o olhar para o prato. - “Não me diga que está assim por saudades de Sakura…” - arriscou em tom de brincadeira, fazendo-o erguer o rosto para fitá-la.

Até parece... eu e ela não somos grudados, você sabia?” - respondeu divertido, mas sem conseguir convencer a mãe.

Era, sim, verdade que ele estava sentindo falta de Sakura durante o jantar, mas só porque, depois de uma semana, era estranho não ter a presença dela ali; não ouvi-la comentando sobre o sabor da comida daquele jeito que transformava um prato de ramen no mais delicioso dos banquetes ou o som de sua risada. O horário da ceia estava quieto demais àquela noite.

A senhora também está sentindo falta dela, não está?” - suspirou, vendo-a sorrir e confirmar. O silêncio se instalou entre eles por alguns momentos, enquanto Shaoran terminava sua refeição. - “Com sua licença, eu vou me retirar agora,mama...” - disse começando a retirar a louça da mesa.

O que você está fazendo?” - ela perguntou, fazendo-o parar e dar um tapa na própria testa.

Já sei, já sei. Isso é trabalho do Wei…” - riu, balançando a cabeça e caminhando devagar na direção da porta. - “Boa noite...” - disse antes de sair.

Yelan ficou olhando para o vazio quietamente durante algum tempo. Não era apenas a ausência da japonesa que o estava incomodando, ela tinha certeza. Mas quanto tempo mais ele levaria para perceber? E o que faria quando a verdade finalmente o atingisse?

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Shaoran seguiu para seu quarto e encostou a porta, jogando-se na cama e encarando o teto. Sentia-se melancólico, mas que razão poderia ter para isso?

Sua mente retornou para o colégio no momento em que ouviu Yoshida parabenizar Sakura por estarem namorando, mas não entendeu porque se sentia tão aborrecido. Já devia estar acostumado a isso. As pessoas viviam confundindo o relacionamento deles…

Mas é a primeira vez que tem um motivo real para que pensem que temos algo...’, considerou fechando os olhos brevemente, tentando compreender o que estava sentindo.

Cada vez que se beijavam parecia ser como a primeira vez, recheado com a sensação de descobrimento e novidade; o mesmo êxtase. E, além disso, aquela vontade de experimentar o sabor dos lábios dela não desaparecia, mas se tornava cada vez maior. Já havia percebido que seus sentimentos por Sakura sofreram uma mudança brusca desde o primeiro beijo que trocaram, mas mudaram para o quê?

Virou-se para o lado e viu o porta-retratos com a foto dos dois sobre a mesa de cabeceira. Suspirou observando-a e deixou seus pensamentos voarem até a amiga.

"Não somos namorados… eu e o Shaoran somos apenas bons amigos…”.

Foi o que ela dissera, sem ao menos precisar de tempo para pensar.

Sakura negou qualquer coisa entre nós com tanta firmeza...’, pensou chateado que ela obviamente não o via como seu namorado, mas se espantou com suas próprias reflexões. ‘O que mais ela poderia responder? Nós não estamos namorando…’.

“O que está acontecendo comigo?” - murmurou a questão. Não se conhecia mais. Não tinha a mínima idéia do que fazer, de como agir. Talvez devesse conversar com Sakura sobre o assunto. Ela devia ter dúvidas a esse respeito também. Quem sabe, se expusessem o que pensavam… o que sentiam…

Mas o que eu sinto por ela?’, indagou-se, voltando a fitar o teto tentando analisar seus próprios sentimentos. Enquanto o fazia, foi sendo envolvido por um manto de torpor e acabou adormecendo, mergulhando num sono inquieto e sem sonhos.

Continua...

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Notas finais do capítulo

Aiya!!


o que dizer sobre este capítulo?

“Alerta! Alerta!”... A partir de agora vai começar a soar sirene de alerta amarelo, vermelho, azul, roxo... e de tudo quanto é cor - menos verde, porque significa “siga” e eu temo que não vão acontecer muitos avanços por algum tempo...


Acho que vai tudo ficar em animação suspensa durante algum tempo... Isso é complicado...


Como eu, vocês e o povo da China já imaginávamos (porque a torcida do Flamengo não é o suficiente), Yamazato está aprontando, mas se ela achou que seria fácil ter o ‘Shaoran cachorrinho’ na palma da mão e acabou com a cara na porta... (e, olha só, a porta era de pedra...). Entretanto tem uma coisa me deixando muito curiosa. Será que alguém está prestando atenção nas amigas da nossa cobrinha?? O que vocês acham que está acontecendo entre elas? É algo para se pensar, com certeza.


Além disso, S&S foram bastante descuidados, o que acabou resultando no flagrante da Tomoyo. A animação da nossa cantora era impressionante e ela estava absolutamente certa: foi um milagre!... Mas o Eriol não conseguiu acreditar que os dois estivessem com o relacionamento firmado e estabelecido. Ele conhece muito bem o amigo de infância (sexto sentido afiado, como sempre)…


Ah! É mesmo... na cena em que Shaoran e Yelan estão jantando, as falas estão em itálico porque estão conversando em chinês. Achei que seria importante comentar sobre isso.


Beijinhos,
Yoru.