"Queria dormir, mas tenho medo de sonhar com você mais uma vez."

Olhava a janela como se esteve o esperando. Ela acreditava que era impossível ele vir atrás dela. Por mais que não quisesse, ele estava fazendo mais falta do que ela imaginava. Neste momento se encontrava nervosa. Um vazio estava preenchendo seu peito. Ela queria ficar perto dele. E já tinha se conformado de que estava apaixonada novamente. Por mais que tivesse ficado feliz com a ideia de que o loiro agora, poderia ser seu também estava com medo dele não sentir o mesmo. Tudo bem, ele a beijou e disse que gostava dela. Mas ele não havia sido claro quais sentimentos sentia por ela. E se ele não a amasse? 

Andou de um lado para o outro do quarto. Era besteira estar pensando nisso. E então seus olhos foram parar nos seus braços. Eles estavam descobertos, mostrando todos os seus cortes. Todos traçavam um caminho, do seu pulso até seu ante-braço. A maioria deles, ainda recentes marcavam boa parte de sua pele. Ela olhou para suas feridas se sentindo um monstro por ela mesma ter causado aquilo. 

- O que há de errado comigo? - perguntou para si mesma, sabendo que ninguém iria a responder. Ela estava sozinha. 

Caminhou até a cama se deitando. Rolou de um lado para outro, tentando dormir. Ela não queria mais pensar nele. Se lembrar do loiro, sabendo que ele não está ao seu lado e que nem vai vê-lo nos próximos dias a tortura. O dragon slayer havia se tornado seu porto-seguro. Era como se ela estivesse se apoiando nele, para não cometer nenhuma besteira. 

- Finalmente terra firme! - exclamou Sting saindo do trem ainda enjoado. 

- Do jeito que você fala, parece até que estávamos no mar. - disse Rogue cambaleando um pouco. Sting o olhou, começando a rir. - O que foi? - o moreno perguntou irritado.

- Você está parecendo um bêbado! - riu de novo fazendo seu companheiro bufar.

- Bem, pelo menos não estou verde que nem um extra terrestre. - o loiro bateu de leve no ombro do rapaz.  Olhou para a cidade e as pessoas a sua volta. O loiro começou a andar a sua frente, seguindo para qualquer direção. - Onde você está indo? - perguntou.

- Encontrar a Blondie, ué. - respondeu dando de ombros. Rogue suspirou.

- Você sabe onde ela está pelo menos? - o loiro o olhou pensativo se dando conta que não sabia o endereço do local que Lucy estava. O moreno o olhou furioso. - Idiota. Como você vem atrás de alguém que você nem sabe onde está? - perguntou.

- Oras, você também não sabe. - retrucou.

- Porque você disse que iria procurar saber de Mira onde ela estava. 

- E eu fui... Mas me esqueci de perguntar onde ficava o castelo. - bagunçou os cabelos.

- Castelo? - arqueou uma de suas sombra celhas. - no que fui me meter? - perguntou para si mesmo.

Desistiu de dormir. Por mais que tentasse seus olhos não conseguiam se fechar. Colocou um casaco qualquer e desceu as escadas indo diretamente a cozinha. As luzes estavam apagadas, sinal de que todos deveriam estar dormindo. Abriu a enorme geladeira no local, ficando surpresa pela quantidade de comida que tinha ali. Pegou um pedaço de torta indo diretamente ao balcão. Se assustou no momento que reparara que havia alguém ali. Deu um grito tentando se controlar para não soltar o bolo de suas mãos. O garoto então começou a rir fazendo a maga estelar ficar confusa. Então, este ligou as luzes fazendo a garota ficar surpresa. O príncipe estava bem a sua frente tomando um chá enquanto segurava em uma das mãos, um pedaço de biscoito.

- Você precisava ver sua cara! - riu pegando sua xícara de chá.

- Muito engraçado, alteza. - mostrou a língua enquanto se sentava.  

- Não acredito, esqueceu meu nome. - balançou a cabeça negativamente. - muito bonito da sua parte... - fez cara de magoado.

- É claro que me lembro mais... - foi cortada.

- Sem mais, me chame somente de Castiel. - sorriu. 

- Tudo bem. - concluiu enquanto comia o pedaço da torta. - A propósito, o que faz aqui uma hora da noite? - sorriu de canto.

- Sabia que ia te perguntar a mesma coisa? - Lucy bufou, fazendo-o rir novamente. - A verdade é que... não tava conseguindo dormir.-a garota o olhou surpresa. - Tem sido assim há dias. - concluiu. 

- Sente muita falta dela não é mesmo? - perguntou.

- Você nem imagina o quanto! - completou sorrindo fraco. - sabe, toda a noite eu fico olhando para o céu e sei que pode parecer estranho, mas fico pedindo as estrelas para que me guiem até ela. - uma lágrima escorreu pelos olhos da maga estelar, o príncipe a olhou assustado, pensando que poderia ter sido algo que ele tivesse tido.

- Me desculpe. É só que... - começou a loira pensando no loiro novamente. Ela queria o encontrar, queria o ver novamente agora. Estava com saudades de mais do dragon slayer e seu coração estava começando a se apertar mais a cada minuto que estava longe dele. - também tenho alguém que quero encontrar. - enxugou as lágrimas. O rapaz lhe estendeu um lenço, o qual Lucy pegara. - Sei que não é uma boa hora para perguntar mas... Como a princesa fora raptada?

- Foi um dia após nosso noivado. Lembro-me que ela viera aqui de manhã cedo a minha procura, mas neste dia, estava ocupado resolvendo alguns assuntos pedentes com o primeiro ministro. Passei algumas horas sem poder a ver, até sugeri para ela voltar para casa e vir mais tarde mas ela fez questão de ficar e me esperar. Eu não sei o que aconteceu, os empregados me disseram que ela foi dá uma volta no jardim porém... - então Castiel começara a chorar. Era doloroso demais se lembrar que sua amada tinha sido levada por alguém que ele nem mesmo saiba quem é. 

- Tudo bem se não quiser continuar. - a garota pousara suas mãos no ombro do rapaz como se estivesse o consolando. Ela podia entender perfeitamente a dor que ele estava sentindo. A dor da perda, a dor da solidão. A dor insuportável dentro do peito, que cresce a cada segundo, a cada minuto dentro de si e que parece que vai lhe quebrar em pedaços. 

O garoto respirou fundo e continuou.

- Quando fui a sua procura, ela não estava em lugar nenhum.  - completou com um sorriso triste. 

Lucy olhou para o rapaz a sua frente. Agora prestando atenção nos detalhes do seu rosto e vendo-o de perto, dava para reparar nas olheiras que ele possuía. Ela não sabia quantas noites ele ficava acordado até tarde, chorando e se lamentando pela perda de sua amada. Mas, ela tinha certeza que o garoto a sua frente estava sofrendo muito mais que do que as pessoas poderiam imaginar.

- Você tem ideia de quem possa ter feito isso?

- Não. Na verdade, ela assim como eu não tínhamos nenhum inimigo. Todos parecem gostar de nós e eu não sei quem a possa ter levado. 

- Eliza comentou comigo que o sequestrador não entrou em contato. - começou. - Isso é estranho.

- Concordo. E isso me deixa mais preocupado. - olhou para baixo. A loira olhou desconfiada como se estivesse pensando em algo. Ela estava achando estranho ninguém ter entrado em contato até agora. Se fosse por questão de dinheiro, ou vingança com certeza já teria alguém ligado a procura do príncipe. 

- Tinha alguém que gostava dela, quero dizer.. De uma forma mais amorosa?  perguntou com um dedo nos lábios, pensativa.

- Tinha. - levantou os olhos meio surpreso. - Ele trabalha aqui no castelo, mais precisamente no jardim. Ele gostava dela, pelo menos foi o que fiquei sabendo. Porque? - perguntou desconfiado. A loira o olhou por alguns instantes antes de abrir um sorriso.

- Ela está bem! - disse contente se levantando da mesa. O ruivo a olhou surpreso mais confuso. - Confie em mim, ela não está em perigo. Já tenho minhas suspeitas... - foi andando até a direção da porta da cozinha. Ela estava começando a pensar que talvez já tenha solucionado o "crime" como ela mesma gostava de chamar. 

O garoto ficou olhando a garota, enquanto esta saia do local com um sorriso no rosto. As palavras dela ainda ecoavam pela sua mente: "ela está bem". Ele não sabia o que a maga estelar queria dizer com aquilo, mas ele sentia que podia confiar nela. Ela sabia o que estava fazendo e o levaria até sua amada novamente.

Lucy fora até o jardim, na tentativa de encontrar alguém. Ela sabia que as chances de ter alguém a essa hora da noite acordado e ainda mais fora do castelo eram pequenas. Mas, ela queria tirar confirmar suas suspeitas quanto antes melhor. 

Um brilho foi se formando pelo local e uma luz amarela se ecoou pelo local. Por um muito a loira se assustou, mais ao vez quem estava a sua frente, ela se acalmou. 

- Loki! - disse enquanto pulava nos braços do rapaz. - Como você está aqui, se não te chamei? - perguntou.

- Estou querendo sair há tempos. Faz um tempinho que não me chama e sabe, estava preocupado. Algo me diz que você não está bem. - disse a analisando. - Faz tempo que anda estranha mas você insiste em me dizer que não é nada. 

A garota o olhou por alguns instantes. E mais uma vez ela queria contar tudo o que estava preso dentro de si. Mas, assim como toda as vezes se deixou levar pelo medo.

- E realmente, não é nada. - disse. O garoto a olhou desconfiado, como em todas as vezes. Ele reparou melhor na garota a sua frente. Ela parecia melhor que antes, mas ainda não era a verdadeira Lucy que ele conhecia. Ele queria que ela se abrisse com ele, e dissesse o que estava acontecendo, mas por algum motivo, ela insistia em não falar nada. - Já que está aqui, preciso lhe perguntar algo. - mudou de assunto, começando a andar.

- E o que seria? - perguntou andando ao lado da garota.

- Como se guiar, pelas estrelas? - perguntou se lembrando das palavras do ruivo. O espírito estelar a olhou pensativo.

- Deixar as estrelas mostrarem o caminho. Não é algo fácil. 

- E como posso aprender a me guiar por elas? - perguntou, encarando o rapaz.

- Isso eu não sei. Acho que confiando em si mesma. - respondeu.

A garota ficou confusa por um momento. Não estava entendendo o que aquilo poderia significar. Como assim confiar em si mesma? ela se perguntava. Olhou para as estrelas acima, elas estavam por todo o canto. Como saber qual daqueles pontinhos no céu, era o certo a seguir? 

Olhou novamente para o lado, reparando que estava sozinha. Loki não estava mais lá. Suspirou. 

Andou em direção a uma cerejeira, se deitando em baixo da mesma. Fechou os olhos se deixando levar pela brisa do vento. Ela sentiu algumas pétalas de cerejeiras tocarem suas bochechas fazendo cócegas e sorriu. O rosto do loiro preenchera novamente sua mente, como toda hora ele fazia.

Ela podia sentir o cheiro dele, vê-lo caminhar a sua direção, abrindo os braços. Ela correra ao encontro dele, sorrindo. Ela não poderia estar mais feliz. Ele a girou no ar, enquanto ouvia as gargalhadas de sua amada. Seus pés tocarem o chão e seus olhos se encontraram. Mais uma vez, ela se perdera no seu olhar. 

Não era mais o medo que a dominava. Era a felicidade que estava sentindo ao ter, aquele dragon slayer a seu lado. Se deixara levar por aquele sentimento que estava sentindo dentro de si. Ela sabia que o que estava acontecendo não era real. Mas, ela queria desejava no fundo do seu coração que virasse realidade. Ela sabia que todo este cenário, não passava de um sonho. Um sonho do qual, ela não queria acordar.