Destino Traiçoeiro escrita por sta_gaby


Capítulo 3
3. Perto de um sonho real


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Tudo bem? E então, estão gostando da fic? Espero que sim. Bom, aí vai mais um capítulo. Boa leitura.



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Eu tinha que arrumar alguma maneira de ver quem era essa pessoa. Saber se era minha mãe. Mas, com certeza, eu não iria reconhecê-la. Eu poderia usar essa foto como uma forma de pedir informações para as pessoas da cidade, certo? Agora mais do que tudo eu queria fazer esse relatório. Pesquisando sobre minha mãe.

- Eu acredito que sim. Se ela se parece comigo. Ou pode ser que não. Você poderia trazer essa foto para que eu verificar se parece mesmo? - Eu pedi com a voz um tanto implorativa.

Agora eu estava convencida e confiante do que eu estava fazendo. Ele estava realmente me ajudando muito.

- Isso é o mínimo que eu posso fazer por ter te julgado mal. - Ele disse sorrindo.

Se eu não estivesse pensando em minha mãe, me perguntando como e quem ela é, eu teria me perdido novamente em seu sorriso.

Esse novo sorriso foi um tanto puro e sincero. Aquela imagem tirou da memória, a lembrança que eu tinha dele. Dos seus antigos olhos vazios. Agora eu sabia o motivo daquilo tudo. Mas, os olhos dele ainda escondiam algo. Talvez um segredo, ou alguma coisa que ele escondia. Mas não era isso que mais me importava naquele instante. O que me importava era minha mãe. A chance de conhecê-la estava mais perto de mim do que eu esperava. Agora eu estou com esperanças de que um dia irei conhecê-la.

Lembrei então, que Anne, Pat e Teddy deveriam estar preocupados comigo. Aliás, eu saí correndo do refeitório sem nem dar explicações.

- Thomas, será que dá pra gente ir agora pro colégio? Acho que meus amigos devem estar preocupados comigo. - Olhei para fora da cantina e a chuva já tinha passado.
- Claro que sim. Eu também tenho que resolver algumas coisas hoje, lá no colégio. - Ele falou pegando sua mochila que estava jogada na cadeira.

Nos levantamos da cadeira e saímos da cantina. Fomos para o colégio, andando mais devagar  que o normal.

Eu percebi que não tinha nenhum assunto pra puxar e vi que eu não sabia nada dele, então esse seria um bom assunto. Eu faria que ele falasse sobre sua vida, e assim, ficaria sabendo mais sobre ele.

Fiquei pensando por um tempo em que pergunta fazer.

- Er... Thomas. Como vai sua família? - Foi a única pergunta que veio em mente.
- Acho que eles estão bem. Faz um tempo que eu não falo com meu pai e já que nós estamos quase virando amigos acho que tá tudo bem se eu falar pra você algumas coisas. Mas você promete não contar pra ninguém? - Ele tá confiando segredos em mim? Nossa. Eu não mereço tanta confiança.

- Claro que sim. Prometo não contar pra ninguém. - Passei meus dedos pela minha boca como se tivesse trancando.
- Então. Faz um tempo que eu não falo com meu pai e o resto da minha família. Mas eu falo todo dia com a minha mãe, já que moro com ela. Aí, agora vem a parte que eu não quero que você mantenha em segredo. A minha mãe é a Prof.ª Coff. Tem gente que criticaria se souber disso porque achariam que é por causa dela que eu me dou bem aqui no colégio. Pelo contrário, é muito complicado você ter uma mãe que trabalha no colégio em que você estuda. - Ele falou.

Então com certeza a moça da foto é minha mãe e se a Professora Coff era amiga da minha mãe, por que será que elas brigaram? Agora eu fiquei mais curiosa do que já estava. Será que foi por isso que minha mãe foi embora?

- Thomas, hm... A professora Coff, sua mãe, ela tinha alguma amiga chamada Hillary? - Eu falei, olhando para ele.
- Essa a moça da foto se chama Hillary. - Ele falou, franzindo suas sobrancelhas. Provavelmente a mãe dele e a minha brigaram, e deve ter sido sério.


- O  que aconteceu entre ela e essa moça? Se eu puder saber, é claro. - Dava pra perceber quão curiosa eu estava. Mas parecia que ele nem estava se importando em me falar. Agente já tava na frente do colégio quando nos sentamos no chão em frente a porta de entrada.

- A história é um pouco longa, se você não se importa. Tudo começa quando elas tinham 15 anos. Elas estudavam no mesmo colégio mas nunca se falaram. Até que chegou o aniversário dessa Hillary. A mãe dela fez uma festa e chamou as meninas do colégio, todas da turma da Hillary e minha mãe também foi. Estavam todas as garotas lá, foi como uma festa de pijama.

Até que Mellanie Faustine e suas amigas aprontaram para elas. Convenceu todas que estavam na festa de que a comida foi feita com barata e que tinha xixi de rato nas bebidas. Sabe como garotas são. Logo ficaram com nojo e foram embora correndo. A minha mãe não foi por que ela não tinha comido e nem bebido nada mesmo. Acabou que elas ficaram conversando o dia inteiro.

Como a Hillary já tinha conversado com a minha mãe desmentindo tudo que a Mellanie falou, elas comeram quase tudo que tinha sido feito pra festa. Viraram a noite conversando.

No dia seguinte elas tiveram aula. A Hillary ficou com medo de como as meninas a tratariam no colégio ou das coisas que elas já teriam falado. Mas a minha mãe viu o medo dela aí elas foram juntas para o colégio. Ficaram amigas por causa da festa e , quando a Hillary chegou ao colégio com a minha mãe, a Mellanie já tinha aprontado muito, falou para todo mundo como foi à festa e ainda sacaneou ela na frente do colégio inteiro. Todos zoaram, falaram coisas horríveis.

A Hillary depois desse dia ficou muito mal e quem a ajudou foi minha mãe. Elas viraram grandes amigas depois disso tudo. Amigas inseparáveis. Mas, um dia, quando a minha mãe mais precisou dela, a sua amiga não esteve presente. Isso foi há 14 anos atrás. Quando por problemas de família, minha mãe sofreu muito e ela mais precisou do apoio da melhor amiga dela, ela não teve ajuda. Minha mãe já tava sofrendo por causa desse problema de família. Então, algumas semanas passaram e ela não tinha notícia da sua amiga. Ela ligava, mas a amiga dela não retornava. Ela ia à casa da Hillary mas ela não estava lá.

Num certo dia ela recebeu a notícia de que a Hillary tinha ido embora. Minha mãe sofreu tanto porque a sua melhor amiga foi embora sem se despedir. Até hoje minha mãe sente falta dela. - Ele estava falando e olhando para a rua.

Quando ele terminou, não pude conter as lágrimas. Sim, eu sou chorona.

Ele olhou pra mim confuso quando me viu chorando desesperadamente. Era eu agora que precisava de apoio. O que minha mãe tinha que resolver de tão sério que ela precisaria ir embora? Por que ela não se despediu de ninguém? Eu não agüentava mais.

Abracei o Thomas e comecei a chorar mais ainda no ombro dele. Ele estranhou mas me abraçou. Se eu não tivesse triste, eu não teria chance de sentir esse cheiro incrível e me ver nos braços dele. O cheiro dele era tão bom que eu poderia desmaiar. E eu me senti tão segura nos braços dele, senti como se nós fôssemos um casal. Me senti quase amada. Era um sentimento, uma sensação tão diferente. Tão nova.

Não que meu pai não me amasse, mas parecia que minha mãe estava no lugar dele, me abraçando, me ajudando. Thomas olhou para mim e sorriu. Sorri de volta pra ele secando as lágrimas.

- Você está bem? - Ele perguntou. Eu estranhei um pouco. Ele estava preocupado comigo. Agente mal se conhecia e ele já estava sendo um bom amigo se preocupando comigo.
- Estou sim. - Respondi afirmando com a cabeça. - Eu fiquei triste por causa dessa história. Thomas, essa amiga da sua mãe é a minha mãe e essa Mellanie é minha tia. Mas, eu nunca fiquei sabendo dessa história. Para falar a verdade, eu nunca ouvi história nenhuma com a minha mãe sem ser essa. - Falei, abaixando minha cabeça.

Ele olhou pra mim e levantou meu rosto num movimento tão delicado pelo queixo. Naquele momento, eu fiquei com meus olhos colados no dele e ele nos meus. Parecia que passou uma faísca de  eletricidade pelo meu corpo. Cheguei a ficar tão arrepiada que virei meu rosto.

Ele pegou meu rosto de novo e eu pude sentir meu coração batendo mais forte quase pulando garganta fora. Senti minha barriga embrulhando. E de repente me vi corando pelo reflexo dos olhos dele. Nós estávamos tão próximos. Parecia que ele estava tentando ver alguma coisa nos meus olhos. Sei lá. Tentado invadir minha mente enquanto me olhava. O vi abrindo um sorriso pra mim e quando eu menos esperava, vi três cabeças na porta tentando segurar o riso. Era Anne, Pat e Teddy.

Os meninos estavam segurando o riso mas a Anne estava muito furiosa pelo que parecia. Olhei para o Thomas e ele apenas afirmou com a cabeça. Parecia que ele tinha entendido. Levantei para ir de encontro com meus amigos e ele levantou junto.

Quando eu já estava no meio do caminho, ele me puxou pelo braço e me abraçou. Me abraçou forte.

- Foi muito bom te conhecer. - Ele disse perto do meu ouvido. Me soltou e sorriu.

Aquilo tinha me deixado muito sem graça, a única coisa que eu consegui fazer foi responder com um sorriso também. Virei pra ir até os meus amiguinhos  e eles estavam com o queixo no chão.

Teddy e Patrick até que não ficaram tão surpresos mas a Anne ficou muito chateada, dava pra ver. Fui até eles. Quando eu cheguei perto deles, minha amiga estava me olhando enquanto os meninos não paravam de rolar no chão de tanto rir da cara que eu tinha feito quando fui abraçada pelo Thomas.

- Anne, por que essa cara? Eu não fiz nada de errado. - Olhei para ela. Por que aquela raiva toda?
- Ah não. Você não fez nada. Você só saiu correndo do refeitório e foi para não sei onde. Nós procuramos você pelo colégio inteiro, Fabi. Você podia ter pelo menos avisado que queria um tempo, não? - Ela falou. E não ficou olhando para mim, só para o chão.


- Olha, não foi você que ficou aturando a Anne reclamando. - Teddy e Patrick falaram juntinhos. Se olharam e riram do ocorrido.

Anne então saiu andando. Eu não entendia direito o motivo dessa raiva toda. O que será que tinha acontecido com eles enquanto eu estava na cantina com o Thomas?

Fui andando junto com Anne para acompanhá-la mas parecia que ela agora precisava de espaço. Eu não podia dar espaço agora se ela não me explicou direito o porquê de estar assim. Cheguei perto dela e cruzei meu braço com o dela, como amigas andam. Ela olhou pra mim sem entender. E eu sorri.

- Anne. Desculpa amiga. Eu saí correndo do refeitório por causa daquela tarefa da professora Coff. Quando você me perguntou qual ente agente falaria, eu lembrei da minha mãe e fiquei triste. Eu não agüentei ficar ali. Aí fui lá pra fora, e fiquei chorando debaixo de uma árvore. - Ela me interrompeu.


- Mas Fabi. Eu sou sua amiga. Era só você falar comigo que estava triste e eu iria lá fora com você, amiga. Se você estivesse querendo ficar sozinha, era só falar. Só o que você precisava era falar. Mas não. Nós vimos você saindo do refeitório triste, depois que agente te acha com o Thomas, e nem um pouco triste. - Eu a interrompi. Ela não tinha me deixado terminar.
- Essa parte do Thomas... Deixa eu explicar. - Ela pegou minha mão e me puxou para agente sentar no chão do corredor do colégio. - Quando eu estava chorando lá na árvore, o Thomas veio me ajudar, perguntou como eu estava, o porquê do choro. E eu fiquei feliz por que eu pude conversar com ele. Ele me explicou muitas coisas. Contou uma história da minha mãe. E você não acredita Anne. A mãe dele é amiga da minha. Elas são amigas desde o colegial. Agora adivinha quem é a mãe dele? - Olhei para a Anne. Esperando uma resposta.

- Quem é? Fala. - Eu sabia que isso ajudaria com que ela se esquecesse do meu vacilo e eu sabia que ela ficaria curiosa. Então falei.
- A mãe dele é a Prof. Coff. - Antes que eu terminasse, Anne começou a dar uns gritos histéricos. Eu tive que tampar a boca dela para que ninguém ouvisse. - Você não pode contar pra ninguém isso. Ele pediu que eu não contasse pra ninguém e você sabe o quanto eu confio em você e to te contando por que sei que você não vai contar pra ninguém. - E era verdade.

Os segredos que tivessem entre eu e Anne não saiam de nós. Todos podiam confiar na gente. Mas, muita gente não gostava de nós duas. Em especial, Brianna, Jolie Smith e Marina Morgado.

 Jolie Smith é uma menina legal, apesar de me odiar por causa da Brianna. Ela estuda comigo desde a 5ª série. É baixinha, cabelo encaracolado loiro e tem 15 anos. É muito tolinha. Acredita em tudo que a Brianna fala. Se não fosse por ela, a Brianna nunca teria uma amiga de verdade que confiasse tanto nela. É até assustador, ver alguém confiando tanto na Brianna. Jolie é a amiga mais antiga dela.

Marina Morgado é vizinha da Brianna. É como uma índia. Corpo definido, cabelo preto liso até a cintura e franjinha de lado. Tem 16 anos e me odeia desde que ela entrou na turma. Ela veio para Silent Hill por que a mãe dela também a abandonou. Nós duas temos muito em comum, se não fosse pela Brianna nós seríamos grandes amigas. Eu, Anne e Marina.

A Marina já chegou a falar comigo, mas no dia seguinte a isto, Brianna já fez fofoca pra ela o que fez com que ela me odiasse. Eu sinto que ela gostaria de falar comigo, assim como eu gostaria de falar com ela. Mas, a Brianna com certeza impediria isso. Se acontecesse, impediria uma segunda vez. Um dia, eu sei que vou virar amiga da Jolie, da Marina e da Brianna.

Eu estava tão ligada nos meus pensamentos que não percebi que a Anne tava tentando me trazer de volta do mundo da lua. Mas eu não tava tão desligada. De repente, eu só vi uma mão vindo em minha direção e então, a dor no meu rosto. Finalmente estava longe do meu mundo imaginário.

Olhei para o Teddy e para o Pat que estavam rolando no chão de tanto rir do tapa que eu tinha acabado de levar. Olhei para a Anne com um pouco de raiva e querendo rir do que tinha acontecido.

- Fabi, foi sem querer... - Ela quase não conseguia segurar o riso. - Fabi, você sabe que não foi sério esse tapa, você sabe que não foi minha intenção. - Ela continuou falando, rindo.
- Faz um favor Anne. Corre agora!- Ela saiu correndo e eu fui atrás. Parecíamos duas loucas correndo pelo corredor. Rodamos o colégio inteiro. Mas acabamos nos dando mal. Quando chegamos ao pátio onde tinha as piscinas e as quadras, vimos o diretor Roger. Agente bem que tentou parar mas acabamos esbarrando nele e levando ele junto com agente para a piscina. O diretor estava com um terno novinho. Provavelmente iria para alguma reunião muito importante, mas nós acabamos arruinando o dia dele.

Caímos na água, todos os três juntos. Quando eu e a Anne afundamos, eu dei um sinal pra ela por debaixo da água. O diretor tava procurando alguma coisa na piscina, então seria mole agente fugir pelo lado que ele não estava vendo. Nós viramos para o lado que iríamos fugir e vimos os meninos caírem de tanto rir – eles só sabem fazer isso - no lado de dentro do colégio. Então quando demos partida ao nosso plano, vimos a morte, ou pior, o Diretor Roger.

- Paradas aí, agora! Onde vocês pensam que vão? Agora já pra minha sala. - Continuamos nadando até sairmos da piscina. Quando agente tava já na parte de dentro do colégio eu tentei conversar com o diretor.

-  Mas, diretor. Foi sem querer. - Ele me interrompeu.
- Já pra diretoria agora! - Ele estava gritando.

Olhei para Anne. Ela quase soltou uma gargalhada mas segurou o riso e pegou a minha mão.

E lá fomos nós. Eu, Anne e o diretor para a diretoria. Para o nosso juízo final. Chegando lá na diretoria, eu decidi fechar os olhos para que eu não tivesse um pesadelo se realizando. Quando fechei os olhos só ouvi a risada de Anne. Não deu para não rir. Soltei uma gargalhada mas logo calamos a boca quando o diretor nos olhou de cara feia Então ele se sentou ainda nos olhando. Nós ficamos tão aterrorizadas com a reação do diretor. Nos sentamos recebendo olhares sinistros do Tio Roger.

- Fabianne e Anne Alice, o que vocês fizeram foi a primeira encrenca de vocês aqui e a pior de todas do colégio. Espero que seja a primeira e última. Vocês são ótimas alunas e eu não quero ter que expulsá-las. - Ele parou e nos olhou. Anne começou a falar.

- Er, diretor. Agente só tava brincando entre agente. Não tivemos a intenção de fazer aquilo com o senhor. Nos desculpe, por favor.- Anne terminou e olhou pra mim.
- Diretor Roger, agente só tava brincando, como a Anne disse. Esse colégio tá meio sem graça. Desculpa falar isso diretor. Mas... - Ele me interrompeu.
- Tudo bem. Mas vocês não vieram aqui pra isso. E já que vocês estavam se divertindo, por que não se divertem em outro lugar? Vocês podem ir ao shopping, ver algum filme. Vocês podem fazer o que vocês quiserem mas por favor, evitem que isso aconteça outra vez. O mínimo que eu posso fazer por vocês é deixá-las sem ajuda de professores na tarefa do governo. - Não! Eu pensei enquanto formulava as palavras na minha cabeça para ver se eu tive certeza do que eu tinha ouvido.
- Não diretor, o senhor não pode... - Fui cortada de novo.
- Fabi, não insista. É o mínimo que eu posso fazer. Sinto muito. Agora vocês já estão liberadas. Podem ir. - Ele terminou de falar se levantando da cadeira e indo abrir a porta para nós duas. Saímos da sala do diretor e chegamos perto do Pat e do Teddy.

- Anne, eu já decidi uma pessoa que agente pode falar no relatório. Não sei se vocês vão concordar. - Falei.
- Não. Pode falar.  - Ela terminou e todos já estavam juntos. Eu, Anne, Pat e Teddy.
- Eu gostaria de fazer o relatório sobre a minha mãe, se vocês não se importam. - Assim que terminei todos estavam me olhando confusos.
- Mas, Fabi. Er... - Patrick falando. Antes que o Patrick continuasse, a Anne o interrompeu.
- Nossa, que bom Fabi. Assim você pode saber mais sobre a sua mãe. - Anne disse com um sorriso enorme no rosto.

Era muito confortante, ver que minha amiga ficou feliz pela minha decisão.

- Mas, Anne. Eu não acho que eu vou conseguir fazer sozinha. Vocês vão me ajudar, não é? - Espero que eles me ajudem. Não sei se terei forças para agüentar o que vem pela frente.
- Claro que sim. - Falaram todos juntos.
- Ai, obrigada pimpolha. - Falei abraçando a Anne, enquanto os meninos saiam andando, quase correndo.
- Vocês pensam que conseguem fugir de mim? Nem sonhando. - Saí correndo atrás deles e a Anne veio junto.

Eu estava feliz com tudo isso. Mesmo com tudo que aconteceu hoje, eu estava feliz. Tanto que nem estava pensando mais na carta que eu vi no sonho, nem no sonho e nem na minha mãe. Me distraí tanto que acho que é óbvio o que aconteceu depois. Olhei para frente e vi o Thomas vindo na minha direção.

Antes que eu pudesse pensar em desviar, esbarrei nele e caímos os dois, atraindo os olhares dos alunos que estavam na entrada do colégio e muitos risos. Percebi que a Anne, o Teddy e o Pat estavam rindo assim como todo mundo. Olhei para o Thomas e não deu para não ficar sem graça. O que tinha me deixado mais constrangida foi o sorriso que ele me deu enquanto se levantava e me ajudava a se levantar do chão. Já de pé, ele sorriu mais uma vez.

- Você está bem, Fabi? Você esta vermelha. - Não acredito que eu estou vermelha. Merda. Bom demais pra ser verdade.
- O que? Eu? To... Vermelha? - Estava tão envergonhada que nem conseguia falar coerentemente com ele. Como se já não estivesse sendo fácil pensar com ele sorrindo assim, ele foi me puxando para fora do colégio. Estávamos perto da Anne, do Pat e do Teddy. Espera aí. Ele tá de mãos dadas comigo? Minhas pernas começaram a ficar bambas, eu estava quase desmaiando.

"Não, eu não vou desmaiar. Espera um instante, ele tá sorrindo pra mim?" A única coisa que eu vi foi o chão vindo em minha direção, ou melhor, eu estava indo na direção dele.

Abri meus olhos e estavam todos em minha volta. Anne, Pat, Teddy e Thomas.


- O que houve? O que aconteceu comigo e por que vocês estão me olhando assim? - Antes que eu terminasse todos começaram a cair no chão da tanto rir, outra vez. Ficaram um bom tempo rindo até que eu sentei perto de uma árvore, cruzei meus braços e fiquei olhando para eles séria. Assim que eles perceberam como eu estava pararam de rir.
- Ah, pararam de rir de mim? Pensei que eu teria que sair de perto de vocês ou não sei o que. - Eu já estava ficando com raiva deles.

Levantei do chão sem dar nenhuma satisfação para eles e fui pra cantina. Percebi então que estavam me acompanhando e logo em seguida, ouvi um suspiro e senti alguém apressando os passos. Antes que eu pudesse perceber vi a Anne do meu lado cruzando nossos braços e andando comigo, enquanto os meninos trocavam idéias atrás da gente.

- Fabi, você sabe que agente tava brincando mas foi engraçado. Não foi nossa intenção. - A abracei antes que ela terminasse. Já sabia que ela iria se desculpar.
- Claro que sei. Mas me deu uma fome que não deu pra eu ficar lá olhando vocês rindo. - Falei, olhando para a cantina que já estava perto.

 Fomos andando em silêncio até a cantina. Assim que chegamos lá, sentamos numa mesa que estava bem num canto. Eu sentei perto da Anne, o Pat sentou ao meu lado, o Teddy sentou na cadeira perto da Anne e o Thomas sentou entre o Patrick e o Teddy. Logo  depois, percebemos uma garçonete vir em nossa direção. Era novidade isso de garçonete.

- Boa tarde. Como posso ajudá-los? Alguma bebida? Algo para comer? - Percebi que a garçonete estava olhando diretamente para o Thomas e isso fez com que eu ficasse com ciúmes.

Ela deveria ser alguma universitária precisando de dinheiro, porque ela não tinha cara nenhuma de que tinha 16 ou 17 anos e também era muito bonita. Percebi que não era a única que estava olhando para a garçonete. Teddy e Patrick estavam olhando para ela mas o que me deixou surpresa foi a reação do Thomas. Ao invés dele olhar para ela, ele estava olhando para mim. Aquilo me deixou totalmente curiosa. Achei melhor pedir logo alguma coisa.

- Er... Eu vou querer uma coca e um hambúrguer. - Assim que terminei todos começaram a pedir também. Enquanto a garçonete  acabava de anotar os pedidos, percebi a Anne olhando pro Teddy com um pouquinho de raiva e dava pra ver que ela estava com ciúmes. Tentei segurar a risada mas não consegui. Todos começaram a olhar para mim com olhares confusos. Deveriam estar achando que eu tinha enlouquecido. Até a garçonete.

- O que foi Fabi? Tá rindo do que? - Ih agora, o que eu respondo? Se eu falar que estava rindo da Anne, ela vai ficar sem graça.
- Ah Anne, é que eu me lembrei do tombo que nós levamos perto da piscina e levamos o diretor junto. - Que desculpa mais horrível.
- Ah, aquele tombo foi ótimo. - Ufa, agora da pra tocar de assunto.

Mas nem puxei assunto porque eles começaram a conversar entre eles. Eu estava tão distraída na conversa que nem tinha percebido meu celular tocando. Quando ele começou a vibrar que eu fui notei. O peguei e para a minha surpresa era meu pai.

- Sim, pai. - Atendi.
- Filha, você tá ocupada? Eu preciso falar com você. - Parecia que era sério pela voz dele que estava meio desesperada e preocupada.
- Não, to não. Por quê? Tem que ser agora? - Estava começando a ficar preocupada. Será que era algo sério?
- Se for possível, seria bom que você viesse pra casa agora. Não é tão sério mas... Se for possível, vem pra casa. - Eu não tinha idéia do que poderia ser.
- Ta bom, Pai. To indo pra casa. Beijo. - Terminando de falar, desliguei a ligação e voltei ao papo com o pessoal. Estavam todos rindo, até o Thomas. Eu queria muito ficar ali com eles mas eu também queria saber o que o meu pai quer falar comigo. Virei pra Anne e falei.

- Anne, amiga. Eu tenho que ir embora, meu pai quer falar comigo. - Pior que eu não tinha idéia do que era.
- Ah Fabi. É muito importante? - Ela falou, olhando para mim enquanto os meninos continuavam com o assunto deles que parecia ser interessante.
- Não sei. Acho que sim. Mas... É que... Anne, não tem como você vir comigo não? Eu tenho que te falar umas coisinhas que aconteceu comigo.
- Posso ir sim. Mas você já ta indo? - Levantei da mesa enquanto ela terminava de falar.
- Ahan. É agora. Então, vamos? - Falei. Eu estava querendo ir logo embora. E se ele for me entregar a carta? Não. Acho que não. Aquilo foi um sonho.

Ela se levantou e pegou sua mochila. Eu já estava com a minha na mão.

- Meninos, nós já estamos indo. Eu tenho que resolver uns probleminhas. Até mais. -  Quando comecei a falar, os meninos olharam pra mim prestando atenção mas o que me deixou sem graça e me fez corar foi o sorriso que o Thomas me deu.

Não sei como mas os sorrisos dele me deixam deslumbrada. É um mistério a mudança dele. Antes ele era todo sério e de uma hora pra outra, começou a sorrir pra mim sempre que agente esbarra. Antes eu já não o entendia, agora. Ele é um enigma para mim. Se a Anne não tivesse me puxado, eu ficaria ali o dia inteiro olhando para ele. Para o seu sorriso. Voltei da lua e dei tchau pra eles. Eles acenaram com a mão e depois voltaram ao assunto. Assim que passamos pela porta da cantina, a Anne puxou o assunto.

- Então, Fabi. O que está te deixando tão pensativa?
- Ai Anne. Ontem eu tive um sonho muito... Muito estranho. No sonho, eu vi tudo o que aconteceu com o meu pai quando a minha mãe foi embora. E o que tá me deixando pensativa é que nesse sonho eu recebia uma carta da minha mãe no dia 8 de Setembro, que é amanhã. - Até que enfim. Que bom que eu pude falar pra Anne sobre esse sonho. Terminamos de subir a ladeira em silêncio. Até que chegamos à porta da minha casa. A abri e parei pra respirar.

- Mas você acha que ele vai te entregar essa carta ou falar sobre? - Anne falou. Dava pra ver que ela estava preocupada.
- Não sei. To desconfiando. Quando agente entrar você sobe pro meu quarto que eu subo assim que ele terminar de falar comigo. Me deseje sorte amiga. - A abracei e ela sorriu, e então entramos em casa.

Quando eu olhei pra sala, meu pai rodeava a sala que nem doido. Eu estava tão nervosa com o que ele iria falar que acabei se esquecendo do degrau da sala. Caí e isso acabou chamando a atenção dele. Tudo bem que eu queria que ele percebesse que eu tinha chegado mas não queria cair pra chamar a atenção dele. Olhei para a escada e a Anne estava rolando de tanto rir.

Voltei meus olhos para o meu pai e fui pra perto do sofá. Sentei e olhei pra ele. Ele estava olhando um envelope em cima da mesa onde estava escrito “Para Fabi”. Olhei pro meu pai e ele apenas consentiu com a cabeça. Peguei o envelope e o abri. Nele estava escrito “De Hillary para Fabi”. Senti meu coração bater mais forte. Então aquele sonho foi verdade. Aquela carta era a do sonho. Comecei a lê-la.

“Fabi, filha...

Você não deve estar entendendo o motivo dessa carta mas eu vou explicar. Quando você era pequena, eu deixei uma carta para o seu pai pedindo que ele te entregasse essa carta quando tivesse 16 anos e pedi pra ele entregar no dia 8 que é hoje.

Então, a primeira coisa que eu quero falar é que te amo. Eu tive que abandoná-los para a segurança de vocês. Eu tinha problemas muito sérios para resolver e isso poderia afetá-los demais. Poderia até machucá-los e isso eu não queria. A segunda é que eu gostaria de pedir desculpas por todo o tempo que eu fiquei longe de vocês. É por isso que eu vou compensar vocês. No dia do seu aniversário de 17 anos, irei visitá-los. Por falar nisso, está perto. Tá chegando. Minha filhinha tá ficando velha. Vai crescer mais um pouco. Nossa, você deve estar uma moçona. Deve estar enorme e seu pai... Deve continuar o mesmo homem com que eu me casei. Ele ainda tá sozinho? Ou já arranjou uma mulher melhor que eu? Eu não me perdôo por tê-los abandonado. Eu amo tanto seu pai. Espero que ele ainda me ame. E também te amo muito filha. Nunca esqueci de você. Espero que não tenha esquecido da sua mãe e nem deixado de me amar pelo meu erro.

Agora eu tenho que ir filha. Até o seu aniversário. Estou ansiosa para vê-la, querida.

Com amor, Hillary. Sua mãe que tanto te ama.”

Eu já estava chorando mais as lágrimas começaram a cair desesperadamente quando li a parte que dizia que ela viria me visitar no dia do meu aniversário. Viria me conhecer. Eu vou conhecer minha mãe. Comecei a pular pela sala. Meu pai ficou me olhando sem entender enquanto eu continuava pulando pela sala. Eu estava estourando de tanta felicidade.

- Fabi, você está bem filha? - Ele disse, ficando curioso com o que eu teria lido que me deixou tão feliz.
- Estou ótima pai. Melhor só no dia 21. Pai, a minha mãe vai nos fazer uma visita no meu aniversário. Ela tá voltando pra casa. - Terminei de falar e pude ver as lágrimas caírem dos olhos do meu pai.

Quando vi que ele estava mesmo chorando, parei de pular e o abracei. Meu pai estava triste ou emocionado? Eu não estava entendendo o motivo daquelas lágrimas então peguei a carta e entreguei para ele. Subi as escadas e parei quando o ouvi chorar mais intensamente. Continuei subindo as escadas até que cheguei ao meu quarto. A Anne estava mexendo no meu computador. Troquei de roupa e fui ver o que ela estava fazendo.

- Sua folgada. Mexendo na minha caixa de e-mails. - Falei rindo.
- Ah, eu estava te esperando só que você tava demorando aí eu liguei o seu computador e como não tinha nada pra fazer nele, eu fui fuxicar a sua caixa de e-mails. Pelo visto tem um novo. É da sua vó. - Minha vó? A mãe do meu pai nem sabe mexer na televisão, muito menos em computador. Espera, se não é minha vó Louise é a... Kathrine. Minha vó materna dando sinal de vida? Estranho isso. Ela nunca falou comigo e nem me viu uma única vez. O que será que ela tá falando no e-mail? O abri e comecei a ler.

" Fabi,

Muito prazer em conhecê-la. Sei que você nem deve me conhecer mas eu te conheço. Pode não ser tanto mas eu já te peguei no colo.

Então, você deve ter acabado de ler a carta da sua mãe né? Agora é minha vez de falar com você. Sua mãe nunca te trouxe para ver sua velha vó. Eu só a vi quando nasceu. Depois disso, nunca mais tive notícias suas. Como sua mãe já disse, ela não queria colocá-los em perigo e por isso, eu não pude falar com você nem te ligar por todo esse tempo. Mas agora ela permitiu que eu falasse com você.

Sua mãe já deve ter dito que irá visitá-la no dia do seu aniversário, certo? Eu também vou. Estou muito ansiosa para conhecê-la melhor. Agora nós poderemos manter contato sempre que quisermos. Sempre que quiser falar com a sua vó já sabe como me procurar. Amo muito você.

Sua vó, Kathrine.

Te amo, Speciosa mea. ”


Comecei a pular quando terminei de ler o e-mail. Meu dia não podia estar melhor. Caí na cama de tanta felicidade que eu tava. Mas, que problemas foram esses que minha mãe foi a tanto tempo para resolvê-los? Por que nós ficaríamos em perigo se ela ficasse conosco? Parei de pensar no lado ruim de tudo isso e começou a me dar uma fome. Olhei para o relógio e já era 13h30. Ouvi meu estômago roncar e logo em seguida o da Anne. Começamos a rir por causa disso.

- To com fome, Anne. E você, também tá? - Falei rindo.
- Também. - Anne concordou rindo.

Descemos pra cozinha e assim que chegamos lá levamos um susto. Meu pai estava em frente a geladeira. Provavelmente procurando alguma coisa pra comer. Anne sentou na mesa e logo em seguida meu pai sentou. Eles ficaram conversando enquanto eu procurava algo pra comer. Peguei biscoitos no armário e refrigerante na geladeira. Coloquei os biscoitos numa bandeja e coloquei uma lasanha no forno para o meu pai. Depois que liguei o forno fui pegar os copos para colocar o refrigerante. Em seguida, tirei a lasanha do forno e coloquei num prato pro meu pai. Dei um copo de refrigerante pra ele. Subi pro quarto com a bandeja e a Anne subiu com os copos de refrigerante. Matamos a fome, conversamos, dançamos, ouvimos música e o tempo foi passando. Olhei no relógio e levei um susto, já era 18h30.

- Nossa a hora passou rápido. - Falei.
- É. Passou rápido. Fabi já vou pra casa. Se ficar muito tarde, o Patrick vai ficar no meu ouvido reclamando. - Ela falou pegando a mochila.
- Se bem que o Patrick deve estar conversando com o Teddy e com o Thomas até agora.- Ela concordou. A acompanhando até a porta. - Você passa aqui amanhã? Pra gente ir pro colégio?
- Tá doida, Fabi. Amanhã não tem aula. Essa semana não vai ter aula até quinta que vem. - Ah, tinha esquecido. Também com tudo que me ocorreu.
- Por causa do relatório. Tinha esquecido. Ah, então. Passa aqui pra gente resolver tudo sobre o trabalho. - Espero que ela venha amanhã. Agora mais do que nunca eu quero fazer o relatório sobre a minha mãe.
- Ta bom. Agente combina pra sair atrás de informações. Vou falar com o Patrick e com o Teddy. - Ela falou enquanto terminava de descer as escadas e abriu a porta. Assim que ela olhou pra fora, gelou. Olhei pra fora para ver o que ela tinha visto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Daqui a pouco posto o próximo capítulo. Continuem lendo e não se arrependerão.



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