Havia tido medo de tudo, menos daquilo.

E ficou perplexa com isto, de tantos os medos que ela sofrera enquanto ainda era uma criança, não tinha sequer um pingo de medo daquele monstro à tua frente. Então, ela não se moveu. Apenas piscou os olhos com perplexidade ainda o olhando.
 

O monstro, ainda sentado a encarando, sentiu uma leve onda de curiosidade, não sabia se aquele olhar era de medo ou de simples tédio.
 

–Não está com medo? - perguntou com a esperança da leve onda de curiosidade sumir.
 

A garota continuou o olhando, ali, parada, o fitando, sentiu o ar voltar ao normal em seus pulmões e piscou duas, três vezes antes de voltar-se a ele.
 

– Não ... Você está? -- respondeu o perguntando, e sem perceber, um dedo foi à sua boca.
 

– Não. -- respondeu-lhe ainda sentado na cadeira rosa do quarto escuro da menina.
 

Minutos se passaram, o monstro, em sua posição inicial e a menina, ainda ali, parada o olhando. Não iria aguentar mais, ver aquela menina o matando com o olhar, era demais, já estava tarde, não? O que aquela garota estava fazendo ali, em pé, numa hora da noite como esta?
 

–Não vai ir dormir? -- perguntou aborrecido com a garota.

– Sim. -- respondeu-lhe ainda imóvel.

O monstro revirou o olhar e levantou-se da cadeira em direção à menina. Colocou sua mão na cabeça da mesma e a guiou em direção à cama. A menina pareceu concordar e moveu-se junto à ele, e assim, deitou-se na cama com a ajuda do monstro que calmamente, à cobriu e voltou a sentar na cadeirinha rosa, ainda à encarando.
 

A menina sorriu. E um "boa noite" fraco, foi ouvido de sua boca em direção ao monstro que continuou imóvel. Mas ela sabia, sabia que ele queria dizer o mesmo à ela, só que sua imaginação fértil, o criou como um ser frio e orgulhoso.
 

E talvez, a mesma gostasse do que havia criado.