Era ela. Nasuada. Ela era uma Cavaleira. Conhecia bem demais aqueles olhos que o encaravam quase sem brilho no salão da profetisa. Se eu fosse parar e a analisar por inteira, ah deuses... estava magnífica. Vestia uma armadura inteira roxa, combinado com seu dragão, com uma espada lilás na cintura, com um elmo brilhante prata com detalhes lilás brilhante, que repolsava em seu colo, e tinha uma cela inteira detalhada com fogo roxo. O cabelo moreno estava longo, e saira do coque preso quando tirou o elmo. Suas feições estavam mais finas, e sua boca mais rosada. Tirando o corte na lateral ela estava linda, parecia até mais jovem. Percebeu que ainda a escarava quando a mesma desviou o olhar para o ferimento do dragão. Dava para ver que estava exausta da batalha, e fraca, pedindo a sua ajuda.

Não fique ai parado admirando a beleza dela, vai ter tempo disso, afinal, não quero deixar esse dragão ir tão cedo...

O que Thorn falou assustou Murtagh. É claro que gostava do Cavaleiro, mas também gostava de ter companhia da mesma espécie. O último que vira fora o dragão Fírnen, que estava ocupado demais ensiando outros mais jovens. Murtagh caminhou cautelosamente para perto do dragão. Sua Cavaleira não tirava os olhos do ferimento, mas parecia acompanhar cada passo de Murtagh. Se agachou perto do ferimento, e cantou na lingua antiga. A ferida cicatrizou com mais rapides do que o cavaleiro previu. O dragão rosnou, agradecido. Murtagh se dirigiu para a asa.

O que tenho que fazer?

Simples, peça para esticar a asa, e eu cuido do resto.

Certo.

–Com licença, mas preciso que estique a asa para que eu repare a fratura. - falou fitando a cabeça do dragão, que estendeu a asa e rosnou de dor.

Preciso que concentre sua força nas juntas. Isso que é o importante. Depois apenas alinhe o resto dos ossos da asa.

Falar é fácil difícil é fazer.

Murtagh encontrou as juntas das asas, e delicadamente estendeu o resto dos ossos. O dragão rosnou alto, rugindo, mas o deixou terminar. Fechou os grandes olhos, e esperou enquanto Murtagh cantava. Logo a asa estava curada.

–Pronto. - anunciou o Cavaleiro.

O dragão roxo se levantou, e olhou primeiro para a Cavaleira, depois para Murtagh, e por ultimo para Thorn. Thorn era bem maior que o outro, que tinha que levantar a cabeça para fitar os olhos do dragão vermelho. Um segundo depois, a mente tentou entrar nas mentes. Acho que deviam estar um pouco distraídos, pois logo ouvimos o dragão falar.

Oi, tudo bem com você? Nem acredito que estou vendo outro dragão, não é demais?!Você é muito maior que ue,quantos anos você tem? Como foi sua primeira caçada? A minha foi horrivel. Gosta de voar? Que pergunta a minha, somos dragões! Prefere clima quente ou frio? Acho que frio, pois mora em uma montanha. Quantos animais você caça por dia? Quanto tempo consegue manter um jato de fogo? Consegue voar perto das estrelas? E até a lua?

Enquanto Thorn era enchido de perguntas da parte do dragão roxo, que sabia agora que era uma fêmea, várias imagem,sons e cheiros eram passadas do dragão para Thorn.

Basta! gritou uma voz autoritária em nossas mentes, e o dragão se calou.

Mas Nasuada!

Sem mas Trianne. Comporte-se.

Mas ele é um dragão! Nunca havia visto outro dragão como eu!

Deve portar-se adequedamente, invadir a mente de outros sem o consentimento é errado.

O dragão abaixou um pouco a cabeça e saiu de nossa conciencia. Murtagh e Thorn se entreolharam.

–Perdoem meu dragão. - falou Nasuada com a voz firme.

O dragão pareceu estar com as escamas mais rosadas na cabeça. Estaria... corada? Isso seria engraçado. Thorn rosnou e aproximou a cabeça do outro dragão, cheirando-a. Ela abanou o rabo com se estivesse feliz.Aos poucos, os dois começaram a partilhar da vida com o outro. Murtagh notou uma grande diferença entre as duas: Nasuada era determidada e firme, enquanto seu dragão era o oposto, era brincalhona e despreocupada. Logo Trianne dava pulinhos de alegria.

Isso foi demais! Eles não são incríveis Nasuada? Você precisa me ensinar a caçar como você Thorn, a vai ser tão lagal. Quero ser grande e forte que nem você, eu posso? Deixa, vai diz que sim, vai, diz que...

Trianne! Deixe os dois em paz. falou Nasuada.

Mas de nada adiantou. O dragão roxo começou a pular ao redor de Thorn como se fosse a coisa mais importante do mundo. Via as bochechas de Nasuada corar por causa do comportamento do dragão.

Acho que o dragão de um Cavaleiro é a outra parte da sua personalidade. falou Thorn.

Como?

Você era compulsivo e cabeça-dura, colocaria facilmente a si mesmo em uma briga. Sou seu lado sensato. Com Nasuada é o contrário:ela é sensata, e seu dragão, só quer diversão.

Ele poderia estar certo. Enquanto os dois conversavam, ele se aproximou de Nasuada, tomando cuidado para esconder as emoções, agora que tinha outro dragão me sua mente. Ele já havia dito que ela estava bonita? A achava linda de armadura, quem dirá em roupas elegantes? Ela encarava o Cavaleiro, e parecia o analisar assim como ela. Murtagh não se conteu e a abraçou, como se não a visse a anos( o que era verdade). Por um segundo os dragões pararam para observar a cena, mas logo Triannne já voltava com suas intermináveis perguntas. Ele estava gostando de tê-la ali, perto dele, quando percebeu que sua cabeça ficou quente. E se lembrou de que era uma Rainha. Se separou rapidamente.

–Des...desculpe Rainha Nasuada. - ele disse corando um pouco.

Ela balançou a cabeça calmamente. Desviou o olhar para baixo, e encarou seu peito, corando novamente. Ele havia se esquecido que tirara a camiseta.

–Cubra-se por favor. - ela murmurrou.

–Desculpe, eu estava trabalhando nas plantações...

Ela ergueu o olhar.

–Como assim? Você cultiva aqui? - então ela olhou ao redor, e estava nas plantações de milho, onde havia um enorme buraco onde seu dragão havia caído.

–Sinto muito por isso. - ela falou apontando.

Ele sorriu e balançou a cabeça.

–Não tem problema. Conserto amanhã.

–Você por um acaso vive dessas plantações?

–Não, não vivo. Mas gosto de trabalhar nelas. Acho que aprendi isso com Roran. Tirar a comida da terra.

Ela assentiu, e um pouco de sangue escorreu pelo pescoço.

–Se importaria se... - ela não terminou.

Murtagh delicadamente encostou a mão e curou os machucados, assim como hava feito quando fora embora, quando a deixara.

–Obrigada.

Ele sorriu para ela.

Obrigada também Cavaleiro por cuidar de mim, e obrigada Thorn por me salvar. Foi tão legal! Simplesmente acabou com eles antes de conseguirem respirar!

O sol se colocava para dormir ao norte.

–Rainha, sei que deve estar cansada. Ofereço minha humilde casa para que passem a noite. - ele disse fazendo uma pequena reverencia.

–Ficaria grata Murtagh. - ela respondeu educadamente.

Ele a guiou montanha acima, enquanto os dragões o seguiem a pé mesmo. Era engraçado ver os dois conversando. Ele e Nasuada caminharam em silencio, mas não parecia tenso. Apenas não sabiam o que falar. Assim que conseguiram subir a montanha, Nasuada ficou paralisada.

–Chama isso de humilde casa? - ela falou apontando para o castelo, parecendo facinada.

–Comparado ao seu castelo não deve ser nada...

–Como se eu tivesse um... - ela sussurrou, mas ele ouviu.

–O que disse?

Ela negou. Não era hora de falar sobre isso. Estava cansada. Antes de adentrarem, ouviram uma voz melodiosa atrás deles. E Nasuada novamente ficou paralisada quando viu...