Pov. Rosalie

Eu estava presa de novo naquela casa. Todas as portas e janelas fechadas.

-Lily, querida, venha aqui.

Ele me chamava dando tapinhas na perna indicando que queria que eu me sentasse ali.

Eu chorava e negava com a cabeça.

Sei aonde aquilo iria me levar.

Pela segunda vez.

-Venha agora! – ele me puxou para seu colo. – Me obedeça, garota. Você vai ficar quietinha e fazer o que eu quiser.

Ela puxava meu cabelo com força para garantir que eu não pudesse sair dali e que estivesse o escutando.

-Por favor, me deixa ir embora. – minha voz implorava desesperada.

-Cala a boca, garota. – ele me jogou na cama. Começou a beijar meu pescoço e tirar minhas roupas violentamente.

-Lily, você é tão linda. Minha Lilian. – ele ofegava em meu pescoço.

-Por favor, tio Royce. Me solta tio Royce, por favor.

Lutar contra um homem daquele tamanho era impossível. Eu teria que me conformar que aquilo logo teria um fim. E ainda assim apreender a conviver com a dor física e emocional que isso me causava. Afinal, eu só tinha 12 anos.

-Rose! Rosalie acorde! – Emmett me balançou na cama me despertando daquele pesadelo terrível.

Infelizmente aquilo não era apenas um sonho nojento e sim uma lembrança infernal.

-O que foi meu amor? Outro pesadelo? – ele me abraçou. Acho que me debati tanto na cama que o acordei.

-De novo Emm. Tudo de novo. Aquela lembrança que não sai da minha cabeça. Atormenta-me todo dia. Isso não vai embora nunca? –eu chorava agarrada a ele. Só Emmett conseguia afastar meus pesadelos.

-Acabou Rose. -ele me embalava como se eu fosse um bebê. –Nunca mais vai se repetir. Eu não vou deixar ninguém tocar em você, meu amor. Aquele infeliz foi embora pra sempre de nossas vidas. Esqueça.

-Eu não consigo Emm. Qualquer coisa boba me lembra dele.

-Amor se foi por eu te chamar de Lilian hoje, me desculpe. Foi sem pensar. Nem sei por que lembrei. Sei o quanto isso te machuca.

Eu odiava lembrar que Lilian era meu segundo nome. Foi aquele infeliz do amigo de meu pai que o ajudou a escolher. Ele sempre me dizia que eu tinha cara de Lilian por ser uma garotinha inocente. Eu realmente era. Não via o quanto aquele canalha poderia me fazer mal.

-Tudo bem Emm. É que... É difícil. – respirei fundo e me encolhi mais ainda em seus braços.

-Eu sei. Eu vou te ajudar. Rose você é meu anjo e sabe o quanto eu te amo. Te ver assim me destrói por dentro.

Isso era ainda pior. Deixar Emmett preocupado fazia eu me sentir culpada.

-Desculpe. Não quero te fazer sofrer com meus problemas.

-Seus problemas são meus problemas amor. Na alegria e na tristeza, lembra?

Eu encarava seus olhos castanhos profundos quando ele disse isso. Ele sorriu e aquelas covinhas já animaram meu estado de espírito. Não resisti e o beijei como se só seus lábios pudessem afastar o pesadelo. E eles realmente tinham esse poder.

-Obrigado Emm. Sem você eu não conseguiria superar pelo menos parte disso.

-Você vai superar tudo Rose. Eu prometo. Darei minha vida se for necessário para te ver esquecer e sorrir sempre.

Agora eu chorava mais, só que de amor.

Deus o que eu fiz para merecer alguém como ele?

Meus olhos brilhavam apreciando seu lindo rosto.

-O que foi? – ele perguntou confuso.

-Só estou admirando o marido mais perfeito do mundo e me perguntando o que fiz pra merecer alguém como você.

Dessa vez foi ele quem me beijou intensamente.

Eu posso jurar que com nossos lábios unidos eu nem precisaria respirar, pois sei que não morreria.

Ainda era madrugada.

Havíamos despertado do sono com aquela paixão toda exalando de nós. Não conseguiríamos dormir novamente tão rápido.

Saí de seus braços e empurrei meu corpo sobre o dele. Não separei nossos lábios nem um segundo sequer.

Não havia jeito melhor do que aquele de gastar energia.

XXXXXX

Duas semanas depois.

-Rose, Kellan já está pronto no carrinho. Só faltam vocês duas. Se apressem. – Emmett falou colocando a cabeça na porta do quarto de nossa filha.

-Calma papai. A mamãe ta me deixando bonita. – Kebi falou enquanto eu penteava seu cabelo.

-Impossível gatinha. Você já é linda. – ele entrou e beijou a bochecha dela.

-Ok, agora licença querido. Vá lá pra baixo. Eu não demoro com ela aqui.

-Sim senhora. – ele me beijou e saiu.

Continuei a pentear os cabelos dela.

Nós iríamos esta noite a um jantar na casa de Esme. Ela iria apresentar o novo namorado a família.

Graças a Deus, Kebi já estava curada da catapora.

Peguei algumas mechas e fiz duas tranças nas laterais de seu cabelo. Uni-as em uma trança grossas atrás e prendi com um prendedor em forma de flor, branco, na ponta.

Perfeito.

-Prontinho meu amor. Agora o vestido.

Vesti nela um lindo vestido branco cheio de babados rendados na parte de baixo. Coloquei sua meia-calça fina branca e sapatinhos pretos com fivela.

Kebi parecia uma boneca. Uma verdadeira princesa.

-Filha você está linda. Igualzinha a uma princesa. –lhe disse a colocando de pé na minha frente.

Minha princesa deu um sorrisinho de canto, mas sua carinha era triste.

-O que foi meu anjo?

-Eu quelia poder me ver, mamãe.

Mesmo eu dizendo que ela estava linda, ela sempre iria quer se olhar no espelho.

-Amor, você me vê? – perguntei afagando sua bochecha.

-Não.

-Então como acha que eu sou?

-Linda, mamãe. – ela sorriu com mais vontade agora.

-Mas como você sabe disso?

Ela passou a mãozinha por meu rosto e respondeu:

-Porque eu sinto, ué. – minha pequena deu de ombros.

-É aí que eu quero chegar, meu amor. Você não vê, mas sente. Se sinta bonita, porque você é meu anjo. Kebi eu nunca mentiria pra você. Você é minha princesa. A princesa mais linda.

-Obrigado mamãe. – ela me abraçou forte.

-Eu te amo Kebi. Nunca se esqueça disso. Você é maravilhosa do jeitinho que é.

-Também te amo, mãe. A senhora é melhor mãe do mundo.