Pov. Rosalie

Tragada para outra realidade.

Era assim que me sentia. Parecia que meu corpo estava boiando num oceano.

Eu lutava comigo mesma. Parte de mim queria se entregar ao oceano, mas a outra parte queria resistir e chegar à superfície.

Seria fácil morrer e deixar os problemas para trás. Mas eu não podia.

Eu não queria deixar os problemas se isso significasse abandonar minha família junto.

Meus filhos, meu marido, minha melhor amiga. Tudo.

Meu mundo deixaria de existir se eu desistisse de lutar.

Agarrei-me a lembrança do choro de Kellan, da voz de Emmett e dos sorrisos de Kebi. Só isso me fazia flutuar no oceano da escuridão.

Só eles me davam força para resistir.

Forcei meus olhos a se abrirem, mas eles não obedeciam. Pareciam até ter vida própria.

Senti alguém segurando minha mão.

Emmett.

Reconheceria o toque de suas mãos em qualquer lugar que estivesse.

Ouvi sua voz sussurrando meu nome.

-Rose meu amor, volte para nós. Precisamos de você. Você é tudo pra mim. Por favor. – Eu tinha certeza de que ele chorava.

Chega!

Meus olhos por bem ou por mal teriam que abrir.

-Mamãe, acorda. – ouvi a voz chorosa de minha princesa e senti sua mãozinha passando por meu rosto.

Reuni todas as forças que tinha dentro de mim e finalmente meus olhos cooperaram.

Ao abri-los tive que piscar várias vezes para me acostumar com a claridade do ambiente.

Fitei o rosto do meu marido e de minha filha em seu colo, quando pude ver claramente.

-Rose! – Emmett suspirou aliviado e me beijou como se sua vida dependesse daquele beijo.

-Oi Emm- falei baixo. Minha voz estava meio fraca.

-Mamãe? – Kebi se revirou nos braços do pai ao ouvir minha voz.

-Oi meu anjo. Vem aqui com a mamãe. – estiquei meus braços com dificuldade e meu marido a colocou deitada ao meu lado. – Estava com saudades da minha bonequinha, sabia?

-Uhum. – ela assentiu e me perguntou com uma carinha triste. – Porque a senhora dormiu tanto mamãe?

Olhei confusa para Emmett. Não fazia ideia de quanto tempo havia dormido.

-Você ficou desacordada desde ontem de madrugada. – ele me disse.

-Devem ser os remédios, Kebi.

 -Mãe sabia que o papai segurou o Kellan no colo e eu fiz carinho nele? – ela falou animada.

-É mesmo? Que bom meu anjo. – Olhei de novo para Emmett enquanto acariciava os cabelos de minha filha. – Quero vê-lo.

Na mesma hora ele chamou a enfermeira e ela trouxe meu bebê.

Peguei Kellan nos braços e novamente lágrimas inundaram meus olhos.

Ele era tão pequeno. Parecia frágil. Seus cabelos eram castanhos claros e os poucos fios que tinham eram grossos e lisos.

Kellan estava com os olhinhos fechados, mas assim que beijei sua testa ele os abriu. Ele me fitava curioso. Seus olhos eram castanho-escuros como os do pai. Brilhavam ao ver- me, talvez me reconhecendo.

Sua pele era branquinha e as bochechas rosadas. Ele tinha algumas pintinhas pelo rosto assim como eu.

Seus bracinhos não eram tão gordinhos. Ele não tinha o tamanho das crianças recém-nascidas que eu já vira.

-Oi meu amor. Você é tão lindo. – eu sussurrei e o bebê em meus braços sorriu. -Ele é tão pequeno. – falei olhando para Emmett.

-Não se preocupe. A pediatra disse que é por ele ser um bebê prematuro. Ele vai ganhar peso.

Uma das enfermeiras entrou no quarto para leva-lo.

-Agora seu filho vai para o berçário tomar as vitaminas necessárias para ficar mais forte. Depois ele volta pra você amamenta-lo.

-Mas porque estão dando remédios para ele? – perguntei a ela assustada.

-É através de uma bolsa de soro intravenosa. Só por dois dias para fortalecer seu sistema imunológico. Hoje é a última dose.

A enfermeira levou meu pequeno e depois um médico veio me examinar.

De acordo com ele eu estava bem. Kellan logo poderia ir conosco para casa, só precisava ficar um pouco mais forte.

-Ele é lindo, não é Rose? – Emm disse e me beijou de leve nos lábios.

-Sim. Perfeito. – eu sorri.

-E eu mamãe? – Kebi falou já com ciúmes do irmão, ainda deitada ao meu lado na cama.

-Você? Ah, você é a menina mais linda do mundo inteiro. – disse fazendo cócegas na sua barriguinha.

-Filha, não precisa ficar com ciúmes de seu irmão. Nós te amamos muito, gatinha. – Emmett disse a pegando no colo e beijando sua bochecha.

O resto do dia foi calmo. Kellan terminou sua última dose de vitaminas e a partir dali se alimentaria apenas do meu leite.

A cada 3 horas o traziam para que eu o amamentasse.

Ele era muito calmo e sorridente. A cada palavra que eu lhe dirigia, Kellan sorria para mim.

Emmett o acariciava a todo o momento. Kebi fazia um carinho e outro no irmão. Mas não sai do colo do pai.

Minha família estava completa e feliz.

Eu daria minha vida por eles.