A Garota De Bronte escrita por Milk Shake


Capítulo 17
XVI


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Nate x Augustus visssshhhh kkkkkk Não tive tempo de revisar então se tiver algum erro bizarro, ignorem hahaha.



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Ta legal. Sparks. Eu tinha que ver o maldito “Sparks” naquele maldito livro naquela maldita noite? Era a minha mãe, com certeza. Dava para identificar as maçãs do rosto e a cor dos olhos. Minha mãe fez uma cirurgia plástica no nariz por isso não devo ter reconhecido de primeira. Definitivamente, eu não gostava dela. Eu nasci por acidente, mas a minha família é rica, somos donos de algumas indústrias metalúrgicas da cidade, então criar uma criança no meio de babás, empregadas e mordomos não é difícil. Porém ver o nome dela ali, no meio daquele monte de adolescentes cheios de acne me fez repensar se toda a minha vida tinha valido a pena. As chances de toda aquela teoria estar certa eram mínimas, mas eu não queria ser a próxima. Eu nunca soube que a minha mãe estudou no Internato Bronte. Tá, não éramos o tipo de mãe e filha que tinham uma relação legal e que conversavam sobre tudo. Éramos mais do tipo relação financeira. Ela pagava as coisas para mim, eu não dava chiliques e nem a incomodava. Simples.
Deixei o celular cair no colo e fechei o livro. Queria gritar um palavrão, correr e me esconder, mas alguma coisa me impedia de realizar qualquer tipo de ação. É, isso é que é estar em estado de choque. Não ia conseguir dormir depois de ler isso. De jeito nenhum. Entretanto, tinha aula amanhã cedo e eu não podia faltar. Seria o primeiro dia de Nate então deitei novamente e fiz um esforço para tentar dormir.

Cochilei por um tempo e acordei com a chuva caindo forte no cimento dos arredores do dormitório. A janela estava meio embaçada e as persianas estavam abertas. Libby dormia como uma criança do meu lado, com os braços sob a cabeça. O quarto estava escuro o que significava que pouco tempo havia se passado. Procurei pelo celular debaixo do travesseiro para ver as horas. Aquela escuridão toda me afligia e a sensação de ser engolida pela escuridão estava cada vez mais forte. Um raio iluminou o quarto e segundos após, assustei com o trovão. Libby se mexeu e resmungou algo ininteligível. Eu senti medo, mas me lembrei de que algum guarda estaria do lado de fora do meu quarto mantendo vigia para garantir a minha segurança.
O anuário estava jogado do mesmo jeito que eu deixei. Conforme o tempo passava, os meus olhos se acostumavam com o escuro e eu já podia ver tudo com pouca dificuldade. Não sei bem por quanto tempo fiquei encarando o guarda-roupa de Libby, mas um barulho de passos chamou a minha atenção.
Estava chovendo muito e acabei de acostumando com o gotejar da chuva no chão e no vidro da janela. Um barulho de gente pisando em uma poça de água se sobressaltou e acabou quebrando toda a continuidade. Eu não pensei duas vezes e levantei para ver o que era. Logicamente, se fosse um assassino eu ficaria alerta e poderia me defender. Coloquei os pés no chão frio e uma rajada de vento passou pelo talho entre a porta e o chão. Andei trôpega até a janela e abri a persiana entre dois dedos para olhar por uma pequena fresta.
Do lado de fora do dormitório, um jardim com árvores baixas e arbustos circulava o prédio. A chuva fazia poças de água nas áreas cimentadas e não dava para ver quase nenhuma parte onde os postes não iluminavam. Minha respiração embaçou o vidro, mudei de lugar e continuei olhando para a chuva. Um raio cortou o céu iluminando tudo como um flash. Meu coração foi parar na garganta quando vi a silhueta de alguém parado na chuva embaixo da árvore de frente para a janela. Em seguida do raio veio o trovão que tampou o meu grito de susto. Libby acordou dessa vez.

- Jay? Ta tudo bem? Ah meu Deus você está no chão! – Ela levantou com os cachos todos bagunçados. Eu tinha ido parar do outro lado da porta e perdi a força nas pernas então fiquei ali no canto mesmo. Libby me puxou pelos braços e sentou-se na cama junto comigo. – O que houve?

Não notei que chorava até uma lágrima cair na minha perna. – É que eu vi o assassino, na frente da janela. – Um raio iluminou o quarto e o rosto de Libby com olheiras e olhos esbugalhados pareceu fantasmagórico. O trovão em seguida serviu para me assustar ainda mais. Ela levantou e foi olhar pela janela.
- Não tô vendo nada, Jay. Será que você não imaginou tudo isso?

– Libby, minha mãe, ela está no anuário... Você acha que...

Libby virou devagar para me olhar nos olhos e sua expressão ficou triste de repente. – Fique calma Jacey, podemos estar errados. Vai dar tudo certo. – Ela correu de volta e me abraçou. – Vamos pegar o assassino antes que ele faça mal a qualquer pessoa. Augustus vai contatar a nossa descoberta para a polícia e vão prender ele. – Ela falava mais para si mesma do que para mim.
Ficamos em silêncio por um bom tempo até que senti as pálpebras pesarem, Libby e eu dormimos então.

~~*~~

O hino soou pelos corredores mais uma vez. Acordei assustada, com o coração acelerado. Ultimamente eu acordava com o menor ruído e a o meu sono não passava de uma linha tênue, prestes a despertar a qualquer instante. Libby e eu nos arrastamos para os chuveiros e depois para o refeitório. Augustus estava de bom humor, será que tinha alguma coisa a ver com a noite de ontem? Na fila do café, peguei a comida com um desânimo contagiante. Libby e eu estávamos com olheiras tão fundas que tava dando pra tomar sopa nelas. Empurramos as bandejas para a mesa e começamos a tagarelar, como sempre. Augustus tomou uma xícara de chocolate quente conosco. A chuva da noite anterior não havia cessado, porém era mais fraca. Como ainda estávamos no verão, poderia chover, mas não ficava realmente frio.

- O que aconteceu com vocês? Estão com caras péssimas. – Virei-me para a voz da pessoa atrás de mim, Libby e Augustus também. Era Nate! Ele havia recebido alta e já poderia participar das atividades da escola. Nate vestia o uniforme a sua maneira, camisa para fora da calça, gravata folgada no pescoço e mangas dobradas até os cotovelos. Os típicos cabelos negros bagunçados e o sorriso arrogante dançando nos lábios. Eu levantei e o abracei forte. Libby não perdeu a oportunidade e o abraçou também, ficamos os três abraçados por um curto tempo até que ele se sentou.

- Vão me falar o que aconteceu ontem e porque não foram me visitar? – Ele disse enquanto mordia seu croissant.

Libby, Augustus e eu contamos a história resumidamente para Nate. Ele ouviu tudo detalhadamente e notei o interesse dele em particular pela parte dos anuários. Libby e eu omitimos a parte da história em que a minha mãe era uma das ex-alunas e que havia 80% de chances do meu coração estar na ponta da faca de um assassino até o fim da semana.

- É bastante interessante. – Nate disse, passando a mão no queixo. – Eu fiquei bastante preocupado. Vocês têm assistido aos noticiários ultimamente?

Negamos todos. Nate bebericou um pouco do chocolate quente da xícara. – Estão falando dos assassinatos aqui. Disseram que é seguro. Papo furado. Deveriam fechar a escola para evitar mais transtornos. Acho que seria mais fácil deixar todos seguros nas próprias casas onde o assassino não pode ir, a maioria tem casas do outro lado do país mesmo.

- Não funciona assim. – Augustus fitou os olhos de Nate com severidade. – Aqui, vocês têm a segurança de policiais e guardas. E as pistas vão ficar todas aglutinadas. Fica mais fácil pra descobrir.

- Eu levei uma facada no meio das costas e quase morri, e eu estava dentro da escola.

- Mas estava com o nariz onde não devia. Mexendo com coisas que não eram da sua conta.

Testosterona no ar? Não era só eu que estava sentindo porque os olhinhos castanhos de Libby ficavam cada vez mais atentos. Eles estavam prestes a se agarrar pelos colarinhos e se esmurrarem. Nate apertou um garfo com força. Augustus mexia o café com uma paciência controlada enquanto olhava para Nate. Eu não seria capaz de segurar Nate caso ele partisse para cima de Augustus. E Libby também não era forte o suficiente para segurar Augustus, acho que nem os garotos do time de futebol teriam força para isso.

- Nate levou uma facada porque eu quis entrar naquela sala maldita. A culpa não é dele.  E quem iria levar a facada era eu... – Alguma coisa dentro da minha cabeça fez um “clique”. – É isso! – Augustus virou os olhos azuis interrogativos para mim. – Presta atenção... Nate não morreu porque era eu quem ele queria matar. Não acho que ele mataria uma pessoa só por matar. Ninguém faz nada sem uma motivo.

- Mas Jacey... Ele pode ter apunhalado Nate porque vocês estavam no coviu dele. – Libby disse.

- Nós éramos em dois, Libby. Ele era em só um e tinha posse de apenas uma faca. Só teria tempo de matar um de nós. Porque gastaria esse tempo matando Nate sendo que o sobrenome dele nem está no anuário? Ele queria me matar e Nate estava na frente, então tentou mas não conseguiu.

- Eu acho que se ele quisesse realmente matar Nate, teria matado. Como você disse, estava puxando o garoto para dentro da estrada de tubulação do banheiro. O assassino com certeza teria força para puxar Nate para baixo e depois estripa-lo. Você seria a próxima. Ele não matou Nate porque não quis. Ele quer assustar vocês. – Augustus concluiu tudo.

- O nome da minha mãe tá no anuário. – Eu soltei.

Augustus e Nate olharam para mim com os olhos bem abertos. Libby colocou a mão sobre a testa e fechou os olhos por trás dos óculos. A expressão de perplexidade dos dois era grande.

- Ah agora tudo faz sentido. – Augustus disse. – O nome da Libby não está. Certo?

- Não, eu já procurei. Meus pais eram muitos pobres na adolescência. Não tinham como pagar o internato.  

- Ele não matou Libby nos túneis ontem porque ela é inocente. Ele realmente não está matando por matar. – Nate disse.

- Mas ele não estava por lá, nos túneis. Eu não vi ninguém. – Libby falou em voz baixa.

Nate mordeu um pedaço do croissant e disse de boca cheia. – Não é porque você não vê que o perigo não está lá. – Aquilo me fez pensar no que Augustus disse ontem no terraço... Sobre Nate ser perigoso. Ele tinha os olhos castanhos escuros. Era misterioso. Ele podia não ser o assassino, mas podia ser um cúmplice. Afastei esse pensamento bobo da cabeça.

- Eu não quero morrer. – Acabei dizendo em voz alta o que era para ter ficado só na minha mente.

Augustus atravessou a mesa com o braço e apertou a minha mão. – Não vai, eu vou estar aqui caso alguém tente alguma coisa. Sempre. – Augustus lançou um olhar gelado, rápido e afiado para Nate do meu lado.
Nate continuou mastigando o fim do seu croissant e soltou um riso de lado. O sinal tocou e todos se levantaram para se dirigir às salas de aula.

Augustus me acompanhou até a sala de química e ficou parado do lado de fora. O outro sinal tocou e a aula teve início. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. O que esperam para o próximo capítulo?
Beijinhos :*



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